Por que usocomo apostar no galera betantibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas:como apostar no galera bet

  • Mariana Alvim - @marianaalvim
  • Da BBC News Brasilcomo apostar no galera betSão Paulo
Pedaçocomo apostar no galera betfrango inteiro e cru com três seringas espetadas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cientistas têm tentado detalhar os caminhos pelos quais bactérias resistentes passam dos alimentoscomo apostar no galera betorigem animal aos humanos

como apostar no galera bet Há quatro anos,como apostar no galera betuma fazendacomo apostar no galera betcriação intensivacomo apostar no galera betXangai, na China, um exame feitocomo apostar no galera betum porco prestes a ser abatido encontrou uma bactéria resistente ao antibiótico colistina. O achado acendeu um alerta que ecoou pelo mundo — cada vez mais temeroso com a capacidade que microrganismos têm demonstradocomo apostar no galera betdriblar tratamentos à basecomo apostar no galera betantibióticos.

A bactéria resistente encontrada no suíno, uma Escherichia coli, levou os cientistas da China a aprofundar os exames — agora, tambémcomo apostar no galera betfrangoscomo apostar no galera betfazendascomo apostar no galera betquatro províncias chinesas, nas carnes cruas desses animais à vendacomo apostar no galera betmercadoscomo apostar no galera betGuangzhou, ecomo apostar no galera betamostrascomo apostar no galera betpessoas hospitalizadas com infecções nas provínciascomo apostar no galera betGuangdong e Zhejiang.

Eles encontraram uma "alta prevalência" do Escherichia coli com o gene MCR-1, que dá às bactérias uma alta resistência à colistina e tem potencialcomo apostar no galera betse alastrar para outras bactérias, como a Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. O MCR-1 foi encontradocomo apostar no galera bet166como apostar no galera bet804 animais analisados, ecomo apostar no galera bet78como apostar no galera bet523 amostrascomo apostar no galera betcarne crua.

Já nos humanos, a incidência foi menor, mas se mostrou presente —como apostar no galera bet16 amostrascomo apostar no galera bet1.322 pacientes hospitalizados.

"Por causa da proporção relativamente baixacomo apostar no galera betamostras positivas coletadascomo apostar no galera bethumanos na comparação com animais, é provável que a resistência à colistina mediada pelo MCR-1 tenha se originadocomo apostar no galera betanimais e posteriormente se alastrado para os humanos", explicoucomo apostar no galera bet2015 Jianzhong Shen, da Universidadecomo apostar no galera betAgriculturacomo apostar no galera betPequim, um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases.

Mas como esse material genético resistente pode ter passado dos animais para os humanos? O caminhocomo apostar no galera bet"transmissão"como apostar no galera betmicrorganismos (bactérias, parasitas, fungos e etc) resistentes é uma incógnita não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médicocomo apostar no galera betantibióticos como um todo.

Pode ser que esses microrganismos ou resquícioscomo apostar no galera betantibióticos (restos dos medicamentos que,como apostar no galera betcontato com os micróbios, podem estimularcomo apostar no galera betresistência) possam estar se alastrando pelos alimentos, ou ainda através do lixo hospitalar, lençóis freáticos, rios e canaiscomo apostar no galera betesgoto — e a investigação para desvendar as rotascomo apostar no galera betbactérias tem motivado inúmeras pesquisas no Brasil e no mundo (veja detalhes sobre esses estudos abaixo).

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"As bactérias não têm fronteiras: a resistência pode passarcomo apostar no galera betum lugar a outro sem passaporte ecomo apostar no galera betvárias formas", explica Flávia Rossi, doutoracomo apostar no galera betpatologia pela Faculdadecomo apostar no galera betMedicina da Universidadecomo apostar no galera betSão Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana (WHO-Agisar). "Com a globalização, não só o transportecomo apostar no galera betpessoas é rápido, como os alimentos da China chegam ao Brasil e vice-versa. Essa cadeia mimetiza o que acontece com o clima: estamos todos interligados. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem trabalhando com o enfoquecomo apostar no galera bet'One Health' ('Saúde única'como apostar no galera betportuguês, a perspectivacomo apostar no galera betque a saúde das pessoas, dos animais e o ambiente estão conectados)."

Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presençacomo apostar no galera betmicrorganismos resistentescomo apostar no galera betalimentoscomo apostar no galera betorigem animalcomo apostar no galera betpaísescomo apostar no galera betbaixa e média renda — e o Brasil aparece no grupocomo apostar no galera betlugares com situação preocupante. Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas, como abatedouroscomo apostar no galera betboiscomo apostar no galera betcidades gaúchas oucomo apostar no galera betuma fazenda produtoracomo apostar no galera betleite e queijocomo apostar no galera betGoiás.

Sul brasileiro: fococomo apostar no galera betresistência microbiana

Ovocomo apostar no galera betuma placacomo apostar no galera betlaboratório, manipulado por mãocomo apostar no galera betcientista com luva

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ovos, leite, carnes... A ciência tem hoje métodos para detectar microrganismos resistentes nos alimentos, mas poucos países fazem esse monitoramento sistematicamente

China e Índia foram, segundo os autores do estudo, publicado na revista Science, "claramente" os lugarescomo apostar no galera betque os maiores níveiscomo apostar no galera betresistência foram encontrados.

Mas o Sul do Brasil, leste da Turquia, os arredores da Cidade do México e Johanesburgo (África do Sul), entre outros, se destacaram também como hotspots, ou focoscomo apostar no galera betresistência microbianacomo apostar no galera betanimais destinados à alimentação, principalmente bovinos, porcos e frangos (com níveis elevadoscomo apostar no galera betP50, percentual acimacomo apostar no galera bet50%como apostar no galera betamostrascomo apostar no galera betmicrorganismos resistentes a determinados antibióticos).

As maiores resistências observadas foram relacionadas a alguns dos antibióticos mais usados na produção animal, como as tetraciclinas, sulfonamidas e penicilinas. Entre aqueles importantes para tratamento tambémcomo apostar no galera bethumanos, destacaram-se a resistência à ciprofloxacina e eritromicina.

Os autores reuniram ainda dados que apontam para focoscomo apostar no galera betresistência emergentes, ou seja,como apostar no galera betque a resistência dos microrganismos a antibióticos está crescendo. Aí, o Brasil também aparece, tanto o Sul quanto o Centro-Oeste.

Após ler o estudo, a pesquisadora brasileira Silvana Lima Gorniak, professora titular da Faculdadecomo apostar no galera betMedicina Veterinária da USP, liga o destaque ao Sul justamente a uma maior criaçãocomo apostar no galera betaves e suínos na região, animais para os quais há maior usocomo apostar no galera betantimicrobianos com a finalidadecomo apostar no galera betpromover o crescimento (entenda os diferentes usoscomo apostar no galera betantibióticos veterinários e seus impactos abaixo).

A situação da América do Sul é particularmente preocupante por causa da carênciacomo apostar no galera betdados, diz o estudo: "Considerando que Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil são exportadorescomo apostar no galera betcarne, é preocupante que haja pouca vigilância epidemiológica da resistência microbiana disponível publicamente para esses países. Muitos países africanoscomo apostar no galera betbaixa renda têm mais pesquisas desse tipo do que os paísescomo apostar no galera betrenda média na América do Sul. Globalmente, o númerocomo apostar no galera betpesquisas per capita não se correlacionou com o PIB per capita, sugerindo que a capacidadecomo apostar no galera betvigilância não é impulsionada apenas por recursos financeiros."

Buscando ampliar,como apostar no galera betpartes, o acesso a esse tipocomo apostar no galera betinformação, os autores do estudo lançaram um bancocomo apostar no galera betdados colaborativo para cadastrocomo apostar no galera betpesquisas sobre o temacomo apostar no galera bettodo o mundo, o "Resistance Bank".

"O Brasil precisa urgentementecomo apostar no galera betdadoscomo apostar no galera betvigilância disponíveis publicamente sobre a resistência microbiana. É um grande exportadorcomo apostar no galera betcarne, todos comemos frango brasileiro, seria bom saber o que há nele", escreveu por e-mail à BBC News Brasil Thomas Van Boeckel, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto Federalcomo apostar no galera betTecnologiacomo apostar no galera betZurique (ETH Zurich), na Suíça.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que, "em relação ao estudo da revista Science", está "ciente sobre a importância da resistência aos antimicrobianos". "Trata-secomo apostar no galera betum dos maiores desafios globaiscomo apostar no galera betsaúde pública e que deve ser abordado pelos países atendendo ao conceitocomo apostar no galera betSaúde Única, exigindo ações imediatascomo apostar no galera bettodos os envolvidos".

A pasta garante que o país está correndo atrás para ter um sistemacomo apostar no galera betvigilância, por meio do Planocomo apostar no galera betAção Nacionalcomo apostar no galera betPrevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vaicomo apostar no galera bet2018 a 2022.

Segundo fontes consultadas pela reportagem, o cronograma do plano tem sido cumprido.

Ilustraçãocomo apostar no galera betuma bactéria

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Já foram detectadascomo apostar no galera betalimentoscomo apostar no galera betorigem animal bactérias resistentes que representam grandes riscos para os humanos

Umcomo apostar no galera betseus pontos-chave, e já o colocadocomo apostar no galera betprática, é a realizaçãocomo apostar no galera bettestes oficiaiscomo apostar no galera betrotina para detecçãocomo apostar no galera betmicróbios resistentescomo apostar no galera betanimais e alimentos com essa origem.

São amostragens aleatóriascomo apostar no galera betovos, leite, mel ecomo apostar no galera betanimais encaminhados para abate sob inspeção federal, mas o que se busca são resquícioscomo apostar no galera betantibióticos, e não microrganismos resistentes.

Em 2018, o relatório apresentado pelo ministério mostra que o percentualcomo apostar no galera betamostras com resquícioscomo apostar no galera betantibióticoscomo apostar no galera betconformidade ficou na casa dos 99%.

"Para ser seguro para consumo alimentar, a presençacomo apostar no galera betdeterminadas bactérias tem que estar dentrocomo apostar no galera betlimites estabelecidos pelas agênciascomo apostar no galera betsaúdecomo apostar no galera betcada país, o que já é feito. Mas mais do que saber, por exemplo, a presençacomo apostar no galera betSalmonella (gênerocomo apostar no galera betbactérias)como apostar no galera betgalinhas ou porcos, é possível testar sistematicamente a suscetibilidade dela aos antibióticos — que é realmente o que nos permite saber se as bactérias são ou não resistentes", aponta João Pedro do Couto Pires, também coautor do estudo e pesquisador do ETH Zurich.

Frangos com Salmonella resistentecomo apostar no galera betEstados brasileiros

Ainda que não tenha hoje um levantamento sistematizado, o Brasil já teve experiências pontuais na medição da resistência microbianacomo apostar no galera betalimentoscomo apostar no galera betorigem animal.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Agência Nacionalcomo apostar no galera betVigilância Sanitária (Anvisa)como apostar no galera betamostrascomo apostar no galera betfrangos congelados vendidoscomo apostar no galera bet14 Estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepascomo apostar no galera betSalmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes (resistentes a duas ou mais classescomo apostar no galera betantibióticos).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destacou ainda que vem progressivamente proibindo medicamentos veterinários usados com o objetivo principalcomo apostar no galera betfazer os animais engordarem, os chamados melhoradorescomo apostar no galera betdesempenho. Já foram proibidas substâncias do tipo como os anfenicóis, as tetraciclinas e as quinolonas.

"Na criação animal, há basicamente três tiposcomo apostar no galera betusocomo apostar no galera betantimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão (redução da atividade do sistema imunológico), e ela pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento", explica Silvana Lima Gorniak, da USP.

"A terceira maneira é a mais polêmica, a mais discutida na ciência, que é a administração (de antimicrobianos) como melhoradorcomo apostar no galera betdesempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e o antimicrobiano é empregado com a finalidadecomo apostar no galera betpromover o crescimento. Não se sabe exatamente como, mas o animalcomo apostar no galera betfato cresce."

A colistina, aquela a que bactériascomo apostar no galera betporcos na China mostraram resistência no estudo publicado no The Lancet Infectious Diseases em 2015, foi uma das substâncias proibidas para uso como melhoradorcomo apostar no galera betdesempenhocomo apostar no galera betrações no Brasil,como apostar no galera bet2016. Seu uso para o tratamentocomo apostar no galera betdoenças, como diarreias, continua, no entanto, permitido por aqui. Proibições foram impostas tambémcomo apostar no galera betoutros países, como a própria China, Índia e Argentina.

Ao mesmo tempo, esta substância é colocada pela OMS no grupo mais crítico entre os antibióticos que precisam urgentementecomo apostar no galera betsubstitutos — já que são o último recurso para o tratamentocomo apostar no galera betalgumas doenças para as quais outros antibióticos não funcionam mais, são amplamente usados na medicina humana e já se mostraram altamente vulneráveis à resistência microbiana.

Antimicrobianos passaram a ser mais significativamente usados na criaçãocomo apostar no galera betanimais para consumo nos anos 1950como apostar no galera betpaísescomo apostar no galera betalta renda, algo que foi se estendendo para paísescomo apostar no galera betbaixa e média renda — onde hoje, inclusive, projeções mostram que o uso desses medicamentos aumentará, já que a produção e consumocomo apostar no galera betcarne nesses países tem crescido.

O elo entre precariedade e usocomo apostar no galera betantibióticos

Porcoscomo apostar no galera betambiente interno e gradeado, observados por homemcomo apostar no galera betjaleco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Produçãocomo apostar no galera betlarga escalacomo apostar no galera betanimais com fins alimentícios está associada ao usocomo apostar no galera betantibióticos

Thomas Van Boeckel destaca que, no mundo, o uso excessivocomo apostar no galera betantibióticos está associado à criação intensivacomo apostar no galera betanimais, a produção industrial, "mas nãocomo apostar no galera bettodos os países, algumas exceções existem, como a Holanda e a Dinamarca", aponta.

Sandra Lopes, diretora da organização Mercy for Animals no Brasil, vê o usocomo apostar no galera betantibióticos como uma das práticas degradantes impostas aos animais.

"O usocomo apostar no galera betantibióticos força esses animais a seguirem produzindocomo apostar no galera betum sistema completamente cruel, onde os animais não podem exercer nenhumcomo apostar no galera betseus comportamentos naturais", aponta a representante da ONG, dedicada ao bem estarcomo apostar no galera betanimais ditoscomo apostar no galera betprodução, aqueles destinados ao consumo alimentício.

Como exemplos, ela menciona criações com confinamento intensivocomo apostar no galera betgaiolas.

As galinhas poedeiras, confinadascomo apostar no galera betuma área análoga ao que seria passar a vida inteira dividindo um elevador com outras 12 pessoas, segundo a ONG, não têm espaço para exercer comportamentos naturais como abrir as asas ou ciscar. Sem forças nas pernas por não movimentá-las, essas galinhas podem sofrer fraturas com o peso do próprio corpo. Isso leva a um ciclocomo apostar no galera betque o usocomo apostar no galera betantibióticos se faz necessário.

Há ainda a debicagem, quando os bicos dessas aves são retirados para evitar, entre outros, o canibalismo — intensificado pelo estresse vivido pelos animais. É algo que leva também ao corte dos rabos dos porcos, procedimentos esses que muitas vezes exigem também o empregocomo apostar no galera betantibióticos.

Lopes menciona ainda a faltacomo apostar no galera betventilação, a lotaçãocomo apostar no galera betanimais ou ainda o contato com excrementos como características da realidade da produçãocomo apostar no galera betescala que podem debilitar a saúde dos animais. Por isso, a ONG defende, entre outras medidas, a melhor regulamentaçãocomo apostar no galera betvárias etapas da criaçãocomo apostar no galera betanimais, a certificaçãocomo apostar no galera betprodutos geradoscomo apostar no galera betpráticas consideradas satisfatórias (como existe no caso das galinhas poedeiras criadas foracomo apostar no galera betgaiolas) e, como recomendação aos clientes, a redução do consumocomo apostar no galera betprodutoscomo apostar no galera betorigem animal.

Silvana Lima Gorniak destaca que a ligação entre precariedade na produção e uso excessivocomo apostar no galera betantibióticos fica mais evidente, uma vez mais, no caso dos melhoradorescomo apostar no galera betdesempenho.

"As condições sanitárias impactam diretamente no usocomo apostar no galera betantimicrobianos. Os melhoradorescomo apostar no galera betdesempenho têm um efeito muito benéfico naqueles lugares onde as condições sanitárias não são tão adequadas. Em locais com higiene adequada, é claro que há benefícios, mas ele é diluído", explica a pesquisadora.

Já os autores do artigo publicado na Science destacam que o cenáriocomo apostar no galera betprecariedade e consequente usocomo apostar no galera betantibióticos pode ser uma facacomo apostar no galera betdois gumes para os produtores: "Uma consequência fundamental desta tendência é um esgotamento do portfóliocomo apostar no galera bettratamento para animais doentes. Essa perda tem consequências econômicas para os agricultores, porque os antimicrobianos acessíveis são usados como tratamentocomo apostar no galera betprimeira linha, e isso pode eventualmente se refletircomo apostar no galera betalimentos com preços mais altos."

Entidade veterinária pede maior controlecomo apostar no galera betvendascomo apostar no galera betmedicamentos no setor

"É como para a gente, humanos: os antibióticos resolveram muitas questões, mas se a gente abusa, vai chegar uma hora que eles não serão mais eficazes", resume Fernando Zacchi, assessor técnico da presidência do Conselho Federalcomo apostar no galera betMedicina Veterinária (CFMV).

Zacchi diz que a entidade está empenhadacomo apostar no galera beteducar a categoria para um uso mais racionalcomo apostar no galera betantibióticos e tornar mais rigoroso o acesso a antimicrobianos veterinários — hoje, ele explica ser necessária a apresentação, mas não retenção, da receita.

"Aí está uma fragilidade: estamos trabalhando com outros órgãos para a obrigatoriedade da retenção e escrituração", aponta, lembrando que entra na questão ainda o usocomo apostar no galera betantimicrobianoscomo apostar no galera betanimais domésticos.

Outro ponto é o cumprimento da exigênciacomo apostar no galera betum responsável técnico nos pontoscomo apostar no galera betvenda destes medicamentos, algo que é fiscalizado pelo próprio CFMV — a BBC News Brasil pediu dados sobre multas e autuações relacionadas a essas regras, mas não teve a solicitação atendida.

"Embora o conselho e o Mapa entendam que deve haver um responsável técnico nesses estabelecimentos, o Judiciário está eventualmente dispensando este profissional, cuja presença garante mais controle e rastreabilidade."

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústriacomo apostar no galera betProdutos para Saúde Animal (Sindan), nos últimos cinco anos, os antimicrobianos abocanharam cercacomo apostar no galera bet16% das vendascomo apostar no galera bettratamentos veterinários (que incluem ainda as categorias antiparasitários; biológicos; suplementos e aditivos; terapêuticos). A reportagem pediu valores — e não apenas percentuais — por categoria, mas não teve a demanda atendida.

Em nota enviada à BBC News Brasil, a Aliança para Uso Responsávelcomo apostar no galera betAntimicrobianos, que representa várias entidades do setor produtivo, afirmou também que no ramo a questão "é tratada com responsabilidade por todos os elos da cadeia produtiva". "Contra achismos, a Aliança busca construir um debate pautado pelo pensamento científico e pela transparência. É formada por organizações nacionais da bovinoculturacomo apostar no galera betcorte e leite, avicultura, suinocultura, aquicultura e pescado."

A Aliança defende que há controle interno, com análises diárias feitas pelas próprias empresas sobre a questão e que o "Brasil cumpre rigorosamente as determinações técnicascomo apostar no galera bettodas as nações importadoras".

Em relação à produçãocomo apostar no galera betescala, a entidade aponta que o país "segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundialcomo apostar no galera betSaúde Animal (OIE) para o alojamento dos animais".

"Na produção industrial, o sistema produtivo é isoladocomo apostar no galera betcontroles restritivoscomo apostar no galera betacesso, o que evita a circulaçãocomo apostar no galera betdoenças. Em situaçõescomo apostar no galera betprodução precária, sem as devidas salvaguardas técnico-veterinárias, os riscoscomo apostar no galera betenfermidades e o uso inadequadocomo apostar no galera betantibióticos são maiores", acrescentou.

E agora, o que fazemoscomo apostar no galera betcasa?

Ilustração mostra duas cápsulas com imagenscomo apostar no galera betfrutas e verduras caindo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Estudo recém-publicado na Science alerta: usocomo apostar no galera betantibiótiocoscomo apostar no galera betpaísescomo apostar no galera betbaixa e média renda como o Brasil deve aumentar nos próximos anos

"Sou um cavaleiro do apocalipse", brinca Victor Augustus Marin, professor da Universidade Federal do Estado do Riocomo apostar no galera betJaneiro (Unirio).

À frente do Laboratóriocomo apostar no galera betControle Microbiológicocomo apostar no galera betAlimentos da Escolacomo apostar no galera betNutrição (Lacomen), ele e seus alunos e orientandos têm desenvolvido uma metodologia própria para encontrar bactérias resistentescomo apostar no galera betalimentos minimamente processados, aqueles prontos para consumo, como frutas e queijos. Um resumo do que eles têm encontrado até aqui: muitas bactérias resistentes.

Emcomo apostar no galera betdissertaçãocomo apostar no galera betmestrado orientada por Marin, Cristiane Rodrigues Silva, por exemplo, buscou bactérias resistentescomo apostar no galera betamostrascomo apostar no galera betqueijo minas frescal. Todos exemplares estudados apresentaram algum conjuntocomo apostar no galera betbactérias resistentes — como apostar no galera bet13%, a resistência foi constatada para todos os antibióticos testados ecomo apostar no galera bet80%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistênciacomo apostar no galera bet87% dos queijos aos carbapanêmicos, tipocomo apostar no galera betantibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

Agora, Silva, Marin e o resto da equipe estão estudando outros tiposcomo apostar no galera betqueijo, como minas padrão, parmesão, ricota e cottage; alémcomo apostar no galera betfrutas compradas no comércio comum, como manga, laranja e caju. Eles também querem verificar se outras formascomo apostar no galera betprodução, como a orgânica, podem alterar a presençacomo apostar no galera betmicrorganismos resistentes.

"Comprovamos não só que as bactérias nos alimentos estudados até agora têm alguma resistência, como genescomo apostar no galera betresistência", aponta Marin, acrescentando que, emboracomo apostar no galera betescala muito menor do que na pecuária ou entre humanos, antibióticos são usados também na agricultura.

"Como essa bactéria chegou ao queijo? Tem que voltar ao campo: a vaca come capim, que tem dentro dela bactérias endofíticas, que vivem dentro das plantas. A vaca ingere a planta, produz leite e o leite vai para o queijo. Mas é difícil falar quem originou a bactéria primeiro — elas evoluem junto com os humanos e animais. Também são promíscuas: trocam material genético."

As diversas variáveis que influenciam a resistência dos micróbios são justamente o que representa um desafio para as pesquisas: para traçar o caminho dos microrganismos através dos animais, humanos e do ambiente, seriam necessários grandes volumescomo apostar no galera betamostras desses elementos.

Ecomo apostar no galera bettempo real, lembra João Pedro do Couto Pires, já que muitas vezes é diagnosticada alguma infecçãocomo apostar no galera betuma ponta, mascomo apostar no galera betorigem muitas vezes já se perdeu no tempo.

Por isso, o alarme tocado pelo artigo na Science traz um porém: "Está além do escopo deste estudo tirar conclusões sobre a intensidade e a direcionalidade da transferênciacomo apostar no galera betresistência microbiana entre animais e humanos — aspectos que devem ser investigados com métodos genômicos robustos".

Enquanto a ciência busca decifrar o caminho percorrido pelas bactérias, o que nós, humanos e consumidorescomo apostar no galera betalimentos podemos fazer?

Flávia Rossi, patologista da USP, lembracomo apostar no galera betprocedimentos básicoscomo apostar no galera betsaneamento e higiene que cortam a circulaçãocomo apostar no galera betmicrorganismos, como lavar as mãos; o usocomo apostar no galera betágua potável na cozinha; e o armazenamento adequadocomo apostar no galera betalimentos.

O cuidado deve ser redobrado com pessoas mais vulneráveis, como hospitalizados, imunossuprimidos ou transplantados. "As bactérias também nos protegem, estão no nosso intestino, na nossa pele... Mas elas nos atacam quando há um desequilíbrio", diz.

João Pedro do Couto Pires brinca que, hoje, nossas casas são mais perigosas do que restaurantes por haver menos cuidado com questões sanitárias. Ele destaca ações a serem evitadas: misturar alimentos crus e cozidos; ou carnes e vegetais, como, por exemplo, no refrigerador ou no usocomo apostar no galera betuma mesma faca ou tábua para esses dois tiposcomo apostar no galera betalimentos. Essas misturas levam a fluxoscomo apostar no galera betmicrorganismos que, no casocomo apostar no galera betalimentos crus, como vegetaiscomo apostar no galera betuma salada, acabam sendo ingeridos pela pessoa que está comendo.

Marin garante que não se tratacomo apostar no galera betpararcomo apostar no galera betcomer alimentos como os estudados porcomo apostar no galera betequipe, como queijos e frutas, mascomo apostar no galera betaprofundar investigações sobre como a resistência microbiana se expressa neles — para, aí sim, fazer-se uma escolha entre custos e benefícios. Por exemplo, algo a ser levadocomo apostar no galera betconta, segundo descobriucomo apostar no galera betequipe, é que queijos mais úmidos exigem maior cuidado no assunto.

"O queijo, alémcomo apostar no galera better bactérias com resistência, também tem outra microbiota — outras bactérias — que combatem as que têm resistência. Ninguém é demônio e ninguém é anjo, inclusive entre as bactérias. Por isso a visão holística (multifatorial) é tão importante", diz.

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