'Minha filha morreuarena esportiva betoverdose no banheiro da escola': o opioide que causa 77% das mortes por drogas nos EUA:arena esportiva bet

arena esportiva bet A vidaarena esportiva betMelanie Ramos terminou aos 15 anosarena esportiva betidadearena esportiva betum banheiro da escola secundária Helen Bernstein,arena esportiva betLos Angeles, na Califórnia (EUA).

Ela foi encontrada inconsciente e caída no chão, às 20h30 do dia 13arena esportiva betsetembro, por um funcionário da escola e pelo padrastoarena esportiva betuma colega da estudante.

Foi o último quem percebeu o que estava ocorrendo ao encontrararena esportiva betenteada, amigaarena esportiva betMelanie, no parque ao lado da escola com sintomasarena esportiva betoverdose, mas ainda conseguindo falar.

A estudante balbuciou que havia tomado o que acreditava ser o opioide Percocet (oxicodona) comarena esportiva betamiga.

A garota teve sorte earena esportiva betvida foi salva no hospital. Mas os paramédicos declararam Melanie morta assim que foi encontrada.

Dias depois, a polícia confirmou que o comprimido que elas haviam consumido, na verdade, continha fentanil, um opioide sintético com efeito analgésico e anestésico, 50 vezes mais forte que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina.

"Minha filha precisou perder a vida assim, aos 15 anosarena esportiva betidade, por overdose na escola", declarou a mãearena esportiva betMelanie, Elena Pérez, à BBC News Mundo (o serviçoarena esportiva betespanhol da BBC).

"Morreu sozinha, no banheiro. Ali acabaram seus sonhos, seus planos e também terminou a minha vida. Ela me deixou despedaçada. Não consigo superar."

Mesmo assim, Pérez ainda tem forças para exigir justiça, "para que nenhum pai precise passar pela mesma situação".

Com este objetivo, ela acabaarena esportiva betprocessar o Distrito Escolar Unificadoarena esportiva betLos Angeles (Lausd, na siglaarena esportiva betinglês) — o organismo público que administra a escola quearena esportiva betfilha frequentava e outras 1,3 mil escolas no sul da Califórnia.

Horasarena esportiva betangústia

"Esses incompetentes não tiveram nem a bondadearena esportiva betprocurá-la quando notaramarena esportiva betausência. É uma negligência enorme", afirmou seu advogado Luis Carrillo ao anunciar a ação legal à imprensa.

Ele se refere ao fatoarena esportiva betque, cercaarena esportiva betoito horas antesarena esportiva beta menor ser encontrada, a escola havia avisadoarena esportiva betmãe que ela não havia comparecido às aulas no período da tarde.

"Ligaram para mim perto das 12h30 para dizer que ela não estava, que o professor a registrou como ausente", disse a mãe, com outraarena esportiva betsuas filhas nos braços.

"Mas eu garanti a eles que sim, que ela foi para a escolaarena esportiva betmanhã e pedi, por favor, que a procurassem."

"Eles levaram horas para encontrar minha sobrinha", prosseguiu a tiaarena esportiva betMelanie, Gladys Manriques. "Onde estavam os funcionários? Onde [estavam] os professores? Onde estava a administração? Não fosse por outro pai, minha sobrinha talvez só tivesse sido encontrada no dia seguinte."

Na verdade, já era madrugada do dia seguinte quando a mãe da adolescente, natural do Estadoarena esportiva betOaxaca, no México, recebeu a fatídica notícia.

Depoisarena esportiva betpassar a tarde sem conseguir se concentrar no trabalho e ao ver, quando chegouarena esportiva betcasa, que ainda não havia sinalarena esportiva betMelanie, ela denunciou seu desaparecimento ao telefonearena esportiva betemergência, 911.

"A polícia chegou às duas horas da manhã para me informar sobre a morte da minha filha", recorda Pérez.

Xochitl Quintero, tia e madrinhaarena esportiva betMelanie Ramos, foi encarregadaarena esportiva betdar as más notícias às duas irmãs da menor, Briana e Jazmine.

"Tive que dizer [a uma delas] quearena esportiva betirmã maior não ia voltar. Ela tem 7 anos. Como dizer a alguémarena esportiva bet7 anos quearena esportiva betirmã não irá voltar? Deixei-a chorar por um bom tempo", contou ela à imprensa durante a vigília realizada na escolaarena esportiva betsetembro.

A açãoarena esportiva betdanos, perdas e morte por negligência argumenta que a escola e o distrito não cumpriram com seu trabalhoarena esportiva betproteger a aluna e que a faltaarena esportiva betsupervisão causou "atraso na aplicação do tratamento que poderia ter salvadoarena esportiva betvida".

A ação também afirma que os funcionários e administradores sabiam que os banheiros da escola eram "um refúgio seguro" no qual os estudantes compravam, vendiam e consumiam substâncias ilegais. E, com base nisso, solicita o julgamento pelo júri.

Antes da mortearena esportiva betMelanie, os funcionários da escola precisaram chamar os serviçosarena esportiva betemergência seis vezes por possível overdosearena esportiva betdrogas, segundo afirmouarena esportiva betentrevista coletiva Michael Carrillo, outro advogado que representa a família da vítima.

E, somente naquele mêsarena esportiva betsetembro, houve sete overdosesarena esportiva betdiferentes escolas do mesmo distrito.

"Sabemos que temos uma crise urgentearena esportiva betmãos", reconheceuarena esportiva betcoletivaarena esportiva betimprensa o superintendente do distrito escolar, Alberto Carvalho,arena esportiva bet14arena esportiva betsetembro.

Mas também "sabemos que as coisas não mudaram, pois, apenas um mês depois, outro adolescente sofreu overdose na escola. Onde estão as mudanças?", questiona Carrillo.

Ao entrararena esportiva betcontato com o organismo pedindoarena esportiva betversão e a reação à ação judicial, a BBC News Mundo foi informada que "o Distrito Escolar Unificadoarena esportiva betLos Angeles não comenta sobre ações pendentes ouarena esportiva betandamento. Mas a segurança e o bem estar dos nossos estudantes e funcionários continuam sendo nossa prioridade máxima".

Crise crescente

O Lausd é o segundo maior organismo do tipo nos Estados Unidos, só ficando atrás do distrito escolar da cidadearena esportiva betNova York. Ele tem maisarena esportiva betmeio milhãoarena esportiva betalunos sobarena esportiva betresponsabilidade e tentou combater a crise organizando seminários online para pais e lançando campanhasarena esportiva betconscientização nas redes sociais.

O organismo também distribuiu, para cada escola, duas dosesarena esportiva betnaxolona — um antídoto contra overdose que costuma ser comercializado como spray nasal, com a marca Narcan.

E colabora com o Departamentoarena esportiva betPolíciaarena esportiva betLos Angeles (LAPD, na siglaarena esportiva betinglês) para identificar as áreas da cidade onde pode ocorrer o comércioarena esportiva betdrogas.

Com relação ao casoarena esportiva betMelanie Ramos, na semana da morte, o Departamentoarena esportiva betPolíciaarena esportiva betLos Angeles (o LAPD) anunciou a detençãoarena esportiva betum jovemarena esportiva bet15 anos, alunoarena esportiva betuma academia que compartilha o campus da escola Helen Bernstein. Ele foi acusadoarena esportiva bethomicídio culposo por supostamente vender a pastilha que ela tomou.

Com ele, foi preso outro menor,arena esportiva bet16 anos, por supostamente vender o mesmo narcóticoarena esportiva betum parque ao lado da escola.

"Mas esses jovens são simples peões usados pelas organizaçõesarena esportiva bettráficoarena esportiva betdrogas", segundo o comissário do LAPD, Michel Moore. Ele prometeu trabalhar para desbaratar essas organizações e pôr fim ao aumento exponencial das mortes por overdosearena esportiva betfentanil.

Este é um problema que não paraarena esportiva betcrescer. Maisarena esportiva bet100 mil pessoas morremarena esportiva betoverdose por ano nos Estados Unidos, 80 mil delas por consumoarena esportiva betopioides, segundo os dados mais recentes do Centro Nacionalarena esportiva betEstatísticas da Saúde (NCHS, na siglaarena esportiva betinglês).

Esta cifra cresceu 850%arena esportiva betduas décadas e o segmento da população no qual as mortes crescem com mais rapidez é o dos adolescentes.

Segundo dados dos Centrosarena esportiva betControle e Prevençãoarena esportiva betDoenças (CDC, na siglaarena esportiva betinglês), o consumoarena esportiva betdrogas entre adolescentes com 14 a 18 anosarena esportiva betidade permaneceu praticamente estável na última década.

Mas as mortes por overdosearena esportiva betfentanil nessa população aumentaram. Elas mais que duplicaram entre 2019 e 2020, passandoarena esportiva bet253 para 680, segundo as estatísticas dos CDCs. Em 2021, o número foiarena esportiva bet884.

"Somos,arena esportiva betlonge, líderes mundiaisarena esportiva betmortes por overdose", afirma Joseph Friedman, pesquisador especializadoarena esportiva betabusoarena esportiva betdrogas da Universidade da Califórniaarena esportiva betLos Angeles (UCLA), nos Estados Unidos. "E o consumoarena esportiva betdrogas entre adolescentes não está se tornando mais comum, mas sim mais perigoso."

O fentanil causou 77,14% das mortes por drogas ocorridas no ano passado.

Especialistas destacam que o fentanil é usado com frequênciaarena esportiva betmistura com outras drogas que causam dependência.

A substância também é vendida na formaarena esportiva betcomprimidos, às vezes com o aspectoarena esportiva betoutros farmacêuticos, como Xanax, Ritalina, Adderall ou o Percocet que Melanie Ramos earena esportiva betamiga acreditavam ter comprado.

Além disso, a Administraçãoarena esportiva betControlearena esportiva betDrogas dos Estados Unidos (DEA, na siglaarena esportiva betinglês) advertiu sobre a existência no mercado negroarena esportiva betpílulas "arco-íris"arena esportiva betfentanil, "com aparênciaarena esportiva betdoce", destinadas aos consumidores jovens.

Assim como as vítimas, as apreensõesarena esportiva betfentanil também se multiplicaram. A Divisãoarena esportiva betGangues e Narcóticos do LAPD apreendeu 117 mil pastilhasarena esportiva bet2020. Em 2021, foram 858 mil e, neste ano, já são maisarena esportiva bet3 milhõesarena esportiva betpastilhas.

'Só por vê-la, eu era feliz'

O rostoarena esportiva betMelanie Ramos é um dentre as estatísticas nefastas deste ano. Sua mãe, Elena Pérez, não consegue parararena esportiva betpensar na filha.

"Durmo pensando nela e acordo pensando nela", contou ela à BBC News Mundo. "Passo o dia com ela na cabeça, pensando no que ela estaria fazendo agora."

"É porque sinto falta do simples fatoarena esportiva betvê-la. Só por vê-la, eu era feliz. Esta era minha felicidade. Seus gestos, seu sorriso", afirma ela.

Esse sorriso ela trouxe da última viagem ao México, onde visitou a família. Na volta das férias, Ramos entrou na escola secundária Helen Bernstein.

"Ela estudou ali por três semanas", destaca a mãe. "Naquele banheiro onde a encontraramarena esportiva bet13arena esportiva betsetembro, esvaíram-se seus risos,arena esportiva betvontadearena esportiva betengolir o mundo, seu sonhoarena esportiva betviajar,arena esportiva betentrar no exército."

Pérez despediu-se da filha no dia do funeral. Ela tem muita dificuldade para falar daquele dia.

"Foi muito difícil, foi o momentoarena esportiva betque ela percebeu que nunca mais poderia verarena esportiva betfilha", declarou à BBC News Mundo a madrinhaarena esportiva betMelanie Ramos, Xochitl Quintero, ao perceber a incapacidadearena esportiva betresponder da entrevistada.

"Foi muito difícil", consegue articular Pérez. "Mas decidi vesti-la. Eu a vesti, estive com ela, conversei com ela. Eu sei que ela me escuta."