30 anos da queda do Muroluva bet siteBerlim: a emocionante história dos estudantes que decidiram cavar um túnel sob a barreira:luva bet site

Apesar do modo como foi levantado — não tão alto nem tão vigiado como seria no futuro —, ele transformou a cidade da noite para o dia.
Quando as pessoas acordaramluva bet site13luva bet siteagostoluva bet site1961, se viramluva bet siterepenteluva bet siteum lado ouluva bet siteoutro do muro. Mulheres foram separadasluva bet siteseus maridos, irmãos,luva bet sitesuas irmãs. Há inclusive históriasluva bet siterecém-nascidos que acabaramluva bet siteum lado e suas mães, do outro.

Crédito, Getty Images
A vida antes do muro já era dura o bastante, com desabastecimento e tanques soviéticos acompanhando cada protesto nas ruas. Mas a partir dali, com o muro, o governo demonstrava seu planoluva bet siteum controle ainda maior.
O Muroluva bet siteBerlim duraria até 9luva bet sitenovembroluva bet site1989.
Com o muro, vêm as fugas
Com a construção do muro, começaram as fugas. Algumas pessoas simplesmente pulavamluva bet sitemeio ao arame farpado. Outras eram mais inventivas, como o casal que cruzou o rio Spree empurrando a filhaluva bet sitetrês anos dentroluva bet siteuma banheira.
Entre os fugitivos estavam até mesmo soldados e guardasluva bet sitefronteira da Alemanha Oriental.
Houve quem escalasse prédios próximos ao muro e pulasse da janela esperando ser resgatado do outro lado.
O próprio Joachim, que meses depois seria procurado para escavar um túnel, havia escalado o muro emluva bet sitefuga. "Eu não queria fazer parte daquele novo mundo", afirma hoje. "Um mundo onde eu não poderia falar ou pensar o que quisesse."
Em Berlim Ocidental, acabou procurado pelos dois estudantes italianosluva bet sitebuscaluva bet siteum túnel para o lugarluva bet siteonde ele escapou, numa missão que poderia levá-lo à prisão ou mesmo à morte.
Apesar do risco, ele decidiu ajudá-los.
Escavação começa
Mas por onde um grupoluva bet siteestudantes que nunca cavou um túnel começaria a empreitada? Comoluva bet siteum bom assalto, saíramluva bet sitebuscaluva bet sitemapas.
Eles se debruçaram sobre plantas que tomaram emprestadasluva bet siteamigos do governo e passaram a planejar a rota. O grupo precisaria escavar sob uma rua para evitar trombar com o sistemaluva bet siteabastecimentoluva bet siteágua.
Num movimento arrojado, escolheram a Bernauer Strasse. No início dos anos 1960, essa via se tornou mundialmente famosa — e até mesmo um ponto turístico — porque o muro passava no meio dela.
Seria o mesmo que cavar um túnel sob a Times Square,luva bet siteNova York, ou a avenida Paulista,luva bet siteSão Paulo. Faltava só decidir como começar a escavação.

Crédito, ullstein bild Dtl.
O grupo se dirigiu então a uma fábricaluva bet sitecanudos, onde se apresentou ao proprietário com uma história rocambolescaluva bet siteque seriam um grupoluva bet sitejazzluva bet sitebuscaluva bet sitelugar para ensaiar.
Mas o dono da fábrica desconfiou da história, já que ele próprio havia fugido do lado oriental, e ofereceu o lugar para a empreitada.
Eles também encontraram um porão do lado oriental. Escolheram o apartamentoluva bet siteum amigo, masluva bet sitevezluva bet siteavisá-lo, convenceram alguém a furtar as chaves e fazer cópias, para que os fugitivos pudessem entrar.
Recrutamentoluva bet siteescavadores
O próximo passo foi encontrar mais escavadores, algo que não seria fácil.
Berlim Ocidental estava repletaluva bet siteespiões que trabalhavam para a temida e poderosa Stasi, braçoluva bet sitesegurança do governo da Alemanha Oriental que juntava polícia secreta e serviçosluva bet siteinteligência.
A missão do órgão era saber tudo: o que você pensava, com quem era casado, com quem estava dormindo. Havia até piadasluva bet sitetorno disso: "Sabe por que agentes da Stasi seriam ótimos taxistas? Porque assim que você entra no carro já sabem seu nome e onde mora."
A Stasi tinha milharesluva bet siteinformantes, alguns infiltradosluva bet siteórgãos governamentais, empresas, hospitais, escolas e universidades da Alemanha Ocidental.
Em um dado momento, o grupoluva bet siteescavadores identificou três outros estudantes (de engenharia)luva bet siteque pensavam poder confiar — todos haviam fugido recentemente do lado oriental. Eram Wolf Schroedter (alto e charmoso), Hasso Herschel (aficcionado pela Revolução Cubana liderada por Fidel Castro) e Uli Pfeifer (devastado pela capturaluva bet sitesua namorada durante uma tentativaluva bet sitefuga).
Por fim, faltavam as ferramentas, que acabariam furtandoluva bet siteum cemitério no meio da noite.
"Não tínhamos ideialuva bet sitepor onde começar", afirma Joachim. "Nunca tínhamos visto um túnelluva bet siteverdade, só alguns na TV, inclusive os que não deram certo, então isso nos deu ideias sobre como cavar um."
Nas noites seguintes, eles cavaram um poçoluva bet site1,3 metro exatamente. Depois, seguiram horizontalmenteluva bet sitedireção a Berlim Oriental. Foi então que perceberam como a missão seria difícil.

Crédito, Joachim Rudolph
"Quando você estáluva bet siteum túnel desse, precisa ficar deitado reto, usar as duas mãos para cavar com a pá e usar os pés para se projetarluva bet sitedireção ao barro", explica Joachim.
Levavam horas para extrair uma pena porçãoluva bet siteterra, que era colocada num carrinho. O grupo encontrou um telefone usado durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) e passou a usá-lo para avisar que o carrinho estava cheio e poderia ser puxado dali por meioluva bet siteuma corda.
Não demoraria muito tempo para que a equipe conseguisse estabelecer um bom ritmoluva bet siteescavação, mas semanas depois eles estavam exaustos, com as mãos cobertasluva bet sitebolhas, as costas doloridas. E sequer tinham chegado à fronteira.
Eles precisavamluva bet siteduas coisas: gente e dinheiro.
Emissoraluva bet siteTV entra na história
A milharesluva bet sitequilômetros dali,luva bet siteNova York, um produtorluva bet siteTV chamado Reuven Frank quebrava a cabeçaluva bet sitebuscaluva bet siteuma maneiraluva bet sitecontar a histórialuva bet siteBerlim.
Ele já havia ido à cidade alemã quando o muro foi construído, mas buscava outros ângulos que fossem além das manchetes conhecidas.
Frank era uma das figuras mais poderosas da rede americana NBC e numa certa manhã teve uma ideia: e se pudesse encontrar uma histórialuva bet sitefuga que estivesse ocorrendo naquele momento?

Eles poderiam filmá-laluva bet sitetempo real, cada reviravolta ou avanço, sem saber como ela acabaria. A empreitada, avaliou, poderia ser revolucionária.
Frank levouluva bet siteideia ao correspondente na NBCluva bet siteBerlim, Piers Anderton, que se empolgou com a proposta e passou a ir atrásluva bet siteuma história como aquela.
Não demoraria até que Anderton encontrasse o estudanteluva bet siteengenharia Wolf Schroedter, membro do grupo que tentava levantar dinheiro para as escavações.
"Nós o trouxemos para ver o túnel", relata Schroedter. "Ficou impressionado e disse que queria filmá-lo. Apresentamos então nossas condições: se a NBC queria filmar, terialuva bet sitenos pagar."
O correspondente repassou a informação a Frank, que concordou com a proposta. A NBC pagaria pelas ferramentas e pelos materiais, e "em troca teria o dinheiroluva bet sitefilmar", afirmou o produtorluva bet siteTV.
Nesse acerto, Frank tomou umas das decisões mais controversas da história do jornalismo: uma grande emissoraluva bet siteTV dos Estados Unidos tinha concordadoluva bet sitefinanciar um grupoluva bet siteestudantes que construía um túnelluva bet sitefuga sob o Muroluva bet siteBerlim.
A 'faixa da morte'
No fimluva bet sitejunholuva bet site1962, os estudantes haviam cavado cercaluva bet site50 metros, quase o trajeto inteiro até a fronteira, após 38 diasluva bet sitetrabalho, oito horas por dia.
Com o dinheiro da emissoraluva bet siteTV americana, eles compraram novas ferramentas e material para fazer os trilhos do carrinho, alémluva bet sitepoderem recrutar mais pessoas.
O túnel ganhou contornos hi-tech, com lâmpadas, motor para o carrinho usado para retirar a terra escavada e tubosluva bet siteventilação.
A filmagem da NBC não tem som porque o túnel era apertado demais para um gravador. Em uma ocasião, quando eles puderam levar um microfone, era possível captar o som do trem, do ônibus e até dos passos dados pelas pessoas na calçada. "Era incrível. Dava para ouvir tudo", relembra Joachim.
À medida que cavavamluva bet sitedireção ao Leste, os sons sobre os escavadores desapareciam. Agora eles estavam sob a chamada "faixa da morte", área próxima ao muro patrulhada por guardasluva bet sitebuscaluva bet sitetúneis.
O túnel desse grupoluva bet siteestudantes não era o primeiro sob o muro. Houve outros, mas a maioria falhou. Um deles foi descoberto, e um dos escavadores foi morto a tiros.

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"Os guardas tinham equipamentos especiaisluva bet siteescuta que colocavam junto ao solo", afirma Joachim. "Se eles ouvissem algo, cavavam um buraco e abriam fogo ou jogavam uma dinamite. Assim, conforme escavávamos, sabíamos que a qualquer momento o chão poderia cair sobre nossas cabeças."
Às vezes, eles ouviam os guardas conversando. "Sabíamos que se nós podíamos ouvi-los, eles também poderiam nos ouvir. Então, precisávamos ficar calados no túnel."
Ventiladores foram desligados, medida que tornou a respiração muito mais difícil sob a terra. Era possível ouvir o vento e as respirações.
"Às vezes havia sons que não conseguíamos identificar", diz Joachim. "Era a Stasi? Estão vindo nos capturar?"
Numa noite, Joachim estava cavando quando ouviu um barulho. O túnel tinha um vazamento. Em algumas horas, a água tomaria tudo. Surgiu um plano arriscado. Eles pediram ao órgão da Berlim Ocidental responsável pelo abastecimentoluva bet siteágua que consertasse o cano. E, para a surpresa deles, eles aceitaram.
Mesmo depois do conserto, o túnel estava inundado e levaria meses para esvaziá-lo.
Eles estavam muito perto, quase 50 metros do porão na Berlim Oriental, onde todos os fugitivos estavam prontos e aguardavam a chegada deles, inclusive a namoradaluva bet siteUli e o irmãoluva bet siteHasso.
O segundo túnel
Era julholuva bet site1962, quase um ano desde que o muro havia sido construído. Foram colocados depois arames farpados, minas terrestres, cercas elétricas, holofotes, e se tudo isso não fosse suficiente para impedir um fugitivo, os guardas da fronteira estavam armados com pistolas, metralhadoras, rifles e lança-chamas.
Mas havia fugitivos todo mês. Alguns se escondiamluva bet sitecarros, outros usavam passaportes falsos.

Só que os escavadores não podiam mais esperar o túnel secar lentamente. Vez ou outra eles ouviam falarluva bet siteum outro túnel escavado na Berlim Oriental, mas depois abandonado e inacabado.
Os estudantes que planejaram esse outro túnel perguntaram a Joachim e aos outros se eles estariam interessados em unir forças. Eles poderiam combinar suas listasluva bet sitefugitivos e fazê-los passar ao mesmo tempo.
"Parecia uma oportunidade perfeita demais para deixar passar", diz Joachim. "Éramos um grupoluva bet siteescavadores sem túnel, e aqui estava um túnel que precisavaluva bet siteescavadores." Eles receberam apenas alguns detalhes.
O túnel comportaria cercaluva bet site80 fugitivos que esperavam rastejar por ele. Alguns dias depois, eles foram ver o túnel. "Foi um choque completo", diz Joachim. "Não era nada como o nosso."
O túnelluva bet siteJoachim tinha luzes, telefones, sistemasluva bet sitepolias motorizadas, tubosluva bet sitear. Este não tinha luzes, nenhum ar ventilado e o teto era tão baixo que você mal conseguia engatinhar. Toda vez que um carro passava pela estrada acima, o barro escorria pelo túnel.
Mas eles decidiram ficar com ele, ampliando-o e cavando os poucos metros finais até estarem diretamente sob um imóvelluva bet siteBerlim Oriental. O túnel estava pronto. Agora tudo que eles precisavam eraluva bet siteum mensageiro para passar detalhes aos fugitivos.
O mensageiro
Wolfdieter Sternheimer era um estudante que moravaluva bet siteBerlim Ocidental. Ele ouvira falar do túnel e se ofereceu para ajudar,luva bet sitetrocaluva bet sitetirarluva bet sitenamorada do lado oriental. O nome dela era Renate e eles se apaixonaram depoisluva bet sitese tornarem amigos, diz ele.
Sternheimer foi útil porque, ao contrárioluva bet sitetodos os outros escavadores, ele havia nascido na Alemanha Ocidental, o que significava que ele poderia ir para o Oriente sempre que quisesse.
Nas semanas seguintes, ele entrou e saiuluva bet siteBerlim Oriental, atualizando os fugitivos. A missão foi marcada para o dia 7luva bet siteagosto.
No dia anterior, foi convocada uma reunião com os estudantes e entre eles estava um homem que Sternheimer diz que nunca tinha visto antes, o cabeleireiro Siegfried Uhse.
Uhse foi aquele que prontamente se voluntariou para ir a Berlim Oriental a fimluva bet siteentregar as instruções finais aos fugitivos.
Mas logo após a reunião,luva bet sitevezluva bet siteir para casa, o cabeleireiro foi para um localluva bet sitecodinome "Orient", onde encontrou seu contato da Stasi.
Uhse era um informante, recrutado seis meses antes. O relatório daquele dia registra o que ele disse ao seu superior: "O avanço aconteceria entre 16h e 19h" e "100 pessoas eram esperadas".
Os agentes da Stasi agora sabiam do túnelluva bet siteJoachim.

Crédito, Arquivo pessoal
A emboscada
O dia da fuga chegou. Por toda Berlim Oriental, homens, mulheres — incluindo a noivaluva bet siteWolfdieter, Renate — e crianças começaram a seguirluva bet sitedireção ao imóvel por onde fugiriam. Eles partemluva bet sitemomentos diferentes. Alguns caminharam, outros pegaram o ônibus ou o bonde.
A maioria deles estava morrendoluva bet sitemedo. Mal dormiram na noite anterior, passando horas arrumando e reembalando a única bolsa que poderiam levar, espremendo fraldas, fotos e roupas. Quando chegassem ao Ocidente, seria tudo que teriam para começar uma nova vida.

Enquanto se dirigiam para o local acertado, a engrenagem da Stasi entrouluva bet siteação. O comandante da brigada da fronteira ordenou que soldados, um veículo blindado e um canhãoluva bet siteágua se encontrassemluva bet siteuma base perto da cabana.
Por fim, agentes da Stasi à paisana foram enviados para o imóvel. Quando chegaram lá, se espalharam pelas ruas e esperaram os fugitivos. A emboscada estava montada.
De volta ao túnel, Joachim, Hasso e Uli estavam se preparando para o casoluva bet siteserem descobertos. Eles nunca haviam feito algo assim antes.
Eles coletaram tudoluva bet siteque precisavam: machados, martelos, brocas e rádios. Eles também conseguiram pistolas e até uma velha metralhadora da Segunda Guerra Mundial.
"Queríamos ser capazesluva bet sitenos defender caso a Stasi aparecesse", diz Joachim.
Eles começaram a rastejar pelo túnel silenciosamente. Ao chegarem, eram quatro da tarde e, acima deles,luva bet siteuma rua do ladoluva bet sitefora da casa, chegavam os fugitivos. Mas quando já não havia chanceluva bet siteescapar, os agentes da Stasi avançaramluva bet siterepente para cima deles, que iam sendo presos e afastados dali.

Abaixo deles, Joachim, Hasso e Uli ainda estavam avançando até o imóvel que serviria para a fuga, sem saber que a operação havia sido desmontada.
"Então,luva bet siterepente, ouvimos algo pelo rádio do Ocidente", diz Joachim. "Gritavam para nós voltarmos."
Mas os escavadores continuaram. "Tudoluva bet siteque pensávamos era nas pessoas que foram até ali, e não queríamos decepcioná-las", diz Joachim.
Eles continuaram a romper o chão da salaluva bet siteestar do local. Com um pequeno espelho, examinaram o cômodo, que estava vazio, exceto por algumas cadeiras e um sofá. Estava estranhamente quieto, quieto até demais.
Mas eles haviam chegado tão longe e tinhamluva bet sitecontinuar. Eles subiram e Joachim rastejouluva bet sitedireção à janela, onde espiou por uma cortina.
"Vi um homem com roupas civis, do ladoluva bet sitefora da casa, rastejando sob a janela. Percebi imediatamente que ele era Stasi", relata.

O trio estava apavorado. Eles sabiam que a operação havia sido descoberta, mas o que eles não sabiam era que um grupoluva bet sitesoldados estava agora no cômodo ao lado, com fuzis Kalashnikov nas mãos.
Há um momento surpreendente registradoluva bet siteum arquivo Stasi (um dos maisluva bet site2.000 arquivos que a BBC analisou enquanto pesquisava essa história, todos mantidos na antiga sede da Stasi).
O relatório afirma que os soldados estavam prestes a invadir a salaluva bet siteestar quando,luva bet siterepente, ouviram um dos escavadores mencionar uma metralhadora. Eles fizeram uma pausa e decidiram esperar por apoio. Eles sabiam que seus Kalashnikovs não seriam páreo para uma metralhadora.
Esse movimento salvou a vida do trioluva bet siteescavadores. Eles pularamluva bet sitevolta pelo buraco no túnel e começaram a engatinhar o mais rápido que podiamluva bet sitevolta para o Ocidente, com ferramentas e armas balançando contra as pernas.
Sabiam que, a qualquer momento, os soldados poderiam invadir a sala, segui-los até o túnel e atirar neles. Poucos minutos depois, os soldadosluva bet sitefato entraram na sala e no túnel, mas ele estava vazio.
Os agentes da Stasi chegaram tarde demais para pegá-los. Só que eles tinham outra coisa: dezenasluva bet siteprisioneiros para interrogar.
O interrogatório
Até aquele momento, apenas uma pessoa não sabia que a operação havia sido desmantelada: Wolfdieter. Ele estavaluva bet siteBerlim Oriental auxiliando a operação e agora seguialuva bet sitedireção à fronteira, empolgado para ver a noiva Renate. Quando chegou ao postoluva bet sitecontrole, dois homens estavam esperando por ele e acabou preso.
Primeiro, ele foi interrogado pela polícia. Então, eles o entregaram à Stasi, que o levou à prisãoluva bet siteHohenschönhausen, uma antiga prisão soviética. "Era madrugada Fui revistado, depois recebi roupas da prisão. E então o interrogatório começou", lembra Wolfdieter.

Nos anos 1950, a Stasi era conhecida por praticar tortura física. Na décadaluva bet site1960, eles contavam mais com técnicasluva bet sitetortura psicológica.
Foram publicados manuais da Stasi voltados a extrair informações usando essas novas técnicas, e oficiais experientes do órgão davam cursosluva bet siteinterrogatórios aos recrutas.
A pressão psicológica começou com a própria prisão, que foi projetada para esmagar lentamente o espíritoluva bet siteseus presos. Os prisioneiros não tinham permissão para conversar. Não houve diálogo, não houve solidariedade.
Em suas celas, eles não tinham controle sobre nada: o interruptor estava do ladoluva bet sitefora, assim como o botãoluva bet sitedescarga do vaso sanitário. Em algum momento, os prisioneiros seriam levados para a salaluva bet siteinterrogatório.
"O primeiro interrogatório durou 12 horas", lembra Wolfdieter. "Eles não precisam baterluva bet sitevocê. Você está cansado, não há água, não há comida. Nada."
A transcrição do interrogatórioluva bet siteWolfdieter tem 50 páginas. O agente da Stasi faz uma sérieluva bet siteperguntas e depois repassa cada uma delas, repetidas vezes. Algumas horas depois, um novo interrogatório começa: as mesmas perguntas, repetidas vezes. Pouco a pouco, cansado, faminto e com sede, ele conta tudo.
Wolfdieter foi condenado a sete anosluva bet sitetrabalhos forçados. E ele não era o único. Muitos dos presos no túnel naquela noite estavam agora na prisão — até mesmo mães que foram separadas dos filhos.
A segunda tentativa
É razoável supor que, depois da operação frustrada, com tantos envolvidos presos, os escavadores desistiram da empreitada. Mas não. Eles sabiam que a Stasi não tinha detalhes sobre o túnel original e decidiram tentar novamente.
Só que dessa vez haveria mais discrição e um grupo menorluva bet siteescavadores. Era setembroluva bet site1962, e o túnel original havia secado o suficiente para permitir que o trabalho fosse reiniciado. Mas pouco tempo depois surgiu outro vazamento.
Mas agora já estavam muito longe para que as autoridades da Alemanha Ocidental pudessem consertar o problema. Ou os escavadores teriamluva bet siteabandonar o túnel, ou invadiriam um porão aleatório no Leste.
Usando mapas, os escavadores descobriram que estavam agora sob a Schönholzer Strasse, uma rualuva bet siteBerlim Oriental que ficava tão perto do muro que era patrulhada por guardasluva bet sitefronteira.
Fazer um túnel ali seria muito arriscado — seria barulhento e, além do mais, qualquer fugitivo terialuva bet sitepassar pelos guardas para entrar no porão.
Era difícil imaginar como isso poderia funcionar, mas esses escavadores provaram que eram corajosos e estavam determinados a tentarluva bet sitenovo.

Crédito, Arquivo pessoal
A nova missão foi marcada para 14luva bet sitesetembro. Alguns estudantes se ofereceram para ir ao Oriente e contar aos fugitivos sobre o novo plano. Mas, como na última vez, eles precisariamluva bet siteum mensageiro para atravessar a fronteira no próprio dia da fuga e dar sinais para que os berlinenses orientais soubessem quando deveriam ir ao túnel.
Sem surpresa, depois do que aconteceu com Wolfdieter, ninguém se voluntariou. Mas, então, um dos escavadores, Mimmo, teve uma ideia: que tal aluva bet sitenamoradaluva bet site21 anos, Ellen Schau? Tal qual Wolfdieter, ela tinha um passaporte da Alemanha Ocidental para poder entrar e sair do Oriente e, como mulher, talvez despertasse menos suspeitas? Ela concordouluva bet sitefazê-lo.
Os códigos: lençol, fósforos, copo d'água e café
Os fugitivos foram instruídos a seguir para três bares diferentes e esperar ali. Quando os escavadores chegaram ao porão, Ellen foi a cada um desses bares e deu um sinal secreto.
Ela foi filmada quando embarcouluva bet siteum trem para Berlim Oriental. Usava um vestido, lenço na cabeça e óculos escuros. Lembrava uma estrelaluva bet sitecinema dos anos 1960.
Enquanto isso, Joachim e Hasso começaram a invadir a adegaluva bet siteum apartamento na Schönholzer Strasse. Ali, usariam um conjuntoluva bet sitechaves-mestras para abrir as portas.
Ao abrir a porta da frente, Joachim deuluva bet sitecara com um grupoluva bet sitesoldados sentados numa cabana, mas deu sorteluva bet siteeles estarem distraídos.
Depoisluva bet siteavisar que o túnel estava finalizado por meio do telefone da Segunda Guerra, o sinalluva bet siteque a missão estavaluva bet siteandamento foi dado por meioluva bet siteum lençol brancoluva bet siteBerlim Ocidental que podia ser visto do outro lado do muro.
Ellen, então, seguiu ao primeiro bar para avisar os fugitivos.
"Estava muito barulhento lá. Quando eu entrei, todos os homens se viraram e olharam para mim", relembra ela. O sinal que daria era comprar uma caixaluva bet sitefósforos.
Em uma das mesas havia uma família aguardando o aviso. Uma mãe segurava seu filho no colo.
No bar seguinte, o código seria pedir água. Mas no último deles as coisas não saíram conforme planejado. O sinal era pedir café, mas o atendente informou que estavaluva bet sitefalta naquele dia. "Como eu poderia dar o aviso se o bar não tinha café algum?"
Então, ela começou a reclamarluva bet sitevoz alta sobre a faltaluva bet sitecafé, e pediu um conhaque. Ellen viu ali duas famílias à espera, e torceu para que eles tivessem entendido o sinal. Tomou seu conhaque, deixou o lugar e encerrou seu papel na missão.
Enquanto ela seguialuva bet sitedireção a Berlim Ocidental, pequenos grupos começaram a andarluva bet sitedireção à Shönholzer Strasse, fazendo o possível para não chamar atenção.

Joachim e Hasso aguardavam armados na sala do imóvel. Por volta das seis da tarde, ouviram passos. "Ficamos ali, quase se respirar, empunhando nossas armas", relata Joachim.
A porta abriu, e era a mãe que estava no primeiro pub, Eveline Schmidt, com seu marido eluva bet sitefilhaluva bet sitedois anos. O trio precisouluva bet siteajuda para entrar no túnel. "Estava escuro. Havia apenas uma lâmpada na entrada. Um dos escavadores segurou minha filha e eu comecei a rastejar", relata ela.
Na outra ponta, a equipe da emissora NBC estava posicionadaluva bet sitefrente ao buraco do túnel. Nada acontece durante um bom tempo, até que surge uma sacola branca, uma mão e, por fim, o rostoluva bet siteEveline.
Ela está cobertaluva bet sitelama, com as meias rasgadas e os pés descalços. Ela perdeu os sapatosluva bet sitealgum lugar do túnel, ao longo dos 12 minutosluva bet siteque rastejou. Ela olha para a câmera, piscando para se adaptar à luz. E então ela começa a subir a escada até o porão. Assim que ela chega ao topo, cai.
Um dos cinegrafistas da NBC a ajuda. Ela fica sentada, tremendo, e então um dos escavadores leva seu bebê até ela. Ela a envolve nos braços, fazendo carinho na nuca.

Crédito, Arquivo pessoal
Ao longo da hora seguinte, mais pessoas surgem no túnel. Havia a irmãluva bet siteHasso, Anita, alémluva bet sitecrianças e idosos. Às 23h, quase todo mundo na lista havia conseguido escapar.
O túnel estava cheioluva bet siteágua, mas um escavador ainda esperava por alguém. O nome dele era Claus, que aguardavaluva bet siteesposa, Inge.
Ela havia sido enviada para um campoluva bet siteprisão comunista depoisluva bet siteter sido pega tentando fugir com ele. Ela estava grávida à época, e ele não a via desde então.
Nas imagens da NBC, a câmera está focada no túnel. De repente, uma mulher emerge. Claus a puxa para ele, mas ela continualuva bet sitefrente, sem reconhecer o marido no escuro. Ele olha para ela e depois ouve outro barulho vindo do túnel.
É um bebê, vestidoluva bet sitebranco, carregado por um dos escavadores. Ele é pequeno, com apenas cinco mesesluva bet siteidade. Claus se abaixa e gentilmente pega a criança. É um menino, seu filho, nascidoluva bet siteuma prisão comunista.
No outro extremo do túnel, Joachim ainda estava no porão. Vinte e nove pessoas conseguiram escapar. Com a água até os joelhos, sabia que era horaluva bet sitepartir. "Tantas coisas passaram pela minha cabeça", diz ele.
"Todas as coisas pelas quais passamos cavando. Os vazamentos, os choques elétricos, toda a lama, tanta lama, as bolhasluva bet sitenossas mãos. Ao ver todos esses refugiados, senti a maior felicidade possível."
Meses depois, a NBC exibiu a gravação, apesar da tentativa do presidente John F. Kennedyluva bet sitetentar barrar a transmissão a fimluva bet siteevitar um incidente diplomático com a União Soviética.
A filmagem foi considerada algo sem precedentes na história da televisão. Dizem que o próprio Kennedy a assistiu e se derramouluva bet sitelágrimas.

Crédito, Getty Images
E o que aconteceu com os escavadores? Wolfdieter, mensageiro capturado pela Stasi, foi libertado da prisão depoisluva bet sitedois anos. Siegfried Uhse recebeu uma das principais medalhas da Stasi por se infiltrar no caso do túnel.
Wolf Schroedter e Hasso Herschel trabalharamluva bet siteoutros túneis, e a namoradaluva bet siteMimmo, Ellen, a corajosa mensageira, escreveu um livro sobreluva bet siteexperiência.
E Joachim? Há uma história final para contar. Alguns anos após a fuga, ele se apaixonou por Eveline, a primeira mulher que entrou pelo túnel. O casamento dela terminou e, 10 anos depois do resgate, eles se casaram.

Crédito, Arquivo pessoal
Hoje, na parede do apartamento deles, há o parluva bet sitesapatos que ele pegou dias depois da fuga. Mal sabia ele, quando os encontrou no túnel, que pertencia a Annett, a filhaluva bet siteEveline. E assim, o túnel que Joachim construiu, que trouxe 29 esperançosos refugiados da Berlim Oriental, também lhe trouxe uma família.
E o Muroluva bet siteBerlim?
Pelo menos 140 pessoas foram mortas no muro antesluva bet siteser derrubadoluva bet sitenovembroluva bet site1989. Atualmente, há mais muros sendo construídos ao redor do mundo, dividindo cidades e países, mas Joachim diz que há algoluva bet sitecomum entre eles.
"Onde quer que exista um muro, as pessoas tentarão superá-lo."

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