'Colhíamos grama para minha mãe fritar com gordura', diz sobrevivente do Holocausto radicado no Brasil:cw bet app


"Mas o nazismo ganhava força na Europa e, quando as tropas chegaram à cidade, não tardou para perdemos tudo", acrescenta.
Radicadocw bet appSão Paulo desde a décadacw bet app1950, Strul é sobrevivente do Holocausto, como ficou conhecido o assassinatocw bet appmassacw bet appmilhõescw bet appjudeus, bem como homossexuais, ciganos, Testemunhascw bet appJeová e outras minorias, durante a 2ª Guerra Mundial, a partircw bet appum programacw bet appextermínio sistemático patrocinado pelo partido nazista.
Foi o maior genocídio do século 20 - uma ferida aberta que o tempo ainda não curou. Isso talvez explique a riquezacw bet appdetalhes com que Strul ainda relatacw bet appexperiência, pontuada por um sotaque ainda carregado, apesar da idade avançada.

"Meu pai tinha uma lojacw bet appcereais. Perdemos tudo. Nos tiraram o comércio e a nossa casa. Minha família, assim como todos os judeus da cidade, foi levada a uma cidade próxima, Bacău, onde nos confinaramcw bet appum gueto", diz.

Fome
Ali todos os judeus viviamcw bet appbarracascw bet appmadeira - cobertas com folhascw bet appzinco. Privadoscw bet appsua liberdade, eram obrigados a ostentar uma estrela amarela nas roupas como identificação.
"No verão, era insuportavelmente quente. No inverno, um frio glacial", conta.
A fome também era uma constante.


"A migalhacw bet apppão significava a vida ou a morte. Colhíamos grama para minha mãe fritar com gorduracw bet appganso. Foi assim que sobrevivemos", diz.
"Meu irmão caçula, no entanto, não conseguiu enfrentar as condições adversas e morreu aos dois anos."
'Providência divina'
Por uma "providência divina", como recorda Strul, a família não foi deportada para o campocw bet appconcentraçãocw bet appAuschwitz, na Polônia, um dos principais locaiscw bet appextermíniocw bet appjudeus durante a guerra.
Em 1944, a Romênia foi libertada por tropas soviéticas, mas o pesadelo ainda não tinha terminado.

"Voltamos à nossa cidade-natal e nossa casa estava completamente depenada. Tudo nos foi roubado", lamenta.
Com muito esforço, a família reconstruiu pouco a pouco a vida que tinha antes da guerra.
Mascw bet app1947 os comunistas chegaram ao poder na Romênia. Propriedades particulares foram nacionalizadas e,cw bet apppatrão, o paicw bet appStrul se tornou empregado.
"Quando tentávamos recomeçar do zero, mais uma vez nos tiraram tudo."
Em 1950, a família decidiu fazer as malas para um Estado recém-fundado, Israel, já que um dos irmãoscw bet appStrul havia emigrado para o país quatro anos antes e lutado na guerracw bet appindependência.

Mudança para o Brasil
Mas o futuro parecia mais promissor fora do Oriente Médio.
Por meiocw bet appum conhecido da família, que já havia se estabelecido no Brasil, os Strul embarcaramcw bet appum navio rumo a uma terra então totalmente desconhecida.
"Foi uma viagem longa, na 3ª classe do navio, porque a 4ª não existia", brinca Strul. "Chegamos com uma mão na frente e outras atrás, não falávamos a língua e conhecíamos muito poucas pessoas."
O recomeço foi difícil. Sem educação formal, Strul começou a trabalhar como ambulante, vendendo roupas portacw bet appporta.
Anos depois, já estabelecido, abriucw bet applojacw bet appmóveis na Zona Nortecw bet appSão Paulo,cw bet apponde tirou o sustento para criar seus quatro filhos ("todos com formação acadêmica", destaca). Strul também tem dez netos.
Hoje aposentado, vive com a esposa Manuela,cw bet app74 anos (o casal se conheceucw bet appum bailecw bet appCarnaval no Riocw bet appJaneirocw bet app1969), vai à sinagoga pela manhã e dedica-se a manter viva a lembrança do Holocausto por meiocw bet apppalestrascw bet appescolas e eventos.

"Quero muito agradecer ao povo brasileiro por nos ter acolhido. Devo tudo a esse país. Amo este lugar."
Strul também diz ter tentado, por diversas maneiras, reaver a propriedade da família na Romênia, ainda sem sucesso.
"Há 20 anos, tento receber uma indenização, mas não consigo. Tenho até hoje a escritura da minha casa, mas minha casa continua confiscada".


Memória
Todos os anos, no dia 27cw bet appjaneiro, a comunidade judaica celebra o Dia Internacionalcw bet appMemória das Vítimas do Holocausto.
A data marca a libertação do maior campocw bet appextermínio nazista, Auschwitz-Birkenau, por tropas soviéticas. No local, estima-se que maiscw bet app1 milhãocw bet apppessoas, a maioria judeus, foram mortas.
No Brasil, a data será lembradacw bet appevento promovido pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), pela Federação Israelita do Estadocw bet appSão Paulo (Fisesp) e pela Congregação Israelita Paulista (CIP), no domingo, 28cw bet appjaneiro, na Sinagoga Etz Chaimcw bet appSão Paulo.
No hall, acontecerá a exposição " Além do Dever - Diplomatas reconhecidos como Justos entre as Nações", produzida pelo Yad Vashem (Museu do Holocaustocw bet appIsrael).
O Dia Internacionalcw bet appMemória das Vítimas do Holocausto é celebrado desde 2005, após uma resolução da ONU.








