Como Lula deve enfrentar desafio do antipetismosport nacional apostasseu 3º mandato:sport nacional apostas

"Já funciona assim no discurso, mas acho que vai ficar ainda mais forte e é razoável esperar que isso seja o motorsport nacional apostasuma mobilização bolsonarista nos anos vindouros."

O tamanho e as características do antipetismo atual

Em abril e maiosport nacional apostas2022, pesquisa com 5 mil pessoas conduzida pelos professoressport nacional apostasCiência Política César Zucco (FGV-SP), Fernando Mello (Universidade da Califórnia) e David Samuels (Universidadesport nacional apostasMinnesota) constatou que 24% do eleitorado se declara petista enquanto 29% afirmam ser antipetistas.

É um número bastante próximo ao captado (30,2% que se declaram "antipetistas") pela pesquisa Atlas da semana passada, com 4,5 mil entrevistados. Já a rejeição a Lula como candidato presidencial estevesport nacional apostasum patamar superior, variando entre 40% e 45%sport nacional apostasdiferentes institutos.

Antes da consolidação do bolsonarismo, que serviusport nacional apostasguarda-chuva para diversos setores conservadores, o antipetismo mais radicalizado reunia algumas características básicas:

"O antipetismo é uma espéciesport nacional apostascoração dessa oposição populista ao globalismo, ao que chamamsport nacional apostasmarxismo cultural e ideologiasport nacional apostasgênero e a tudo isso que é percebido como obra das elites culturais. Um ódio generalizado aos partidos e aos atores políticos e contra progressistas nos costumes: os artistas, o pessoal do teatro, a Rede Globo, a academia e a universidade", analisa Ortellado.

Entre 2005 e 2015, escândalossport nacional apostascorrupção fizeram o antipetismo crescer entre as classes médias e altas e entre pessoas mais escolarizadas. O ápice desta fase ocorreu com a ascensão do ex-juiz Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol na operação Lava Jato.

Moro se tornou ministro da Justiçasport nacional apostasBolsonaro, aproximando lavajatismo do nascente bolsonarismo. O grande estremecimento se deu quando o ex-juiz fez denúnciassport nacional apostasinterferência na Polícia Federal por parte do presidente e se demitiu do governo. Na reta final da eleiçãosport nacional apostas2022, Moro se reconciliou com Bolsonaro e até fez parte da equipe do presidente para os debates do segundo turno.

"O lavatismo hoje foi cooptado pelo bolsonarismo. Pouco tempo atrás os dois se diferenciavam. Os setores que eram contra a uma reaproximação entre Moro e Bolsonaro eram bastante minoritários dentro do lavajatismo", diz o cientista político Vinicius do Valle, diretor do Observatório Evangélico.

"Mas numericamente o lavajatismo não se compara aos evangélicos, que são o principal segmento popularsport nacional apostashoje. É a força socialsport nacional apostasmaior tamanho,sport nacional apostasmaior volume dentro do eleitorado brasileiro e que tem o comportamentosport nacional apostasuma ideologia. Esport nacional apostasuma ideologia antipetista."

A eleiçãosport nacional apostas2022 teve a religião como umasport nacional apostassuas grandes protagonistas e os evangélicos como fiel da balança na disputa.

Um conjuntosport nacional apostaspesquisas analisado pelo Centro Brasileirosport nacional apostasAnálise e Planejamento (Cebrap) mostra os evangélicos como o fôlego que a campanha bolsonarista precisava para se manter na disputa.

Alguns pastoressport nacional apostasdenominações neopentecostais fizeram pressão por voto no atual presidente e ameaçaram fiéis com punição divina e medidas disciplinares caso optassem por Lula. Notícias falsas circularam dizendo que o petista proibiria pregaçãosport nacional apostaspastores, criminalizaria a fé evangélica e até retiraria o nomesport nacional apostasJesus Cristo da Bíblia.

"Esta eleição foi muito traumática no universo evangélico. A derrota política pode se combinar com uma derrota moral com Lula mostrando que essas lideranças não estavam falando a verdadesport nacional apostasrelação à perseguição religiosa", diz Valle.

Dessa forma, na análise do cientista político, há condições para uma aproximação entre Lula e os evangélicos.

"Lula pode fazer essas sinalizaçõessport nacional apostasestar presente,sport nacional apostasparticiparsport nacional apostasreuniões [de denominações religiosas] e tudo isso quebrando um pouco o estigma", afirma.

"É possível também que as próprias instituições, para se aproximar do governo, façam uma recomposição das suas lideranças. E se haverá líderes que vão tentar se aproximar do campo lulista como já ocorreu no passado. O ônussport nacional apostaspermanecer na oposição será perder o acesso ao poder."

O podersport nacional apostasarticulaçãosport nacional apostasLula

Outro fator que pode pesar na relação com o antipetismo são as características políticassport nacional apostasLula.

A socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federalsport nacional apostasSão Paulo (Unifesp), analisa que o presidente eleito tem mais habilidade na articulação se comparado a Dilma Rousseffsport nacional apostasseu temposport nacional apostasPlanalto, períodosport nacional apostasque a sigla viveusport nacional apostasmaior crise.

"Lula tem uma capacidadesport nacional apostastrânsito e negociação política maior e, assim, mais condiçõessport nacional apostasmanter a governabilidade. Agora, claro, vai depender obviamentesport nacional apostasfazer um bom governo. De conseguir os resultados econômicos pragmáticos."

Para a cientista política Flávia Biroli, professora da Universidadesport nacional apostasBrasília (UnB), ainda que a direita tenha maioria expressiva no Senado e na Câmara, é preciso observar como setores menos alinhados ao bolsonarismo e que integram o Centrão vão se posicionarsport nacional apostasrelação a Lula — e como o presidente eleito vai compor alianças estratégicas para avançar suas políticassport nacional apostasgoverno.

"Concedendo vantagens a esses grupos será que haverá uma disposiçãosport nacional apostasmanter uma oposição direta a Lula no sentidosport nacional apostasenfraquecê-lo? Para o bolsonarismo vai ser importante bloquear o governo. Mas eu apostaria que para boa parte dessa direita vai fazer aquilosport nacional apostasmanter na corda para obter vantagens. Essa direita vai operarsport nacional apostasvezsport nacional apostasquando com o bolsonarismo na sociedade, mas nem sempre isso vai interessar."

Victor Araújo, pesquisador vinculado ao CEM (Centrosport nacional apostasEstudos da Metrópole) da USP, afirma que "o PT sempre teve que conviver como antipetismo durante os seus governos e isso não o impediusport nacional apostasgovernar. Os desafios agora serão outros e maiores. O PT vai encontrar uma economia estagnada, uma situação fiscal delicada e um país dividido no plano dos afetos (polarização afetiva). Esses são os verdadeiros desafios para a próxima gestão".

Lula terá que encontrar saídas sob a perspectivasport nacional apostasretração da economia mundial devido à Guerra da Ucrânia e herdará um rombo nas contas públicas quesport nacional apostasagosto avançou 406,7%sport nacional apostastermos reais e teve o pior resultado desde 2020.

O bolsonarismo já se sobrepõe ao antipetismo?

"O antipetismo foi um fator muito importante para o surgimentosport nacional apostasBolsonaro e para asport nacional apostaseleiçãosport nacional apostas2018. Mas hoje o bolsonarismo absorve e ultrapassa o antipetismo", analisa Biroli, da UnB.

A compreensão do novo cenário político brasileiro passa por observar como o movimento se estruturará nos próximos meses. A cientista política observa que o bolsonarismo é menor do que a quantidadesport nacional apostasvotos que atual presidente recebeu, mas se tornou mais extremo durante a eleição.

"É um movimento muito mais consolidado quesport nacional apostas2018, mais radicalizado e mais claramente concentradosport nacional apostassetores que se dispuseram não só a se manterem alinhados a Bolsonaro depoissport nacional apostastudo que ocorreu nesses quatro anos, mas que também definiram com mais clareza uma posição mais radical."

"Que força terá esse movimento menor, mas mais radicalizado, para criar instabilidade no país?", pergunta Biroli.

Valle, do Observatório Evangélico, recorda que o resultado dos processos envolvendo Bolsonaro e o bolsonarismo na Justiça podem determinar zigue-zagues no cenário político.

"Bolsonaro vai ser preso, vai ser punido por alguma coisa? Vai ser provado alguma coisa contra ele ou não? É disso que vai decorrer o espaço que o bolsonarismo vai tersport nacional apostasatuação."