CoronaVac: como eficácia da vacina se compara a outros imunizantes já aplicados no Brasil?:poker a

"Sabe o que é mais importante que qualquer vacina? A estratégiapoker avacinação. É ela que vai nos permitir ter muito menos mortespoker a2021", contextualiza a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileirapoker aImunizações (SBIm).

Eficácia x efetividade

A taxapoker aeficácia global da vacina é determinada a partir dos estudos clínicospoker afase 3, os últimos antes da aprovação pelas agências regulatórias, caso da Anvisa no Brasil e da FDA nos Estados Unidos.

Normalmente, esse trabalhopoker apesquisa demora anos para ser concluído. Porém,poker ameio a uma pandemia, os prazos podem ser apertados e os cientistas fazem análises preliminares com um número menorpoker avoluntários.

Grosso modo, a análise preliminar compara quantos participantes do estudo que contraíram a covid-19poker aacordo com dois grupos: aqueles que tomaram a vacinapoker averdade e aqueles que receberam dosespoker aplacebo, uma substância sem efeito no organismo.

Espera-se que as pessoas vacinadas estejam mais protegidas da infecção pelo coronavíruspoker arelação àquelas que não foram imunizadas.

A partir daí, é possível realizar um cálculo relativamente simples, que vai determinar essa taxapoker aeficácia.

Esse número, porém, é uma informação obtida a partirpoker aum estudo científico, num ambiente controlado e acompanhadopoker aperto por um timepoker aespecialistas.

Na vida real, a eficácia é substituída pela efetividade. Em resumo, esse conceito permite entender o quanto daquilo que foi observado durante os testes acontecepoker averdade, no mundo real.

A efetividade, portanto, pode ser maior ou menor, a dependerpoker auma sériepoker avariáveis e coisas que acontecem durante um programa amplopoker avacinação. O desejável é que ela fique o mais próximo possível da taxapoker aeficácia encontrada lá no início, durante os estudos.

E como a CoronaVac se encaixa nisso?

A vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovacpoker aparceria com o Instituto Butantan está justamente neste estágiopoker aanálise preliminar das pesquisas.

Nos testespoker afase 3, 85 voluntários do grupo vacinado e 167 do grupo placebo tiveram a covid-19. Esses números revelam, portanto, uma taxapoker aeficáciapoker a50,38%.

No trabalho do Butantan, os casos foram divididospoker aacordo com apoker agravidade: desde aqueles muito leves, que não requerem nenhum cuidado, até os mais graves, que exigem internaçãopoker aunidadepoker aterapia intensiva (UTI).

Outra observação importante da pesquisa foi que a CoronaVac se mostrou capazpoker aevitar os quadros moderados ou graves da infecção pelo coronavírus.

Pelas informações disponíveis até o momento, houve uma reduçãopoker a78% nos casos leves, que necessitampoker aalgum tipopoker aassistência médica.

Do pontopoker avistapoker asaúde pública, os especialistas acreditam que isso pode ter um enorme impacto. Afinal, uma redução da taxapoker ainternações (e, por consequência,poker aóbitos) pode representar um alívio imenso durante uma pandemia.

Jápoker auma perspectiva individual, os dados da CoronaVac indicam que ela teria a capacidadepoker atransformar uma doença potencialmente fatal numa infecção mais branda e fácilpoker aser manejada.

E isso, como você verá a seguir, é um racional que se aplica a diversas outras vacinas que já temos disponíveis contra outras doenças.

Número baixo, efeito bom

Existe uma sériepoker aoutras vacinas que fazem parte do Programa Nacionalpoker aImunização cuja eficácia não chega nem perto dos 90%.

As vacinas que protegem contra rotavírus, influenza, coqueluche e catapora são exemplos disso.

Ballalai lembra que o rotavírus, agente que afeta o intestino e provoca diarreia, era um verdadeiro pesadelo no Brasil. "Não tinha uma criança que chegava aos dois anospoker avida sem ter sofrido ao menos um episódio dessa infecção", relata.

A vacina, disponibilizada no país a partirpoker a2006, modificou totalmente esse cenário. Hojepoker adia, os surtos são muito raros no país.

Detalhe: a eficácia da vacina contra o rotavírus fica entre 40 e 50%. "No entanto, ela tem a capacidadepoker aevitar os quadros graves da doença, que podem levar a hospitalização e até a morte", completa a médica.

O mesmo se aplica a outros imunizantes, como aqueles que protegem contra influenza, coqueluche e catapora.

No caso da campanha contra gripe, a formulação da vacina muda a cada nova temporada,poker aacordo com as cepas do vírus que estãopoker amaior circulação naquele outono/inverno.

Em alguns anos, a taxapoker aeficácia das doses usadas nas campanhas anuais nem alcança os 40% (em anos "bons", varia entre 60 e 90%).

Porém, ao evitar o agravamento do quadro, especialmentepoker agrupos vulneráveis como os idosos, uma estratégiapoker avacinação ampla contra o influenza impede que a doença mate muita gente e tenha impacto grande demais para a capacidade do sistemapoker asaúde.

Claro que há outras vacinas cuja taxapoker aeficácia ultrapassa os 90%. É o caso daquelas que protegem contra a hepatite A, a hepatite B, o HPV, a febre amarela e a poliomielite.

Mas elas também dependempoker auma boa cobertura vacinal (a proporção do público-alvo que tomou suas doses) para evitar que o agente infeccioso continue circulando no país oupoker adeterminada comunidade.

E as outras vacinas contra a covid-19?

O anúnciopoker auma eficáciapoker acerca de50,4% feito pelo Instituto Butantan pode até parecer frustrante num primeiro momento — ainda mais depoispoker atoda a confusão com a divulgação do dado e a comparação inevitável com outras concorrentes, como Pfizer (95%poker aeficácia), Moderna (94%), Sputnik V (90%) e AstraZeneca/Oxford (62 a 90%).

Apesar disso, especialistas garantem que o número mais baixo não significa que a CoronaVac seja menos valiosa ou possa ser descartada no atual momento.

"Além disso, ninguém olhou com tanto detalhe para as outras vacinas como estão fazendo agora com o Instituto Butantan. No casopoker aPfizer, Moderna, Oxford/AstraZeneca, só sabemos da eficácia geral. Não podemos deixar que a politização sobre esses dados crie uma desconfiança na população", critica Ballalai.

Vale dizer que a CoronaVac, alémpoker ase mostrar bastante segura e não provocar efeitos colaterais dignospoker anota até o momento, apresenta alguns benefícios do pontopoker avista operacional e logístico. Ela é mais barata, está sendo produzida no Brasil e não precisapoker aarmazenamentopoker atemperaturas baixíssimas.

Isso significa que a disponibilidadepoker asuas doses aos brasileiros parece estar muito mais próxima da realidade — e isso teria um benefício mais imediato no enfrentamento da pandemia.

O médico Marcio Sommer Bittencourt, do Hospital Universitário da Universidadepoker aSão Paulo, resumiu a questãopoker auma sériepoker apostagens no Twitter. "Sendo simplista, se vacinar 1 milhão [de pessoas] com vacina que reduz 95%, o máximo que você protegeu foi 950 mil pessoas. Se vacinar 200 milhões com uma vacina que reduz 50%, você protege até 100 milhõespoker apessoas".

Ballalai reforça: "Volto a repetir: ter vacina é bom, mas o que elimina a doença é a estratégiapoker avacinação. Até agora, das candidatas mais avançadas, todas são muito promissoras".

Os dados da análise preliminar da CoronaVac foram enviados para a Anvisa na última sexta-feira (8/01). A agência deve dar um veredicto sobre seu uso no Brasil nos próximos dias.

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