Os monastérios que faturam com álcool e maconha:br4bet

  • Kait Bolongaro
  • Da BBC News
Chartreuse/Divulgação

Crédito, Chartreuse/Divulgação

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Mongesbr4betChartreuse usam mistura 130 plantas para fazer um licor com receitabr4bet1605

br4bet Em meio às montanhasbr4betChartreuse, nos Alpes franceses, está o monastério Grande Chartreuse. Ali vivem monges católicos da ordem dos cartuxos que evitam o contato com o mundo exterior e se concentram na contemplação e oração.

No entanto, este local silencioso nas montanhas é também o localbr4betnascimentobr4betum produto mais mundano, o Chartreuse, um licor forte feito a partirbr4betuma receita que teria sido dada aos mongesbr4bet1605.

E, apesarbr4betparecer estranho que monges dedicados à solidão se dediquem à fabricaçãobr4betuma bebida alcoólica, os moradores do Grande Chartreuse não são os únicos.

Ordens religiosas produzem bebidas há séculos - basta lembrar dos monges trapistas que produzem cerveja - por razões econômicas ou para serem usadas como remédio.

Monges beneditinosbr4betum monastério pertobr4betMunique, na Alemanha, também produzem cerveja nos diasbr4bethoje. E freiras da Califórnia fabricam remédios a partir da maconha que elas mesmas cultivam.

Vendas e segurança

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A receita do licor Chartreuse é secreta - a maioria dos monges nem sabe do que a bebida é feita

Em 2015, a marca Chartreuse venceu 1,5 milhãobr4betgarrafas do licor no mundo todo. Cada garrafa custa cercabr4bet50 euros (R$ 170) e todos os lucros vão para o sustento da ordem ebr4betseus projetosbr4betcaridade.

O licor Chartreuse é feito a partirbr4betuma misturabr4bet130 plantas, ervas e flores. A receita é secreta, e a maioria dos monges não sabe exatamente quais são os ingredientes e nem como é o processobr4betenvelhecimento da bebida.

Apenas três monges fazem a misturabr4betplantas, que é então entregue à destilariabr4betuma embalagem sem rótulo para que os ingredientes não sejam identificados pelos funcionáriosbr4betfora do monastério que ajudam com a produção do licor.

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O licor era produzido no monastério até 1860

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A guia do monastério, Mathilde Perrin, contou que as pessoasbr4betfora do claustro "sabem muito pouco sobre a produção". Os monges são os donosbr4bettoda a operação. Eles "fazem o que querem e não são obrigados a contar para ninguém sobre o que estão fazendo".

A primeira destilaria para a fabricação do licor foi construídabr4bet1840 dentro do monastério. Mas, com o crescimento da produção, o barulho e a movimentação perturbavam o modobr4betvida contemplativo dos monges.

A destilaria foi mudou-se, passandobr4betum local para outro ao longo das décadas. Hoje, ficabr4betVoiron, um vilarejo pertobr4betGrenoble, a cercabr4bet24 quilômetros do monastériobr4betSaint-Pierre-de-Chartreuse, mas deve se mudar novamentebr4bet2018.

Devido aos vapores alcoólicos, a destilaria foi classificada como uma ameaça à segurança e deve ir para um lugar ainda mais distante. "O governo calculou que, se alguma coisa explodir, poderíamos explodir Voiron inteira", disse Perrin.

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Apenas três monges fazem a mistura que dá origem ao licor que é fabricado fora do monastério

A destilaria tem alguns funcionários e é controlada remotamente pelos monges, que usam computadores para ajustar as temperaturas durante a produção e até paralisar o processo todo se for necessário.

Antigo e moderno

Na Abadiabr4betAndechs, a sudoestebr4betMunique, também existe esta misturabr4betantigo e moderno. Lá, os monges beneditinos produzem cerveja desde 1455.

Os monges são estimulados a cumprir suas tarefasbr4betuma maneira mais lenta, porém contínua. São Benedito não falava nada a respeito da produçãobr4betcerveja, masbr4betdoutrina é uma abordagem ideal para a fabricação do produto.

"Não dá para apressar as coisas quando se está fazendo cerveja ou vivendo como um monge", disse Martin Glaab, chefebr4betrelações públicas da abadia.

Thomas Schmid

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A cerveja Andechs é produzida na Bavária, região conhecida pela qualidade deste tipobr4betbebida

"Acreditamos que (seguir) a tradiçãobr4betcerveja monástica requer tempo para criar um produtobr4betalta qualidade."

Servir ao próximo também é outro princípio beneditino, incluindo receber peregrinos. Quando viajantes mais religiosos chegam no mosteiro, os montes precisam atendê-los com o que Glaab chamabr4bet"a origem da tradição da cervejariabr4betAndechs".

Hoje, o monastério recebe um milhãobr4betvisitantes por ano.

Com 100 mil hectolitrosbr4betcerveja vendidos por ano, uma caneca da cerveja Andechs custa por 4 euros (R$ 13) no restaurante do monastério. Assim como no casobr4betChartreuse, os lucrosbr4betAndechs vão para sustentar a ordem e para as obrasbr4betcaridade.

Popularidade

A popularidade destas bebidas está aumentando. Beth Bloom, analista alimentícia no grupo Mintel, especializadobr4betpesquisa globalbr4betmercado, acredita que isto se deve ao crescente interesse dos consumidores pela origembr4betalimentos e bebidas e à crescente cautela quanto aos processosbr4betindustrialização.

"Uma das coisas que marcam estas bebidas monásticas é a fonte - os produtores. Existe este interesse no ofício, nos artesãos ebr4betonde (o produto) vem, as técnicas envolvidas."

Soraya Matos

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Freiras da ordem Sisters of the Valley oram e meditam enquanto preparam produtos medicinais a partirbr4betsua plantaçãobr4betmaconha

"O desejo por uma experiência mais verdadeira entrabr4betjogo aqui. A cerveja produzidabr4betum monastério com anos e anosbr4bettradição provavelmente marca (esta experiência), e ela se apresenta como um produto especializado. E este é um negócio do qual os consumidores querem participar", explicou.

No entanto, outras ordens religiosas preferiram ir além das bebidas e produzir o que podem ser chamadosbr4betprodutos mais modernos.

Maconha

Em uma fazendabr4betMerced, na Califórnia, as freiras da ordem Sisters of the Valley mostram a devoção à cura dos doentes por meiobr4betprodutos feitos à basebr4betmaconha que elas mesmas cultivam.

A irmã Kate Meeusen fundou a ordem religiosa independentebr4bet2015. Elas se vestem com trajes católicos, mas as práticas espirituais são derivadas do que elas chamambr4bet"sabedoria antiga".

"Nos perguntamos 'o que nossas antigas mães fariam?' quando temos dilemas ou decisões para tomar. Esse é o princípio que nos guia", explicou Meeusen.

As crenças do grupo também são a basebr4betsuas práticasbr4betnegócios. A produção segue o ciclo lunar, e as mulheres oram e meditam enquanto preparam as receitas na cozinha da abadia.

Os produtos não são entorpecentes. São feitosbr4betcanabidiol (CBD), composto sem propriedades psicoativas e legalizado para venda e exportações.

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A irmã Meeusen afirma que as autoridades tentaram obrigar a ordem a se mudar

Os preços variam entre US$ 85 (cercabr4betR$ 272) e US$ 95 (maisbr4betR$ 304) por produto, e os clientes podem comprar online o óleobr4betcanabidiol, pomada ou tintura. Os lucros - que chegaram a US$ 60 mil (maisbr4betR$ 192 mil)br4bet2015 - pagam salários e a manutenção da fazenda.

Pelo fatobr4betserem produtos derivados da maconha, as autoridades locais tentaram fazer com que as freiras mudassem da região, mas Meeusen se recusou.

A produção das freiras independentes californianas pode não ter a história ou peso cultural que a cerveja trapista tem para a Bélgica, por exemplo, mas conquista simpatizantes devotos.

Javier Sanchez é usuáriobr4betóleobr4betcanabidiol devido a problemasbr4betsaúde. "Existem muitas coisas neste mundo que poderiam te ofender, mas não acho que esta é uma delas", afirmou.