5 enigmasarbety cnpj'As Meninas',arbety cnpjVelázquez, o mais icônico quadro do Museu do Prado:arbety cnpj

Para quem Velázquez está olhando? O que ele está pintando na tela à esquerda do quadro? O que fazem os demais personagens?

Conheça cinco mistérios que rondam a "joia da coroa" do Museu do Prado.

1. A sala e o posicionamento do espectador

O quadro As Meninas está ambientado no estúdioarbety cnpjVelázquez, na Real Alcázararbety cnpjMadri, uma fortaleza convertidaarbety cnpjpalácio real onde vivia o rei Felipe 4º (1621-1665) comarbety cnpjfamília.

A sala está repletaarbety cnpjpersonagens que não estão lá por acaso.

A diferença desse quadro para os retratos tradicionais da realeza é que o quadro As Meninas se compara com uma cenaarbety cnpjum filme, pela ação e o movimento que contém. Além disso, a incomum presença do próprio pintor no quadro, ao fundo, olhando na direção do espectador, aumenta ainda mais o enigmaarbety cnpjtorno dele.

Para a historiadoraarbety cnpjarte venezuelana Andrea Imaginario, grande parte da fascinação despertada pela obraarbety cnpjVelázquez está na forma como a cena está montada.

"Este foi um dos primeiros quadros que me causaram impacto durante o meu tempoarbety cnpjestudante e vou me referir a essa experiência", disse Imaginario à BBC News Mundo, o serviçoarbety cnpjespanhol da BBC.

Segundo a historiadora, o que causa fascinação no quadroarbety cnpjVelázquez é o "jogo elíptico" que ele realiza dentro da cena.

"É um jogo entre realidade e ficção que se desenvolve quando ele suprime o que está pintando e o devolve como um reflexo no fundo do quadro, enquanto te distrai apresentando o restante da cena", explica.

Com isso, o pintorarbety cnpjSevilha inverte a forma como costumamos olhar para um quadro. Normalmente, vemos a pintura sob o mesmo ângulo observado pelo pintor.

"Velázquez faz um movimentoarbety cnpj'câmera' que nos põe no lugararbety cnpjquem está sendo retratado. Estamos observando o que, teoricamente, quem estivesse sendo pintado veria."

O que não se sabe com certeza é o que o pintor quis expressar com essa técnica original.

2. Os personagens e a interação entre eles

As Meninas nem sempre teve esse nome. Velázquez deu ao quadro o nomearbety cnpjA Famíliaarbety cnpjFelipe 4º. O nome atual da obra surgiuarbety cnpj1843, quando os especialistasarbety cnpjarte da época chegaram ao consensoarbety cnpjque a pintura ia muito alémarbety cnpjum simples retrato da família real.

E o quadro As Meninas tem um elencoarbety cnpjpersonagens que incluem uma princesa, uma freira, uma anã, um bobo da corte e o próprio Velázquez.

No centro da cena está a infanta (princesa) Margarita Maria Teresaarbety cnpjÁustria. A princesa era quarta filhaarbety cnpjFelipe 4º, mas a primeira que ele teve comarbety cnpjsegunda esposa, Marianaarbety cnpjÁustria.

No quadro, ela parece ter cinco ou seis anosarbety cnpjidade.

Ao lado dela estão as mulheres que acompanhavam e assistiam à jovem princesa emarbety cnpjrotina diária.

Atrás delas há uma monja, que parece estar discutindo com um guarda não identificado.

No centro da parede ao fundo há uma porta aberta pela qual dá para ver um homem numa escada encarando o espectador. É José Nieto Velázquez, camareiro da rainha que também estava encarregado da oficinaarbety cnpjtapeçaria.

Por fim, no talvez mais importante elementoarbety cnpjtoda a composição, há um espelho à esquerda da porta, no qual vemos o reflexoarbety cnpjum casal: o rei Felipe 4º e a rainha Mariana.

Alguns dos especialistas da obra afirmam que os reis estãoarbety cnpjpé (refletidos no espelho) no mesmo lugararbety cnpjque os espectadores estão, enquanto Velázquez pinta seu retrato.

Não sabemos o que está acontecendo ou o que reúne essa variedadearbety cnpjpersonagens no mesmo lugar. Não sabemos se Velázquez está fazendo um retrato da infanta ou dos reis que são refletidos.

Nem sabemos se há algo pintado emarbety cnpjtela.

3. O reflexo no espelho

As teoriasarbety cnpjtorno do espelho earbety cnpjseu reflexo fazem com que este seja um dos principais mistérios que persistem ao longo do tempo.

Os especialistas não têm certeza se ele reflete mesmo o casal real ou se seria um outro casal pintado na telaarbety cnpjque Velázquez trabalha.

Devido à maneira com que o artista brincou com a perspectiva da imagem, argumentos razoáveis ​​podem ser feitos para justificar as duas possibilidades.

"Em toda a cena, temos pinturas e pinturas e pinturas", diz a especialista venezuelana Andrea Imaginario.

"Temos pinturas que acompanham toda a cena, temos uma obraarbety cnpjarte que ao mesmo tempo representa outras obrasarbety cnpjarte, e não é a única vez que isso acontece, isso foi feito várias vezes ao longo da história da arte — mas esse quadro também inclui esse espelho, que se destaca", diz a estudiosa.

"E o espectador está naquele lugar refletido no espelho, onde estão as pessoas retratadas, que para mim é o fenômeno mais interessante nesta cena", afirma ela.

"Isso se tornou um clássico obrigatório. Não veríamos as coisas da mesma maneira sem essa imagem, obra extremamente original nesta perspectiva."

4. A cruzarbety cnpjSantiago e a controvérsia das datas

Praticamente todos os historiadores e restauradoresarbety cnpjarte datam a obra As Meninasarbety cnpj1656. Dado que a infanta Margarita nasceuarbety cnpj1651, isso se encaixaria perfeitamente com a idadearbety cnpjque ela aparece na pintura.

No entanto, há um elemento que atrapalha essa hipótese.

Na pintura, Velázquez veste um elegante terno preto com uma cruz vermelhaarbety cnpjSantiago no peito.

Este símbolo é indicativo do títuloarbety cnpjCavaleiro, que o rei Felipe 4º concedeu a Velázquez somentearbety cnpj1659.

Como é possível, então, que a cruz figure ali três anos antesarbety cnpjele ser incluído na Ordemarbety cnpjSantiago?

Alguns acadêmicos insinuam que a cruz vermelha foi adicionada à tabela mais tarde por instruções do rei.

Outros especialistas que examinaram a pintura garantem não haver duas camadas diferentesarbety cnpjtinta. Portanto, a cruz fazia parte da imagem original — levando a novas teorias.

Embora a maioria dos acadêmicos continue datando a pinturaarbety cnpj1656, outra correntearbety cnpjhistoriadores coloca a criação da obra alguns anos depois,arbety cnpj1659.

Outra possibilidade, que surgearbety cnpjestudos mais recentes, é que toda a cena é um produto da imaginação e fantasia do pintor,arbety cnpjmodo que o fatoarbety cnpjaparecer com a cruzarbety cnpjSantiago poderia muito bem ser a expressãoarbety cnpjum desejo.

5. O papelarbety cnpjVelázquez

As Meninas ficou guardado no Palácio Real até 1819, dataarbety cnpjque foi transferido ao Museu do Prado.

Alguns poucos privilegiados que o viram antes da transferência comentaram a novidade na qual um pintor se retratava ao lado da realeza.

"A imagem parece mais um retratoarbety cnpjVelázquez do que da imperatriz", disse o escritor português Felix da Costa ao ver As Meninasarbety cnpj1696.

Se você olhararbety cnpjperto, ele parece ser o grande protagonista da peça. Seu papel preponderante na imagem é inquestionável.

Para alguns estudiosos, isso mostra uma antiga reivindicação dos artistas do século 16, que queriam que seu ofício fosse mais valorizado. Até então, eram vistos como meros artesãos, considerados inferiores a escritores ou músicos.

Para Andrea Imaginario, "o que vemosarbety cnpjAs Meninasarbety cnpjVelázquez não é exatamente o retratoarbety cnpjalgo, é a elaboraçãoarbety cnpjum conceito extremamente complexo, um conceito literário".

"Esse conceito perturba o que deveria ser, ou o que as pessoas deveriam entender naquele momento como a funçãoarbety cnpjuma pintura, que era registrar a história ou valores e ideias."

"Ele não apenas faz isso. Coloca outras coisas. Nesse sentido, poderíamos ver o significado total como uma afirmação da importância da pintura dentroarbety cnpjum universo que ainda não lhe dava o mesmo valor que daria literatura e música."

Velázquez queria permanecer na história com esta obra-prima. E, vendo as teorias e debates que gera, não há dúvidaarbety cnpjque conseguiu.

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