O que erradicação da varíola humana pode ensinar contra varíola dos macacos:qual melhor mercado para apostar na bet365

Marquinha no braço até 1971

Aqui, os últimos casos da varíola humana foram registradosqual melhor mercado para apostar na bet3651971, na região norte da cidade do Rioqual melhor mercado para apostar na bet365Janeiro.

Já eram naquele momento casos isolados da doença, porque desde a década anterior o país vinha promovendo campanhasqual melhor mercado para apostar na bet365massaqual melhor mercado para apostar na bet365vacinação.

Segundo Tania Fernandes, a vacinação abrangia inicialmente desde crianças a partirqual melhor mercado para apostar na bet365seis anos até adultos. Depois, passou-se a vacinar também bebês com menosqual melhor mercado para apostar na bet365um ano.

Quem nasceu até 1971 - último ano da vacinação no país - possivelmente tem um certificadoqual melhor mercado para apostar na bet365vacinação da época ou uma marquinha no braço ou na perna esquerda. Isso é importante porque esse grupo demográfico talvez ainda tenha algum tipoqual melhor mercado para apostar na bet365imunidade que valha agora contra a varíola dos macacos (mais detalhes sobre a doença abaixo).

Na época, eram realizadas grandes festas popularesqual melhor mercado para apostar na bet365praçasqual melhor mercado para apostar na bet365cidades do país para atrair público e imunizar quem quer que aparecesse, diz Fernandes. Havia também vacinaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365postosqual melhor mercado para apostar na bet365saúde e campanhasqual melhor mercado para apostar na bet365escolas para imunizar crianças.

"Todo mundo,qual melhor mercado para apostar na bet365zero a cem anos, era vacinado", detalha a historiadora.

O Brasil criouqual melhor mercado para apostar na bet3651962 um órgão público federal voltado especificamente para o controle da varíola, batizado quatro anos depoisqual melhor mercado para apostar na bet365Campanhaqual melhor mercado para apostar na bet365Erradicação da Varíola (CEV) e encarregadoqual melhor mercado para apostar na bet365centralizar as ações contra a doença e monitorar seu avanço - como partequal melhor mercado para apostar na bet365uma iniciativa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a varíola.

"No períodoqual melhor mercado para apostar na bet3651966 a 1971, a CEV coordenou a organização e execuçãoqual melhor mercado para apostar na bet365campanhasqual melhor mercado para apostar na bet365vacinaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365massaqual melhor mercado para apostar na bet365todos os municípios brasileiros e cooperou com as secretarias estaduaisqual melhor mercado para apostar na bet365saúde na estruturaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365unidadesqual melhor mercado para apostar na bet365vigilância epidemiológica", segundo o acervo histórico da Fiocruz.

Essa vigilância tinhaqual melhor mercado para apostar na bet365notificar e investigar casos suspeitosqual melhor mercado para apostar na bet365varíolaqual melhor mercado para apostar na bet365todo o país e rastrear eventuais cadeiasqual melhor mercado para apostar na bet365contágio. A partir disso, fazia-se a técnica chamadaqual melhor mercado para apostar na bet365vacinaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365bloqueio: as pessoas próximas ao paciente infectado eram imunizadas para interromper a cadeiaqual melhor mercado para apostar na bet365transmissão.

O comprovantequal melhor mercado para apostar na bet365vacinação também passou a ser exigido na matrículaqual melhor mercado para apostar na bet365crianças na escola, explica Fernandes.

"Essas lógicas é que possibilitaram criar o Programa Nacionalqual melhor mercado para apostar na bet365Imunização (PNI)", que perdura até hoje no Sistema Únicoqual melhor mercado para apostar na bet365Saúde brasileiro, afirma Fernandes.

"O mesmo modelo foi daí aplicado contra o sarampo, e criou-se o programa nacionalqual melhor mercado para apostar na bet365vigilância epidemiológica, que centraliza a notificaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365doençasqual melhor mercado para apostar na bet365notificação compulsória - as doenças são notificadas e catalogadas e por isso temos acesso a númerosqual melhor mercado para apostar na bet365casos, vacinação e mortes"qual melhor mercado para apostar na bet365tantas doenças no Brasil, ela agrega.

Esse conjuntoqual melhor mercado para apostar na bet365fatores fez os casosqual melhor mercado para apostar na bet365varíola chegarem a zero no Brasil aindaqual melhor mercado para apostar na bet3651971. Dois anos depois, o Brasil foi certificado pela OMS como livre da doença.

Feito isso, detalha Tania Fernandes, o Brasil acabou exportando profissionais que haviam participado da campanhaqual melhor mercado para apostar na bet365vacinação brasileira para implementar programas parecidosqual melhor mercado para apostar na bet365países que ainda lutavam contra a varíola humana na Ásia e na África, como Bangladesh, Etiópia e Somália.

A erradicação no mundo

O último caso conhecidoqual melhor mercado para apostar na bet365varíola no mundo foi registrado na própria Somália,qual melhor mercado para apostar na bet3651977. Três anos depois, a OMS decretou a doença erradicada - um caso único até hoje na história mundial.

"É a primeira e única doença humana erradicadaqual melhor mercado para apostar na bet365uma escala global, graças à cooperaçãoqual melhor mercado para apostar na bet365países", diz a OMS. "Esse continua sendo um dos mais notáveis e profundos sucessosqual melhor mercado para apostar na bet365saúde pública da história."

Esse sucesso não é fácilqual melhor mercado para apostar na bet365ser replicávelqual melhor mercado para apostar na bet365outras epidemias - por exemplo, aqual melhor mercado para apostar na bet365covid-19 - porque as doenças têm características muito diferentes entre si, explica Tania Fernandes.

A "vantagem" do combate à varíola (e, agora, à varíola dos macacos) é que os pacientes são sintomáticos - apresentam lesões e bolhas na pele bastante particulares, que facilitam a identificação da doença.

Além disso, os vírus da família pox, à qual pertencem a varíola humana e a dos macacos, são considerados estáveis, o que significa que não passam por muitas mutações. Por isso, a imunização costuma serqual melhor mercado para apostar na bet365longo prazo para quem foi contaminado ou vacinado.

Já o Sars-CoV-2, vírus da covid-19, é bastante diferente: muitas vezes é transmitidoqual melhor mercado para apostar na bet365forma assintomática, então passa despercebidoqual melhor mercado para apostar na bet365muita gente.

E é um vírusqual melhor mercado para apostar na bet365moléculaqual melhor mercado para apostar na bet365RNA, que costuma sofrer muitas mutações - e algumas delas podem driblar a imunização do corpo humano e,qual melhor mercado para apostar na bet365alguns casos, a das vacinas.

Então, assim como o sarampo, por exemplo, a covid-19 é mais difícilqual melhor mercado para apostar na bet365ser completamente erradicada - e as estratégiasqual melhor mercado para apostar na bet365saúde pública para essas e outras doenças acabam servindo mais para o controle do que para a erradicação plena.

Da Revolta da Vacina à varíola dos macacos

Vale destacar que a história da varíola é muito antiga - o que contamos acima foram apenas seus capítulos finais.

A OMS estima que o vírus tenha maisqual melhor mercado para apostar na bet3653 mil anosqual melhor mercado para apostar na bet365existência, equal melhor mercado para apostar na bet365vacina foi criadaqual melhor mercado para apostar na bet3651796 pelo médico inglês Edward Jenner.

Os surtos, porém, continuaram ao longo do século 19 e 20.

No Brasil, um marco histórico foi a Revolta da Vacina,qual melhor mercado para apostar na bet3651904, quando o país vivia um surto particularmente virulento da doença. Só no Rioqual melhor mercado para apostar na bet365Janeiro, capital do país, 3,5 mil pessoas morreriam da doença naquele ano, segundo os arquivos da Fiocruz.

A vacinaqual melhor mercado para apostar na bet365Jenner já existia por aqui, masqual melhor mercado para apostar na bet365obrigatoriedade não era implementada com rigor. Até que Oswaldo Cruz propôs encaminhar ao Congresso um projetoqual melhor mercado para apostar na bet365lei que reforçasse a campanha obrigatória.

Isso gerou uma reação forte entre diversos setores da sociedade - entre outros motivos, por medo (infundado)qual melhor mercado para apostar na bet365que a vacina propagasse a doença, e pelo incômodo social com o fatoqual melhor mercado para apostar na bet365que mulheres casadas mostrassem o braço ou a pernaqual melhor mercado para apostar na bet365público para serem vacinadas.

Em novembroqual melhor mercado para apostar na bet3651904, milharesqual melhor mercado para apostar na bet365pessoas saíram às ruas do Rio para protestar,qual melhor mercado para apostar na bet365uma insurreição que acabou tentando derrubar o próprio governo federal e que foi reprimida com violência.

Nas décadas seguintes, a vacinação avançou com altos e baixos no Brasil e no mundo, até a campanha global bem-sucedida ocorrer nos anos 1960.

Depois da erradicação mundial, o vírus da varíola humana ainda foi armazenadoqual melhor mercado para apostar na bet365laboratórios - e sempre circulou o medoqual melhor mercado para apostar na bet365que ele pudesse ser usado como arma biológica contra populações mais jovens, que não estavam mais sendo vacinadas.

Por isso, a OMS e alguns países mantiveram estoques da vacinaqual melhor mercado para apostar na bet365primeira geração contra a varíola humana. E agora, diante do recente avanço da varíola dos macacos - que até este ano raramente era vista foraqual melhor mercado para apostar na bet365países da África Ocidental e Central - fábricasqual melhor mercado para apostar na bet365imunizantes já estão sendo acionadas para produzir vacinas para esses dois tiposqual melhor mercado para apostar na bet365vírus.

A vacina da varíola humana é consideradaqual melhor mercado para apostar na bet365alta eficiência - 85% - contra a varíola dos macacos justamente porque os vírus são parecidos e estáveis, com poucas chancesqual melhor mercado para apostar na bet365mutação.

Outro ponto importante é que a varíola dos macacos é considerada uma doença muito mais branda do que a varíola humana. Sua taxaqual melhor mercado para apostar na bet365mortalidade é estimada entre 1% e 10%, a depender da cepa do vírus e do tipoqual melhor mercado para apostar na bet365paciente (crianças menores e com o sistema imunológico comprometido estão sob risco maior), contra uma mortalidade historicamentequal melhor mercado para apostar na bet36530% da varíola humana.

"O vírus da varíola foi muito perigoso, matou muito, (...) e era muito fácilqual melhor mercado para apostar na bet365se contaminar", afirma Fernandes.

Mas, com toda a devastação que ele provocou, seu controle acabou trazendo um aprendizado útil até hoje diante da varíola dos macacos: já conhecemos mais sobre as características da doença e do vírus que a causa, e também criamos estruturas mais robustas para enfrentá-lo, com vacinação e monitoramentoqual melhor mercado para apostar na bet365casos, no mundo e no Brasil.

"Com certeza o processoqual melhor mercado para apostar na bet365erradicação da varíola e depois (de combate ao) sarampo deu corpo aos sistemasqual melhor mercado para apostar na bet365notificação e controle das doenças e ao programaqual melhor mercado para apostar na bet365imunização no Brasil", diz Tania Fernandes.

Além disso, "havia uma vacinaqual melhor mercado para apostar na bet365eficácia muito grande, obrigatória, que teve uma aceitação razoável no Brasil. É importante registrar isso: o país tem (até hoje) uma culturaqual melhor mercado para apostar na bet365vacinação muito séria", afirma a historiadora.

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