Como Santa Catarina foiaposta bbb sportsbetEstado eleitoraposta bbb sportsbetLula a reduto bolsonarista:aposta bbb sportsbet

Crédito, AFP
No primeiro turno das eleiçõesaposta bbb sportsbet2018, o então candidato Jair Bolsonaro (à época no PSL) conseguiu 65,82% entre os catarinenses, aaposta bbb sportsbetmaior vitóriaaposta bbb sportsbettodo o país no primeiro turno. Em 2022, o presidente manteve uma votação expressiva: 62,21%.
Entre os motivos apontados para a afinidade entre catarinenses e bolsonarismo estão o "tradicionalismo/conservadorismo" num Estado sem grandes metrópoles e a valorização do "mérito pessoal", que chegou com os imigrantes europeus na região. (Leia mais abaixo)
Além dos resultados das urnas, Santa Catarina também foi palcoaposta bbb sportsbetalgumas das manifestações mais intensas após a derrotaaposta bbb sportsbetBolsonaro para Lula. Foi lá onde ocorreu a maior quantidadeaposta bbb sportsbetbloqueiosaposta bbb sportsbetrodovias.
Em 21aposta bbb sportsbetnovembro, a Polícia Rodoviária Federal chegou a dizer que os métodosaposta bbb sportsbetbloqueios antidemocráticos no Estado, com bombas e barricadas, lembravam osaposta bbb sportsbet"terroristas e black blocs".
Mas o que aconteciaaposta bbb sportsbet2002 para Lula ganhar?

Crédito, Ricardo Stuckert/Divulgação
Mesmo com a vitória expressivaaposta bbb sportsbetLulaaposta bbb sportsbet2002, não é possível dizer que o eleitoradoaposta bbb sportsbetSanta Catarina eraaposta bbb sportsbet"esquerda", explica o cientista político Jean Castro, professor na Universidade Federalaposta bbb sportsbetSanta Catarina (UFSC).
"É possível que o eleitorado catarinenseaposta bbb sportsbet2002 já fosse,aposta bbb sportsbetforma majoritária, culturalmente conservador e favorável ao discurso liberal ancorado no valor do trabalho e do mérito pessoal", diz o pesquisador, se referindo à ideologia encampada pelo grupoaposta bbb sportsbetBolsonaro.
"Mesmo assim votaram no Lulaaposta bbb sportsbet2002 porque queriam mudança, pois o segundo governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) terminou com uma situação econômica difícil".
De acordo com Castro, o chamado "voto econômico" pesou mais naquele pleito, já que não havia uma polarização ideológica tão clara entre o então presidente FHC, que apoiou José Serra (PSDB), e o então candidato Lula.
"Naquele contexto, com baixa polarização, a maioria do eleitorado não votou motivado por coerência ideológica, e o eleitorado catarinense deu seu votoaposta bbb sportsbetconfiança para Lula."
Candidato a governador pelo PTaposta bbb sportsbet2002, José Fritsch quase chegou ao segundo turno naquele ano: teve 27% dos votos — acabou ficandoaposta bbb sportsbetfora na disputa entre Esperidião Amin (PPB, com 30%) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB, com 39%).
Para o político, o grande númeroaposta bbb sportsbetvotos recebidos se deve também à chamada "Onda Lula", que, naquele ano, fez o PT ampliar a presença no Congresso. Em Santa Catarina, por exemplo, a petista Ideli Salvatti foi eleita a senadora mais bem votada da história.
"Havia uma organizaçãoaposta bbb sportsbetbase do PT, com a força dos movimentos sindicais, especialmente dos professores estaduais, o Movimento Sem Terra, dos Atingidos Por Barragem" diz Fritsch, que foi prefeitoaposta bbb sportsbetChapecó entre 1997 e 2002, uma das maiores cidades do interior catarinense.
"Naquela época, os conservadores aqui nos toleravam porqueaposta bbb sportsbetfato nós conseguimos resolver muitos problemas. Então o PT organizado, conseguindo governar duas grandes cidades, pesou positivamente", avalia Fritsch, também citando a gestão do petista Décio Limaaposta bbb sportsbetBlumenau.
E o que mudou?
Jean Castro, da UFSC, explica que o ano 2002, com protagonismo petista, foi "atípico", já que desde a redemocratização, a disputa política no Estado se deu entre políticos ligados ao MDB e os descendentes da Arena (PFL/DEM, PDS/PP), o partido que dava sustentação ao regime militar.
Nas eleiçõesaposta bbb sportsbet2006, os catarinenses já migraram com força para o outro lado do campo político. Naquele ano, Geraldo Alckmin teve 57,2%, no Estado já no primeiro turno, a maior vitória do tucano no Brasil.
Na análiseaposta bbb sportsbetCastro, "a confiança se quebrou a partir das denúnciasaposta bbb sportsbetcorrupção do mensalão,aposta bbb sportsbet2005".
"Daíaposta bbb sportsbetdiante, o antipetismo começou a crescer na esteira dos escândalosaposta bbb sportsbetcorrupção, e foi turbinado pela Lava Jato, que expôs a corrupção não apenas do PT, mas do sistema político como um todo, levando ao crescimentoaposta bbb sportsbetum sentimento 'antissistema' e 'antipolítica'".
Com a ondaaposta bbb sportsbetprotestosaposta bbb sportsbet2013 e o impeachmentaposta bbb sportsbetDilma Rousseffaposta bbb sportsbet2016, o cientista político explica que "grupos liberais e conservadores", antes uma "massa confusa", se organizaram na oposição à esquerda.
Do lado do PT, José Fritsch diz que, após a chegadaaposta bbb sportsbetLula ao poderaposta bbb sportsbet2002, "o PT deixouaposta bbb sportsbetse preocupar com organização partidáriaaposta bbb sportsbetbase", principalmente nas cidades do interior, abrindo espaço para outras forças políticas.
'Terreno fértil' do Bolsonarismo

Crédito, Eduardo Valente/Divulgação
Santa Catarina é o único Estado brasileiro onde a maior cidade fica no interior, e não na capital ou região metropolitana.
Com cercaaposta bbb sportsbet600 mil habitantes (ou seja, do mesmo porteaposta bbb sportsbetLondrina (PR) ou Juizaposta bbb sportsbetFora (MG)), Joinville, no norte, tem população maior que Florianópolis. E há muitas outras cidadesaposta bbb sportsbetrelevância no interior, como Blumenau, Chapecó e Criciúma.
Castro explica que essa característica se deve uma "colonizaçãoaposta bbb sportsbetpovoamento, que resultouaposta bbb sportsbetuma população bem distribuída pelo Estado".
Ou seja, não há uma população concentradaaposta bbb sportsbetgrandes metrópoles.
"É comum que cidades pequenas e médias tenham um grau maioraposta bbb sportsbetconservadorismo cultural do que cidades grandes ou metrópoles. Enquanto cidades grandes tendem a ter mais comportamentos sociais liberais e cosmopolitas, cidades menores tendem a ser mais tradicionalistas", diz Castro.
Na visão do cientista político, à medida que a pautaaposta bbb sportsbetcostume (como direito ao aborto, direitos LGBTs e combate ao racismo) ganharam mais protagonismo na esquerda, foi surgindo uma reação daqueles que se sentiam "bem e felizes" com os costumes tradicionais, sobretudo quando "a crítica a esses costumes era feitaaposta bbb sportsbetforma radical".
"Esses fatores ajudam a entender a força do conservadorismo a partir do momentoaposta bbb sportsbetque os costumes foram politizados", diz Castro.
"Um paiaposta bbb sportsbetfamília tradicional, que muitas vezes é um simples trabalhador que tem que suar muito para sustentar família, não vai gostaraposta bbb sportsbetser cancelado como uma pessoa 'do mal', um ícone da dominação heteronormativa patriarcal branca".
Outro ponto que explicaria a afinidade do eleitor catarinense com o bolsonarismo seria o econômico.
O Estado apresenta alguns dos melhores índices do país, como taxaaposta bbb sportsbetdesemprego e desigualdade social.
"Esses fatores indicam queaposta bbb sportsbetSanta Catarina,aposta bbb sportsbetcomparação com outras regiões do país, há um menor númeroaposta bbb sportsbetpessoas que dependem do Estado para sobreviver, o que ajuda a manter vivo o discurso liberal do trabalho e do mérito pessoal", diz o cientista político.
Para ele, esse é um discurso que chegou na região junto com a culturaaposta bbb sportsbetmuitos imigrantes europeus que povoaram o Estado.
"Por isso, o discurso 'conservador nos costumes e liberal na economia' encontra tanto eco no eleitorado catarinense. Que Bolsonaro tenha captado esses votos é uma contingência do momento. Outro candidato que mobilizasse esses valores poderia ter o mesmo sucesso".
A volta do PT?
Apesar do cenário favorável a Bolsonaro, na disputa estadual catarinenseaposta bbb sportsbet2022, o petista Décio Lima conseguiu surpreender e ir ao segundo turno, quando acabou perdendo para Jorginho Mello (PL) que ficou com 70% dos votos, deixando para o petista apenas 30% dos votos válidos.
Lima acabou se beneficiando no primeiro turno pela grande quantidadeaposta bbb sportsbetcandidatos que buscaram o voto bolsonarista: alémaposta bbb sportsbetMello, havia o atual governador Carlos Moisés (Republicanos) , Gean Loureiro (União Brasil) e Esperidião Amin (PP).
"Foi uma vitória política, não tanto eleitoral. Mas é frutoaposta bbb sportsbetuma memória dos bons tempos do PT no Estado e também do rechaço à gestão dos políticos locais da pandemia. É uma prova que a esquerda ainda existeaposta bbb sportsbetSanta Cataria", opina o petista José Fritsch.
Ele avalia que maisaposta bbb sportsbet30% do eleitorado catarinense não é tão ideológico. Ou seja, pode votaraposta bbb sportsbetpartidosaposta bbb sportsbettodo o espectro político, a depender da conjuntura do momento daquela eleição.
Para o cientista político Jean Castro, da UFSC, um fortalecimento da esquerda vai depender do grauaposta bbb sportsbetdesgaste e desengajamento do bolsonarismo pós-eleição e do desempenhoaposta bbb sportsbetula na volta à Presidência.
Ele avalia que o presidente eleito pode retomaraposta bbb sportsbetpopularidade no Estado se a economia do Brasil for bem, se escândalosaposta bbb sportsbetcorrupção não aparecerem e se a agendaaposta bbb sportsbetcostumes for mais "diplomática",aposta bbb sportsbetvezaposta bbb sportsbet"identitária".
"Nas democracias modernas uma parcela importante do eleitorado não tem tanto interesse por política e não tem coerência ideológica alguma. Oscilam a cada eleição, votandoaposta bbb sportsbetacordo com fatores circunstanciais, sejam relativos às qualidades pessoais do candidato ou ao chamado voto econômico, quando eleitores tendem a votar 'pela mudança'".
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