Por que há quem veja a Paixãobônus betano códigoCristo como origem do antissemitismo:bônus betano código

bônus betano código Antes que o filme 'A Paixãobônus betano códigoCristo',bônus betano códigoMel Gibson, chegasse às telasbônus betano código2004, vários grupos da comunidade judaica nos Estados Unidos tentaram boicotar a estreia.

A maioria dos judeus que se opunham ao filme dizia que a obra, que retratabônus betano códigoforma bastante crua as últimas horasbônus betano códigoJesus Cristo com base no Novo Testamento, promovia o antissemitismo.

Eles diziam que o filme, com o alcance global do cinema dos grandes estúdios, aumentaria a rejeição contra o povo judeu ebônus betano códigocultura.

O boicote acabou não acontecendo. A Paixãobônus betano códigoCristo, porbônus betano códigovez, tornou-se um dos mais lucrativos filmes da história. Proibido para menoresbônus betano código14 anos, o longa-metragem tinha orçamentobônus betano códigoUS$ 30 milhões, mas arrecadou maisbônus betano códigoUS$ 600 milhões.

A polêmica gerada trouxe à tona um debate sobre uma questão antiga: seria a narrativa da Paixãobônus betano códigoCristo fonte do antissemitismo moderno?

Os acontecimentos que, segundo a crença cristã, culminaram na mortebônus betano códigoJesus estão no centro das comemorações da Semana Santa e são descritos nos evangelhos canônicos - os únicos aceitos pela maioria das denominações cristãs como legítimos.

"Não é possível dar uma resposta simples a uma pergunta como essa, antesbônus betano códigodefinirmos o que estamos falando, se é antissemitismo clássico ou antissemitismo moderno", disse à BBC Jonathan Elukin, professorbônus betano códigohistória judaico-cristã no Trinity College,bônus betano códigoConnecticut (EUA).

"O antissemitismo moderno tem mais a ver com uma concepção política e racial do que com uma religião", explicou o acadêmico.

Para o professor, é preciso fazer uma revisão profunda da história onde há elementos que, ao mesmo tempo, afirmam e negam essa ligação da história narrada nos evangelhos e o sentimentobônus betano códigodesconfiançabônus betano códigorelação aos judeus.

Antissemitismo x Antijudaísmo

Antissemita é, segundo o dicionário, alguém contrário à raça semítica, aos semitas, especialmente, aos judeus. A palavra foi popularizada pelo jornalista alemão Wilhelm Marrbônus betano códigovários artigos publicados no século 19, onde ele insinuava que a "ameaça" dos judeus à Alemanha era racial.

Mas existem registros documentadosbônus betano códigovários escritos antigos que falambônus betano código"rejeição" e "medo" do povo judeu – o que é definido como antijudaísmo clássico.

O jornalista espanhol César Cervera aponta que o escritor grego Diodoro Sículo escreveubônus betano códigoseu documento Historical Library, do século 1 a.C., que "os judeus elevaram seu ódio à humanidade ao nívelbônus betano códigouma tradição".

Vários historiadores, como o alemão Peter Schäfer, indicam o crescente desprezo pelo judaísmo que foi expresso durante a helenização do Oriente por Alexandre, o Grande.

No Império Romano, não era bem visto o caráter monoteísta da religião judaica e nem, como assinala Schäfer, "a crençabônus betano códigoque eram o povo escolhido por Deus".

"É verdade que os romanos não viam bem os costumes judaicos, nem o fatobônus betano códigoque eles adoravam a apenas um Deus, mas eu não acho que isso os enchessebônus betano códigomedo", observa o professorbônus betano códigohistória judaico-cristã Jonathan Elukin. "Enquanto eles não gerassem uma rebelião, os romanos tinham coisas mais importantes para lidar do que os judeus", explica o professor.

'O povo que matou Jesus'

No entanto, há acadêmicos que apontam que, após a mortebônus betano códigoCristo e a publicação das primeiras versões dos evangelhos, o sentimento foi ainda maior devido a textos como osbônus betano códigoJustino e Santo Agostinho.

Justino, que morreu por voltabônus betano código168 d.C. , é reconhecido como um dos primeiros a fazer apologia antijudaica, tendo indicadobônus betano códigovários textos que os judeus eram culpadosbônus betano códigoperseguir cristãos, e que faziam isso desde que "eles tinham matado Jesus".

Já Santo Agostinho, um dos principais pensadores cristãos da Idade Média, destacou ser necessário promover a coexistência pacífica com os judeus, mas pesquisadores lembram que ele assinalou que "eles não podem escapar do castigo divinobônus betano códigoserem culpados da mortebônus betano códigoCristo".

"Desde o século 2, a Igreja Católica desenvolveu uma teologia altamente hostil ao judaísmo", escreveu a historiadora italiana Anna Foa. "E o que se desenvolveu foi chamadobônus betano código'Teologia da substituição': com a chegadabônus betano códigoCristo, Deus teria substituído a antiga escolha (ou preferência) pelos judeus com seu novo favoritismo para os cristãos", acrescentou a historiadora.

Passada a Idade Média, o judaísmo voltou a obterbônus betano códigocondiçãobônus betano código"igualdade" e avançou na secularização. Mas emergiram outros tiposbônus betano códigoataques: o econômico e o racial.

O professor Jonathan Elukin diz que desde o século 19 o povo judeu começou a ser visto "como uma ameaça econômica e política que precisava ser erradicada". "É quando começamos a falar sobre o antissemitismo moderno, que atingiu seu ponto máximo com o holocausto nazista."

Mas muitos historiadores rejeitam a versãobônus betano códigoque os evangelhos, os escritosbônus betano códigoJustino – que deram ênfase especial ao papel dos judeus na paixão e mortebônus betano códigoJesus – e alguns textosbônus betano códigoSanto Agostinho geram um sentimento antijudaico.

"É certo que os evangelhos não têm nada a ver com esse sentimento. Obônus betano códigoSão João, supostamente antissemita, afirma que a salvação vem dos judeus", diz o acadêmico mexicano Jean Meyer à BBC Mundo, o serviçobônus betano códigoespanhol da BBC News.

Meyer é autor do livro La Fábula del Crimen Ritual: El Antisemitismo Europeo 1880-1914 (A Fábula do Crime Ritual: o Antissemitismo Europeu 1880-1914) e escreveu num artigo que até o papa emérito Bento 16 diz que "essa afirmação não tem fundamento e nenhum cristão pode responsabilizar os judeus pela mortebônus betano códigoJesus".

"A mortebônus betano códigoCristo, diz o catecismo da própria Igreja Católica, foi o efeitobônus betano códigosua vontade e não da violênciabônus betano códigoseus inimigos", acrescenta o especialista mexicano.

O professorbônus betano códigohistória judaico-cristã Jonathan Elukin compartilha da mesma opinião e cita Santo Agostinho. "É verdade quebônus betano códigoalguns escritosbônus betano códigoSanto Agostinho há referências que podem ser vistas como antijudaicas, mas a coisa clara é que ele sempre apontou para o povo judeu como responsável pela salvação na qual os católicos acreditam", diz ele.

"Santo Agostinho marca, por exemplo, que o cristianismo toma o Antigo Testamento da tradição judaica, concedendo-lhe desta forma (ao judaísmo) uma condiçãobônus betano códigoreligião ancestral", acrescenta.

'Culpa' infundada

No entanto, para alguns pesquisadores, há posições que sustentam, do pontobônus betano códigovista histórico, que a origem do antissemitismo não reside tanto nos acontecimentos da Paixãobônus betano códigoCristo como tal, mas nas interpretações daqueles momentos que vários autores fizeram ao longo dos séculos.

"A origem do antissemitismo está nos primeiros anos do cristianismo, mas não tanto por causa da Paixãobônus betano códigoCristo, mas por causa dos debates que duraram séculos entre o judaísmo e o novo cristianismo", diz Monika Schwarz-Friesel, especialistabônus betano códigoquestões religiosas na Universidade Técnicabônus betano códigoBerlim.

No livro Dentro da Mente do Antissemitismo, Schwarz-Friesel argumenta que "o antissemitismo tem uma origem que pode ser vista dois milênios atrás, que não se limita a ações concretas, mas a simples verbalizações – frases depreciativas sobre os judeus – que se tornaram comuns ao longo dos anos".

"E tudo isso aconteceu quando o judaísmo e o cristianismo se separaram e o ódio religioso passoubônus betano códigomãobônus betano códigomão, numa sequência que durou dois mil anos", explica a especialista.

"Entre muitas coisas, a acusaçãobônus betano códigoque Jesus foi morto pelos judeusbônus betano códigoacordo com a lei hebraica tinha a ver com esse ódio primário", acrescentou o estudioso.

No entanto, Schwarz-Friesel conclui que essa visão –bônus betano códigoque os judeus eram os culpados – mudou com os anos dentro da Igreja Católica, especialmente por causa da evidênciabônus betano códigoque seria improvável que a lei judaica se aplicasse quando a região estiva sob o total controle dos romanos.

A verdade é que o debate continua num momentobônus betano códigoque o sentimento antissemita está crescendobônus betano códigoforma alarmante na Europa e tanto a Igreja Católica quanto os líderes do judaísmo tentam aumentar as instâncias do diálogo para erradicar esse mal.

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