Quando e por que a Igreja Católica passou a impor o celibato aos padres:blackjack 21 online casino

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E celibato sacerdotal é quando essa escolha é feita por alguémblackjack 21 online casinotrocablackjack 21 online casinouma dedicação integral aos serviços religiosos, por meio da ordenação presbiterial.

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Conceitos
Conforme explica Ribeiro Neto, há cinco conceitos correlatos que costumam ser confundidos na linguagem cotidiana. A castidade, a virgindade, a vocação virginal, o celibato e o celibato sacerdotal.
"O celibato sacerdotal é uma condiçãoblackjack 21 online casinooferta total da pessoa ao serviçoblackjack 21 online casinoDeus e da comunidade. Vincula-se à vocação virginal, mas não se identifica totalmente a ela. Religiosos que não exercem a função sacerdotal também podem manter a vocação virginal por um compromisso ou voto. Pessoas casadas – que, portanto, não podem ser celibatários – podem assumir num certo momento da vida um voto virginal, mantendo-se unidos mas sem terem mais relações sexuais."
A virgindade é a condição daquele que nunca teve relações sexuais, mas a vocação virginal é a renúncia da vida sexual ativa – ou seja, não é preciso ser virgem para escolhê-la.
"Nela, a pessoa renuncia a uma vida sexual ativa, para canalizar toda ablackjack 21 online casinoenergia e toda ablackjack 21 online casinopessoa à relação com Deus", teoriza o especialista.
Ribeiro Neto lembra que essa ideia não é uma invenção do cristianismo. "Monges budistas e as vestais -– sacerdotisas da deusa Vesta – da Roma Antiga, por exemplo, mantêm o mesmo idealblackjack 21 online casinovocação como condição para uma entrega maior a Deus.

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Já a castidade "é o estadoblackjack 21 online casinointegração positiva da sexualidade na pessoa",blackjack 21 online casinoacordo com o Catecismo da Igreja Católica, compêndio com a doutrina católica. "Para os casados, a castidade se exerce mantendo relações sexuais e sendo fiéis um com o outro; para o solteiro, abstendo-seblackjack 21 online casinopráticas sexuais próprias dos casados."
História
Originalmente, os primeiros sacerdotes católicos não precisavam ser celibatários. "Isso foi sendo reconhecido como um valor importante ao longo dos séculos", afirma Ribeiro Neto. "Assim, entre os católicosblackjack 21 online casinorito oriental (os ortodoxos), até hoje existem padres casados."
Por volta dos séculos 3º e 4º já existiam movimentos dentro do catolicismo propondo que os religiosos deveriam praticar o celibato. "Mas é no primeiro e no segundo concíliosblackjack 21 online casinoLatrão, ao longo do século 12, que se estabelece a obrigatoriedade definitiva do celibato aos clérigos católicos romanos", relata o sociólogo. Outros concílios prévios já mencionavam o tema, propondo a abstenção sexualblackjack 21 online casinosacerdotes e proibindo o casamentoblackjack 21 online casinomonges e freiras foi proibido.
"Desse período antigo, há ainda um decreto do papa Sixto,blackjack 21 online casino386, e instruções do papa Inocêncio 1º", afirma o filósofo e teólogo Fernando Altemeyer Júnior, professor do Departamentoblackjack 21 online casinoCiência da Religião da Pontifícia Universidade Católicablackjack 21 online casinoSão Paulo.

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Manter posses e ser um missionário 'livre'
Mas esses regulamentos não foram instituídosblackjack 21 online casinofato durante o período. Na realidade, a Igreja viveu momentosblackjack 21 online casinoidas e vindas quanto ao tema, e mesmo regiões diferentes adotavam práticas diferentes - era uma épocablackjack 21 online casinoprecária comunicação.
A preocupação quanto ao celibato veio à tona com toda a força a partir do século 11. Foi pautablackjack 21 online casinopapas como Leão 9º e Gregório 7º. Havia uma preocupação com a chamada "degradação moral" do clero, naqueles temposblackjack 21 online casinoIdade Média e Igreja Católica superpoderosa.
De forma que o celibato acabaria instituído nos dois concíliosblackjack 21 online casinoLatrão - o primeiro,blackjack 21 online casino1123, o segundoblackjack 21 online casino1139. A partir deles, ficou decretado que clérigos não poderiam casar ou mesmo se relacionar com concubinas. "Há que dizer que entre os séculos 10º e 15 o concubinato dos presbíteros com mulheres era muito comum na Europa. Aqui no Brasil colonial também há dezenasblackjack 21 online casinocasosblackjack 21 online casinopadres que se casaram e tiveram muitos filhos à margem da lei eclesiástica", ressalta Altemeyer Júnior.
A manutençãoblackjack 21 online casinocelibato ainda seria defendidablackjack 21 online casinomais um concílioblackjack 21 online casinoLatrão (em 1215), e no Concílioblackjack 21 online casinoTrento (entre 1545 e 1563).
"Muitos dizem que a partir do seculo 10º a Igreja enrijeceu com o celibato para não desfazer ou partilhar os feudos com os filhos dos padres. Isso,blackjack 21 online casinoparte, é verdade", diz Altemeyer Júnior. "Mas o sentido maior é que haja um missionário livre para assumir missões e cargos."
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A partir do século 20, o tema voltou à tona com o Papa Pio 12 – que defendeu o celibato na encíclica Sacra virginitas. E no segundo Concílio Vaticano,blackjack 21 online casino1965, dois documentos trataram do tema. O papa Paulo 6º também divulgou um documento, De sacerdotio ministeriali, abordando o assunto.
Em uma cartablackjack 21 online casino1979, o papa João Paulo 2º afirmou: "Frutoblackjack 21 online casinoequívoco – se não mesmoblackjack 21 online casinomá fé – é a opinião, com frequência difundida,blackjack 21 online casinoque o celibato sacerdotal na Igreja Católica é apenas uma instituição imposta por lei àqueles que recebem o sacramento da Ordem. Ora todos sabemos que não é assim. Todo o cristão que recebe o sacramento da Ordem compromete-se ao celibato com plena consciência e liberdade, depoisblackjack 21 online casinopreparaçãoblackjack 21 online casinovários anos, profunda reflexão e assídua oração. Toma essa decisãoblackjack 21 online casinovidablackjack 21 online casinocelibato, só depoisblackjack 21 online casinoter chegado à firme convicçãoblackjack 21 online casinoque Cristo lhe concede esse 'dom', para bem da Igreja e para serviço dos outros. Só então se compromete a observá-lo por toda a vida".

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Seu sucessor Bento 16 também fez declarações a respeito do celibato. "Para compreender bem o que significa a castidade devemos partir do seu conteúdo positivo, explicando que a missãoblackjack 21 online casinoCristo o levava a um dedicação pura e total para com os seres humanos. (...) Os sacerdotes, religiosos e religiosas, com o votoblackjack 21 online casinocastidade no celibato, não se consagram ao individualismo ou a uma vida isolada, mas sim prometem solenemente pôr totalmente e sem reservas ao serviço do Reinoblackjack 21 online casinoDeus as relações intensas das quais são capazes", disse ele,blackjack 21 online casinouma homilia.
"Espera-se que os padres, nessa condição celibatária, possam se entregar melhor as suas tarefas religiosas e pastorais, vivendo uma espiritualidade mais profunda e essencial, tendo mais disponibilidade para entregar-se à comunidade à qual assiste", afirma o sociólogo Ribeiro Neto.
Padres casados
De acordo com o Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados, maisblackjack 21 online casino7 mil brasileiros solicitaram à Igreja a dispensa do sacramento da ordemblackjack 21 online casinotroca do matrimônio - a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não divulga dados sobre o assunto.
Isso significa que a cada quatro sacerdotes católicos que são ordenados no Brasil, um larga a batina para constituir família.
Segundo a revista La Civiltá Cattolica, publicada desde 1850blackjack 21 online casinoRoma pelos jesuítas italianos,blackjack 21 online casinotodo o mundo esse número supera os 60 mil padres.
Há ainda uma perspectiva para aqueles que já são casados, mas desejam desempenhar papéis mais religiosos dentro do catolicismo. Atualmente, a Igreja Católica ordena homens casados como "diáconos permanentes". "Assim, eles podem desempenhar quase todas as funções dos sacerdotes, com exceção da consagração da hóstia na comunhão e da absolvição dos pecados na confissão", esclarece Ribeiro Neto.
Se o papa Francisco não deu sinalização algumablackjack 21 online casinorever a regra, por outro lado a demanda existe: há faltablackjack 21 online casinopadres no mundo.
"Por isso, houve um pedidoblackjack 21 online casinomuitos bispos da Amazônia para que se passe a se permitir que haja padres casados para atender às comunidades sem padres", conta o professor Altemeyer Júnior. "Parece que o papa Francisco estaria disposto a aceitar tal mudança que não exige mudar nenhum dogma ou lei. É só uma disciplina cultural e histórica."
Dentro do próprio clero, padres questionam se chegou a horablackjack 21 online casinomudar essa posição. Um dos mais famosos sacerdotes católicos brasileiros da atualidade, o padre Fábioblackjack 21 online casinoMelo, por exemplo, já deu entrevistas dizendo que a norma do celibato deveria ser abolida, "por ser algo da Idade Média". De acordo com ele, a Igreja deveria ordenar casados - e manter a possibilidadeblackjack 21 online casinocelibato àqueles que quisessem fazer uma "entrega mais radical".
Em artigo divulgado pela agência americana Religion News Service, que existe desde 1934, o padre jesuíta Thomas Reese defendeu que o celibato clerical fosse opcional. "Papa Francisco sinalizou que está aberto para analisar a ordenaçãoblackjack 21 online casinohomens casados, mas quer o pedido venhablackjack 21 online casinoconferências episcopais nacionais", escreveu. "Mas Francisco também é bastante contundente ao afirmar que até que isso aconteça o celibato deve ser observado. Ele não expulsaria todos os padres que violaram o celibato; lapsos individuais podem ser perdoados."
Reese ainda insinua que, ao longo da história e ao redor do mundo, são muitos os casosblackjack 21 online casinoreligiosos que não seguem essa norma.
A Igreja, no entanto, mantém o celibato porque acredita que os celibatários desempenham suas funções religiosas melhor do que os casados, segundo os especialistas. Essa é a visão oficial da Igreja, corroborada por alguns especialistas.
"Se um homem quer se casar, isso é um sinalblackjack 21 online casinoque ele não foi escolhido para a função ministerial do padre – e, diferentementeblackjack 21 online casinouma profissão leiga, o sacerdócio católico é algo a que uma pessoa é chamada, algo mais que uma atividade que ela individualmente deseja fazer. Ceder às pressões para que os padres se casassem seria, na visão da Igreja, facilitar a entradablackjack 21 online casinopessoas não verdadeiramente vocacionadas, que acabariam se tornando maus padres", acrescenta Ribeiro Neto.
É dentro dessa perspectiva, portanto, que a Igreja se defende quando recebe insinuaçõesblackjack 21 online casinoque, abolindo o celibato, iria reduzir os casosblackjack 21 online casinopedofilia envolvendo o clero – Thomas Reese é um dos que fazem esse tipoblackjack 21 online casinosugestionamento.
"Os casosblackjack 21 online casinopedofilia recentemente noticiados são entendidos pela Igreja como decorrência justamente da escolhablackjack 21 online casinopessoas sem uma verdadeira vocação eblackjack 21 online casinoum acompanhamento deficiente, que não fornece uma base espiritual adequada para conviver com a condição celibatária. Assim, a opçãoblackjack 21 online casinopermitir que os padres se casassem poderia ter um efeito até contrário, facilitando o ingressoblackjack 21 online casinopessoas não vocacionadas e sem uma espiritualidade sólida", diz o sociólogo, explicando o pontoblackjack 21 online casinovista do Vaticano.








