A misteriosa tragédia do mecânico com saudades que roubou um avião para voltar pra casa:aposta ganha um


A equipe obedeceu as ordens, e o "capitão" então subiu a bordo do avião, soltou os freios e começou a taxiar rapidamenteaposta ganha umdireção à pista número 29.
Completamente sozinho no cockpit do avião militar roubado -aposta ganha um60 toneladas e quatro turbinas, uma aeronave que Meyer não estava habilitado a pilotar -, o jovemaposta ganha um23 anos iniciou o processoaposta ganha umvoo. Pouco depois das 5h da manhã da manhã chuvosaaposta ganha um23aposta ganha ummaio, ele estava no ar.
Do outro lado do Atlântico, passava da meia-noiteaposta ganha umVirgínia quando Mary Ann Meyer, conhecida como Jane, foi acordada pelo telefone.
"Oi, meu amor!", dizia a voz animada no outro lado da linha. Era seu marido Paul. "Adivinhe só? Estou indo para casa!"
Ainda sonolenta, Jane resmungou uma comemoração e perguntou quando exatamente ele eaposta ganha umequipe chegariam aos EUA.
"Agora!", ele respondeu triunfante. "Estou com meu pássaro no céu e estou indo para casa!"
Jane ficou paralisada. "Você?", ela perguntou, incrédula. "Você está pilotando o avião? Meu Deus!"
'Estou com um problema'
Hoje, passados quase 50 anos, Mary Ann Jane Goodson (seu nome atual) conta que a conversa, que acabou se estendendo por maisaposta ganha umuma hora, ainda reverbera naaposta ganha umcabeça.
Quando Jane se deu contaaposta ganha umque Meyer havia abandonado seu posto no Exército sem permissão e roubado o Hercules, ela implorou para que ele desse meia-volta, lembrando que ele seria severamente advertido pelas Forças Armadas. Ela não se recorda das últimas palavras que disse ao marido, mas se lembra claramente das últimas palavras dele.
"Meu bem", ele disse pelo rádio conectado à rede telefônica, "te ligoaposta ganha umvoltaaposta ganha umcinco minutos. Estou com um problema."
A linha caiu. Após uma hora e 45 minutosaposta ganha umvoo, Meyer desapareceu no Canal da Mancha, as águas ao sul da Inglaterra.
Alguns dias depois, pequenas peças dos destroços do Hercules, incluindo um bote salva-vidas, apareceramaposta ganha umuma ilha próxima. O corpoaposta ganha umMeyer nunca foi encontrado.

Crédito, Arquivo pessoal
"Por que será que ele se acidentou daquela forma?", questiona Jane. "Sabe, a Força Aérea dos EUA nunca me disse que o avião caiu, eu só recebi um telegrama dizendo que o avião havia se perdido... Tenho certezaaposta ganha umque não me contaram a verdade completa. Quando (Meyer) me disse que estava com problemas, já deduzi que haviam enviado jatos militares para derrubá-lo."
Em 1969, a Guerra Fria entre EUA e União Soviética estava no auge. O relatório oficial da Força Aérea americana sobre o episódio diz que um jato F-100 da Força Aérea Britânica e um C-130 partiram pouco depois da decolagemaposta ganha umMeyer, "em uma tentativaaposta ganha umajudá-lo". Ambos aparentemente "não tiveram sucessoaposta ganha umestabelecer contato visual ouaposta ganha umrádio com ele".
No entanto, Jane diz que, passados 20 minutos da última conversa entre ela e Meyer, ela escutou a vozaposta ganha umum homem na linha, pedindo que ela continuasse a falar com o marido para que eles pudessem identificar onde ele estava.
Um relatório britânico aponta que o então parlamentar Eldon Griffiths exigiu saber à época por que o enorme avião Hercules passara "um períodoaposta ganha umtempo considerável" no ar sem ser encontrado por radares britânicos ou americanos.
O Ministério da Defesa respondeu que as autoridades foram notificadas minutos depois da decolagem não autorizadaaposta ganha umMeyer. Já Jane diz que seu marido lhe contou ter deliberadamente voado a baixa altitude, para evitar a detecção por radar.
Henry Ayer tinha apenas sete anos quando perdeu seu padrasto no episódio, mas até hoje se emociona ao lembrar o diaaposta ganha umque um representante das Forças Armadas bateu na porta da casa da família para contar a Jane que seu marido estava desaparecido. Eles haviam se casado apenas 55 dias antes.
"Me lembro da minha mãe caindo no chão como se fosse uma bonecaaposta ganha umpano", diz Ayer, com voz embargada. "Paul era um cara legal que havia nos dado uma estabilidadeaposta ganha umque muito precisávamos. Ele era muito maduro paraaposta ganha umidade - nos levava para caçar, passear com o cachorro, sentava conosco nos jantaresaposta ganha umfamília. Então a ideiaaposta ganha umque nosso governo possa ter tido um papel (na morteaposta ganha umMeyer) é muito perturbadora."

Crédito, Arquivo pessoal
O relatório oficial do caso descreve Meyeraposta ganha ummodo diferente: como um homem "sob considerável estresse emocional" que estava irado por ter sido preteridoaposta ganha umuma promoção.
Durante os últimos 30 anos, Ayer tem lutado para obter mais informações das autoridades americanas. Ele alega que as provas que ele levou aos advogados da Força Aérea foram perdidas e que os pedidos que ele fez foram direcionados à CIA (que diz ter operado o Hercules) e nunca respondidos.
A reportagem da BBC lembra Ayeraposta ganha umque seu padrasto não estava habilitado a pilotar o Hercules roubado - e que uma tragédia ainda maior poderia ter ocorrido se ele tivesse caído com o avião sobre alguma cidade britânica. E se o vooaposta ganha umMeyer tiver sido abatido para prevenir justamente isso?
"Certamente entenderíamos isso", diz Ayer. "Mas precisamos sabê-loaposta ganha ummodo conclusivo. Precisamos que o governo seja franco conosco."
Operaçãoaposta ganha ummergulho
A milharesaposta ganha umquilômetrosaposta ganha umdistância da Virgínia,aposta ganha umuma manhã sombria e úmida na cidade costeira britânicaaposta ganha umWeymouth, Grahame Knott submerge a câmera e o equipamento sonar do seu barco.
Knott, um experiente marinheiro, há 30 anos mergulha e estuda destroços submersos com um grupoaposta ganha ummergulhadores chamado Deeper Dorset. Pelos últimos 15 anos, ele leu tudo o que encontrou a respeito da históriaaposta ganha umPaul Meyers, pela qual se diz completamente "absorvido".

Atualmente, após uma bem-sucedida campanhaaposta ganha umfinanciamento coletivo, Knott levantou dinheiro para navegar pelo Canal da Manchaaposta ganha umbusca dos destroços da aeronave 37789. Será que ele também suspeita que Paul Meyer tenha sido abatidoaposta ganha umpleno ar?
"Há teorias da conspiração o bastante sobre esse caso, não preciso acrescentar novas", ele responde.
"Só queremos encontrar a aeronave. Algumas pessoas me dizem, 'qual o sentido? O que (os destroços) vão te contar?'. A verdade é que eu não sei. Mas deixar (a aeronave) perdida no canal tampouco vai nos dizer qualquer coisa. Então, o primeiro a fazer é buscá-la."
Knott passou dez anos estudando movimentos das correntes marinhas, relatórios oficiais eaposta ganha umoutras embarcações que já encontraram peças militaresaposta ganha umsuas redesaposta ganha umpesca. Ele agora está confianteaposta ganha umter identificado cinco pontos específicos onde podem estar os restos do Hercules. Mas, caso eleaposta ganha umfato encontre algo, está proibidoaposta ganha ummexer ou tirar do lugar. Só o que poderá fazer é tirar fotografias extremamente detalhadas, para serem mostradas a um investigadoraposta ganha umacidentes aéreos.
A reportagem diz a Knott que Jane, a viúva, tem a esperançaaposta ganha umque ele acabe encontrando "a aliança ou a carteiraaposta ganha umPaul"aposta ganha umsuas buscas.
"Isso seria um milagre", responde Knott, cauteloso. "Acho que a ideia hollywoodianaaposta ganha umencontrar uma aeronave relativamente intacta e cravejadaaposta ganha umbalas no leito do oceano não existe. Mas estou confianteaposta ganha umque conseguiremos encontrar algum destroço, quem sabe algo que nos diga mais a respeito do impacto e do que o avião fazia (no momentoaposta ganha umque se acidentou)."

Pintura
Em seu ateliêaposta ganha umLondres, o artista Simon Cattlin, especializadoaposta ganha umaviação, está fazendo os últimos retoques emaposta ganha umpintura a óleo retratando o Herculesaposta ganha umMeyer, encomendada pelo grupo Deeper Dorset.
Na pintura, a enorme aeronave voa sob um ameaçador céu escuro. Dentro do cockpit, é possível ver o esboçoaposta ganha umuma pequena e vulnerável face rosada.
"Você consegue imaginar?", ele questiona. "Eis um cara (Meyer) que era piloto particular e estava pilotando essa enorme aeronave militar, completamente sozinho eaposta ganha ummeio ao mau tempo. Enquanto eu pintava, imaginava o que passaria pela cabeça dele enquanto voava sobre o Canal. Ele tinha a luz do dia a seu favor, mas pouco além disso."
Cattlin, que também é pilotoaposta ganha umaeronaves privadas, pesquisou as condições meteorológicas da manhãaposta ganha umque o Hercules desapareceu. As nuvens baixas, a chuva e a chegadaaposta ganha umuma frenteaposta ganha umpressão, diz Cattlin, explicam por que Meyer voou ao sul, rumo ao Canal da Mancha,aposta ganha umvezaposta ganha uma oeste, diretamente rumo aos EUA.
"Pelo Canal, ele teve mais visibilidade. Como piloto, eu teria feito o mesmo."
Ainda que Meyer não tivesse qualificação para pilotar o Hercules, ele estava extremamente familiarizado com o avião, por ser seu mecânico-chefe. Na conversa com a BBC, Jane contou que, durante os voos da aeronave, os pilotos frequentemente deixavam que Meyer assumisse temporariamente o controle. Ele às vezes ligava para ela via rádio nesses momentos.
Mas, embora Meyer estivesse voando abaixo do nível das nuvens pelo Canal,aposta ganha umalgum momento ele teriaaposta ganha umcomeçar a elevaraposta ganha umaltitude, para ter eficiência no gastoaposta ganha umcombustívelaposta ganha ummodo a conseguir chegar aos EUA. Será que ele pode ter entradoaposta ganha umuma nuvem carregada e - sob os efeitos da embriaguez da noite passada e da privaçãoaposta ganha umsono - simplesmente perdido o controle do avião?
"Sim", confirma Cattlin. "Sem orientação visual, pode ser que ele tenha entradoaposta ganha um(processo de) descida descontrolada, batido na água e explodido (a aeronave)."
Ele sorri e olha paraaposta ganha umpintura por alguns segundos.
"Mas (àquela altura) ele estava voando havia 90 minutos, e não há nenhum indicativoaposta ganha umque tenha perdido o controle. Ele havia demonstrado competência e planejamento. Não diria que ele fez um bom trabalho - o que ele fez (roubar uma aeronave) não é um bom trabalho -, mas diria que ele era confiável como piloto."
De volta à Virgínia, Ayer e Jane ainda se recordam da cobertura do desaparecimentoaposta ganha umMeyer nos jornais e na TV.
Nos dois lados do Atlântico, houve à época um grande desconforto público com a notíciaaposta ganha umque um mecânico bêbado havia conseguido assumir o controleaposta ganha umum avião militar e voá-lo durante 90 minutos pelo espaço aéreo britânico.

A imprensa teve acesso a poucos detalhes do incidente, e a história foi abafada. Mas, pelos últimos 49 anos, boatos e teorias da conspiração se proliferaramaposta ganha umfóruns online pelo mundo.
Há quem diga que o avião foi derrubado porque, sendo operado pela CIA, conteria documentos secretos. Outros sugerem que Meyer teria sobrevivido ao acidente e passado a vida escondido, talvez no Leste Europeu.
Enquanto prepara seu barco paraaposta ganha umprimeira missão oficialaposta ganha umbusca pelo Canal, Knott conta à reportagem que torce também para que alguém venha a público com mais informações.
"Não consigo imaginar nada que impeça a verdadeaposta ganha umser contada a esta altura, quase 50 anos depois", ele diz. "A quem isso pode causar danos hojeaposta ganha umdia?"
Para Jane e Ayer, a expectativa éaposta ganha umque a buscaaposta ganha umKnott traga alguma sensaçãoaposta ganha umencerramento da história.
"Nós (marido e mulher) nos escrevíamos diariamente. Sabe, ele só queria vir para casa. Tudo o que ele queria era vir para casa."








