Uísque, cristais e restauranteschatbet365luxo: como vivem os ricoschatbet365meio à crise na Venezuela:chatbet365

Produtoschatbet365luxo

Crédito, BBC Mundo

Legenda da foto, Produtoschatbet365luxo ainda têm mercado na Venezuela

Mais que a escassezchatbet365alimentos ou medicamentos, é talvez na faltachatbet365segurançachatbet365Caracas - cidade com uma das mais altas taxaschatbet365homicídio do mundo - que as classes mais altas sentem a deterioração da situação do país.

Mas nem por isso a vida para. Decidido a seguir usufruindochatbet365suas possibilidades, o empresário ainda frequenta seus restaurantes preferidos e hoje à noite vai a um dos lugares mais exclusivos do país: o Lagunita Country Club, onde se paga até U$ 100 mil (cercachatbet365R$ 330 mil) para tornar-se sócio.

O empresário não é sócio: vai como convidadochatbet365seus amigos.

Até pouco tempo atrás, conta, ganhava até R$ 100 mil por mês, mas a produçãochatbet365sua companhia caiu cercachatbet36590% recentemente, e desde entãochatbet365renda não chega a R$ 4 mil.

Ele diz que isso foi resultado das travas impostas pelo governo, e também porque preferiu fazer as coisaschatbet365forma correta. Mantém seu estilochatbet365vida graças a negócios no exterior.

Estantes semi-vazias

Crédito, BBC Mundo

Legenda da foto, Gôndolachatbet365supermercado semi-vazia, uma

"Sabe por que isso não explode?", comenta um amigo seu, uísque na mão, perto da pistachatbet365dança.

"Porque ainda com essas filas as pessoas mantêm esperança - esperançachatbet365levar um poucochatbet365comida. No diachatbet365que a esperança se acabar, isto tudo vai arrebentar."

O amigo, que durante anos trabalhou na bolsachatbet365valores e agora passa o tempo colecionando arte, diz que poderia viver emchatbet365casachatbet365Miami mas, apesarchatbet365tudo, prefere a Venezuela.

Como várias outras pessoas,chatbet365distintas camadas socais, ele é partidário do "quanto pior, melhor". "Tudo precisa terminarchatbet365explodir para que comece um longo caminhochatbet365reconstrução."

Sem filas

O empresário é um deles. Vive comodamente, mas consciente da realidade do país. Diz que situação é insustentável.

Não está alheio à crise - ainda que não enfrente as quase quatro horas e meiachatbet365fila que os venezuelanos passam,chatbet365média por dia, para comprar alguns dos produtos regulados pelo governo.

Como o resto das pessoaschatbet365seu nível, ele compra alimentos por outros canais.

Costumava comprar através dos empregadoschatbet365sua empresa, mas decidiu parar quando começaram a pedir 40,000 bolívares (cercachatbet365US$ 40 ou R$ 130 no mercado negro) por 20 quiloschatbet365farinhachatbet365milho, ingrediente básico da arepa, o pãozinho venezuelano.

O quilo a preço regulado custa 19 bolívares.

Considera-sechatbet365classe alta, mas não rico. "Me sinto um pobre ao ladochatbet365meus amigos", brinca.

Seu filho,chatbet36519 anos, conta que há pouco tempo sequestraram um conhecido seu. Quando a notícia se espalhou entre seu círculochatbet365amigos, um deles apareceu com US$ 70 mil (R$ 230 mil)chatbet365dinheiro para pagar o resgate.

Alguns possuem jatinhos para viajar ao exterior ou levar os amigos para festejar o aniversário por um dia no paradisíaco arquipélagochatbet365Los Roques, nas águas cristalinas do Caribe venezuelano.

Ainda existe uma Venezuela que vive assim.

Restaurante

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Legenda da foto, Alguns restaurantes ainda mantêm clientes apesar da crise

Uma Venezuela onde os restaurantes da moda continuam cheios e as lojaschatbet365importados continuam vendendo seus produtos. Clientes continuam comprando brincos luxuosos Swarovskichatbet365um shopping center da cidade.

Uma Venezuela onde uísque 18 anos continua regando as festaschatbet365aniversários, onde uma festachatbet36515 anos conta com a presençachatbet365músicos celebridades, como o cantorchatbet365reggaeton colombiano J Balvin e o porto-riquenho Farruko, e onde uma senhora comemora com suas amigas com um show privado do cantor romântico Luis Miguel.

Una classe especial

Quem tem acesso a dólares na Venezuela ainda vive bem, diferentementechatbet365muitos que mal sobrevivem.

Podem ser grandes empresários, diretoreschatbet365empresas, profissionais bem sucedidos e inclusive "boliburgueses", pessoas próximas do chavismo que fizeram riqueza graças ao governo.

Calcula-se que esta classe represente 16% da população, quase 5 milhõeschatbet365pessoas.

Está divididachatbet365um segmento A/B, que passouchatbet3653,1% da populaçãochatbet3651999 a 1,3% este ano, e C, que passouchatbet36518,2% durante o governochatbet365Hugo Chávez para 14,8% agora.

É um grupo que historicamente se acostumou a viverchatbet365um nível alto, no contextochatbet365uma economia petroleira.

"Desde os anos 80, ninguém poupachatbet365bolívares. Como a moeda na Venezuela estava sobrevalorizada, ganharam dólares a rodo e agora têm uma poupança significativachatbet365moeda forte, muito mais que qualquer outra classe média e alta da América Latina", explica o economista Luis Vicente León, diretor da consultoria Datanálisis.

León diz que essa classe mantém seu nívelchatbet365vida, mas está "perdendo capacidadechatbet365comprar" e vendo seu padrãochatbet365vida "encarecendo significativamente".

"Sua poupança echatbet365renda foram reduzidas, seu fluxochatbet365caixa parou e estão vivendochatbet365suas atividades passadas, não atuais."

História conhecida

Protestos en Venezuela

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Legenda da foto, Protestos na Venezuela pela faltachatbet365farinhachatbet365milho

O outro rosto do país, mais conhecido atualmente, é o das pessoas que precisam percorrer uma dúziachatbet365lojas ou supermercados para fazer compras; que fazem filas.

Nelas, esperam os venezuelanos que não podem - ou não querem - recorrer ao mercado negro nem aos bachaqueros, que compram produtos a preços regulados e os vendem a preço muito superior ao mercado paralelo.

A Venezuela atravessa uma escassezchatbet365alimentos, mas há comida. Os maischatbet36540 produtos básicos que têm seu preço regulado há 13 anos pelo governo é que são os mais difíceischatbet365encontrar. O resto se pode conseguir.

Entrarchatbet365um supermercado não é problema - a menos que seja para comprar um destes produtos.

Frutas e verduras estão à vendachatbet365Petare, bairro popular no lestechatbet365Caracas, mas a preços pouco acessíveis. O açúcar e o café são vendidoschatbet365saquinhoschatbet365100 gramas ou menos, para quem não pode bancar um quilo.

Café e açúcar vendidos por gramachatbet365saquinhos

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Legenda da foto, Café e açúcar vendidos por gramachatbet365saquinhos

Com uma inflaçãochatbet365180%chatbet3652015, que pode chegar a 720% este ano segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a imensa maioria dos venezuelanos não tem dinheiro suficiente para adquiri-los.

Resultado: come-se menos e pior. As porções são menores e muitos só comem uma ou duas vezes por dia.

'Não entendíamos o sofrimento dos pobres'

Uma mulherchatbet365classe média alta que vive comchatbet365família na zona residencialchatbet365Caurimare diz à BBC Mundo que há três meses ainda pegava uma ou outra fila para comprar comida.

Parou quando a funcionária do supermercado lhe disse que às vezes havia episódios violentos.

Consegue seus produtos atravéschatbet365contatos. Em seu celular, guarda númeroschatbet365bachaqueros, mas diz que nunca os usou.

Sua dieta tem variado um pouco, mas nada assustador, diz, pois pode substituir alimentos. O que sim lhe preocupa é a escassezchatbet365medicamentos.

É nesse campo que as diferençaschatbet365classe desaparecem mais.

Campochatbet365golfe

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Legenda da foto, Insegurança é o que mais afeta as classes abastadas na Venezuela

"Tenho um planochatbet365saúde nos Estados Unidos, mas não vou tomar um avião por uma trivialidade", diz ela. "Porém, às vezes a saúde pode piorar e as pessoas morremchatbet365coisas que não devem morrer."

Seu marido é médico e não consegue os remédios para tratar da psoríase (doença infecciosa) que lhe afeta uma das mãos.

Para ela, como para o empresário, a insegurança échatbet365maior preocupação.

Em casa, a família sai cada vez menos mas, apesar dos riscos, não quer trancar as filhaschatbet365casa. De noite, só sai no carro blindado do irmão

O medo está presente. Há poucos dias, uma amiga foi morta durante um sequestro.

"Isto precisa explodir logo", afirma. Mas tem esperança no futuro.

Sua filha,chatbet36517 anos, vai todos os domingos a Petare dar apoio escolar a crianças da área.

"Nós, a nossa geração, não entendíamos o sofrimento dos pobres", diz.

"Hoje as novas gerações têm outra consciência sobre a realidade do país."

Gerações que ela espera serem capazchatbet365levar a Venezuela adiante.