Lula não tem carta branca e 'deve ouvir primeiro antesvai de bet indique e ganhefazer', diz lídervai de bet indique e ganhemulheres indígenas:vai de bet indique e ganhe

Fotografia colorida mostra uma mulher do povo Yawalapiti, com cabelos lisos e negros, usando uma pintura ritual vermelha e colarvai de bet indique e ganhemiçangas azuis

Crédito, Sitah/Divulgação

Legenda da foto, Watatakalu é coordenadora do braçovai de bet indique e ganheatuação feminina da Associação Terra Indígena do Xingu

Watatakalu foi uma das inúmeras lideranças que fizeram campanha para Lulavai de bet indique e ganhe2022 e ficaram muito felizes e aliviadas comvai de bet indique e ganhevitória. Mas o apoio não significa 'carta branca' para o presidente eleito fazer o que quiser, diz ela.

"Todas as decisões precisam ser pensadas junto com o movimento indígena. Ele precisa visitar algumas aldeias e ouvir primeiro antesvai de bet indique e ganhefazer", afirma.

"Ele prometeu o ministério indígena. Tá, mas não é ele que indica. Tem que ser uma pessoa sugerida por nós para eles. Senão não adianta nada", diz Watatakalu.

Fotografia colorida mostra uma mulher indígenavai de bet indique e ganhecabelo preto comprido e franja ao ladovai de bet indique e ganheuma fotografia preto e branca na parede na qual uma mulher indígena segura um bebê no colo
Legenda da foto, Watatakalu reconheceu o pai (no colo) e a avo nesta fotovai de bet indique e ganhe1949vai de bet indique e ganheJose Medeiros

"Esse presidente eleito tem a oportunidadevai de bet indique e ganhesentar com a gente e conversar. Na nossa região tem vários projetos gigantes, que até podem acontecer. Mas precisa sentar com a gente para conversar."

"Claro que a gente vai continuar lutando, mas estamos abertos para contribuir para esses projetos sustentáveis pro Brasil", afirma a ativista.

Esse acordo com as lideranças indígenas sobre o nome para o Ministério dos Povos Originários parece estar sendo mais fácil para Lula do que a concordânciavai de bet indique e ganhediversos aliados sobre as outras pastas. Segundo O Globo, já existe consenso para indicação da deputada eleita e presidente da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara, enquanto os nomes para os outros ministérios ainda estão sendo decididos.

Watatakalu enxerga como prioridades o fortalecimentovai de bet indique e ganheinstituições que tiveram verbas, funcionários e atuação cortados por Bolsonaro.

"Temos que ver como vai ficar a questão da Funai (Fundação Nacional do Índio), que foi desmontada no governo Bolsonaro, rever as demarcaçõesvai de bet indique e ganheterritório e retomar a Sesai (Secretariavai de bet indique e ganheSaúde Indígena), que desde o início do governo Bolsonaro praticamente não existe mais pra gente."

Fotografiavai de bet indique e ganhepreto e branco mostra 9 homens do povo Yawalapiti, um homem branco e uma criança; parte do grupo está sentada

Crédito, Instituto Moreira Salles/Arquivo Henri Ballot

Legenda da foto, Nesta fotovai de bet indique e ganhe1955 foram identificados Mapukayaka Yawalapiti,vai de bet indique e ganhepé, ao centro, com cocar e Sariruá Yawalapiti, o primeiro sentado à esquerda; ao seu lado, Orlando Villas-Bôas

Feminista e defensora da tradição

Watatakalu olha para o próprio retrato entre as fotos lideranças do Xingu que ganharam um espaço na mostra.

"Há alguns anos, haveria apenas homens aqui", afirma.

Feminista, Watatakalu tem uma posição delicadavai de bet indique e ganheao mesmo tempo defender a preservação da culturavai de bet indique e ganheseu povo e combater tradições que considera machistas, como o casamento arranjado.

Ela própria se recusou, aos 15 anos, a aceitar um casamento arranjado e depoisvai de bet indique e ganhetrês anos conseguiu retornar paravai de bet indique e ganhefamília. Hoje é casada com Ianukulá Kaiabi Suiá, marido que ela própria escolheu.

Ao lado da irmã Ana Terra, ela organizou a construçãovai de bet indique e ganheuma Casa da Mulher no centro da Aldeia Velha Yawalapiti,vai de bet indique e ganheMato Grosso - algo revolucionário, pois os Yawalapiti costumavam ter apenas a Casa dos Homens, onde eles se reúnem para tomar decisões e onde as mulheres não entram.

Fotografia colorida mostra um homem indígena sentadovai de bet indique e ganheuma cadeira na beira do rio sendo filmado por três outros homens indígenas

Crédito, Nhakmô Kayapó/ Rede Xingu+

Legenda da foto, Cineastas do Coletivo Beture entrevistam o cacique Takakpevai de bet indique e ganhebasevai de bet indique e ganhevigilância no Rio Xingu

Seu pai, um dos líderes mais importantes do Xingu, Pirakumã Yawalapiti, foi um dos únicos líderes homens a apoiar o projeto. Pirakumã morreuvai de bet indique e ganhe2015, deixando viúva a mãevai de bet indique e ganheWatatakalu, a guerreira e pajé Iamony Mehinako. Iamony morreuvai de bet indique e ganhe2021 vítimavai de bet indique e ganhecovid-19 - uma dos oito parentes próximos que Watatakalu perdeu durante a pandemia, incluindo seu tio Aritana, outro líder importantíssimo do Xingu.

Pirakumã é retratadovai de bet indique e ganhediversas fotos na exposição, inclusive umavai de bet indique e ganheque era bebê e estava no colo da mãe. Assim como muitas das fotos históricas do Xingu tiradas por fotógrafos brancos, esse retrato não tinha qualquer identificaçãovai de bet indique e ganhequem eram as pessoas - apenas uma legenda dizendo a qual povo pertenciam.

Foi Watatakalu, uma das consultoras da exposição, quem reconheceu o pai e a avó na foto — identificada não só pelo rosto, mas pela barriga, pelo bico do seio — durante o trabalhovai de bet indique e ganhepesquisa para a mostra.

Fotografia colorida mostra grupovai de bet indique e ganheindígenasvai de bet indique e ganhefrente a policiais paramentados

Crédito, André D'Elia/Divulgação

Legenda da foto, Pirakumã Yawalapitivai de bet indique e ganheprotesto no Acampamento Terra Livrevai de bet indique e ganheBrasíliavai de bet indique e ganhe2014

Odisseiavai de bet indique e ganheidentificação

Dezenasvai de bet indique e ganheoutras pessoas retratadas nos 200 itens da exposição foram reconhecidas durante um longo e trabalhoso processovai de bet indique e ganheidentificação feitovai de bet indique e ganheinúmeras aldeias por diferentes povos, entre eles os Xavante, os Bakairi e os Kayapó.

Iniciado pelos curadores Takumã Kuikuro e Guilherme Freitas, o trabalho teve o auxílio da Atix e grande participação do pesquisador Yamalui Kuikuro.

Fotografias históricas da região — o primeiro território indígena a ser demarcado no Brasil — costumam ter apenas o nome dos sertanistas brancos nas legendas, sem identificar os índigenas que os acompanham, que muitas vezes eram importantes liderançasvai de bet indique e ganheseus povos, como o cacique Raoni Metyktire, retratado quando ainda era jovem.

Fotografia colorida mostra três construçõesvai de bet indique e ganheuma aldeia com uma colunavai de bet indique e ganhefumaça preta ao fundo

Crédito, Renan Suyá/Rede Xingu+

Legenda da foto, A exposição tem obras dos próprios indígenas, como esta foto feita na aldeia Khĩkatxi, do povo Khisêtje, durante queimada provocada por não indígenas no entorno da Terra Indígena Wawi, parte do Território Indígena do Xinguvai de bet indique e ganhe2022

O curador Guilherme Freitas diz que qualquer exposição que fosse montada sobre o Xingu ficaria incompleta sem a identificação dos indígenas. "O acervo do instituto, com todo seu tamanho e importância, não seria suficiente para contar essa história", afirma ele, que além do processovai de bet indique e ganheidentificação foi atrásvai de bet indique e ganhetrabalhos feitos pelos próprios indígenas para contrapor o olharvai de bet indique e ganhefora.

Além do nome do fotógrafo, data e às vezes do povo, a maioria das fotos tinha pouquíssima informação contextual nas legendas - não só das pessoas envolvidas, mas dos rituais sendo feitos, das situações sendo retratadas.

Fotografiavai de bet indique e ganhepreto e branco mostra dezenasvai de bet indique e ganheindígenas no Congresso

Crédito, Beto Ricardo/ISA

Legenda da foto, À frente na bancada, da esquerda para a direita: Teseya Panará, Kanhõc Kayapó, Raoni Mētyktire e Tutu Pombo Kayapó, dentre outros, ocupam auditório da liderança do PMDB nas negociações do capítulo dos indígenas na Constituintevai de bet indique e ganhe1988

Para identificá-las, encadernações com os retratos foram levadosvai de bet indique e ganhealdeiavai de bet indique e ganhealdeia com ajuda da Atix. Com a pandemiavai de bet indique e ganhecovid dificultando o trabalho, parte da identificação foi feita montando gruposvai de bet indique e ganhewhatsapp com as lideranças e enviando as fotos digitalmente quando era possível.

Freitas destaca que o IMS não é o único nem o primeiro a fazer essa pesquisa que ajuda a reverter um pouco o apagamento das pessoas retratadas. Ele afirma que é um trabalhovai de bet indique e ganhecontínuo andamento, mesmo com a exposição já inaugurada. Nem todas as pessoas registradas foram reconhecidas ainda.

Fotografia colorida mostra dois homens, um branco e um indígena, lado a ladovai de bet indique e ganhefrente a uma parede com fotografias
Legenda da foto, O processovai de bet indique e ganhepesquisa dos curadores Takumã Kuikuro (a dir.) e Guilherme Freitas durou 2 anos

Algo que é provado por Watatakalu alguns minutos depois, quando ela reconhece um conhecidovai de bet indique e ganheuma fotovai de bet indique e ganheque apenas o avó dela, Kanato Yawalapiti, estava identificado. Ela demora alguns segundos para se lembrar do nome.

"Pulaliyatï Aweti", diz ela. "Na legenda original estava escrito kuikuro, mas ele não era kuikuro. As pessoas confundem porque os kuikuro acolhiam várias pessoas cujos povos tinham perdido a aldeia."

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