O Protocoloentrar realsbetAuschwitz: a fuga que revelou ao mundo os horrores do campoentrar realsbetextermínio:entrar realsbet

Cerca do perímetro do campoentrar realsbetextermínioentrar realsbetAuschwitz

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Rudolf Vrba e Alfred Wetzler ficaram três dias escondidos perto da cerca elétrica do campoentrar realsbetextermínio antesentrar realsbetescapar

Parte deste artigo é uma adaptação do documentário da BBC '1944: Devemos bombardear Auschwitz?', com diálogos recriados com baseentrar realsbetdocumentos históricos.

entrar realsbet Em abrilentrar realsbet1944, pouco maisentrar realsbetum ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial, dois prisioneiros se esconderam perto da cerca elétrica do campoentrar realsbetextermínioentrar realsbetAuschwitz, na Polônia.

Era quase impossível escaparentrar realsbetlá. Muitos tentaram, mas foram capturados, torturados e assassinados.

Rudolf Vrba e Alfred Wetzler conseguiram, no entanto, passar despercebidos pela SS, braço paramilitar do partido nazista alemão, ao se esconderem entre troncosentrar realsbetárvores e cercarem a área com tabaco encharcadoentrar realsbetgasolina para evitar que fossem farejados pelos cães.

Eles ficaram ali por três dias, até que os guardas se cansaramentrar realsbetprocurá-los e,entrar realsbet10entrar realsbetabrilentrar realsbet1944, escaparam para alertar o mundo que o campoentrar realsbetAuschwitz-Birkenau era uma máquinaentrar realsbetmatar do nazismo.

O testemunho deles sobre o extermínioentrar realsbetmassaentrar realsbetjudeus europeus levaria a um dos dilemas morais mais complexos do século 20.

Grande segredo

Vrba e Wetzler conseguiram atravessar a Polônia ocupada pelos nazistas até chegarem à cidade eslovacaentrar realsbetZilina.

A Eslováquia, país onde ambos nasceram, estava alinhada com a Alemanha nazista e foi a primeira nação a deportar voluntariamente seus judeus.

Eles estavam desesperados para colocarentrar realsbetprática a missão para a qual há tanto tempo se preparavam, coletando e memorizando a maior quantidade possívelentrar realsbetinformações detalhadas sobre o campoentrar realsbetextermínio.

Até então, ninguém tinha uma descrição convincente ou clara do que estava acontecendoentrar realsbetAuschwitz. O extermínio dos judeus era conduzido sob enorme sigilo.

Auschwitz
Legenda da foto, Não estava claro o que aconteciaentrar realsbetAuschwitz, mas sempre houve rumores

Quando entraramentrar realsbetcontato com o Conselho Judaicoentrar realsbetZilina, na Eslováquia, para oferecer um relato detalhado como testemunha ocular, foram tratados com cautela.

Os líderes da organização levaram os livrosentrar realsbetque haviam registrado os nomes e as datas da deportação dos judeus da Eslováquia.

Pergunta após pergunta, resposta após resposta, o mitoentrar realsbetque haviam sido levados para camposentrar realsbetreassentamento - no qual muita gente no país acreditava na época - foi desmoronando, e eles perceberam que aqueles livros eram praticamente um registroentrar realsbetmortos.

Oskar Krasnansky, da resistência judaica, foi enviado para conversar com eles.

Ele se apresentou e perguntou logoentrar realsbetcara: "Como vou saber que vocês não estão fantasiando e que não estou perdendo meu tempo?"

Vrba mostrou a ele o antebraço; e Wetzler, o peito.

Ator mostrando a marcaentrar realsbetidentificação da Vrba
Legenda da foto, A identificação dos prisioneiros nos camposentrar realsbetconcentração nazistas era feita principalmente com números - inicialmente marcadosentrar realsbetseus uniformes, mas depois tatuados na pele

Eles estavam marcados com os números 44070 e 29162, respectivamente.

Krasnansky não entendeu.

entrar realsbet Krasnansky: Por que você está tatuado no braço, e você, no peito?

entrar realsbet Wetzler: As tatuagens no peito eram feitas com uma grande brutalidade. Muita gente desmaiava.

entrar realsbet Krasnansky: Foi por isso que começaram a tatuar as pessoas no braço?

entrar realsbet Wetzler: Não, fizeram isso porque as tatuagens no peito desapareciam muito rápido.

entrar realsbet Krasnansky: Vocês precisam me contar tudo. Todos os detalhes que sabem sobre Auschwitz-Birkenau.

grey_new

A partir desse momento, cada um teve que dar seu depoimento individualmente, no intuitoentrar realsbetcomprovar se a versão era a mesma, e ser submetido a um rigoroso interrogatório sobre suas revelações.

Inimaginável

Hojeentrar realsbetdia é muito fácil fechar os olhos e imaginar um campoentrar realsbetextermínio nazista. Já vimosentrar realsbetfotos, filmes, documentários. Muita gente até visitou esses lugares.

Mas era realmente complexo entender exatamente o que estava acontecendo com as informações desencontradas que tinham aparecido até então.

Auschwitz

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Há 75 anos, ninguém imaginava o que acontecia atrás deste portão

Auschwitz não era um nome familiar no inícioentrar realsbet1944.

As pessoas sabiam que os judeus estavam sendo levados para a Polônia. A resistência polonesa tinha conseguido obter algumas informações sobre o campo, mas,entrar realsbetgeral, elas eram fragmentadas e, às vezes, contraditórias.

O interrogatórioentrar realsbetVrba e Wetzler foi meticulosamente registrado, comoentrar realsbetum tribunalentrar realsbetjustiça.

O profissionalismo com que Krasnansky conduziu todo o processo indica que ele sabia que as informações que estava obtendo eram decisivas.

De fato, o interrogatório foi feito com a ideiaentrar realsbetregistrar uma acusação legal.

grey_new

entrar realsbet Krasnansky: Como você escapou?

entrar realsbet Vrba: Nos metemos na floresta e caminhamos sozinhos à noite.

entrar realsbet Krasnansky: Quanto tempo você ficouentrar realsbetAuschwitz?

entrar realsbet Vrba: Chegueientrar realsbet30entrar realsbetjunhoentrar realsbet1942.

entrar realsbet Krasnansky: Ouvimos rumoresentrar realsbetque judeus são assinadosentrar realsbetmassaentrar realsbetcâmarasentrar realsbetgás e eletrocutados.

entrar realsbet Vrba: O arame do perímetro é eletrificado. Há câmarasentrar realsbetgás.

entrar realsbet Krasnansky: Prossiga

entrar realsbet Vrba: Quatro câmarasentrar realsbetgás com crematórios para incinerar (os corpos). O primeiro crematório foi inauguradoentrar realsbetmarçoentrar realsbet1943, quando convidados importantesentrar realsbetBerlim chegaram para conhecer as novas instalações. Naquele dia, viram 8 mil judeus da Cracóvia sendo asfixiados e queimados. Ficaram muito satisfeitos com o resultado.

entrar realsbet Krasnansky: Como você sabe tudo isso?

entrar realsbet Vrba: Trabalhei como registrador na parte Birkenau do campo. Minhas tarefas diárias incluíam registrar as pessoas que sobreviviam à viagementrar realsbettrem e que, ao chegar a Auschwitz, não haviam sido selecionadas para o gás.

Também obtive informações sobre a operação precisa das câmarasentrar realsbetgás e crematórios com um dos Sonderkommando.

entrar realsbet Krasnansky: Sonderkommando?

entrar realsbet Vrba: Você realmente não sabeentrar realsbetnada, né?

grey_new

Os prisioneirosentrar realsbetAuschwitz-Birkenau que tinham mais conhecimento sobre o que estava acontecendo nas câmarasentrar realsbetgás e nos crematórios eram os membros do chamado Sonderkommando (comandos especiais).

Em geral, eram judeus obrigados pela SS a ajudar na remoção dos corpos das vítimas das câmarasentrar realsbetgás, sob ameaçaentrar realsbetmorte.

Campoentrar realsbetconcentraciónentrar realsbetAuschwitz: vistaentrar realsbetBirkenau — foto tirada por guarda da SS

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Campoentrar realsbetconcentraciónentrar realsbetAuschwitz: vistaentrar realsbetBirkenau — foto tirada por guarda da SS

Auschwitz era um lugar enorme, que se desenvolveu ao longo do tempo eentrar realsbetmaneiras diferentes.

O primeiro campo, Auschwitz I, foi abertoentrar realsbet1940. Mais tarde, eles acrescentaram Birkenau, a alguns quilômetrosentrar realsbetdistância, onde ficavam as câmarasentrar realsbetgás e o crematório.

As informações que Vrba e Wetzler forneceram — como, por exemplo, a arquitetura do campo, os métodosentrar realsbetextermínioentrar realsbetmassa e até nomesentrar realsbetprisioneiros — eram surpreendentemente precisas.

grey_new

entrar realsbet Vrba: No fimentrar realsbetjaneiro, uma grande levaentrar realsbetjudeus franceses e holandeses foi enviada a Auschwitz. Mas apenas uma pequena parcela deles chegou ao campo.

entrar realsbet Krasnansky: O que aconteceu com o resto deles?

entrar realsbet Vrba: Foram diretamente dos trens para as câmarasentrar realsbetgás.

entrar realsbet Krasnansky: Você mesmo viu essas seleções?

entrar realsbet Vrba: Sim. Eu pertencia a um grupoentrar realsbettrabalho que me levou a um lugar chamado "a rampa", onde os trens entravam, às vezes um por dia, às vezes cinco, às vezes a noite toda.

Meu trabalho era cuidar dos pertences dos judeus que eram selecionados para o gás e coletar os corpos dos vagõesentrar realsbetgadoentrar realsbetque eram transportados.

Mulheres, crianças, idosos, pessoas que eles não consideravam aptas, eram enviadas diretamente para as câmarasentrar realsbetgás. Os mais aptos eram separados e deixados vivos para trabalhar.

entrar realsbet Krasnansky: Quantos?

entrar realsbet Vrba: Variava. Uma pequena porcentagem, cercaentrar realsbet5% das mulheres e 10% dos homens [eram salvos das câmarasentrar realsbetgás].

entrar realsbet Krasnansky: Tudo isso era feito à força?

entrar realsbet Vrba: Às vezes, mas geralmente não. Quero enfatizar que as pessoas que chegavam não tinham ideiaentrar realsbetonde estavam. Desciam do trem sem saber o que havia acontecido com aqueles que chegaram algumas horas antes.

entrar realsbet Krasnansky: Como a SS lidava com essas chegadas?

entrar realsbet Vrba: Já te disse. As pessoas eram enviadas para o gásentrar realsbetBirkenau. Algumas (chegavam) assustadas e desorientadas. Outras, quase aliviadas, dependendoentrar realsbetcomo a SS as recebia.

Às vezes, eles eram duros, usavam cacetetes, cães, gritavam. Outras vezes, os recebiam dizendo: "Que bom que chegaram! Lamentamos que não tenha sido muito confortável. As coisas vão mudar agora".

Foto tirada pelos nazistas mostra uma levaentrar realsbetprisioneiros levados ao campoentrar realsbetconcentraçãoentrar realsbetAuschwitz

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Foto tirada pelos nazistas mostra uma levaentrar realsbetprisioneiros levados ao campoentrar realsbetconcentraçãoentrar realsbetAuschwitz
grey_new

'O que está por vir'

Vrba e Wetzler estavam descrevendoentrar realsbetdetalhes um genocídio.

Estavam implorando para as pessoas acreditarementrar realsbetalgo inacreditável.

O auge do depoimento foi quando revelaram um dos planos nazistas para Auschwitz-Birkenau.

grey_new

entrar realsbet Vrba: Eles estão se preparando para o extermínioentrar realsbetjudeus húngaros.

entrar realsbet Krasnansky: Como você sabe disso?

entrar realsbet Vrba: É por isso que eles construíram novos crematórios e ampliaram a rampa.

entrar realsbet Krasnansky: Como você sabe que a intenção é matar os judeus húngaros?

entrar realsbet Vrba: Pela SS. Eles falam isso.

entrar realsbet Krasnansky: Com você?

entrar realsbet Vrba: Não, eu sou lixo. Eles conversam um com o outro. Escutei maisentrar realsbetuma vez.

entrar realsbet Krasnansky: Tem certeza que você ouviu isso? Preciso perguntar: você tem certeza?

entrar realsbet Vrba: Ouvi isso maisentrar realsbetuma vez. Por isso sabia que precisava escapar. Para alertar as pessoas sobre o que está por vir.

grey_new

A Hungria tinha uma das maiores populaçõesentrar realsbetjudeus da Europa, entre 750 mil e 800 mil judeus.

Eles foram submetidos a leis antijudaicas, o antissemitismo era generalizado entre a população, e milharesentrar realsbetjudeus húngaros morreram após serem forçados a servirentrar realsbetbatalhõesentrar realsbettrabalho na frente oriental da guerra.

O governo húngaro havia resistido, no entanto, às exigências nazistasentrar realsbetentregarentrar realsbetpopulaçãoentrar realsbetjudeus. Mas,entrar realsbetmarçoentrar realsbet1944, as tropas alemãs invadiram o país.

O recado urgente que Vrba e Wetzler queriam dar aos judeus na Hungria era que não deveriam se deixar enganar pelas promessas nazistas.

"Quase um milhãoentrar realsbethúngaros vão morrer", destacou Vrba.

"Auschwitz está pronto para a chegada deles. Você precisa informá-los imediatamente!"

O horror escrito à mão

Vrba e Wetzler sabiam que precisavam convencer o mundoentrar realsbetque o que haviam vivido estava realmente acontecendo.

Foi ideia deles redigir um relatório que pudesse ser distribuído e exibido como evidência.

Eles queriam incluir todas as provas possíveis, incluindo desenhos.

Esboçoentrar realsbetVrba e Wetzler
Legenda da foto, Um dos esboços feitos por Vrba e Wetzler, mostrando a localização aproximadaentrar realsbetAuschwitz-Birkenau, suas câmarasentrar realsbetgás e crematório

O testemunho comovente deles se tornou um relatório detalhado por escrito, sem nenhum indícioentrar realsbetemoção: os números e as descrições eram mais que suficientes para retratar o horror.

O relatório Vrba-Wetzler, também conhecido como Protocoloentrar realsbetAuschwitz, foi originalmente escrito à mão eentrar realsbeteslovaco.

Krasnansky datilografou o documento e o traduziu simultaneamente para o alemão. A tradução para o inglês foi baseada nessa versão.

Os nazistas haviam mantido seu programaentrar realsbetextermínioentrar realsbetsigilo, para evitar a resistência e a interrupção dos trens.

Mas ele já não era mais segredo.

Graças ao documento, ativistas judeus na Eslováquia tomaram conhecimento dos planos nazistas para os judeus húngaros.

A informação precisava, no entanto, chegar mais longe. E isso não era fácil.

A última coisa que a Alemanha queria era que essa informação fosse divulgada.

Desenho do crematório, incluído no relatório Vrba-Wetzler
Legenda da foto, Desenho do crematório, incluído no relatório Vrba-Wetzler

Em 27entrar realsbetabrilentrar realsbet1944, o alertaentrar realsbetVrba se tornou realidade: os primeiros 4 mil judeus foram enviadosentrar realsbettrem da Hungria para Auschwitz.

Na primeira semanaentrar realsbetmaioentrar realsbet1944, o Protocolo chegou às mãosentrar realsbetMichael Weissmandl, que trabalhava secretamente para a resistência judaica na capital eslovaca.

Weissmandl começou a enviar o relatório para todos os lugaresentrar realsbetque conseguia pensar: para a Agência Judaicaentrar realsbetJerusalém, para Londres, com alguma sorte para os Estados Unidos.

Na linhaentrar realsbetfrenteentrar realsbetguerra

Na primaveraentrar realsbet1944, o mundo tinha pouco conhecimento sobre o que estava acontecendo com os judeus da Hungria.

A atenção estava voltada para outro lugar: a guerra havia atingido um momento crítico.

Os Estados Unidos e o Reino Unido estavam focados nos preparativos para o Dia D, considerado decisivo para o fim da guerra.

O país americano estavaentrar realsbetmeio a um esforço hercúleo na Guerra do Pacífico. E sabia que, à medida que se aproximava do Japão, tudo seria cada vez mais difícil, uma vez que os japoneses eram conhecidos como combatentes impetuosos.

Do outro lado da Europa, as tropas soviéticas estavam a todo vapor - Josef Stalin destruiu basicamente todo o exército alemão.

O grande dilema moral

Enquanto os Aliados se concentravam na linhaentrar realsbetfrenteentrar realsbetbatalha, o Protocolo ganhava força.

O rabino Weissmandl conseguiu enviar o documento e acrescentou uma anotação dramática, que transformou a questão sobre o que fazer com o campoentrar realsbetextermínioentrar realsbetum dos grandes dilemas morais do século 20.

Ele solicitava veementemente que as forças aéreas aliadas bombardeassem Auschwitz. Não foi o único - mas, sem dúvida, o primeiro a fazer isso.

Auschwitz

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dilema: arriscar matar prisioneiros inocentes para salvar outras pessoas do mesmo destino?

O documento enviado por Weissmandl chegou ao Conselho para Refugiadosentrar realsbetGuerra na Suíça, um país neutro.

O Conselho para Refugiadosentrar realsbetGuerra foi criado pelo ex-presidente americano Franklin Roosevelt no inícioentrar realsbet1944 e era a única organização no mundo que tinha a tarefa específicaentrar realsbetresgatar judeus.

A solicitação era assustadora, uma vez que o pedido era para bombardear um lugarentrar realsbetque seu próprio povo estava preso.

Ainda assim, outras vozes na Eslováquia e na Hungria começaram a encorajar que partes vitais das linhas ferroviárias fossem bombardeadas.

Também pediram que os camposentrar realsbetAuschwitz e Birkenau, especialmente as câmarasentrar realsbetgás e os crematórios - reconhecidos por suas altas chaminés - fossem alvoentrar realsbetbombardeios aéreos.

A lógica era que, para deter a matança, era preciso destruir o instrumento que usavam para executá-la.

Mas isso significava bombardear civis que deviam ser resgatados.

Era um salto moral para o desconhecido.

Como a Suíça estava completamente cercada por territórios nazistas, a Juntaentrar realsbetRefugiados só conseguiu enviar um resumo do Protocolo para seu escritórioentrar realsbetWashington, junto a um pedido para bombardear Auschwitz.

Com o documento, um telegrama dizia: "Assim que possível, vocês receberão tudo".

Missão: exterminar seres humanos

Enquanto isso, Auschwitz-Birkenau chegava ao seu ápice.

Fotografia sem data tirada secretamente pela Organizaçãoentrar realsbetResistência clandestina no campoentrar realsbetAuschwitz-Birkenau, mostrando como os prisioneiros foram forçados a incinerar os cadáveres do ladoentrar realsbetfora quando os crematórios estavam lotados

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Fotografia sem data tirada secretamente pela Organizaçãoentrar realsbetResistência clandestina no campoentrar realsbetAuschwitz-Birkenau, mostrando como os prisioneiros foram forçados a incinerar os cadáveres do ladoentrar realsbetfora quando os crematórios estavam lotados

Antes do verãoentrar realsbet1944, Auschwitz não era o mais mortal dos camposentrar realsbetextermínio nazistas.

Eles haviam matado mais judeusentrar realsbetTreblinka (entre 750 mil e 900 milentrar realsbet17 meses) eentrar realsbetBelzec (600 milentrar realsbetmenosentrar realsbet10 meses).

Em 1943, os nazistas fecharam os dois campos. A missãoentrar realsbetambos, o extermínioentrar realsbetjudeus poloneses, havia sido concluída.

Mas durante o verãoentrar realsbet1944, Auschwitz superou todos os outros camposentrar realsbetextermínio: nunca antes tantos seres humanos foram assassinados num curto períodoentrar realsbettempo quanto entre maio e julhoentrar realsbet1944.

Um totalentrar realsbet437.402 judeus foram enviados principalmente para Birkenauentrar realsbet147 trens ao longoentrar realsbet54 dias — uma médiaentrar realsbet2,7 trens por dia, com 2.975 judeus por trem.

grey_new

Enquanto o Protocolo estava nos Estados Unidos, no Reino Unido, o então secretárioentrar realsbetRelações Exteriores, Anthony Eden, e o primeiro-ministro, Winston Churchill, se mostraram a favor, a princípio,entrar realsbetbombardear Auschwitz com o objetivoentrar realsbetdeslocar a máquinaentrar realsbetaniquilação e salvar do extermínio os 300 mil judeus húngaros que restavam.

Os britânicos nunca realizaram o bombardeio, no entanto.

Atacar um campoentrar realsbetconcentração cheioentrar realsbetcivis inocentes e presos injustamente não representava apenas um dilema moral para os aliados.

Havia vários pontosentrar realsbetvista - um deles ecoava o que dizia um memorando interno do Departamentoentrar realsbetGuerra dos EUA:

"Devemos ter sempreentrar realsbetmente que o alívio mais eficaz que pode ser dado às vítimas da perseguição do inimigo é garantir a derrota imediata do Eixo".

Outra vertente eraentrar realsbetque a missãoentrar realsbetbombardeio exigiria um desvio inaceitávelentrar realsbetrecursos, como escreveu o subsecretárioentrar realsbetguerra americano John J. McCloyentrar realsbetagostoentrar realsbet1944,entrar realsbetresposta à pergunta do Conselho para Refugiadosentrar realsbetGuerra sobre se era possível bombardear Auschwitz:

"Após um estudo, ficou claro que tal operação só poderia ser executada a partir do desvioentrar realsbetum considerável reforço aéreo, essencial para o sucessoentrar realsbetnossas tropas, envolvidas agoraentrar realsbetoperações decisivasentrar realsbetoutros lugares e,entrar realsbetqualquer maneira, teria uma eficácia tão duvidosa que não justificaria o usoentrar realsbetnossos recursos."

"Existe uma ideia considerávelentrar realsbetque esse esforço, mesmo que fosse possível, poderia provocar uma reaçãoentrar realsbetvingança ainda maior por parte dos alemães".

O debate era genuíno entre aqueles que insistiamentrar realsbetsalvar quem estava vivo e que imploravam para evitar a extinçãoentrar realsbettodo um povo; entre aqueles que queriam continuar a ofensiva contra a Alemanha sem desvios, uma vez que o destino do mundo estavaentrar realsbetjogo, e aqueles que queriam provar com o bombardeio que, para esse mesmo mundo, o que estava acontecendoentrar realsbetAuschwitz era inaceitável.

E entre essas vozes, era possível identificar frequentemente o antissemitismo que permeava as decisões da época.

Por fim...

Embora o planoentrar realsbetatacar o campoentrar realsbetextermínio tenha sido finalmente descartado,entrar realsbet13entrar realsbetsetembroentrar realsbet1944, os Aliados bombardearam Auschwitz-Birkenau.

Cercaentrar realsbet2 mil bombas foram lançadas sobre o local.

Dezenasentrar realsbetprisioneiros morreram, centenas ficaram feridos.

Mas o bombardeio não foi intencional.

O alvo era a fábricaentrar realsbetóleo sintético IG Farben, a menosentrar realsbet8 quilômetros a lesteentrar realsbetBirkenau.

Auschwitz nunca foi uma prioridade.

Trabalhadores escravizadosentrar realsbetseus leitos no campoentrar realsbetconcentração após a libertaçãoentrar realsbetabrilentrar realsbet1945. Nesta foto, está Elie Wiesel, futuro vencedor do Nobel da Paz, sétimo a partir esquerda, na segunda fileiraentrar realsbetbeliches, junto à vigaentrar realsbetmadeira

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Trabalhadores escravizadosentrar realsbetseus leitos no campoentrar realsbetconcentração após a libertaçãoentrar realsbetabrilentrar realsbet1945. Nesta foto, está Elie Wiesel, futuro vencedor do Nobel da Paz, sétimo a partir esquerda, na segunda fileiraentrar realsbetbeliches, junto à vigaentrar realsbetmadeira

Elie Wiesel, escritor e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, estava preso naquela épocaentrar realsbetBuna-Monowitz (Auschwitz III), o campoentrar realsbettrabalhos forçadosentrar realsbetAuschwitz, e escreveu o seguinte sobre o bombardeio:

"Já não tínhamos medo da morte; pelo menos não dessa morte. Cada bomba nos enchiaentrar realsbetalegria e nos dava nova confiança na vida."

A história completa

Em abrilentrar realsbet1944, Vrba e Wetzler escaparamentrar realsbetAuschwitz para alertar o mundo sobre o extermínioentrar realsbetjudeus húngaros.

Em setembro, nada havia sido feito ainda.

O exército americano libertou a Suíça, que estava cercada por territórios controlados pelas potências do Eixo, no fimentrar realsbetsetembro - e o Conselho para Refugiadosentrar realsbetGuerra finalmente conseguiu enviar o Protocolo na íntegra para o escritórioentrar realsbetWashington.

John Pehle, o diretor, recebeu o documentoentrar realsbetnovembro e estremeceu da cabeça aos pés.

Aquilo era Auschwitz. Um lugar onde coisas terríveis aconteciam.

grey_new

As vítimas desafortunadas eram levadas até o corredor, onde pediam a elas para se despir.

Cada pessoa recebia uma toalha e um pedaço pequenoentrar realsbetsabão, entregues por dois homens vestidosentrar realsbetjaleco branco. E logo se amontoavam nas câmarasentrar realsbetgás, só havia espaço para ficarementrar realsbetpé.

Quando estavam todos lá dentro, eles fechavam a pesada porta.

Havia uma breve pausa.

Depois, homens da SS com máscarasentrar realsbetgás subiam no teto, abriam um compartimento e agitavam uma espécieentrar realsbetpó que estavaentrar realsbetlatas com a etiqueta "Zyklon, para uso contra vermes", fabricado por uma empresaentrar realsbetHamburgo.

Essa misturaentrar realsbetcianeto se transformaentrar realsbetgás a certas temperaturas.

Depoisentrar realsbettrês minutos... todos na câmara estavam mortos.

(Trecho do relatório Vrba-Wetzler)

Prisioneiros mortos nas câmarasentrar realsbetgásentrar realsbetAuschwitz — fotografiaentrar realsbet1944

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Prisioneiros mortos nas câmarasentrar realsbetgásentrar realsbetAuschwitz - fotografiaentrar realsbet1944
grey_new

Pehle não podia forçar o Departamentoentrar realsbetGuerra a agir. Então, vazou a versão completa do Protocolo para os jornais, com uma cartaentrar realsbetapresentação.

"As atrocidades alemãs são tão repugnantes e diabólicas que é difícil para a menteentrar realsbetpessoas civilizadas acreditar que elas realmente aconteceram."

"Fizemos muito pouco e fizemos tarde demais."

No diaentrar realsbetque a informação foi divulgada ao povo americano, os nazistas destruíram as câmarasentrar realsbetgás na tentativaentrar realsbeteliminar as evidências - mas não funcionou.

Dois meses depois,entrar realsbet27entrar realsbetjaneiroentrar realsbet1945, Auschwitz foi libertado pelo Exército Vermelho.

Os soldados soviéticos que invadiram o campoentrar realsbetextermínio compreenderam o horror do que acontecia ali, muito além do que qualquer relato seria capazentrar realsbetdescrever.

Línea

Crédito, Getty Images

entrar realsbet Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube entrar realsbet ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosentrar realsbetautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaentrar realsbetusoentrar realsbetcookies e os termosentrar realsbetprivacidade do Google YouTube antesentrar realsbetconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueentrar realsbet"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoentrar realsbetterceiros pode conter publicidade

Finalentrar realsbetYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosentrar realsbetautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaentrar realsbetusoentrar realsbetcookies e os termosentrar realsbetprivacidade do Google YouTube antesentrar realsbetconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueentrar realsbet"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoentrar realsbetterceiros pode conter publicidade

Finalentrar realsbetYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosentrar realsbetautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticaentrar realsbetusoentrar realsbetcookies e os termosentrar realsbetprivacidade do Google YouTube antesentrar realsbetconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueentrar realsbet"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdoentrar realsbetterceiros pode conter publicidade

Finalentrar realsbetYouTube post, 3