'Você não sabe se vai chegar vivo': a rotinabetnacional entrar na minha contamedo na favela onde soldado foi morto:betnacional entrar na minha conta

Maré

Crédito, AFP

Legenda da foto, Cercabetnacional entrar na minha conta140 mil pessoas que moram no complexobetnacional entrar na minha conta16 favelas

Em junho deste ano, um casal teve o carro baleado cinco vezes ao seguir o GPS e entrar no local por engano, mas, apesar dos ferimentos, nenhum dos dois morreu. Em 2013, o engenheiro Gil Augusto Gomes Barbosa foi baleado e morto por ter errado o retorno e entrado na Vila do João quando dirigia para o aeroporto internacional para buscarbetnacional entrar na minha contamulher.

Vila do João

Patrulha do Exérico na Maré

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 'As Forças Armadas atuambetnacional entrar na minha contacooperação e articulação com os órgãosbetnacional entrar na minha contasegurança pública durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos', diz Exército

A BBC Brasil entroubetnacional entrar na minha contacontato com a Secretariabetnacional entrar na minha contaEstadobetnacional entrar na minha contaSegurança do RJ e o Comando Militar do Leste (CML), mas as notas enviadas não deixaram claro que tipobetnacional entrar na minha contapresença as forçasbetnacional entrar na minha contasegurança mantêm na entrada da Vila do João. Segundo nota enviada, a Polícia Militar atuabetnacional entrar na minha conta"16 pontosbetnacional entrar na minha contabaseamentos" na comunidade, "fazendo um cinturãobetnacional entrar na minha contasegurança que cobre os acessos às comunidades da Maré".

Já o CML disse à reportagem que "as Forças Armadas atuambetnacional entrar na minha contacooperação e articulação com os órgãosbetnacional entrar na minha contasegurança pública durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos"betnacional entrar na minha contalocais determinados.

Entre os locais mais próximos à Maré listados pelo CML estão "desde o Hospital da Força Aérea do Galeão até o entroncamento com a Linha Vermelha e da Linha Amarela até o cruzamento com a Linha Vermelha com a Linha Amarela". Acessos à favela não foram listados como locaisbetnacional entrar na minha contaoperação das Forças Armadas.

Na noite do dia 9, no entanto, a viatura da Força Nacional com três policiais que erraram o caminho entrou na Vila do João e foi recebida a tiros por traficantes.

Edson Diniz, um dos diretores da ONG Redes da Maré, que morou 40 anos na comunidade, disse à BBC Brasil que falta sinalização e atenção ao local. "Deveria haver um trabalho mais intensobetnacional entrar na minha contasinalizaçãobetnacional entrar na minha contatrânsito ali, indicando o caminho para evitar casos como esses", afirma.

'Medo constante' e violência apesar dos Jogos

"Você se prepara para sairbetnacional entrar na minha contacasa e ouve que o caveirão do Bope está numa rua, depoisbetnacional entrar na minha contaoutra. Não tem como saber onde vai ter tiroteio. Não tem como saber se você vai chegar vivo. É um medo constante", diz Luiza Silva,betnacional entrar na minha conta22 anos, nascida e criada na Maré, que pediu para ter seu nome modificado.

Para a estudante, houve uma intensificação das incursões da polícia na comunidade nos mesesbetnacional entrar na minha contajunho e julho, às vésperas dos Jogos. Após a morte do soldado da Força Nacional, uma operação da polícia deixou um morto e ao menos três feridos na favela.

Crianças brincando na Maré

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Tida como uma das favelas mais complexas do Rio, a Maré abriga três facções criminosas rivais - Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos (ADA) - alémbetnacional entrar na minha contamilícia

"Como sempre a resposta foi uma operação truculenta, com quase 200 policiais, e não só na Vila do João, na Maré inteira. Tanto que uma pessoa morreu na Nova Holanda, muito longebetnacional entrar na minha contaonde tudo aconteceu", diz Edson Diniz.

Para o fotógrafo Bira Carvalho, que mora há 40 anos na comunidade, há uma aceitação dos tiroteiosbetnacional entrar na minha contafavelas como algo "normal". "O Estado e a sociedade veem os territóriosbetnacional entrar na minha contafavela como um problema, e a imprensa no Brasil virou as costas para essas vidas perdidas, tantobetnacional entrar na minha contapoliciais quantobetnacional entrar na minha contamoradoresbetnacional entrar na minha contafavela", diz.

Para Julita Lemgruber, diretora do Centrobetnacional entrar na minha contaEstudosbetnacional entrar na minha contaSegurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, há uma discrepância entre o "Rio da Olimpíada" e o "Rio que ninguém quer mostrar".

"De um lado temos a tranquilidade trazida pela forte militarização nas áreas da Olimpíada, e do outro as cenas absolutamente dramáticas para quem mora nas favelas do Rio, que têm acordado com tiroteios todos os dias. De um lado a presença massivabetnacional entrar na minha contaforçasbetnacional entrar na minha contasegurança, e do outro essa higienização", avalia.

'Vácuo', UPP e Olimpíada

Em seu ciclobetnacional entrar na minha contaquase dez anosbetnacional entrar na minha contamegaeventos, o Rio acostumou-se a solicitar auxílio das Forças Armadas para garantir a segurança, e duas diferentes estratégias já foram utilizadas na Maré.

Na Rio+20 houve o cerco, quando as entradas e saídas da comunidade são monitoradasbetnacional entrar na minha contaforma ostensiva, com tanquesbetnacional entrar na minha contaguerra e montagembetnacional entrar na minha conta"checkpoints"betnacional entrar na minha contaque os moradores precisam mostrar documentos e podem ser revistados.

Na Copa do Mundo, a favela foi ocupada por cercabetnacional entrar na minha conta3 mil membrosbetnacional entrar na minha contadiferentes grupos das Forças Armadas. A ocupação durou pouco maisbetnacional entrar na minha contaum ano e a ideia era que fosse substituída por uma UPP.

Já na Olimpíada, o diretor da ONG Redes da Maré, Edson Diniz, afirma que nenhuma das duas estratégias foi montada. "Não vimos o cerco ostensivo e nem a ocupação. O policiamento local continua como sempre é feito e o Exército estábetnacional entrar na minha contaalguns pontos das avenidas expressas", diz.

Ainda no ano passado, quando as tropas militares deixaram a favela, a promessa do Governo do Estado do RJ erabetnacional entrar na minha contaque haveria a instalação da UPP da Maré. Um ano depois, no entanto, o secretáriobetnacional entrar na minha contasegurança do Estado do RJ, José Mariano Beltrame, oficializou que o projeto não tinha data para se concretizar.

Moradores do complexobetnacional entrar na minha contafavelas da Maré

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Policial e engenheiro foram mortos a tiros ao entrar acidentalmente na favela

Para Edson Diniz, da Redes da Maré, embora a ocupação das Forças Armadas tenha trazido problemas graves tanto para os soldados quanto para os moradores, incluindo confrontos e mortes, o vácuobetnacional entrar na minha contasegurança deixado entre a saída dos militares e a não concretização da UPP elevou a instabilidade na favela.

"Sem Exército nem UPP, houve um vácuo que significou o fortalecimento dos grupos que operam aqui dentro, a volta das incursões da polícia, que sempre podem gerar tiroteios e mortes dos dois lados, e a manutenção da lógicabetnacional entrar na minha contaguerra", diz.

Com a crise no Estado, a avaliaçãobetnacional entrar na minha contamoradores e especialistas ébetnacional entrar na minha contaque a UPP da Maré dificilmente se concretize.

"A situação na Maré não está excepcionalmente violenta agora. É uma áreabetnacional entrar na minha contaviolência constante, e toda a estratégia das UPPs faliu junto com o Estado, a pontobetnacional entrar na minha contaninguém acreditar muito na capacidade deste projeto ser recuperado", diz José Augusto Rodrigues, pesquisador do Laboratóriobetnacional entrar na minha contaAnálisebetnacional entrar na minha contaViolência da UERJ.

Em março deste ano, José Mariano Beltrame anunciou cortesbetnacional entrar na minha contaR$ 2 bilhões do orçamentobetnacional entrar na minha contasegurança do RJ, o que equivale a 32%.

"Por que a gente não foi para a Maré? Porque o Estado ficoubetnacional entrar na minha contame dar determinadas obras físicas lá dentro e não fez por causa da crise. Não estou prometendo. Estou dizendo que ela (UPP da Maré) está planejada, e quando nós tivermos as condições para fazer, vamos executar o planejamento", disse à BBC Brasil.

Diante deste cenário, Edson Diniz não vê solução para os confrontos na favela a curto nem médio prazos.

"Não vejo perspectivabetnacional entrar na minha contamelhora para os moradores da Maré com a manutenção da lógicabetnacional entrar na minha contaguerra, mortes, 14 mil crianças sem aula e ninguém se pronuncia a respeito, a falência das UPPs, a crise no Estado e a continuidade da forma como os mais pobres sempre foram tratados. Apesar da Olimpíada, para nós, nada mudou", diz.