Como os super-ricos usam paraísos fiscais para esconder seus segredos:green bets

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A rainha Elizabeth IIgreen betsLondres,green bets19green betsoutubrogreen bets2017

Crédito, EPA

Legenda da foto,

O vazamento mostra que cercagreen bets10 milhõesgreen betslibras (R$ 43 mi) da rainha estavam investidosgreen betsoffshores

green bets Um imenso vazamentogreen betsdocumentos financeiros revela os meios utilizados pelos ricos e poderosos (incluindo a rainha da Inglaterra) para investir grandes somasgreen betsdinheirogreen betsparaísos fiscais.

O vazamento mostra como o secretáriogreen betsComérciogreen betsDonald Trump, Wilbur Ross, mantinha dinheirogreen betsuma firma que negociava com cidadãos russos que eram alvogreen betssanções do governo americano - do qual Ross faz parte.

A série jornalística, batizadagreen betsParadise Papers, é baseadagreen bets13,4 milhõesgreen betsdocumentos. A maioria deles veiogreen betsuma das principais firmasgreen betscriaçãogreen betsempresas offshores no mundo, a Appleby. Os documentos dizem respeito a 19 paraísos fiscais, como as ilhas Cayman e Bermudas, Aruba, Barbados, Trinidad e Tobago e Vanuatu, entre outros.

A BBC participou da investigação por meio do programagreen betsTV Panorama, do canalgreen betsTV BBC One.

Assim como ocorreu no ano passado, com a série Panama Papers, as informações foram obtidas pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung,green betsMunique. O jornal dividiu as informações com o Consórcio Internacionalgreen betsJornalistas Investigativos (ICIJ, na siglagreen betsinglês), que supervisionou o trabalhogreen betsinvestigação. No Brasil, participaram da apuração jornalistas do site Poder360.

Ao todo, participaram da investigação 382 jornalistasgreen bets67 países, atuandogreen bets96 veículosgreen betsmídia. A apuração durou cercagreen betsum ano.

A publicação das reportagens começou no último domingo, e mais personagens e empresas serão reveladas ao longo dos próximos dias. Reportagens mostrarão como políticos, multinacionais, celebridades e bilionáriosgreen betstodo o mundo usam estruturas complexasgreen betsoffshores, trustes e fundações para proteger e mantergreen betssegredo seus recursos.

A maioria das transações não envolve práticas criminais.

Qual é o envolvimento da rainha da Inglaterra?

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Os Paradise Papers mostram que cercagreen bets10 milhõesgreen betslibras (em tornogreen betsUS$ 13 milhões) dos recursos privados da rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra estavam investidosgreen betsparaísos fiscais.

O dinheiro foi investidogreen betsfundos nas ilhas Cayman egreen betsBermuda pelo Ducadogreen betsLancaster, que administra o patrimônio privado da chefegreen betsEstado fornecendo uma receita à soberana. O fundo administra cercagreen bets500 milhõesgreen betslibras.

Não há nadagreen betsilegal no investimento, e nada sugere que a rainha esteja sonegando impostos, mas a reportagem levanta questões sobre se é adequado que a rainha invistagreen betsempresas offshores.

Em nota, o Ducadogreen betsLancaster explicou que segue rigorosamente as recomendaçõesgreen betsconsultores na escolha das aplicações feitas. "O Ducado investiu apenasgreen betsfundos privados altamente renomados seguindo recomendaçõesgreen betsnossos consultoresgreen betsinvestimentos; todas operações são legítimas e estão devidamente declaradas."

Um porta-voz do Ducadogreen betsLancaster acrescentou que a rainha "paga todos os impostos sobre as receitas que recebe do Ducado".

Segundo os documentos revelados, os fundos privados usados pelo Ducado teriam feito, entretanto, investimentos menoresgreen betsuma empresa varejista (BrightHouse), que foi acusadagreen betsexplorar a populaçãogreen betsbaixa renda, egreen betsuma redegreen betsbebidas alcoólicas (Threshers). Esta última empresa foi à falência, deixando uma dívidagreen bets17,5 milhõesgreen betslibrasgreen betsimpostos e cercagreen bets6 mil pessoas sem emprego.

Fachada da loja BrightHouse

Crédito, Alamy

Legenda da foto,

O fundo privado da rainha mantinha uma pequena participação na loja popular BrightHouse

O Ducado diz que não participou das decisõesgreen betsinvestimento feitas pelos fundos, e que a rainha não tinha conhecimentogreen betsqualquer investimento específico feitogreen betsseu nome.

Constrangimento para Ross e Trump?

Wilbur Ross ajudou Donald Trump a escapar da falênciagreen bets1990. Anos depois, foi nomeado secretáriogreen betsComércio no governo do republicano.

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Os documentos mostram que Ross manteve participaçõesgreen betsuma companhiagreen betslogística que lucrou milhõesgreen betsdólares transportando óleo e gás para uma empresa russagreen betsenergia. Entre os controladores da empresa russa estão um genro do presidente russo Vladimir Putin e duas pessoas atingidas por sanções do Estado americano.

A reportagem levanta questionamentos sobre as ligações da equipegreen betsDonald Trump. Desde que foi eleito, o mandatário enfrenta acusaçõesgreen betsque russos teriam atuado para influenciar o resultado das eleições dos EUAgreen bets2016. Trump chamou as acusaçõesgreen bets"fake news".

De onde vem o vazamento?

A maior parte dos dados vemgreen betsuma empresa chamada Appleby, um escritóriogreen betsadvocacia baseadogreen betsBermuda. Trata-segreen betsuma das principais empresas da indústriagreen betsoffshores, e ajuda clientes a constituir empresasgreen betsjurisdições além-mar com pouca ou nenhuma taxação.

A documentação da Appleby egreen betsregistros públicosgreen betsvárias das jurisdições foi obtida pelo jornal Süddeutsche Zeitung. A fonte do vazamento não foi revelada.

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Os veículos jornalísticos que participam da investigação dizem que o material possui interesse público, já que vazamentos da indústriagreen betsfirmas offshores já revelaram evidênciasgreen betscrimesgreen betsvárias ocasiões.

Em resposta ao vazamento, a Appleby se disse "satisfeita com o fatogreen betso vazamento não ter mostrado qualquer malfeito, nem da nossa parte e nemgreen betsnossos clientes". A empresa acrescenta que "não tolera comportamentos ilegais".

O que exatamente são empresas offshores?

Resumidamente, trata-segreen betscompanhiasgreen betslugares não submetidos às leis e regulamentaçõesgreen betsum país, para onde indivíduos e empresas podem mandar recursos para tirar vantagemgreen betsimpostos mais baixos ou inexistentes.

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Estas jurisdições são conhecidas como paraísos fiscais, no dito popular, ou "centros financeiros offshore (OFCs, na siglagreen betsinglês)", no jargão da indústria financeira. Geralmente são lugares com estabilidade política e regras que garantem o sigilo e a confiabilidade dos depósitos. Muitas vezes os paraísos fiscais estãogreen betspequenas ilhas, mas não necessariamente. O graugreen betsvigilância contra crimes financeiros também varia bastante.

O Reino Unido tem um papel importante nesta indústria: muitos dos paraísos fiscais são dependências da Coroa britânica ou territórios britânicos. Além disso, vários dos principais advogados, contadores e banqueiros da indústria offshore estão sediados na City londrina, que é o distrito financeiro da capital inglesa.

Trata-se tambémgreen betsuma indústria para os megarricos. A socióloga Brooke Harrington é autora do livro Capital Without Borders: Wealth Managers and the One Percent (Capital sem fronteiras: gestoresgreen betsriqueza e o um porcento,green betstradução livre). Segundo ela, o usogreen betsoffshores não é para o 1% mais rico, mas para o 0,001%. Valores da montagreen betsUS$ 500 mil simplesmente não cobrem as taxas exigidas por esta indústria, diz.

Por que isto importa para você?

O primeiro motivo: trata-segreen betsuma quantidade gigantescagreen betsdinheiro. O Boston Consulting Group diz que cercagreen betsUS$ 10 trilhões estão hojegreen betsempresas offshore. Isto equivale ao PIB do Japão, do Reino Unido e da França - juntos. Equivale também a cinco vezes e meia o PIB do Brasilgreen bets2016. E esta pode ser ainda uma estimativa conservadora.

Críticos da indústria offshore dizem que ela está baseada principalmentegreen betsmanter e proteger segredos - o que abre caminho para malfeitos e para a manutenção da desigualdade. Dizem ainda que a ação dos governos para conter este problema tem sido lenta e pouco eficaz.

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Brooke Harrington diz que, se os ricos estiverem sonegando impostos, os pobres acabarão pagando a conta. "Há um montante mínimogreen betsrecursos que os governos precisam para funcionar, e eles acabam repondo o que perdem para os ricos e as corporações retirando dos nossos lares", diz.

"Precisamos saber o que está acontecendo além-mar. Se as offshores não fossem secretas, uma parte destas transações simplesmente não poderia acontecer. Precisamosgreen betstransparência e precisamos que a luz do Sol chegue até lá", diz Meg Hiller, uma congressista inglesa do partido Labour e presidente da Comissãogreen betsContas Públicas do Parlamento inglês.

O que diz a indústria offshore?

Os OFCs argumentam que, se eles não existissem, não haveria limite prático para o aumento dos impostos cobrados pelos governos. Eles argumentam que não estão simplesmente sentadosgreen betsmontanhasgreen betsdinheiro, e que atuam como agentes que ajudam a bombear recursos ao redor do globo.

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Bob Richards, que era ministrogreen betsFinançasgreen betsBermuda quando foi entrevistado pelo programagreen betsTV Panorama, disse que não cabia a ele cobrar impostosgreen betsnomegreen betsoutros países, e que estes deveriam tomar contas dos próprios assuntos.

Ele e Howard Quayle, ministro-chefe da ilhagreen betsMan (uma dependência da Coroa britânica, localizada entre a Irlanda e a Grã-Bretanha) negam que seus países sejam paraísos fiscais, uma vez que seriam bem regulamentados e atenderiam todas as normas internacionais da indústria bancária.

A Appleby também já disse, no passado, que os OFCs "protegem pessoas vitimadas pelo crime, corrupção e perseguição, blindando-as contra governos venais".