6 indicadorescbet reviewque os EUA estão no mesmo nível dos países subdesenvolvidos:cbet review

  • Ángel Bermúdez (@angelbermudez)
  • BBC Mundo
Moradoracbet reviewrua pede dinheiro nas ruascbet reviewSan Francisco, nos EUA

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Moradoracbet reviewrua pede dinheiro nas ruascbet reviewSan Francisco, nos EUA; dados revelam um paíscbet reviewcontrastes

cbet review "Estamos nos tornando um país do terceiro mundo", disse Donald Trumpcbet review16cbet reviewjunhocbet review2015, quando anuncioucbet reviewcandidatura à Presidência dos Estados Unidos.

A afirmação, que Trump repetiucbet reviewoutras ocasiões durante o quase um ano e meio da campanha eleitoral, baseou-se no desempenho dos EUAcbet reviewindicadores da educação na comparação mundial - algo apontado como exagerado por seus críticos.

No entanto, a realidade é que há vários indicadorescbet reviewdesenvolvimento socialcbet reviewque os Estados Unidos aparecem atrás na comparação com outros países ricos - e, às vezes, lado a lado com paísescbet reviewdesenvolvimento.

O assunto é alvocbet reviewdebates no país, onde especialistas e cidadãos diferem emcbet reviewavaliação sobre a situação dos pobres no país.

Um estudo do Centrocbet reviewPesquisas Pew aponta, por exemplo, que a maioria dos americanoscbet reviewclasse média e alta concorda com a ideiacbet reviewque "os pobres hoje vivem situação mais fácil porque podem receber benefícios do governo sem fazer nadacbet reviewtroca".

Por outro lado, dois terços dos cidadãoscbet reviewbaixa renda concordam com a afirmaçãocbet reviewque "os pobres têm uma vida difícil porque os benefícios sociais não são suficientes para ajudá-los a viver uma vida decente".

A BBC Mundo, o serviçocbet reviewespanhol da BBC, listou alguns dos indicadores que colocamcbet reviewxeque os níveiscbet reviewdesenvolvimento e bem-estar nos Estados Unidos.

1. Expectativacbet reviewvida

O relatório mais recente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) indica que a expectativacbet reviewvida dos americanos écbet review79,2 anos.

Uma família pobre americana

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Indicadorescbet reviewqualidadecbet reviewvida das famílias afro-americanas são,cbet reviewmédia, inferiores aos das famílias brancas

Esse dado coloca o país como o 40º do mundo, atráscbet reviewum conjuntocbet reviewpaíses desenvolvidos mas tambémcbet reviewalguns países latino-americanos, como Chile, Costa Rica e Cuba - essa não é, no entanto, a realidade da comparação com o Brasil, onde a expectativacbet reviewvida écbet review74,7 anos.

O país líder nesse indicador é o Japão, com 83,7 anos, e o lanterna é a Suazilândia, com 48,9 anos.

Mas, assim como no Brasil, essas médias nacionais variam consideravelmente quando segmentadas por escolaridade e raça.

Nos EUA, enquanto a expectativacbet reviewvidacbet reviewum homem branco com educação universitária écbet review80 anos, acbet reviewum homem afro-americano com baixa escolaridade écbet review66 anos, segundo pesquisas do Centro Nacional sobre a Pobreza nos Estados Unidos (NPC, na siglacbet reviewinglês).

gráfico sobre expectativacbet reviewvida

"O problema nos Estados Unidos é que o bem-estar é incrivelmente estratificado", explicou à BBC Mundo um dos autores do estudo, Luke Shaefer, professor e diretor da Iniciativa para a Solução da Pobreza da Universidadecbet reviewMichigan, nos EUA.

"O país aparece muito bem se você compara o estrato superior da sociedade americana com os países ricos. A questão é a incrível diferença no bem-estar entre os pobres e os americanos com mais recursos", aponta, acrescentando que,cbet review2008, a expectativacbet reviewvida para os homens afro-americanos sem educação superior era equivalente à dos cidadãos do Paquistão, Butão e Mongólia.

2. Mortalidade infantil

Os números sobre mortalidade infantil - o númerocbet reviewcrianças que morrem por mil nascidos vivos - é outro indicador clássico do bem-estar social.

De acordo com o relatório mais recente do Pnud, que utiliza dadoscbet review2015, esse indicador écbet review5,6 nos EUA. Isso o coloca no 44º lugar do mundo, novamente superado pelos países ricos como um todo, bem como por Cuba, Bósnia e Croácia.

gráficocbet reviewmortalidade infantil

Nesse caso, as diferenças sociais dentro dos Estados Unidos também são evidentes. De acordo com Shaefer,cbet review2011, a taxacbet reviewmortalidade infantil entre os afro-americanos era semelhante àcbet reviewTogo e da Ilhacbet reviewGranada.

O bem-estar das crianças americanas também é colocadocbet reviewxeque quando são considerados indicadorescbet reviewpobreza infantil.

De acordo com um estudo do Unicefcbet review2012, que comparou a situaçãocbet reviewcriançascbet review35 paísescbet revieweconomia avançada, os Estados Unidos apareceram no penúltimo lugar - antes apenas da Romênia.

O indicadorcbet reviewpobreza infantil relativa, que mede a porcentagemcbet reviewcrianças que vivemcbet reviewuma família cuja renda - ajustada ao tamanho e à composição da família - é inferior a 50% da renda média nacional, registrou 23,1% das crianças americanas nesta situação.

Crianças limpam colchão sujo após inundação

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EUA têm nívelcbet reviewpobreza infantil mais alto do que países ricos europeus

3. Mortalidade materna

Desde o início deste século, os Estados Unidos registraram um aumento nos índicescbet reviewmortalidade materna, cuja taxa passoucbet review17,5 mortes por mil nascimentoscbet review2000 para 26,5cbet review2015,cbet reviewacordo com um estudo publicado na revista científica The Lancetcbet reviewjaneiro deste ano.

É um fenômeno que vai na contramão das tendências no restante do mundo industrializado, onde houve um declínio no mesmo período. Esse foi o caso, por exemplo, do Japão (de 8,8 para 6,4), Dinamarca (de 5,8 para 4,2), Canadá (de 7,7 para 7,3) e França (de 11,7 para 7,8).

Além disso, o número registrado nos Estados Unidos é superior ao da Costa Rica (24,3), da China (17,7), do Vietnã (15,6) e do Líbano (15,3).

Nesse caso, há também uma clara desigualdade nos Estados Unidos: a taxacbet reviewmortalidade materna entre mulheres brancas écbet review13, mas entre as afro-americanas écbet review44.

4. Taxacbet reviewhomicídios

A segurança pessoal, a possibilidadecbet reviewproteger a própria vida, é considerada outro elemento básico do bem-estar social.

De acordo com o relatório mais recente do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNDOC), os Estados Unidos registram uma taxacbet reviewhomicídiocbet review4,88 óbitos por 100 mil pessoas, o que o colocacbet review59º lugar no mundo.

Mulheres deixam flores para vítimas fataiscbet reviewum tiroteiocbet reviewmassa

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Taxacbet reviewhomicídios nos Estados Unidos é muito maior do quecbet reviewoutros países industrializados

Esse número contrasta com ocbet reviewpaíses europeus, como Áustria (0,51) ou Holanda (0,61), mas também com o Canadá (1,68) e até a Albânia (2,28), Bangladesh (2,51) e Chile (3,59,cbet reviewacordo com dadoscbet review2014, os mais recentes).

No estudo publicado pelo Centro Nacional sobre a Pobreza, Shaefer sugere analisar não os dados nacionaiscbet reviewhomicídios, mas sim a situação individual das cidades americanas com maiscbet review200 mil habitantes e taxacbet reviewpobrezacbet review25%.

Nelas, o númerocbet reviewhomicídios aumenta para 24,4 (de acordo com dadoscbet review2012), situação ligeiramente melhor que a da Colômbia (26,5) e do Brasil (26,74) - mas muito pior do que a Argentina (6,53), o Peru (7,16) e o Uruguai (8,42).

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5. Gravidez na adolescência

Alémcbet reviewrepresentar um risco para a saúde das mulheres jovens, a gravidez na adolescência é frequentemente associada à vulnerabilidade.

Campanhacbet reviewprevenção à gravidez na adolescência

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Embora números tenham caído nos últimos anos, EUA ainda têm índices altoscbet reviewgravidez na adolescência

Segundo dados do Banco Mundial para 2015, os EUA registram uma taxacbet review21 nascimentos desse tipo para cada mil mulheres entre 15 e 19 anoscbet reviewidade - colocando o país no 68º lugar do mundo, mesmo nívelcbet reviewDjibouti e Aruba, e bem acima da médiacbet reviewpaíses com altos níveiscbet reviewrenda.

Outros países ricos têm números bem mais baixos, como Japão (4), Alemanha (6) e França (9). No Brasil, a taxa écbet review67.

6. Educação

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Os EUA são sedecbet reviewdezenas das melhores universidades do mundo. Mas isso não significa que a formação média dos americanos esteja à altura desses centroscbet reviewexcelência.

De acordo com um estudo realizado no âmbito do Programa Internacional para Avaliaçãocbet reviewCompetências (PIAAC, na siglacbet reviewinglês), entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país teve uma performance considerada medíocre.

A pesquisa mediu três níveis educacionais diferentescbet reviewtermoscbet reviewcapacidadecbet reviewleitura e habilidade numérica: pessoas que não completaram o ensino médio, indivíduos com ensino médio completo e outros com pelo menos dois anoscbet reviewensino universitário cursado.

Participaram da análise pouco maiscbet review20 países: Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Japão, Países Baixos, Noruega, Polônia, Coréia do Sul, Eslováquia, Espanha, Suécia, Estados Unidos, Bélgica e Reino Unido.

Taxacbet reviewgravidez na adolescência

No teste sobre a capacidadecbet reviewleitura, entre aqueles que não haviam terminado o ensino médio, os americanos ficaram entre os cinco países com os piores resultados; entre aqueles que completaram esse nívelcbet reviewestudos, o país ficou abaixo da médiacbet reviewtodos.

No casocbet reviewpessoas que tinham começado a cursar a universidade, os americanos ficaram acimacbet reviewoito países, empataram com outros seis - mas foram ultrapassados ​​por sete nações.

Além disso, os Estados Unidos registraram a maior diferença entre os resultados obtidos por aqueles que não terminaram o Ensino Médio e aqueles que têm pelo menos dois anoscbet reviewensino universitário.

Na avaliação das habilidades numéricas, os americanos ficaram consistentemente abaixo da média da OCDE nos três níveis educacionais estudados. Além disso, o país ficou na lanternacbet reviewdois níveis: entre os que não terminaram o ensino médio e aqueles que concluíram esta etapa.

Para aqueles que completaram pelo menos dois anoscbet reviewensino superior, os EUA superaram a Espanha e a Itália e se igualaram a outros cinco países - ficando atráscbet review15 outras nações.

As causas das diferençascbet reviewrelação aos países ricos

Ao explicar por que os EUA registram indicadorescbet reviewdesenvolvimento tão significativamente abaixocbet reviewoutros países ricos, Shaefer aponta para as peculiaridades da redecbet reviewassistência social no país.

"Os Estados Unidos sempre tiveram uma redecbet reviewsegurança social menos generosa. Os programas sociais visam os pobres,cbet reviewvezcbet reviewserem benefícios universais, como é o casocbet reviewmuitos outros países industrializados onde, além disso, você não possui essas enormes disparidadescbet reviewriqueza que temos aqui", explica.

Shaefer publicou o livro Dois dólares por dia: vivendo com quase nada nos Estados Unidos, no qual acompanhou famílias americanas que sobreviviam com cerca R$ 6,4 (em valores atuais) por dia por pessoa.

"O que faz diferença nos Estados Unidos é que muitos deles também têm segurocbet reviewsaúde e cuponscbet reviewcomida, mas não têm dinheirocbet reviewespécie. O que você faz nos EUA quando você não tem dinheiro para pagar a energia elétrica ou as coisas que você precisacbet reviewuma entrevistacbet reviewemprego? Em 2011, havia 1,5 milhãocbet reviewfamílias e maiscbet review3 milhõescbet reviewcrianças nos Estados Unidos que viviam assim", afirma.

No entanto, essa visão sobre a pobreza no país e as falhas do sistemacbet reviewassistência social não é compartilhada por todos.

Um estudo da Fundação Heritage questionou a validade dos dados do Censo dos Estados Unidos - que estimou haver quase 15 milhõescbet reviewcrianças vivendo na pobrezacbet review2014. Para a fundação, esses dados não levavamcbet reviewconta muitos dos benefícios sociais que as famílias dessas crianças recebiam do Estado.

Para a instituição, famílias com crianças oficialmente listadascbet reviewestatísticascbet reviewpobreza vivemcbet reviewcondições favoráveis.

"A família média pobre nos Estados Unidos tem ar-condicionado, um carro ou caminhonete, TV a cabo, um computador, um telefone celular e (se houver crianças na casa) videogames. Eles têm o suficiente para comer e não são malnutridos", diz o estudo da fundação.

"Eles vivemcbet reviewuma casa confortável que estácbet reviewboas condições e têm mais espaço do que a média não pobre da Alemanha, França, Suécia e Reino Unido", acrescenta.

Shaefer, no entanto, questiona essa visão e adverte que, embora muitas famílias pobres nos Estados Unidos residamcbet reviewcasas amplas, muitas vezes elas não têm dinheiro para aluguel ou serviços básicos, como calefação.

"Se os pobres nos Estados Unidos têm tantos recursos, então por que seus resultados são tão ruins? Sabemos que indicadores como a expectativacbet reviewvida estão claramente ligados à renda e que os pobres americanos têm uma taxa muito baixa", rebate o pesquisador.

"As pessoas dizem que os pobres nos Estados Unidos são ricos pelos padrões internacionais, mas isso claramente não é verdade porque seus resultados são muito piores do que os do resto da sociedade", conclui