O que causa os soluços e o que fazer para eles pararem:betesportiva

Crédito, Getty Images
Estima-se que soluços levem a 4 mil internações hospitalares por ano nos Estados Unidos — não há dados disponíveis sobre o Brasil. Em geral, recomenda-se que se procure assistência médica quando o episódio durar maisbetesportiva48 horas.
Entenda abaixo os principais tiposbetesportivasoluço, possíveis medidas para a versão mais conhecida, tratamentos para a forma persistente, a relação com a covid-19 e o papel dele no desenvolvimento das crianças.
Qual é a função do soluço e quais são seus tipos?
Quando respiramos, fazemos um movimentobetesportivaexpansão e retração dos pulmões. Ao inspirarmos, o diafragma se contrai e desce, os músculos intercostais também se contraem levantando as costelas, aumentando o volume da caixa torácica e fazendo com que o ar entre nos pulmões. Ao expirarmos, o diafragma e os músculos intercostais relaxam, baixando as costelas e subindo o diafragma.
Mas o que o soluço tem a ver com a respiração? Bem, como dito acima, ele é uma contração repentina e involuntária do diafragma. Quando isso ocorre, ele se contrai, o pulmão se expande rapidamente e nós respiramos fundo. Mas essa correntebetesportivaar que entra é interrompida quando a abertura entre as pregas ou cordas vocais, a glote, fecha subitamente.
Curiosamente, é por meio da passagembetesportivaar pelas pregas vocais que, com a vibração, surge o som característicobetesportiva'hic'.

Crédito, KAI Productions
Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a função dos soluços. Uma das hipóteses é que eles sejam resquícios evolutivosbetesportivaancestrais da nossa espécie que viviam embaixo d'água. Para o antigo girino, explica o médico e apresentador da BBC Michael Mosley, o nervo que controlava esse reflexo tinha uma função útil, permitindo que a entrada do pulmão permanecesse aberta ao respirar o ar, mas fechando-o ao engolir água, que então seria direcionada apenas para as guelras.
E no caso dos mamíferos? Um grupobetesportivapesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, apontou recentemente uma possível explicação para o papel delesbetesportivafetos e recém-nascidos.
Segundo análisesbetesportivabebês prematuros por meiobetesportivaeletroencefalograma, os soluços podem ajudar o cérebrobetesportivauma criança a desenvolver conexões neuronais e aprender como monitorar os músculos envolvidos com a respiração — e assim poder controlá-los quando sentir necessidade.
No caso dos adultos, a presença desse reflexo seria novamente explicada como um resquício, mas desta vez, segundo essa hipótese, ligado à própria infância.
Os especialistas atualmente classificam os soluçosbetesportivatrês tipos a partirbetesportivasua duração: agudo/transitório/episódico, persistente ou intratável.
"A grande maioria dos soluços são benignos, e autolimitados, ou seja, aliviam por si só", explica Nicollas Nunes Rabelo, professor, neurocirurgião e diretor da SBN Ligas Acadêmicas da Sociedade BrasileirabetesportivaNeurocirurgia,betesportivaentrevista à BBC News Brasil. Esse primeiro tipo é o agudo ou transitório, o mais comum e curto (não passabetesportivadois dias). A incidência dele não varia muitobetesportivarelação à idade ou ao sexo.
A segunda categoria é a persistente, que dura maisbetesportivadois dias e pode ser um sinalbetesportivadoenças ou outras condiçõesbetesportivasaúde que demandam investigação médica. "O soluço persistente muitas vezes está associado a irritação do nervo frênico, pelas alterações gástricas, doenças abdominais, como os refluxos. Do pontobetesportivavista neurológico, está associado a lesões cerebrais graves, traumatismos, acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), hemorragia cerebral e tumores cerebrais", explica Nunes Rabelo.
O terceiro e último tipo é o chamado intratável. Ele dura maisbetesportivaum mês e pode acarretar consequências significativas na vida do paciente, como dificuldadebetesportivafalar, exaustão física e mental, insônia e desnutrição. Também demanda avaliação médica e pode ser sintomabetesportivadoenças ou outras condiçõesbetesportivasaúde.
Para Nunes Rabelo, o termo mais adequado para definir essa categoria seria "refratário ao tratamento". "Ou seja, já foram tentadas todas as terapêuticas e não se obteve sucesso."
O segundo e o terceiro tipos, segundo alguns estudos, costumam aparecer maisbetesportivahomens acimabetesportiva60 anos.
O que pode causar soluços?
Há diversas causas possíveis para os três tipos citados acima.
No caso do soluço agudo e temporário, a origem pode estar ligada a questões mecânicas, por exemplo. Entre elas, comer apressadamente grandes quantidadesbetesportivacomida, falar muito ao comer ou beber, ingerir alimentos bastante picantes ou fazer mudanças bruscas na ingestão (como alternarbetesportivauma refeição muito quente para outra muito fria). Outras das possíveis causas são distensão abdominal, tabagismo, consumo excessivobetesportivaálcool oubetesportivabebidas gaseificadas e fatores emocionais.
Isso tudo pode gerar uma irritação do diafragma, afetando o nervo frênico ou o nervo vago, que são duas das estruturas periféricas do sistema nervoso que fazem a comunicação entre o corpo e o cérebro. O nervo frênico, por exemplo, é responsável por transmitir e controlar informações ligadas à respiração.
No caso do soluço persistente (que durabetesportiva2 a 30 dias), ele também pode ser causado por uma irritação ou lesão dos nervos frênicos e vagos, mas há diversas outras possibilidades envolvidas. Por isso é importante que o caso seja avaliado por um médico.
Uma das possíveis associações envolve o refluxo esofágico, mas este pode ser tanto uma causa quanto uma consequência do soluço persistente. Estima-se que 12% da população brasileira seja afetada pelo refluxo gastroesofágico, quebetesportivalinhas gerais se dá quando parte do conteúdo ingerido retorna do estômago para o esôfago junto com o suco gástrico, causando inflamação no órgão.
Como dito anteriormente, há maisbetesportiva100 possíveis causasbetesportivasoluços persistentes ou resistentes ao tratamento (chamadosbetesportivaintratáveis), entre elas medicamentos, anestésicos, procedimentos (como endoscopias), usobetesportivasubstâncias (como tabaco e álcool) e doenças.
Um estudobetesportivadois pesquisadores da Universidade MédicabetesportivaWakayama, no Japão, por exemplo, apontou que pacientes com doençabetesportivaParkinson têm uma taxabetesportivasoluços até 20% maior do que pessoas que não têm essa doença neurológica crônica e progressiva que, segundo estimativas, atinge maisbetesportiva200 mil pessoas no Brasil.
Os soluços também foram associados a casosbetesportivacovid-19. Tanto como manifestação neurológica da doença ou da pneumoniabetesportivasi quanto como efeito colateral do tratamento com o corticoide dexametasona, usado para combater inflamações.
O antibiótico azitromicina, amplamente utilizado no Brasil contra a covid-19 (mesmo sem eficácia comprovada), também pode causar soluços persistentes.
Há também registrosbetesportivacasos ligados a câncer, ansiedade, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, infarto do miocárdio, distúrbios metabólicos, insuficiência renal, entre outras doenças e os medicamentos utilizados para tratá-las. Caberá a um médico investigar as possíveis origens dessa condição, e a partir daí traçar um tratamento.
Em julho deste ano, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, passou por um episódiobetesportivasoluço persistente, que durou maisbetesportivadez dias e afetou inclusive a capacidade delebetesportivase comunicar. À época, o mandatário atribuiu a causa dessa condição a medicamentos e a um implante dentário que ele havia feito.
Segundo Lúcio Lucas, chefe do centro cirúrgico do Hospital Sírio-LibanêsbetesportivaBrasília, "os soluços podem ser um sintomabetesportivaobstrução, especialmente quando esta acontecebetesportivaalgumas regiões do intestino delgado". Esse quadro estava possivelmente relacionado,betesportivaacordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil à época, às várias cirurgias que Bolsonaro precisou passar após sofrer uma facadabetesportiva2018.
Diversos casosbetesportivapessoas com soluços intratáveis chegam às manchetes dos jornais. A mais longa crisebetesportivasoluços conhecida, por exemplo, ocorreu com o americano Charles Osborne. A condição teve início depois que ele tentou pesar um suíno e durou 68 anos,betesportiva1922 a 1990. No início, ele soluçava cercabetesportiva40 vezes por minuto.
O caso ganhou notoriedade, chegou ao Livros dos Recordes Guinness e gerou uma enxurradabetesportivasugestõesbetesportivatratamentos e soluções caseiras, mas nenhuma delas surtiu efeito.

Crédito, Ali Seifi/Divulgação
O que fazer para acabar com o soluço?
Por ser uma condição bastante comum, o tratamento e a consulta médica só são indicados quando o soluço se torna persistente e incômodo, atrapalhando a fala, a ingestãobetesportivaalimentos e o sono, por exemplo.
Em avaliação clínica, o médico analisará o históricobetesportivasaúde do paciente, seu estilobetesportivavida e informações sobre eventuais procedimentos ou tratamentos a que ele foi submetido. Se houver necessidade, o profissionalbetesportivasaúde pode requisitar exames complementaresbetesportivadiagnóstico, como análises laboratoriais e exames endoscópicos.
"O correto a todo soluço é identificar se há uma causa-base que justifique o quadro, e iniciar tratamento específico com medicaçõesbetesportivaprimeira linha (que costumam funcionar para a grande maioria dos casos). Posteriormente, se for o caso, adota-se medicaçõesbetesportivasegunda linha e até mesmo procedimentos cirúrgicos", explicou Nunes Rabelo, da Sociedade BrasileirabetesportivaNeurocirurgia.
O tratamento pode envolver, por exemplo, relaxantes musculares centrais, antieméticos (classebetesportivamedicamentos que trata náuseas e vômitos) e antipsicóticos. Há também abordagens que envolvem manobras respiratórias, massagem carotídea, manobrabetesportivaValsalva e induçãobetesportivavômito, por exemplo.
Cada caso é um caso, e o tratamento com remédios sempre deve ser definido por um profissional especializado. Especialistas alertam para o riscobetesportivase automedicar, prática que pode agravar a condiçãobetesportivasaúde.
O sistemabetesportivasaúde britânico (NHS) divulga uma lista que orienta o que pode ser feito antes do usobetesportivamedicamentos ou outros tiposbetesportivatratamento. Mas o próprio órgão reconhece que não há evidênciasbetesportivaque essas abordagens funcionem para todo mundo:
- prender a respiração por um curto períodobetesportivatempo;
- beber água gelada;
- morder um limão ou experimentar vinagre;
- aproximar os joelhos até o peito e inclinar-se para frente;
- respirarbetesportivaum sacobetesportivapapel sem colocá-lo na cabeça;
- engolir um poucobetesportivaaçúcar granulado.
Algumas dessas alternativas estão ligadas ao nívelbetesportivaCO₂ (gás carbônico) no sangue. Quando essa concentração aumenta, ela pode ajudar a contrair o diafragma e acalmar o nervo frênico, interrompendo esse reflexo.
A ingestãobetesportivaágua gelada é associada tanto à mudançabetesportivavibração do diafragma quanto a um estímulo do nervo vago, que é ligado à secreçãobetesportivalíquidos digestivos e também afeta o diafragma.
Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, um susto pode mudar o ritmo da respiração, fazendo com que ele volte ao estado anterior ao soluço. A entrada bruscabetesportivaar provoca "um alerta que libera, na corrente sanguínea, um composto químico chamado catecolamina, que é capazbetesportivaregular o funcionamento do nervo frênico (responsável pelo processobetesportivainspiração do diafragma)".
Há outras recomendações não farmacológicas, como acupuntura, massagem do seio carotídeo (na região do pescoço), segurar os joelhos contra o peito e a manobrabetesportivaValsalva, técnica que consistebetesportivatentar soltar o ar enquanto se fecha a boca e o nariz ao mesmo tempo.
Há também equipamentos que podem tentar ajudar nessa tentativabetesportivacessar o soluço - como é o casobetesportivauma ferramentabetesportivasucção e deglutição inspiratória forçada (Fisst), que estimula os nervos frênico e vagobetesportivatorno da contração do diafragma.
Grosso modo, ele é uma espéciebetesportivacanudo que exige um esforço enormebetesportivasucção por causabetesportivauma válvulabetesportivapressão (cinco vezes maior do que o normal), e para fazer esse movimento é preciso contrair o diafragma.
"A pressãobetesportivasucção mais alta requer uma atividade mais alta do diafragma, o que evita os espasmos repentinos que causam soluços. Além disso, engolir a água dessa maneira requer atividade e coordenação dos músculos da caixa vocal, que também podem ser responsáveis por causar soluços. A atividade simultânea dos músculos do diafragma e da garganta reconfigura os nervos do cérebro, que são responsáveis por causar soluços, explicou à BBC News Brasil o médico e pesquisador Ali Seifi, professor do DepartamentobetesportivaNeurocirurgia da UniversidadebetesportivaSaúde do Texas,betesportivaSan Antonio.
Segundo ele, que inventou o dispositivo batizadobetesportivaHiccAway, estudos revisados por outros cientistas apontaram uma eficáciabetesportiva90%.
Há, por fim, também relatosbetesportivasoluções curiosas para parar os soluços.
Nos anos 1980, o médico americano Francis Fesmire, da Universidade do Tennessee (EUA), tentou diversas técnicas para conter as contraçõesbetesportivaum homem que chegou ao pronto-socorro reclamandobetesportivasoluçar até 30 vezes por minuto nos últimos três dias.
Num dado momento da consulta, o médico se lembroubetesportivaum caso publicado no ano anteriorbetesportivaque o batimento cardíaco aceleradobetesportivauma mulherbetesportiva71 anos foi desacelerado por um médico inserindo um dedobetesportivaseu ânus. Ele tentou o mesmo com o paciente que soluçava e funcionou.
O artigobetesportivaque relata o caso, publicadobetesportiva1988 com o título Términobetesportivasoluços intratáveis com massagem retal digital, o levou a ganhar um IgNobel, uma paródia do conceituado prêmio Nobel.
Ao receber o prêmio porbetesportivadescoberta, Fesmire disse ter percebido desde o feito que um orgasmo teria o mesmo efeito e poderia ser até preferível para alguns pacientes. Ambos os métodos teriam a funçãobetesportivaestimular o nervo vago e, por extensão, tentar conter os reflexos involuntários e constantes do diafragma.

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