De Quebec ao sul do Brasil: o referendo pela independência da Catalunha pode impulsionar movimentos nas Américas?:power bet up to

Manifestantes pela independência catalãpower bet up toBarcelona

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Legenda da foto, Movimentos nos Estados Unidos, no Canadá, no Chile e até no Brasil se animaram com as notícias do apoio popular ao referendo da Catalunha

Mas, apesar do entusiasmo, ainda não está claro se a crise catalã poderá realmente tornar mais vigorosos os movimentos separatistas do outro lado do Atlântico.

Integrantes do movimento "O Sul é Meu País"
Legenda da foto, O movimento "O Sul é o Meu País", criadopower bet up to1992, defende a separação dos três Estadospower bet up toRio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná | Foto: O Sul é o meu País

'Amanhecer'

As ideiaspower bet up toseparatismo dentropower bet up topaíses americanos são praticamente tão antigas quanto o próprio surgimento dessas nações.

O Panamá, por exemplo, nasceu como país ao se separar da Colômbiapower bet up to1903, por meiopower bet up toum movimento independentista doméstico que recebeu uma ajuda chave dos Estados Unidos, interessado na construção do canal que atravessa a região.

E alguns projetos soberanistas nas Américas permaneceram latentes ao longo do tempo por motivos culturais ou econômicos: as regiões envolvidas com esses movimentos costumam ser mais ricas do que outras partespower bet up toseus respectivos países.

Nos Estados Unidos, movimentos que buscam a independência da Califórnia e do Texas também comemoraram as novidades da Catalunha, mesmo que seus próprios projetos tenham possibilidades muito limitadaspower bet up tosucesso.

"Estamos testemunhando o amanhecer da era da secessão", disse Louis Marinelli, americano baseado na Rússia e um dos principais apoiadores do separatismo californiano, o "Calexit", à publicação New York Daily News.

Manifestante levanta cartaz do "Calexit", na Califórnia

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Legenda da foto, O movimento "Calexit", que pede a independência da Califórnia, ganhou o apoiopower bet up topessoas contra o presidente Donald Trump

Em Quebec, uma província canadense onde se fala majoritariamente francês, chegaram a ser realizados dois referendospower bet up toindependênciapower bet up to1980 epower bet up to1995, nos quais o separatismo foi derrotado - da segunda vez, por uma margem pequena.

No entanto,power bet up to2006 o parlamento canadense reconheceu Quebec como uma "nação" dentro do país, enquanto separatistas da província mantiveram a ideiapower bet up torealizar um terceiro referendo.

E agora que a Catalunha realizou seu próprio referendopower bet up toindependência - que foi declarado ilegal pela Justiça espanhola e com 90%power bet up tovotos a favor do "sim" -, alguns quebequenses se sentem mais animados.

"Os catalães escolheram a independência, e agora é o restante", disse,power bet up toseu perfilpower bet up toredes sociais, Martine Ouellet, a líder do partido federal canadense Bloc Québécois (BQ), que viajou a Barcelona para acompanhar o voto.

Catalunha

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Legenda da foto, O referendo da Catalunha ocorreu com forte presença policial e, apesar do apoio popular, não foi efetivado

'Oportunistas'

As repercussões da Catalunha chegaram até mesmo à Ilhapower bet up toPáscoa, no oceano Pacífico, onde membros da etnia ancetral rapa nui mantém diferenças históricas com o governo do Chile, pedindo por mais autonomia.

"Nos identificamos com o que está acontecendo na Catalunha", disse o prefeito da ilha ao jornal chileno El Mercuriopower bet up toValparaíso. "É o mesmo que vai nos acontecer se o Chile e seus governos não levarem a sério os pedidospower bet up todécadas dos rapa nui."

Nas redes sociais também surgiu uma iniciativa que defende a separação dos Estados do norte do México para criar a "República do México do Norte", que até a terça-feira tinha maispower bet up to50 mil curtidas no Facebook.

Alguns veem essa ideia como brincadeira, mas o governador do Estadopower bet up toCoahuila, Rubén Moreira, a qualificou como "um disparate". "Nunca faltam oportunistas que,power bet up tomomentos como este, tentam desfazer nosso país."

'Fragilidade'

No entanto, após os acontecimentos na Catalunha - e talvez por causapower bet up tocrise que geraram - os movimentos separatistas nas Américas ainda parecem longepower bet up toconseguir apoiopower bet up tomassa.

A consulta separatista informal do Sul do Brasil recebeu, no domingo, cercapower bet up to350 mil votos pelo "sim", segundo os organizadores - menos do que os cercapower bet up to600 mil que outra consulta conseguiu um ano antes, e com menospower bet up to2% do totalpower bet up toeleitores registrados na região.

Isso apesarpower bet up too Brasil viverpower bet up topior crise econômicapower bet up todécadas e o maior escândalopower bet up tocorrupção políticapower bet up tosua história.

Moais na Ilhapower bet up toPáscoa

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Legenda da foto, A Ilhapower bet up toPáscoa, ou Rapa Nui, fica a 3,5 mil km do Chile, e faz frequentes pedidos por mais soberania

Mas Anidria Rocha, a coordenadora do movimento, acredita que o grupo conseguiu as assinaturas necessárias para impulsionar um projetopower bet up toleipower bet up toiniciativa popular que convoque uma consulta oficial sobre a independência dos três Estados.

No entanto, qualquer iniciativa desse tipo se chocaria com o primeiro artigo da Constituição do Brasil, que estabelece que o país é uma "união indissolúvel"power bet up toseus Estados.

"Em países como Brasil, Argentina ou México não vejo uma grande possibilidade (de secessionismo), por causa da fragilidade dos movimentos separaristas locais e porque são países com regimes federalistas, que deram autonomia e poderes aos governos locais", diz Mauricio Santoro, professorpower bet up torelações internacionais na Universidade Estadual do Riopower bet up toJaneiro (Uerj).

"Há riscospower bet up toque isso possa se transformarpower bet up touma crise num país como a Bolívia, que teve na década passada tensões muito graves entre a região da 'meia-lua' (no leste do país) e o governo central", explica.

Por outro lado, ainda não há indíciospower bet up toque um novo conflito ocorra nessa região da Bolívia, mais rica e menos indígena do quepower bet up tooutras partes do país.

"Eu não diria que (a Catalunha) terá um efeito direto ou implicação nas Américas. A maioria dos países não têm problemas com movimentos separatistas da mesma forma que a Espanha", diz Matt Qvortrup, professsorpower bet up toRelações Internacionais da Universidadepower bet up toCoventry, na Inglaterra.

Conselhopower bet up toSegurança da ONU

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Legenda da foto, Mesmo com referendos bem-sucedidos, movimentos separatistas precisam conseguir apoiopower bet up topotências na ONU para criarem novos países

'Pouco provável'

Autorpower bet up toum livro sobre referendos e conflitos étnicos, Qvortrup explica que a única formapower bet up toum movimento separatista ter efeitos práticos é se tornando realmentepower bet up tomassa. Ele diz, inclusive, que dentropower bet up toQuebec os secessionistas estão perdendo força.

Os dados reunidos pelo pesquisador mostram como é difícil levar adiante qualquer projeto separatista: desde 1980 houve 38 referendospower bet up toindependência ao redor do mundo epower bet up to35 deles ganhou o "sim", mas só 13 resultarampower bet up tofato no nascimentopower bet up toum novo Estado.

"E nesses 13 casos, o denominador comum foi que o Reino Unido, a França e os Estados Unidos apoiaram a criação destes novos Estados no Conselhopower bet up toSegurança da ONU", afirma Qvortrup.

"Ao menos que você consiga esse tipopower bet up toapoio, é pouco provável que consiga ter seu próprio país."

O especialista também é cético a respeitopower bet up toum possível "efeitopower bet up tocontágio" do referendo catalão.

"Se ele tivesse sido reconhecido, talvez tivesse se espalhado. Por isso ninguém na Europa o apoiou. Da maneira como está agora, ele não vai causar inspiração. Os países que tentam a independência viram como tem sido difícil - praticamente impossível - para a Catalunha e para o Curdistão."