Como DNAapostar bet365aranha mostra evolução das florestas brasileirasapostar bet3655 milhõesapostar bet365anos:apostar bet365

  • Evanildo da Silveira
  • De São Paulo para a BBC Brasil
Aranha Nephila clavipes

Crédito, Luiz Filipeapostar bet365Macedo Bartoleti

Legenda da foto, Pesquisador usou DNA das aranhas 'Nephila clavipes' para analisar mudanças nas florestas

apostar bet365 Pode parecer difícilapostar bet365acreditar, mas o DNAapostar bet365uma aranha que vive nas regiões quentes das Américas, da Argentina aos Estados Unidos, ajuda a entender as mudanças sofridas pela Floresta Amazônica e a Mata Atlântica nos últimos cinco milhõesapostar bet365anos.

A descoberta foi feita pelo biólogo Luiz Filipeapostar bet365Macedo Bartoleti, que estudou parte do DNA mitocondrial e nuclearapostar bet365indivíduos da espécie Nephila clavipes, coletadosapostar bet36540 populações delaapostar bet365diversas regiões do Brasil e da Colômbia.

O trabalho foi feito paraapostar bet365teseapostar bet365doutorado, defendida recentemente no Institutoapostar bet365Biologia (IB) da Universidade Estadualapostar bet365Campinas (Unicamp). Ele se insere numa ciência chamada Biogeografia Histórica, que estuda os padrõesapostar bet365distribuição geográfica dos seres vivos num determinado períodoapostar bet365tempo.

Ao analisar o DNAapostar bet365diferentes populaçõesapostar bet365uma mesma espécie, Bartoleti procurou evidênciasapostar bet365possíveis alterações ocorridas ao longo do tempo nas florestasapostar bet365que elas viviam.

De acordo com ele, o principal objetivo da pesquisa foi compreender o que aconteceu nos últimos milhõesapostar bet365anos com as florestas úmidas da América do Sul.

"Para isso, usamos a aranha Nephila clavipes como um modeloapostar bet365estudo", conta. "Por essa espécie possuir populações que ocorremapostar bet365boa parte das matas dessa região, ela nos possibilitou reconstruir eventos que ocorreram no passado."

Rastros

Isso só foi possível porque o DNA possui algumas características fundamentais. Ele é capazapostar bet365se autorreplicar e, durante esse processo, alguns erros ocorrem - as chamadas mutações.

Pule WhatsApp e continue lendo
No WhatsApp

Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular

Entre no canal!

Fim do WhatsApp

Algumas delas sãoapostar bet365ordem adaptativa, ou seja, sofrem o efeito da seleção natural. Aquelas que favorecem a adaptação da espécie ao seu ambiente são selecionadas e passam a fazer parte do genoma.

Algumas mutações, no entanto, são neutras - ou seja, não passam pelo efeito da seleção natural. Elas vão se acumulando ao longo do tempo numa dada população. Se gruposapostar bet365uma mesma espécie paramapostar bet365ter contato entre si, eles passarão a acumular mutações diferentes.

Além disso, essas partes do DNA sofrem influência das flutuações demográficas - são capazesapostar bet365indicar se houve aumento ou diminuição das populações ao longo do tempo.

Por isso, essas mutações são as que interessaram a Bartoleti. "Nós procuramos essas regiões específicas no DNA das Nephila clavipes e então sequenciamos asapostar bet365todos os indivíduos que coletamos", diz.

"O que nós procurávamos eram pequenas diferenças nessas regiões do genoma entre os indivíduos. Foi assim que descobrimos as várias linhagens no nosso estudo. A partirapostar bet365então, podemos associar cada uma delas aos biomas que habitavam."

Isso é possível porque as mudanças que as florestas sofreram ao longoapostar bet365milhõesapostar bet365anos deixaram "marcas" no DNA dos indivíduos que vivem nelas. "No presente, podemos observar essas 'marcas' e fazer inferências sobre os processos passados responsáveis pelo acúmulo delas", explica Bartoleti. "Assim, reconstruímos a história dos biomas a partir dos organismos que vivem nele."

Mudanças ambientais

A expansão ou retração das florestas, por exemplo, podem ser inferidas pelo aumento ou declínio populacional das espécies que nelas vivem. A avaliação do DNA das aranhas mostrou, por exemplo, uma expansão das populações delas na Mata Atlântica há 21 mil anos.

"Isso indica que, provavelmente, essa floresta estava com seu tamanho reduzido durante esse período e se expandiu depois, quando as condições climáticas ficaram mais favoráveis", afirma Bartoleti.

Na prática, o que o pesquisador descobriu é que no Brasil diversas linhagens (como se fossem grupos genéticos dentroapostar bet365uma espécie) surgiram recentemente -apostar bet365termos geológicos - nos últimos 350 mil anos, provavelmente por causaapostar bet365mudanças climáticas que "isolaram" grupos dessa espécieapostar bet365diferentes regiões.

Além disso, Bartoleti concluiu que esses grupos entraramapostar bet365contato depois desse isolamento - ou seja, os grupos da Mata Atlântica chegaram à Amazônia, e vice-versa.

Aranha Nephila clavipes

Crédito, Luiz Filipeapostar bet365Macedo Bartoleti

Legenda da foto, Expansãoapostar bet365populaçãoapostar bet365aranhas há 21 mil anos indica alterações no tamanho da Mata Atlântica

Segundo pesquisador, isso provavelmente ocorreu por meioapostar bet365"pontes"apostar bet365floresta úmida que avançaram pelo meio do Cerrado - um bioma seco - durante o Pleistoceno (de 2,5 milhões a 11,7 mil atrás). "Essas pontes devem ter se formado graças às variações climáticas características desse período, que fez com que a área e formato das florestas mudasse:apostar bet365períodos mais quentes, elas expandiamapostar bet365direção ao Cerrado, que se retraía", conta. "Assim, os períodos quentes e úmidos devem ter propiciado esses contatos entre as linhagens."

Cordilheira dos Andes

O estudo do DNA dos aracnídeos também ajuda a contar a complexa história do soerguimento da Cordilheira dos Andes, que começou há cercaapostar bet36510 milhõesapostar bet365anos. Ao norte, na Colômbia, ela se divideapostar bet365três formações principais, que têm histórias e tempoapostar bet365soerguimento diferentes.

"Como encontramos a espécie dos dois lados dessa cadeiaapostar bet365montanhas, podemos inferir queapostar bet365algum momento elas cruzaram essa barreira, provavelmente antes do soerguimento final (que ocorreu entre 5 e 3 milhõesapostar bet365anos atrás)", diz Bartoleti.

"A partir desse momento, as populações ficaram isoladas, o que pode ser notado pela alta divergência entre a as linhagens que ocorremapostar bet365cada lado."

De acordo com ele, nesse casoapostar bet365principal descoberta foi datar o momentoapostar bet365que o fluxo gênico das aranhas foi interrompido (há cercaapostar bet3653,5 milhõesapostar bet365anos) e mostrar que os Andes são uma barreira para a migração dessa espécie.

"Isso é surpreendente porque essa aranha é considerada uma ótima dispersora - consegue migrar por muitos quilômetros por meioapostar bet365fiosapostar bet365teias carregados pelo vento", diz Bartoleti.

Além disso, ele diz que a importância do seu trabalho está no fatoapostar bet365ter contribuído para a compreensão dos mecanismos que levaram ao surgimento da megabiodiversidade da América do Sul e como ela se comportou diante das mudanças climáticas dos últimos milharesapostar bet365anos, o que deve permitir elaborar hipóteses sobre o que acontecerá no futuro num contextoapostar bet365mudanças climáticas ainda mais drásticas.

Segundo o cientista, é fundamental que se compreenda como a diversidade foi construída ao longo do tempo geológico. "Quando entendemos como as espécies respondem no presente às mudanças climáticas ocorridas no passado, nós somos capazesapostar bet365criar modelos para predizer como elas se comportarão no futuroapostar bet365relação às mudanças climáticasapostar bet365curso", diz. "Com isso, podemos fazer prognósticos acercaapostar bet365espécies que poderão ser mantidas ou extintas eapostar bet365áreas climaticamente estáveis que poderão servir para finsapostar bet365conservação."