Como as mulheres passaramroleta numeros aleatoriosmaioria a raridade nos cursosroleta numeros aleatoriosinformática:roleta numeros aleatorios
- Evanildo da Silveira
- De São Paulo para a BBC Brasil

Crédito, IME-USP
Primeira turmaroleta numeros aleatoriosformados no cursoroleta numeros aleatoriosCiência da Computação do IME/USP,roleta numeros aleatorios1974, na qual as mulheres eram a maioria
roleta numeros aleatorios Ada Lovelace, Mary Kenneth Keller, Grace Hopper, Dana Ulery, Hedy Lamarr e Kathleen Antonelli são nomes dos quais poucas pessoas já ouviram falar. Em contrapartida, Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg são conhecidos por quase todo mundo.
O que essas mulheres e homens têmroleta numeros aleatorioscomum é que dedicaram a vida ao universo dos computadores. O que os diferencia é a invisibilidade delas e a fama global deles, embora todos tenham dado grandes contribuições à informática. Além disso, elas foram pioneiras,roleta numeros aleatoriosuma área com cada vez menos representantes do sexo feminino.
Pode parecer surpreendente hoje dia, masroleta numeros aleatoriosfato existiu uma épocaroleta numeros aleatoriosque as mulheres eram maioria nesse setor. Nos seus primórdios, essas máquinas eram usadas basicamente para realizar cálculos e processamentoroleta numeros aleatoriosdados, atividades então associadas à funçãoroleta numeros aleatoriossecretária. Daí serem utilizadas quase só por mulheres.
Mas elas não se limitaram a isso. Muitas tiveram papel importante no desenvolvimento dos computadores e dos programas, que fazem essas máquinas ter serventia.
Ada Lovelace ou Ada Byron, Lady Lovelace, filha do famoso poeta inglês Lorde Byron, por exemplo, desenvolveu o primeiro algoritmo da história, e Mary Kenneth Keller, uma freira americana, teve papel importante na criação da linguagemroleta numeros aleatoriosprogramação BASIC.

Crédito, Getty Images
Ada Lovelace desenvolveu o primeiro algoritmo da história
A professora Andreia Malucelli, coordenadora da pós-graduaçãoroleta numeros aleatoriosInformática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), lembra ainda que Grace Hopper, porroleta numeros aleatoriosvez, criou a linguagemroleta numeros aleatoriosprogramação Flow-Matic, hoje extinta, mas que serviu como base para o desenvolvimentoroleta numeros aleatoriosoutra linguagem, a COBOL.
"Já Dana Ulery foi a primeira mulher engenheira da Nasa e desenvolveu algoritmos para a automatização dos sistemas Deep Space Network,roleta numeros aleatoriosrastreamentoroleta numeros aleatoriostempo real da agência espacial americana", conta.
A tecnologia usada nos telefones celulares e nas redes wi-fi também foi criada por uma mulher, no caso, Hedy Lamarr.
Relação com a matemática
Mas a contribuição das mulheres para computação não acaba aí. Há também Kathleen Antonelli, que com Jean Jennings Bartik, Frances Snyder Holberton, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence e Ruth Lichterman Teitelbaum programou o ENIAC, o primeiro computador eletrônico digitalroleta numeros aleatoriospropósito geral da história.
De acordo com Malucelli, do início da décadaroleta numeros aleatorios1970 até meadosroleta numeros aleatorios1980 houve um aumentoroleta numeros aleatorios10% para 36% da participação das mulheres entre os profissionaisroleta numeros aleatorioscomputação, e a maioria dos estudantes era do sexo feminino.

Crédito, SPL
Grace Hopper com colegasroleta numeros aleatoriosHarvard; ela criou uma linguagemroleta numeros aleatoriosprogramação pioneira
"Acredita-se que esse interesse das mulheres pela graduação nessa área tenha relação com o cursoroleta numeros aleatoriosMatemática", diz. "A primeira turma surgiu a partir da migraçãoroleta numeros aleatoriosalunos da licenciaturaroleta numeros aleatoriosMatemática, que sempre foi um curso predominantemente feminino."
A partirroleta numeros aleatoriosmeados dos anos 1980, no entanto, as mulheres começaram a dar lugar aos homens na informática. Há uma profusãoroleta numeros aleatoriosdados que demonstram essa inversão paulatina, principalmente nos cursos superioresroleta numeros aleatoriosprocessamentoroleta numeros aleatoriosdados e ciência da computação.
Simone Souza, do Departamentoroleta numeros aleatoriosSistemasroleta numeros aleatoriosComputação e presidente da Comissãoroleta numeros aleatoriosGraduação do Institutoroleta numeros aleatoriosCiências Matemáticas eroleta numeros aleatoriosComputação da USP São Carlos (ICMC-USP), diz que, até 1990, as mulheres eram predominantes. "Depois, entre 1990 e 2000, a proporçãoroleta numeros aleatoriosgêneros se equilibrou e a partirroleta numeros aleatorios2000 a quantidade delas foi caindo ano a ano", diz.
Um levantamento do totalroleta numeros aleatoriosformandos no cursoroleta numeros aleatoriosbachareladoroleta numeros aleatoriosCiênciasroleta numeros aleatoriosComputação do ICMC, que tinha 40 vagas até 2003 e, desde então, 100, mostra que,roleta numeros aleatorios1997, se diplomaram 12 mulheres (48%) e 13 homens (52%), números que haviam caído,roleta numeros aleatorios2003, para 4 (12%) e 27 (88%), respectivamente.
O menor númeroroleta numeros aleatoriosmulheres que concluíram o curso foi registradoroleta numeros aleatorios2016: apenas duas (3%) ante 52 (97%) homens. Em 2017, elas chegaram a 12 (17%) dos 70 formandos.
No Institutoroleta numeros aleatoriosMatemática e Estatística (IME), também da USP,roleta numeros aleatoriosSão Paulo, a primeira turmaroleta numeros aleatoriosCiências da Computação, formadaroleta numeros aleatorios1974, tinha um totalroleta numeros aleatorios20 alunos, dos 14 mulheres (70%) e 6 homens (30%). Em 2016, a turma contava com 41 alunos, dos quais apenas seis eram mulheres, ou seja, 15%.

Crédito, Getty Images
Há estimativasroleta numeros aleatoriosque mulheres representem apenas 18% dos estudantesroleta numeros aleatoriostodos os cursosroleta numeros aleatoriosciência da computação nos EUA
Forçaroleta numeros aleatoriostrabalho
Malucelli, da PUC-PR, tem números mais abrangentes. "De acordo com dados recentes divulgados por Facebook, Google, Twitter e Apple, as mulheres são apenas 30% dos funcionários nessas empresas", diz. "Em cargos técnicos, diretamente ligados à tecnologia, esse número diminui. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostraroleta numeros aleatoriosDomicílios (Pnad), do IBGE, elas representam apenas 20% dos maisroleta numeros aleatorios580 mil profissionais da árearoleta numeros aleatoriostecnologia da informação."
Nas universidades não é diferente. Malucelli cita o Anita Borg Institute (ABI), criado nos Estados Unidos, para ajudar a aumentar a participaçãoroleta numeros aleatoriosmulheres na tecnologia, segundo o qual elas representam apenas 18% dos estudantesroleta numeros aleatoriostodos os cursosroleta numeros aleatoriosciência da computação naquele país.
"No Brasil, segundo o Instituto Nacionalroleta numeros aleatoriosEstudos e Pesquisas Educacionais (Inep, ligado ao Ministério da Educação), as mulheres representam 15% dos matriculadosroleta numeros aleatorioscursosroleta numeros aleatoriostecnologia", completa.
Aindaroleta numeros aleatoriosacordo com Malucelli, um gráfico, publicado no dia 8roleta numeros aleatoriosmarço pelo The Statistics Portal, que reúne estudos e estatísticasroleta numeros aleatoriosmaisroleta numeros aleatorios22.500 fontes, baseadoroleta numeros aleatoriosrelatóriosroleta numeros aleatoriosdiversas empresasroleta numeros aleatoriosTI, indica que as mulheres representam entre 26% (Microsoft) e 43% (Netflix) da forçaroleta numeros aleatoriostrabalho nas principais empresas da área.
"Além disso, o estudo Women in Tech 2018, publicado pelo portal americano HackerRank, mostra que dos 14.616 desenvolvedoresroleta numeros aleatoriossoftware que responderam à pesquisa, pouco maisroleta numeros aleatorios10% eram do sexo feminino", acrescenta Malucelli.

Crédito, Getty Images
Muitas mulheres tiveram papel importante no desenvolvimento dos computadores e dos programas
Estereótipos
Os motivos para esse afastamento têm sido pesquisados e discutidos ao longo dos anos e estão fortemente relacionados com estereótipos. "Após 1984, foram lançados os primeiros computadores com materiaisroleta numeros aleatoriosdivulgação voltados para o público masculino, começando, assim, um desinteresse das mulheres", diz.
Simone Souza levanta outra possível causa para a queda do número delas no mundo da informática. "Quando surgiram, os computadores pessoais foram primordialmente utilizados pelos meninos, voltados para os jogos", explica.
De acordo com ela, as meninas nessa época não eram incentivadas a interagir com essas máquinas e, por isso, começaram a se afastarroleta numeros aleatoriosáreas relacionadas à computação. "Outra razão que acredito ser importante para a baixa procura pelos cursosroleta numeros aleatoriosinformática pelas meninas é o pouco incentivo que é dado a elas para a árearoleta numeros aleatoriosexatas nos ensinos fundamental e médio", acrescenta.
A pesquisadora Eliane Pozzebon, coordenadora do cursoroleta numeros aleatoriosEngenharia da Computação da Universidade Federalroleta numeros aleatoriosSanta Catarina, lembra que, nos anos 1970, a árearoleta numeros aleatoriosinformática não era tão valorizada - as máquinas tinham pouco processamento e memória. "O trabalho com os computadores era braçal e repetitivo, então acabava sendo realizado mais por mulheres", explica.
Mas, para ela, o afastamento do sexo feminino dessa área não é exclusivoroleta numeros aleatoriosum período.
"Há também a questão cultural", diz. "Desde a nossa infância, os pais preferem bonecas para as meninas e videogames para os meninos. A figura do nerd sempre esteve associada ao menino."




