'O YouTube influencia o jeitobr betano com appfalar da minha filha':br betano com app

Crédito, Arquivo Pessoal
Sem ir à escola e sem encontrar os amigos, a menina passou a se distrair consumindo principalmente vídeosbr betano com appjovens youtubers jogando (e narrando) games populares entre as crianças. A maioria dos que ela acompanha ébr betano com appSão Paulo.
"Na pandemia, houve um contato maior com esse conteúdo e acho que influenciou. Essa geração tem características próprias na fala relacionadas ao mundo online, até na formabr betano com appse comunicar quando vão gravar um vídeo com o celular", diz a mãebr betano com appAnita.
Essa percepção não é restrita à família potiguar. Uma busca nas redes sociais leva a postsbr betano com apppais relatando um suposto "sotaque do YouTube"br betano com appseus filhos.
"Meu filhobr betano com app5 anos passou a falar como alguém do interiorbr betano com appSão Paulo. Só pode ter aprendido no YouTube. Foi muito engraçado quando percebi", relata a arquiteta Elisa*, do Riobr betano com appJaneiro, sobre o comportamento do filho Bruno*.
Mas será que o intenso consumobr betano com appvídeos nas redes sociais é capaz, sozinho,br betano com appmudar o jeitobr betano com appuma criança falar?
A resposta é mais complexa que um "sim" ou "não".
Qual a influência do YouTube?
A primeira coisa que precisamos terbr betano com appmente é que o "sotaque"br betano com appuma pessoa vai bem além do usobr betano com appnovas expressões ou da forma como ela constrói uma frase.

Crédito, Getty Images
O sotaque tem a ver com a forma que pronunciamos as palavras — como emitimos o som, onde posicionamos a língua — na horabr betano com appfalar.
O fonoaudiólogo e linguista Leonardo Lopes, presidente da Sociedade Brasileirabr betano com appFonoaudiologia (SBFa), explica que o usobr betano com appnovas palavras e gírias ou a maneirabr betano com appformular frases exigem um "nívelbr betano com appatenção menos refinado" — ou seja, identificamos essas diferenças regionais rapidamente quando ouvimos e somos capazesbr betano com appreproduzi-las no nosso próprio modobr betano com appfalar.
Já o sotaque contempla propriedades acústicas mais refinadas, nuances muito discretas que às vezes nem percebemos — e, para "imitarmos" naturalmente, seria necessário certo nívelbr betano com appinteração com o falante dessa variante.
Estudos feitos nos EUA que compararam a percepção e aquisiçãobr betano com applinguagem mostram diferenças significativas quando crianças são expostas a telas ou quando elas interagem presencialmente com o interlocutor.
"Ou seja, uma mera exposição a um conteúdobr betano com appvídeo não seria capazbr betano com appmodificar o sotaquebr betano com appuma criança. A pronúncia necessita da interatividade", explica Lopes.
"A exposição a vídeos com pessoasbr betano com appoutras regiões pode afetar a questão dialetal, o que inclui o vocabulário, expressões idiomáticas, o modobr betano com appformular uma frase".
Isso quer dizer que o intenso consumobr betano com appvídeos pode fazer com que a expressão "oxe" — popularbr betano com appvários Estados nordestinos — faça cada vez mais parte do vocabuláriobr betano com apppessoas do Sudeste. Mas não seria capazbr betano com appfazr com que um paulista fale um "ti" ou um "di" bem marcado, característico na pronúnciabr betano com appum paraibano, por exemplo.

Crédito, Eliana Nascimento/Arquivo Pessoal
Essa influência específica no vocabulário é sentida na casabr betano com appElisa, casada com um paulistano-catarinense e moradora do Riobr betano com appJaneiro. O filho Bruno,br betano com app5 anos, já passou um período usando expressões nordestinas, mas hoje está indo mais pro lado das paulistas.
"Com a pandemia, ele ficou muitobr betano com appcasa no tablet, vendo conteúdobr betano com appyoutubers como Gabriel Dearo [de Ribeirão Preto, SP]. Antes ele via mais gamers do Nordeste. Então a gente vai percebendo essa mudançabr betano com appacordo com o que ele assiste", diz.
O sotaque, ressalta Lopes, é formado até por volta dos 7 anosbr betano com appidade. Para ocorrer uma mudança depois desse tempo, é necessário um período longobr betano com appexposição a outras variantes linguísticas ou um contexto social específico.
Por exemplo, as pessoas podem mudar a formabr betano com appfalar, mesmo involuntariamente, para se incluir num determinado grupo social (quando se mudam para algum lugar) ou para se adequar a uma situaçãobr betano com appfala (se é uma conversabr betano com appamigos, uma palestra ou uma gravação do Instagram).
Na casabr betano com appOdyle, a família percebeu que Anita falabr betano com appum jeito diferente se está gravando um vídeo — e que a garota também vive "fases"br betano com appfalar uma ou outra expressão. "Depois do relaxamentobr betano com appalgumas medidasbr betano com appisolamento, percebemos que voltou mais ao 'normal'".
Aprendendo com Youtubers
O pequeno Theo,br betano com app8 anos, é um finlandês com raízes brasileiras. A mãe, a maranhense Eliana Nascimento, sempre fez questãobr betano com appfalarbr betano com appportuguês com o filho ebr betano com appcolocá-lobr betano com appcontato com a família no Brasil.
Mas, apesarbr betano com appter virado fluente no idioma mesmo morando na fria Turku, Theo passa longebr betano com appfalar como a mãe. O garoto desenvolveu uma formabr betano com appfalar muito próximabr betano com appEstados como São Paulo — o que a mãe acredita ter a ver com o YouTube.

"Quando era novinho, já percebia que ele tentava imitar personagens da Galinha Pintadinha. Ele foi ficando mais velho e isso foi mudando para outros youtubers brasileirosbr betano com appgames a que ele começou a assistir".
Aos 6 anos, quando começou a jogar Minecraft, Theo se aproximou mais ainda do conteúdobr betano com appportuguês.
"Ele usa expressões que eu nunca usei nem ninguém da minha família, como 'deu ruim'. A entonação, o ritmo, eu sinto que ele imita os youtubers." Segundo Eliana, amigas que moram no Brasil também têm essa percepção, mesmo com os filhos criados no Maranhão.
Para Abdelhak Razky, com doutoradobr betano com applinguística pela Universitébr betano com appToulouse Le Mirail e membro do projeto Atlas Linguístico do Brasil, os pais muitas vezes esquecem que a língua não é algo fixo, estático — nem a nossa formabr betano com appfalar.
"Há uma mudançabr betano com appcurso no Brasil e no mundo sobre a fala que circula entre adultos e crianças, então podemos imaginar que o vocabulário muda e pode perder alguns traços dialetais nas crianças por vários motivos. As redes sociais podem ser um dos fatores que aceleram essa mudança", diz.
O mundo globalizado, com mais trocas entre pessoasbr betano com appdiferentes regiões, está levando o Brasil a ter um sotaque mais homogeneizado, na opiniãobr betano com appLeonardo Lopes, da SBFa.
Ao relembrar a infância, Eliana, hoje com 38 anos, reflete que também era exposta a produtos audiovisuais com sotaques que não eram o maranhense, mas que nunca falou parecido com os apresentadores.
"Hoje há muita exposição ao YouTube. Na televisão, não eram usadas tantas gírias. Alguns apresentadores faziam aulasbr betano com appdicção para perder sotaque. Na internet, tudo é livre", opina.
Lopes, que pesquisou no doutorado justamente a relação da audiência com as variantes linguísticasbr betano com appapresentadoresbr betano com apptelejornais, reflete que o mundo conectado tem aumentado a nossa tolerância com os diferentes dialetos.
"Esse processo social,br betano com appcontato linguístico, tem essa parte positiva: há valorização da diversidade linguística, e isso é importante para que as pessoas parembr betano com appsofrer preconceito por causa dabr betano com appfala".
*Nomes trocados a pedido da entrevistada

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