Quem foi São Silvestre, o 1º papa do cristianismo ‘legalizado’ — e não tinha nada a ver com corrida:aposta 1 bonus

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A resposta à primeira pergunta é: pouco se sabe, já que se trataaposta 1 bonusuma figura tão antiga. E com várias informações que se confundem com lendas, como é praxe no casoaposta 1 bonussantos e afins.
Já a segunda questão pode ser respondida com um sonoro e sedentário não.
"O nome da corrida é uma homenagem a São Silvestre pelo fatoaposta 1 bonusela ocorrer no diaaposta 1 bonusque a Igreja comemora a festa desse santo. Não há qualquer relação deste papa com corrida", esclarece o estudiosoaposta 1 bonushagiografias Thiago Maerki, pesquisador da Universidade Federalaposta 1 bonusSão Paulo (Unifesp) e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos.
O papa da oficialização do cristianismo
Nascidoaposta 1 bonusRoma, Silvestre foi papaaposta 1 bonus31aposta 1 bonusjaneiroaposta 1 bonus315 até 31aposta 1 bonusdezembroaposta 1 bonus335. Em todo esse tempo, o imperador era Constantino.
Ou seja, ele foi "bispoaposta 1 bonusRomaaposta 1 bonusum períodoaposta 1 bonusglória para o cristianismo", afirma a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadoraaposta 1 bonushistória do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregorianaaposta 1 bonusRoma. Conforme ela ressalta, Constantino foi "o imperador que transformou o cristianismoaposta 1 bonusuma religião lícita".
Essa situação fezaposta 1 bonusSilvestre um papa "muito romano", como explica o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregorianaaposta 1 bonusRoma e vice-diretor do Lay Centreaposta 1 bonusRoma.
"Ele foi o papa da era Constantino, ou seja, o primeiro papaaposta 1 bonusuma Roma mais notável, uma Roma cristã, onde os cristãos não eram perseguidos", conta Domingues.
"Não foi um papa que realizou muitas coisas porque na época o imperador tinha um poderaposta 1 bonusdecisão grande", acrescenta ele.
"[Silvestre] foi o pontífice que combateu as primeiras heresias da Igreja", conta Medeiros. "Sua memória também está ligada às primeiras basílicas edificadas por Constantino,aposta 1 bonusRoma, e à lenda da famosa 'doaçãoaposta 1 bonusConstantino', um documento falso, atribuído àaposta 1 bonusautoria, que serviu para justificar as terras que estavam sob o domínio do papa, na Idade Média, as quais teriam sido repassadas por Constantino a Silvestre."
Sim, houve um documento, forjado, que justificava a posseaposta 1 bonusterras da Igreja que deram origem ao Vaticano — bem maior do que a área hoje ocupada — como uma doaçãoaposta 1 bonusConstantino a Silvestre.
"Quando descobriram que essa era uma invenção medieval, no século 16, era tarde demais. O papa já possuía um Estado Pontifício para chamaraposta 1 bonusseu que tomava grande parte da península itálica", relata a vaticanista.

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Maerki ressalta que "pouco sabemos sobre a figura históricaaposta 1 bonusSão Silvestre, já que, como é comum nas vidasaposta 1 bonussantos até a Idade Média, os fatos se misturam com elementos lendários".
"Sabemos que se tornou cristão durante a grande perseguiçãoaposta 1 bonusDiocleciano [imperador romano que governouaposta 1 bonus284 a 305] e que foi papaaposta 1 bonus314 a 335", pontua. "É certo também que esteve ausenteaposta 1 bonusimportantes concílios da Igreja, como oaposta 1 bonusArles,aposta 1 bonus314, e oaposta 1 bonusNiceia,aposta 1 bonus325."
Para o pesquisador, essas faltas talvez tenham ocorrido porque como esses concílios foram convocados pelo imperador Constantino, "Silvestre talvez pensasse que eles deveriam ser presididos pelos bispos locais, como era costume na Igreja da época".
Isso é um ponto importante: como bisposaposta 1 bonusRoma, os papas da época eram considerados os sucessoresaposta 1 bonusPedro — contudo, não tinham um poder hierárquico sistematizado como na Igreja Católica contemporânea.
A conversão do imperador
Há ainda uma outra história ligada à biografiaaposta 1 bonusSilvestre — com contornosaposta 1 bonuslenda.
"Teria sido Silvestre a batizar o imperador Constantino no leitoaposta 1 bonusmorte", diz a pesquisadora Medeiros.
"Mas há controvérsias a respeito desse eventoaposta 1 bonusparticular. As fontes que temos à disposição discordam entre si a respeito do ocorrido. Acredita-se que tenha sido, na verdade, um instrumentoaposta 1 bonuspropaganda para construir a imagemaposta 1 bonusbom cristão [do imperador]", diz Medeiros.
Maerki classifica o episódio,aposta 1 bonusque Silvestre teria sido "responsável pela conversãoaposta 1 bonusConstantino", como uma "tradicional narrativa lendária".
"Conta a lenda que o imperador estava tomado por lepra e fora orientado por sacerdotes pagãos a se banhar no sangueaposta 1 bonuscrianças inocentes. No entanto, os apóstolos Pedro e Paulo [mortos séculos antes] teriam aparecido a eleaposta 1 bonussonho e recomendado que procurasse Silvestre para que o santo lhe mostrasse o caminho da salvação", diz o pesquisador.
"Feito isso, teria recebido o batismo, se curado da lepra e, depois, teria criado leis favoráveis à Igreja, acabando com a perseguição aos cristãos. Este fato lendário contribuiu para a difusão da memóriaaposta 1 bonusSilvestre,aposta 1 bonussua famaaposta 1 bonussantidade eaposta 1 bonusseu culto ao longo da história", afirma Maerki.
Domingues lembra que "os historiadores tendem a dizer que a conversãoaposta 1 bonusConstantino foi muito mais um ato político do que um ato religioso". "A decisão deleaposta 1 bonusadotar o cristianismo não foi tantoaposta 1 bonusfé", diz.
Fato incontestável é que, com a conversão —aposta 1 bonuscoração ou apenas por formalidade —aposta 1 bonusConstantino, Roma passou a viver um períodoaposta 1 bonustranquilidade. "[Assim, Silvestre] é o papa que presenciou o fim da perseguição aos cristãos, determinado por Constantino comaposta 1 bonusconversão ao cristianismo, períodoaposta 1 bonusque a paz se estabeleceu", contextualiza o pesquisador e estudioso da vidaaposta 1 bonussantos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileiraaposta 1 bonusHagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.
Mas se tanto a narrativa da conversãoaposta 1 bonusConstantino e como a entregaaposta 1 bonusposses romanas para a Igreja são lendas, a relação pacíficaaposta 1 bonusSilvestre com o império são a explicação para muitas benfeitorias cristãs.
"Silvestre ficou com a famaaposta 1 bonuster sido uma pessoa muito boa para normalizar a fé da Igreja e recuperar o cristianismoaposta 1 bonusum processoaposta 1 bonuspacificação da religiãoaposta 1 bonusRoma", diz o vaticanista Domingues.
"Não deve ser verdade que Constantino 'entregou tudo' para o papa, mas parece que ele entregou, sim, muita coisa", aponta ele.
Prova disso é que igrejas importantesaposta 1 bonusRoma tiveram suas sedes originais erguidas no período.
"No pontificadoaposta 1 bonusSão Silvestre, a autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram os primeiros monumentos cristãos oficiais, como a Igreja do Santo Sepulcroaposta 1 bonusJerusalém e as primitivas basílicasaposta 1 bonusRoma, São Joãoaposta 1 bonusLatrão e São Pedro, além das igrejas dos Santos Apóstolosaposta 1 bonusConstantinopla. Poraposta 1 bonusação, poraposta 1 bonusvida e testemunho, podemos dizer, fora aclamado santo, modelo aos cristãos", afirma o hagiólogo Lira.
Santo das antigas

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"Por tudo isso, seu pontificado foi muito importante para a Igreja", ressalta Domingues.
O vaticanista lembra que essa importância está presente no imaginário romano, com diversas obras aludindo a esse religioso.
"Ele estáaposta 1 bonusmuitos mosaicos,aposta 1 bonusmuita arteaposta 1 bonusRoma porque representa justamente esse período da conversão, da transição da Roma não cristã, quando os cristãos eram perseguidos e os primeiros santos eram todos mártires, para uma Romaaposta 1 bonusque o cristianismo passava a ser legalizado e, mais tarde, institucionalizado", pontua.
"Antesaposta 1 bonusSilvestre, as 'igrejas' não existiam, os cristãos rezavam nas casas,aposta 1 bonuslugares isolados. É nesse período que elas começam a ser construídas", enfatiza o vaticanista.
Sua canonização, ou seja, o processo que o reconheceu como santo, foi fora dos protocolos atuais da Igreja, criados muito tempo depoisaposta 1 bonussua vida.
"Antigamente não existia uma cerimôniaaposta 1 bonuscanonização para reconhecer a santidadeaposta 1 bonusalguém, mas seus restos mortais eram cultuados pelos cristãos", explica Medeiros. "Digamos que, usando um termo moderno, ele era 'aclamado como santo', afinal, era assim que uma pessoa se tornava santa na antiguidade: por aclamação popular."
Silvestre consta já na primeira versão do martirológio romano, publicadaaposta 1 bonus1583 — o livro onde estão inscritos os nomes dos santos.
Nessa "lista que documentava o dia da morte e o local da sepultura dos primeiros cristãos", conta Medeiros, ficou atestado que "ele morreu no dia 31aposta 1 bonusdezembroaposta 1 bonus335 e, inicialmente, foi sepultado nas catacumbasaposta 1 bonusPriscila,aposta 1 bonusRoma".
"Atualmente, os ossos do santo são preservados na Igreja San Silvestro in Capite, tambémaposta 1 bonusRoma", esclarece a vaticanista.
"Não existem muitos dados sobre o porquê do reconhecimentoaposta 1 bonussua santidade", diz Lira. "Ainda não existiam as regras que tornaram mais complexas a causaaposta 1 bonusbeatificação eaposta 1 bonuscanonização, mesmo que direta."
Ele lembra que o martirológio romano registra apenas "São Silvestre Primeiro, papa, que dirigiu piamente a Igreja durante muitos anos, no tempoaposta 1 bonusque o imperador Constantino construiu as venerandas basílicas romanas e o Concílioaposta 1 bonusNiceia aclamou Cristo como Filhoaposta 1 bonusDeus. Neste dia [31aposta 1 bonusdezembro] foi sepultado o seu corpo no cemitérioaposta 1 bonusPriscila".
Maerki lembraaposta 1 bonusuma curiosidade, resultado quase óbvioaposta 1 bonusum períodoaposta 1 bonusque os cristãos não mais eram perseguidos pelos soldados romanos.
"São Silvestre foi o primeiro santo não mártir a ser venerado na Igreja romana", frisa ele. "Nos primeiros séculos da era cristã, ser mártir era uma prerrogativa para ser declarado santo."
O diaaposta 1 bonusSão Silvestre é 31aposta 1 bonusdezembro porque esta foi a dataaposta 1 bonussua morte. Mas naquela época não era a véspera do Ano Novo — 31aposta 1 bonusdezembro só se tornou o último dia do ano a partir do calendário gregoriano, promulgado pelo papa Gregório 13 (1502-1585)aposta 1 bonus24aposta 1 bonusfevereiroaposta 1 bonus1582.

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