A médica que quer mudar visão sobre a morte no século 21: 'Medicina não é suficiente':casa cassino carnaval
- André Biernath - @andre_biernath
- Da BBC News Brasilcasa cassino carnavalLondres
casa cassino carnaval Há algocasa cassino carnavalerrado na forma que lidamos com a morte e precisamos fazer alguma coisa para mudar isso.
Essa é a principal conclusãocasa cassino carnavalum relatório produzido pela Lancet Commission on the Value of Death, a Comissão sobre o Valor da Morte da revista científica Lancet, um grupocasa cassino carnavalespecialistas que se reuniu para investigar o que significa morrer nos tempos atuais.
O material, que recebeu o título sugestivocasa cassino carnaval"Trazendo a mortecasa cassino carnavalvolta à vida", foi publicado recentemente na Lancet, um dos principais periódicos científicos do mundo.
Logo nos primeiros parágrafos do artigo, os autores apontam que "a história do morrer no século 21 é cheiacasa cassino carnavalparadoxos".
"Enquanto muitas pessoas recebem tratamentos excessivos e fúteis nos hospitais, longe da família e da comunidade, outra parcela da população não tem acesso a nenhum tipocasa cassino carnavalterapia, nem para aliviar a dor, e morrecasa cassino carnavaldoenças preveníveis", escrevem.
A BBC News Brasil conversou com a médica inglesa Libby Sallnow, autora principal do relatório e especialistacasa cassino carnavalcuidados paliativos. Ela atua no serviço públicocasa cassino carnavalsaúde do Reino Unido, no St. Christopher Hospice, uma casacasa cassino carnavalcuidados para pacientes terminais, e nas universidadescasa cassino carnavalBruxelas, na Bélgica, e College London, na Inglaterra.
Confira os principais trechos da entrevista a seguir.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - No seu pontocasa cassino carnavalvista, o que é a morte?
casa cassino carnaval Libby Sallnow - Nós costumamos falar da morte como um evento. E, como mencionamos no artigo, a morte se tornou mais difícilcasa cassino carnavalacontecer, graças à tecnologia médica. Partes do corpo que antes falhavam, e definiam esse fim, agora podem ser substituídas por máquinas ou por novos órgãoscasa cassino carnavaltransplantes.
A tecnologia está ampliando os limites do que entendemos como morte. Mas,casa cassino carnavalforma geral, a morte é vista como um ponto final, um evento que acontece com todos.

Crédito, Arquivo pessoal
casa cassino carnaval BBC News Brasil - E o que é morrer?
casa cassino carnaval Sallnow - Morrer é um processo cujo entendimento fica muito mais aberto, especialmente na horacasa cassino carnavaldefinir o começo. Em termos médicos, falar que alguém está morrendo envolve os últimos dias, ou as últimas horas. Mas os cuidados paliativos podem começar a partir do diagnósticocasa cassino carnavaluma doença, ainda que a pessoa esteja se sentindo bem naquele momento.
Para algumas pessoas, morrer pode durar muito tempo mais. Alguns até acreditam que esse processo se inicia assim que nascemos. Afinal, a cada dia que passa, estamos mais próximoscasa cassino carnavalmorrer.
Essa resposta então vai depender da perspectivacasa cassino carnavalcada um e se você está analisando a questão do pontocasa cassino carnavalvista médico ou filosófico. Muitas pessoas que conheci na minha prática clínica me disseram que estavam morrendo. E isso não significava que a morte delas aconteceria nos próximos dias. Elas apenas queriam dizer que o processo já havia começado.
Como mencionei mais acima, definir o que é morrer se tornou mais difícil com o avanço da medicina. Antigamente, as pessoas estavam com uma doença ou sofriam um acidente e era bem mais fácilcasa cassino carnavaldizer se elas iam morrer ou se recuperar.
Agora, com as doenças crônicas, como a demência e a insuficiência cardíaca, falamoscasa cassino carnavalum processo que pode levar anos. Então o foco nesses casos é tentar viver bem, mesmo como uma enfermidade considerada terminal. Pode ser, inclusive, que você acabe morrendocasa cassino carnavaloutra coisa no caminho.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - É curioso como essa discussão ultrapassa as barreiras da ciência. O cantor e compositor brasileiro Gilberto Gil, por exemplo, tem uma músicacasa cassino carnavalque ele diz "não ter medo da morte, mas, sim, medocasa cassino carnavalmorrer"...
casa cassino carnaval Sallnow - Isso é muito interessantecasa cassino carnavalse pensar. A compreensão cultural do que morrer significa é geralmente mais poderosa do que o conceito técnico da medicina. As narrativas populares é que nos dão o contexto necessário para entender isso. Inclusive, o famoso cineasta americano Woody Allen tem uma frase famosa a esse respeito: "Eu não tenho medocasa cassino carnavalmorrer. Só não quero estar lá quando acontecer".
Sim, a morte é amedrontadora e desconhecida. Nós perdemos o controle e nos tornamos dependentes dos outros. Tudo isso vai contra a narrativa da nossa época,casa cassino carnavalque independência, força, autonomia e controle do corpo e das próprias decisões são tão importantes.
E isso me leva a uma outra discussão sobre o desconhecimento. Há uma noçãocasa cassino carnavalque a morte costumava ser mais familiar para muitas comunidades e culturascasa cassino carnavaltodo o mundo. As pessoas estavam acostumadas com o que era morrer.
Na minha profissão, vejo pessoas morrendo o tempo todo. Mas, fora desse contexto, especialmente nos países mais ricos, as pessoas não veem mais isso. Nós morremos cada vez mais tarde, o que é ótimo. Trata-secasa cassino carnavaluma conquista da medicina e da saúde pública.
Mas isso também significa que você pode ser muito mais velho quando vê a primeira pessoa mais próxima morrer. Isso pode ser muito assustador e no geral não se sabe muito bem quais são os sinais e como oferecer apoio nesse momento final.
Existe um padrão do que acontece quando a pessoa está nas suas últimas horas. Ocorre uma alteração no ritmo da respiração, há mudançascasa cassino carnavalfala e outros detalhes muito comuns. Mas, se você nunca viu isso antes, essa cena pode ser assustadora.
Isso faz com que os amigos e familiares enviem a pessoa que está morrendo para o hospital, porque há uma ideiacasa cassino carnavalque essa mudançacasa cassino carnavalpadrões do corpo não é natural. E, claro, elas têm medocasa cassino carnavalnão fazer a coisa certa pela pessoa que amam. Há um temorcasa cassino carnavalque o indivíduo está sofrendo e sem o apoio necessário. O resultado disso é o aumento das mortescasa cassino carnavalhospitais.

Crédito, Getty Images
Me parece que temos um enorme desafio pela frente. A morte se tornou tão desconhecida e fora do radar que isso nos leva a um círculo vicioso. Nós transferimos a responsabilidadecasa cassino carnavalcuidar da pessoa para o sistemacasa cassino carnavalsaúde, quando o fim da vida pode acontecer no confortocasa cassino carnavalcasacasa cassino carnavalmuitos casos.
De certa maneira, isso me lembracasa cassino carnavaltoda a discussão sobre o parto. Há uma medicalização do nascimento e também da morte. É claro que,casa cassino carnavalambos os casos, há um componente ligado à medicina, mas não podemos nos esquecer da importância da família e dos relacionamentos próximos nesses momentos-chave.
Nosso objetivo com a comissão foi mostrar que há algo errado. E precisamos, sim,casa cassino carnavalmedicações, cuidados paliativos e suporte à saúde na hora da morte. Mas isso não pode ser a única coisa que oferecemos.
Nós temos ótimos serviçoscasa cassino carnavalcuidados paliativos espalhados pelo mundo, mas às vezes sinto que essa é a única resposta que damos à morte. É claro que o indivíduo precisa desses cuidados,casa cassino carnavalremédios para a dor,casa cassino carnavaluma boa cama... Mas tudo isso são apenas ferramentas, uma maneiracasa cassino carnavalgarantir que elas tenham boas conversas com familiares e amigos, para que possam refletir sobre o sentido da vida e se preparar para morrer. Essas sim são as coisas grandes, os fatores existenciais e significativos.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - E como a senhora se interessou por esse assunto e direcionou a carreira para essa área?
casa cassino carnaval Sallnow - Quando eu era estudantecasa cassino carnavalmedicina, comecei a aprender sobre os cuidados paliativos. E, para mim, ser médica vai muito alémcasa cassino carnavalprescrever comprimidos. É claro que o tratamento é uma parte importante do meu trabalho, mas eu estava mais interessadacasa cassino carnavalentender como a comunidade, as relações e os contatos são promotorescasa cassino carnavalsaúde.
Existem muitos estudos comprovando que os sistemascasa cassino carnavalsaúde não constroem vidas mais saudáveis sozinhos. O importante é o ambiente. Os determinantes sociaiscasa cassino carnavalsaúde são muito mais poderosos para determinar a forma que vivemos e morremos.
Eu sempre vi a morte como um evento tão importante, pelo qual todos nós vamos passar. É uma certeza universal. E uma coisa que percebi como voluntáriacasa cassino carnavalum asilo era que ninguém falava sobre morrer. As pessoas tentavam esconder e fugir do assunto, o que só torna todo o processo mais difícil para nós mesmos.
Ainda quando era estudantecasa cassino carnavalmedicina, fui para a Índia e tive contato com um novo modelo sobre a morte,casa cassino carnavalque a comunidade estava no centrocasa cassino carnavaltudo. As pessoas estavam cientes do que é morrer e elas tiraram o controlecasa cassino carnavalmédicos e enfermeiros. Não tinha nada parecido com isso no Reino Unido, onde só víamos hospitais e casascasa cassino carnavalcuidado.
Eu voltei da Índia muito inspirada e com vontadecasa cassino carnavalmudar a visão que temos sobre o morrer. Há 20 anos, comecei a trabalhar com colegascasa cassino carnavalvárias partes do mundo para conhecer e desenvolver diferentes modelos para trazer a mortecasa cassino carnavalvolta ao controle da comunidade.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - Além da Índia, a senhora lembracasa cassino carnavaloutros modelos interessantescasa cassino carnavalcomo lidar com a mortecasa cassino carnavalforma mais saudável e sustentável?
casa cassino carnaval Sallnow - Na Áustria, há uma iniciativa chamada "últimos socorros", numa referência aos primeiros socorros aos quais estamos acostumados. A ideia é empoderar todo mundo sobre o que fazer diante da morte das pessoas.
Temos projetos que focam na comunidade e tentam mostrar como é possível ajudar os outros num momento como esse. Eles também ensinam o que acontece perto da morte, o que dizer para a pessoa e como dar o suporte adequado.
Existe também o projeto das doulas da morte, inspiradas nas doulas que fazem o parto. O interessante é que essa iniciativa foca nas mulheres mais velhas, que são aquelas que comumente mais tiveram contato com a morte dentro daquela comunidade. A ideia é que elas ensinem e promovam abordagens sobre o que falar para uma famíliacasa cassino carnavalluto e como identificar quando o processo natural da morte se inicia.
Por fim, há também um modelocasa cassino carnaval"alfabetização sobre a morte". A ideia é usar o conceito da alfabetizaçãocasa cassino carnavalsaúde, que nos ensina sobre a importância da dieta e dos exercícios físicos para prevenir as doenças. No caso da morte, a proposta é fazer planos para o futuro e avisar as pessoas próximas, por exemplo, se você não quer ir para uma Unidadecasa cassino carnavalTerapia Intensiva (UTI) ou não deseja fazer algum tratamento específico e não puder decidir na hora.

Crédito, Getty Images
casa cassino carnaval BBC News Brasil - Existe uma desigualdade na forma como a morte é abordadacasa cassino carnavalpaíses ricos e pobres?
casa cassino carnaval Sallnow - Sim, há uma enorme desigualdade. Se você só considerar a expectativacasa cassino carnavalvida, há uma diferençacasa cassino carnavaldécadas entre os índicescasa cassino carnavalnações ricas e pobres. Um dos participantes da nossa comissão vem do Malauí e a expectativacasa cassino carnavalvida lá é quase 20 anos mais baixacasa cassino carnavalrelação ao Reino Unido. Em outros países, essa disparidade é ainda maior.
Há diferenças significativas também se você analisar as principais causascasa cassino carnavalmortecasa cassino carnavalcada lugar. Nos mais pobres, há mais óbitos por conflitos, violência ou doenças e acidentes preveníveis. E ainda existe uma enorme desigualdade no acesso aos serviços e às políticas públicascasa cassino carnavalsaúde. Tudo isso ajuda a determinar como, quando e porque cada umcasa cassino carnavalnós vai morrer.
Mesmo para aquelas pessoas dos países mais pobres que têm acesso aos cuidados paliativos, a última disparidade chocante é a faltacasa cassino carnavalacesso a formascasa cassino carnavalaliviar a dor. Existem mapas mostrando como é a distribuiçãocasa cassino carnavalmorfina [remédio usado para aliviar esse sintoma] por várias partes do globo. No Canadá e nos Estados Unidos, acontece um uso além da conta. Já na Índia, na África e na Rússia temos uma falta desse medicamento. Então muitas pessoas ainda estão morrendo com dor, quando é possível aliviar esse sofrimento.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - A senhora mencionou o aumento da expectativacasa cassino carnavalvida nos últimos séculos. Como uma vida mais ampla modificou, para melhor e para pior, a nossa relação com a morte?
casa cassino carnaval Sallnow - A expectativacasa cassino carnavalvida é uma conquista da qual devemos nos orgulhar profundamente. E isso só foi possível graças à medicina, à saúde pública, à vacinação e às mudanças na habitação. Todos esses diferentes determinantes sociais contribuíramcasa cassino carnavalalguma maneira para isso, o que é brilhante e admirável.
Mas o problema agora é que morremos cada vez mais tarde e por doenças crônicas, e nãocasa cassino carnavalforma inesperada, por acidentes ou doenças preveníveis. Existe então uma transição,casa cassino carnavalque os óbitos ocorriamcasa cassino carnavalforma aguda ecasa cassino carnavalindivíduos mais jovens, para mortes por condições crônicas múltiplas, que levam dez ou mais anos. No cenário atual, a deterioração da saúde acontececasa cassino carnavalforma muito lenta.
Os sistemascasa cassino carnavalsaúde, porém, sofrem para lidar com essa transição. Porque eles são baseados num modelocasa cassino carnavalcuidado agudo. Acontece o diagnósticocasa cassino carnavaluma infecção oucasa cassino carnavaluma fratura no quadril, aquilo é tratado e, pronto, você recebe alta. Mas agora a tendência é precisarmos cada vez maiscasa cassino carnavalintervenções regulares, por muitos e muitos anos.
Isso revela a necessidadecasa cassino carnavalum novo modelocasa cassino carnavalsaúde. Porque estamos falando agoracasa cassino carnavalobesidade, tabagismo, transtornos mentais e várias outras condiçõescasa cassino carnavalque a prevenção é muito mais relevante que o tratamento.
Devemos trabalhar mais próximos da própria pessoa ecasa cassino carnavalseus familiares. Afinal, são eles que farão as escolhas no dia a dia. Já o modelo antigo, que imperou por pelo menos 50 anos, é muito mais paternalista. O médico fazia o diagnóstico, prescrevia o tratamento e só.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - Em muitas comunidades, falar sobre morte é um tabu. Esse é um fenômeno recente ou vemcasa cassino carnavaluma tradição antiga?
casa cassino carnaval Sallnow - Existem vários exemplos disso ao longo da história. Algumas tradições populares falam sobre a mortecasa cassino carnavalforma bem aberta. Há lugares que fazem funerais públicos, promovem conversas sobre o que há depois da vida e preparam as pessoas sobre o que é morrer. Outros lugares, na contramão, até falar a palavra morte já é sinalcasa cassino carnavalmá-sorte.
Um exemplo clássicocasa cassino carnavalcelebração daqueles que já se foram acontecem no México e no Japão. Mas existem também outros lugarescasa cassino carnavalque amigos e familiares visitam os túmulos e conversam constantemente sobre a pessoa que morreu, até no sentidocasa cassino carnavalmantê-la viva na formacasa cassino carnavalmemórias coletivas.

Crédito, Getty Images
Há comunidades que veem a morte como parte da vida. E outras que, por questões religiosas e culturais, não querem nem falar no assunto. Porém, mesmo nas sociedadescasa cassino carnavalque a morte é um tabu, existem maneirascasa cassino carnavalabordar o temacasa cassino carnavalforma indireta ou figurada. Afinal, os conceitos sobre a morte já estão lá, eles só não falam diretamente nisso.
Mas percebemos que existe atualmente um sentimento geralcasa cassino carnavalnão se falar abertamente sobre a morte. Isso se deve parcialmente ao fatocasa cassino carnavalas pessoas terem medo, mas também porque há um desconhecimento generalizado e uma ilusãocasa cassino carnavalque basta ir ao hospital para resolver todos os problemascasa cassino carnavalsaúde.
A morte é triste e ninguém quer perder as pessoas que ama. Não queremos minimizar issocasa cassino carnavaljeito nenhum. Mas, quando não falamos sobre o tema ou não nos preparamos para esse fato, isso é bastante prejudicial, já que não fazemos nenhum plano, não nos despedimos e quem fica não sabe como lidar com tudo.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - Nós estamos no meiocasa cassino carnavaluma pandemia,casa cassino carnavalque as imagenscasa cassino carnavalUTIs e pacientes intubados se tornaram comuns, assim como os números crescentescasa cassino carnavalmortes por covid. Isso nos aproximou ou nos afastou ainda mais do significadocasa cassino carnavalmorrer?
casa cassino carnaval Sallnow - A pandemia teve muitos impactos. Primeiro, ela escancarou diariamente nos jornais e nas televisões o que é morrer. Por um lado, isso aumentou o medocasa cassino carnavaltodos nós. Até porque a morte sempre foi apontada como a consequência derradeira da covid.
Por outro, toda essa crise reforçou a importânciacasa cassino carnavalestar conectadocasa cassino carnavaltempos tão difíceis. É só lembrar das imagenscasa cassino carnavalfuneraiscasa cassino carnavalque só uma pessoa podia estar presente, ou a ideiacasa cassino carnavalalguém morrendo sozinho, sem a família, isolado num hospital...
Isso tudo nos provou que a medicina não é suficiente para lidar com a morte. Você necessitacasa cassino carnavalum excelente sistemacasa cassino carnavalsaúde, mas as pessoas precisam estar próximas da família. Os laços sociais fortes são importantes demais para o bem-estarcasa cassino carnavaltodos. A pandemia então comprovou o quão ruim é estar sozinho e como a faltacasa cassino carnavalsuporte social pode ser destrutiva.
Num nível existencial, me parece que as pessoas estão mais reflexivas sobre o que significa a mortalidade nesse momento. Todos nos tornamos mais conscientes do papel da perda e da mortecasa cassino carnavalnossas vidas, já que muitos foram afetados pela partidacasa cassino carnavalalguém querido.

Crédito, Getty Images
casa cassino carnaval BBC News Brasil - E também não podemos ignorar o impacto que as mudanças climáticas terão no mundo nas próximas décadas. O efeito disso na perspectiva sobre a mortalidade pode ser parecido ao que vimos na pandemia?
casa cassino carnaval Sallnow - As mudanças climáticas desafiam a noçãocasa cassino carnavalque temos controle sobre a natureza. De certa maneira, há uma similaridade com a pandemia. Sentimos que estamos acima e mandamos na natureza, quando na verdade fazemos parte dela.
É preciso considerar que o excessocasa cassino carnavaltratamentos médicos e essa tentativacasa cassino carnavalestender a vida tem um grande custo financeiro. Isso porcasa cassino carnavalvez representa um enorme impacto no planeta, do pontocasa cassino carnavalvistacasa cassino carnavalrecursos naturais e da emissãocasa cassino carnavalcarbono. Em última análise, esse exagero pode levar a uma piora da situação global e provocar um aumento nas doenças e nas mortes. Ou seja, nossa busca por ampliar a vida hoje pode afetar a saúde das gerações futuras.
Devemos então colocar na balança o preço ético, financeiro e climáticocasa cassino carnavaltratamentos que não trazem benefícios claros ao paciente. E há muitas terapias fúteis que são oferecidas nos hospitais, especialmente nos momentos mais críticos, que não vão mudarcasa cassino carnavalnada a progressão do quadro.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - No primeiro relatório, vocês mencionam "os cinco princípioscasa cassino carnavaluma utopia realista". A senhora poderia explicar quais são eles e o que significam?
casa cassino carnaval Sallnow - Nós queremos ser esperançosos sobre o futuro, porque descrevemos muitas coisas que estão erradas e não funcionam. Nosso objetivo, então, foi propor como é possível mudar esse cenário para melhor.
Nós podemos nos inspirar nos sistemas que existem para outros problemas. O combate à obesidade, por exemplo, envolve uma sériecasa cassino carnavalpolíticas públicas diferentes com um objetivocasa cassino carnavalcomum. Tudo está conectado e precisamos entender essas questõescasa cassino carnavaluma maneira mais ampla.
O mesmo vale para o morrer. Não basta apenas ampliar a ofertacasa cassino carnavalcuidados paliativos ou focar só nas ações comunitárias. Há muitas e muitas áreas que precisam ser abordadas.
Nós definimos então cinco princípios que, se colocadoscasa cassino carnavalprática, podem mudar radicalmente a forma como as pessoas lidam com a morte e com o luto. Nós focamos nas desigualdades, no papel das relações sociais e das redescasa cassino carnavalcontato, a ideiacasa cassino carnavalque a morte não é apenas um evento fisiológico, mas envolve também questões espirituais e existenciais, e a propostacasa cassino carnavalque tudo isso deve ser abordadocasa cassino carnavaluma maneira que seja apropriado para cada cultura.

Crédito, Getty Images
Essas conversas sobre morrer são importantes para todos nós durante a vida. Então precisamos encontrar maneirascasa cassino carnavalintegrá-las no nosso dia a dia.
Há exemplos ao redor do mundocasa cassino carnavalque alguns aspectos dessa utopia realista já estão presentes. O que precisamos agora é começar a ampliar essas iniciativas, para que elas deixemcasa cassino carnavalser ações isoladas. A ideia é ver como podemos aprender e adaptar esses projetos para cada sociedade, sempre respeitando os aspectos culturais e religiosos.
casa cassino carnaval BBC News Brasil - A ideia da imortalidade é algo que a humanidade sempre perseguiu, e vemos issocasa cassino carnavalhistórias antigas e recentes. A senhora acha que chegará o diacasa cassino carnavalque seremos imortais? Ou vida e morte são eventos que estarão sempre conectados?
casa cassino carnaval Sallnow - A imortalidade sempre foi um sonho. Isso é histórico e está presente no nosso imaginário há milênios. Sempre existiram lendas sobre um elixir especial que você toma e rejuvenesce ou vive para sempre.
Mas eu diria que, no momento, diantecasa cassino carnavaltantas desigualdades que vemoscasa cassino carnavaltodo o mundo, nosso foco não deveria sercasa cassino carnavalestender ainda mais a vida daquele grupo minoritário que é capazcasa cassino carnavalpagar por isso, enquanto a maior parte do mundo ainda está morrendocasa cassino carnavaldoenças preveníveis.
Isso é uma questãocasa cassino carnavaljustiça social. Enquanto não nos assegurarmos que a maior parte do nosso mundo vivecasa cassino carnavalforma mais igualitária, é injusto investir tanto dinheiro na busca pela imortalidade.
Em segundo lugar, eu me questiono: onde essas pessoas que querem viver pra sempre acham que estão? Porque há um claro conflito entre mudanças climáticas e imortalidade.
A menos que mudemos radicalmente a forma que vivemos e consumimos os recursos do planeta, não haverá a menor possibilidadecasa cassino carnavalvivermos por 200 anos ou mais.

casa cassino carnaval Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal casa cassino carnaval .
casa cassino carnaval Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube casa cassino carnaval ? Inscreva-se no nosso canal!
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscasa cassino carnavalautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacasa cassino carnavalusocasa cassino carnavalcookies e os termoscasa cassino carnavalprivacidade do Google YouTube antescasa cassino carnavalconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecasa cassino carnaval"aceitar e continuar".
Finalcasa cassino carnavalYouTube post, 1
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscasa cassino carnavalautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacasa cassino carnavalusocasa cassino carnavalcookies e os termoscasa cassino carnavalprivacidade do Google YouTube antescasa cassino carnavalconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecasa cassino carnaval"aceitar e continuar".
Finalcasa cassino carnavalYouTube post, 2
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscasa cassino carnavalautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacasa cassino carnavalusocasa cassino carnavalcookies e os termoscasa cassino carnavalprivacidade do Google YouTube antescasa cassino carnavalconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecasa cassino carnaval"aceitar e continuar".
Finalcasa cassino carnavalYouTube post, 3










