Diabetes não é doença sóbetano aposta virtualadulto: Brasil é 3º país com mais casos entre crianças e adolescentes:betano aposta virtual

"Como era verão, não fiquei tão preocupada assim, achei que era por causa do calor. Fora que uma semana antes tínhamos ido ao pediatra e estava tudo bem", conta a mãe, a representantebetano aposta virtualvendas Erika Crapino Lopes,betano aposta virtual47 anos.

O menino, então, começou a perder peso. "Foi aí que vimos que tinha, sim, alguma coisa errada. No hospital, quando mediram a glicemia, ela estava 415 mg/dl. Ele fez outros exames e o médico nos informou que o diagnóstico era diabetes tipo 1 e que precisariabetano aposta virtualinternação. Foram sete dias na UTI e mais três no quarto", complementa.

Crianças e adolescentes diabéticos

Caroline e Pedro Henrique fazem partebetano aposta virtualuma turma que só cresce no mundo, obetano aposta virtualcrianças e adolescentes diabéticos.

O 9º IDF Diabetes Atlas, divulgado recentemente pela Federação Internacional da Diabetes (a IDF, organização que congrega associações especializadas na doençabetano aposta virtual168 países), aponta que 1,1 milhãobetano aposta virtualmeninos e meninas com menosbetano aposta virtual20 anos têm o tipo 1 da doença no mundo, e a estimativa ébetano aposta virtualque o aumento anual globalbetano aposta virtualcasos sejabetano aposta virtualtornobetano aposta virtual3%.

Na América Latina, 127,2 mil convivem com a diabetes, e o país com mais registros é o Brasil: 95,5 mil casos. No ranking global, o país só perdebetano aposta virtualnúmerobetano aposta virtualcasos para os Estados Unidos e a Índia - os números, no entanto, não demonstram maior incidência da doença entre os brasileiros;betano aposta virtualacordo com a IDF, a posição do país entre os primeiros do ranking se deve ao tamanhobetano aposta virtualsua população.

Segundo o relatório da IDF, cercabetano aposta virtual98,2 mil crianças e adolescentes com menosbetano aposta virtual15 anos são diagnosticados com diabetes tipo 1 a cada ano - o número sobe para 128,9 mil quando a faixa etária se estende até os 20 anos.

"Nos últimos 10 anos, a prevalênciabetano aposta virtualdiabetes tipo 1 aumentou 14 vezesbetano aposta virtualcrianças e adolescentes. Nesse grupo, é a doença crônica endocrinológica mais frequente e a segunda ou a terceira doença crônica pediátrica, dependendo da população, mais frequente", afirma Raphael Del Roio Liberatore Júnior, endocrinologista pediátrico e professor da Faculdadebetano aposta virtualMedicinabetano aposta virtualRibeirão Preto da USP.

Segundo o IDF, há evidênciasbetano aposta virtualque o diabetes tipo 2, que é mais frequentebetano aposta virtualadultos, também esteja aumentando entre crianças e adolescentes. Não há, entretanto, dados estatísticos confiáveis que confirmem isso.

Razões do crescimento

Mas por que a diabetes infantil está crescendo tanto, e no mundo todo?

Em seu relatório anual, o IDF diz que esse fenômeno "é motivado por uma complexa interação entre fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos".

Liberatore Júnior diz que as causas exatas ainda não são totalmente conhecidas, mas existem teorias. "A principal é o aumento do peso da população", comenta o médico.

Para se ter uma ideia, no Brasil, a Pesquisabetano aposta virtualVigilânciabetano aposta virtualFatoresbetano aposta virtualRisco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel),betano aposta virtual2018, do Ministério da Saúde, revela que a obesidade cresceu 67,8% nos últimos treze anos, saltandobetano aposta virtual11,8% da populaçãobetano aposta virtual2006 para 19,8%betano aposta virtual2018.

Em se tratandobetano aposta virtualcrianças com idade entre 5 e 9 anos, os dados apontam que 3 a cada 10 delas estão acima do peso.

"A obesidade é o fatorbetano aposta virtualrisco mais importante para o diabetes tipo 2 porque gera uma situaçãobetano aposta virtualresistência à ação da insulina, ou seja, o corpo não consegue usá-la para controlar adequadamente os níveisbetano aposta virtualaçúcar no sangue", explica o endocrinologista.

No caso do tipo 1 da doença, esclarece Karla Melo, doutorabetano aposta virtualendocrinologia e membro da diretoria da Sociedade Brasileirabetano aposta virtualDiabetes (SBD), a ação do excessobetano aposta virtualpeso se dábetano aposta virtualforma indireta.

"Em uma criança que já tenha predisposição genética para a enfermidade, o excessobetano aposta virtualpeso pode deflagar a reação imune à insulina oubetano aposta virtualforma mais precoce ou mais intensa", explica a médica.

Ainda sobre o diabetes tipo 1, mais uma explicação para abetano aposta virtualmaior prevalência,betano aposta virtualacordo com Liberatore Júnior, é a teoria (ou hipótese) da higiene.

Apresentada pelo médico inglês David Strachan,betano aposta virtual1989, ela sugere que meninos e meninas que não têm seus sistemas imunológicos estimulados desde cedo, por não entrarembetano aposta virtualcontato com micro-organismos presentes na natureza e viverembetano aposta virtualambientes extremamente limpos e estéreis, são mais propensos a desenvolver algumas patologias.

"Isso faz com que se contraiam menos doenças infecciosas e se produzam menos anticorpos contra o meio externo. Aí, como o sistema imune não tem inimigos fora, ele começa a destruir a partebetano aposta virtualdentro, atacando o próprio organismo", complementa o endocrinologista pediátrico.

Diabetes tipo 1 e tipo 2

O diabetes é uma doença crônica causada pela produção insuficiente ou pela má absorçãobetano aposta virtualinsulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo, tendo como consequência a elevação do nívelbetano aposta virtualaçúcar no corpo - o normal, para uma pessoa saudável ebetano aposta virtualjejum, é abaixobetano aposta virtual100 mg/dl.

Quando esse quadro prossegue por longos períodos, pode causar danos gravesbetano aposta virtualdiversos órgãos, vasos sanguíneos e nervos.

Na listabetano aposta virtualcomplicações estão doenças cardiovasculares, insuficiência renal crônica, potenciais amputações dos membros inferiores, problemas na visão, acometimento dos nervos (neuropatia periférica) e cetoacidose diabética - quando processo do corpo para compensar a ausênciabetano aposta virtualinsulina acaba por deixar o sangue ácido. O riscobetano aposta virtualmorte também é grande.

Os tiposbetano aposta virtualdiabetes que acometem crianças e adolescentes são o 1 e o 2. O 1,betano aposta virtualacordo com a SBD, se dá quando o próprio sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, fazendo com que pouca ou nenhuma quantidade do hormônio seja liberada para o corpo.

Seus principais sintomas são sede constante, vontadebetano aposta virtualurinar diversas vezes ao dia, alterações no apetite, perdabetano aposta virtualpeso (mesmo comendo mais), fraqueza e fadiga.

O tratamento é feito com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas.

O tipo 2, porbetano aposta virtualvez, ocorre quando o corpo não consegue aproveitar adequadamente a insulina produzida ou não a produzbetano aposta virtualquantidade suficiente para controlar a taxabetano aposta virtualglicemia.

Os sintomas, apesarbetano aposta virtualmenos perceptíveis, são basicamente os mesmos do anterior, acrescidobetano aposta virtualformigamento nos pés e nas mãos, infecções frequentes na bexiga, nos rins e na pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.

Normalmente, o controle se dá com atividade física e planejamento alimentar. Casos mais graves exigem o usobetano aposta virtualinsulina e/ou outros medicamentos.

Embora não exista cura, Denise Reis Franco, diretora da ONG ADJ Diabetes Brasil, destaca que vários progressos ocorreram nos últimos anos.

"Foram desenvolvidas, por exemplo, insulinas mais modernas e eficazes e novos aparelhos domiciliares para mediçãobetano aposta virtualglicose e aplicaçãobetano aposta virtualinsulina. Aos poucos, o diabético está tendo mais opções, que facilitam o tratamento, e isso é importantíssimo porque o maior desafio ainda é o controle do índice glicêmico, sobretudo entre os adolescentes", diz.

Apesar disso, a especialista explica que o mais importante é prevenir o diabetes, com a adoçãobetano aposta virtualhábitos saudáveis.

"Isso inclui controle do peso, dieta equilibrada, ricabetano aposta virtualverduras, legumes e frutas e com reduçãobetano aposta virtualsal, açúcar e gorduras, e a prática regularbetano aposta virtualatividade física,betano aposta virtualacordo com cada faixa etária", finaliza.

Caroline e Pedro Henrique: vigilância diária

Lidando com o diabetes tipo 1 há alguns anos, Caroline e Pedro Henrique fazem tratamento com insulina e precisam checar a glicemia todos os dias.

Para a medição, ambos usam um sistemabetano aposta virtualmonitoramento contínuobetano aposta virtualglicose (um pequeno sensor descartável inserido na pele). Já para a aplicação, ela utiliza a bombabetano aposta virtualinfusão e ele, a canetabetano aposta virtualinsulina.

Parte fundamental da terapia é uma dieta saudável. Nas refeições, Caroline também precisa fazer a contagembetano aposta virtualcarboidratos, para saber a quantidade exatabetano aposta virtualinsulina que deve ser utilizada.

No casobetano aposta virtualPedro Henrique, por ainda estar na chamada fasebetano aposta virtual"luabetano aposta virtualmel da diabetes" - quando é possível controlar os níveisbetano aposta virtualaçúcar no sangue apenas com o tratamento com insulina -, isso, por enquanto, não é necessário.

Apesarbetano aposta virtualtodo o controle, as mães revelam quebetano aposta virtualvezbetano aposta virtualquando permitem que os filhos comam algumas guloseimas, especialmentebetano aposta virtualfestasbetano aposta virtualaniversário.

"Em certas ocasiões, a Caroline come um pedaçobetano aposta virtualbolo, um brigadeiro, uma fatiabetano aposta virtualpizza... mas depois precisamos fazer a correção com a insulina. Por isso, temosbetano aposta virtualsaber exatamente tudo o que ela consome todos os dias e o dia todo", conta Ana Paula.

Erika diz que evita proibições: "O meu medo é eu não deixar e o Pedro comer escondido. Prefiro ensiná-lo a se alimentar corretamente e saber o que ele coloca na boca".

Depois do baque inicial com a notícia da doença, as duas famílias tiverambetano aposta virtualse adaptar ao tratamento e à nova rotina, mas, atualmente, afirmam que conseguem conviver relativamente bem o problema.

"É uma luta diária, mas fazemosbetano aposta virtualtudo para que a nossa filha tenha a vida mais normal possível. E para que ela não se sinta sozinha, participamosbetano aposta virtualvários grupos e eventos sobre diabetes e incentivamos que ela tenha contato com outras crianças diabéticas", conta Ana Paula.

"O Pedro, num primeiro momento, não lidou bem com o diagnóstico, aí o levei para a terapia", relata Erika. "Hoje, ele é bem consciente e entende o que acontece no seu corpo. Claro que não dá para esquecer que ele tem uma doença, mas precisamos seguir a vida. A minha esperança é que no futuro descubram a cura ou, ao menos, uma terapia que maltrate menos as crianças."