Eleições na Espanha: 4 pontos para entender por que o pais vai às urnas pela 4ª vezh2bet twitter4 anos:h2bet twitter

No entanto, a aventura do Partido Popular durou dois anos. Em maioh2bet twitter2018, o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, ganhou uma moçãoh2bet twittercensura contra Rajoy e tomou seu lugar como presidente do governo — como os espanhóis se referem ao cargoh2bet twitterprimeiro-ministro.

No entanto, Sánchez governou com pouco apoio e, depoish2bet twittersua propostah2bet twitterorçamento não contar com o apoio do Congresso, ele convocou eleições novamente. A eleição, realizadah2bet twitterabrilh2bet twitter2019, deixou o PSOE como vencedor sem uma maioria absoluta e um Parlamento muito dividido.

Conquistar maioria parlamentar foi impossível mais uma vez.

Para as próximas votações, as pesquisas prevêem um resultado semelhante aoh2bet twitterabril e, se a pouca vontade políticah2bet twitterfirmar acordos não mudar, a dificuldade persistirá.

Especialistas concordam que, para desbloquear o nó institucional, devem ser resolvidas situações como as do nacionalismo catalão, as "cicatrizes" da grande recessão econômicah2bet twitter2008 e a reconciliação entre grupos políticos do mesmo espectro ideológico.

A BBC explica,h2bet twitterquatro pontos, por que a Espanha não está conseguindo alcançar governos estáveis ​​que promovam as políticas exigidas pelo país.

1. Crise econômica

A recessãoh2bet twitter2008 prejudicou a economia global e deixou feridas profundas na Espanha. Alguns dados econômicos melhoraram: hoje o PIB da Espanha cresce a uma taxah2bet twitter2,52%, diferente do ano dramáticoh2bet twitter2009, quando o crescimento anual foi negativoh2bet twitter3,57%, segundo dados do Banco Mundial.

No entanto, ainda persistem problemas estruturais, como a taxah2bet twitterdesemprego. Antes da crise, segundo dados do Instituto Nacionalh2bet twitterEstatística, havia pouco menosh2bet twitter2 milhõesh2bet twitterdesempregados no país. No fimh2bet twitter2012, esse número chegava a pouco maish2bet twitter6 milhões.

Apesar da melhoria da economia e da criaçãoh2bet twitterempregos, ainda não foi possível atingir os níveish2bet twitterantes da criseh2bet twitter2008.

"A crise econômica deu origem a uma política que rompeu com o sistema tradicional,h2bet twitterque dois partidos, o PP (hoje liderado por Pablo Casado) e o PSOE, se alternavam no poder", disse à BBC News Mundo Pablo Simón, doutorh2bet twitterCiência Política pela Universidade Pompeu Fabra,h2bet twitterBarcelona.

O doutorh2bet twitterCiência Política pela Universidade Harvard José Fernández-Albertos também disse que "ainda há eleitores que atribuem a culpa pela crise e os problemas estruturais do país à má administraçãoh2bet twitterpopulares e socialistas".

O castigo do eleitorado pelas consequências da crise atingiu fortemente o PSOE.

O socialista José Luis Rodríguez Zapatero estavah2bet twitterseu segundo mandato quando se instalou a recessãoh2bet twitter2008. Nas eleições geraish2bet twitter2011, o candidato socialista Alfredo Pérez Rubalcaba sofreu os efeitos do desastre: o PSOE perdeu 4,3 milhõesh2bet twittervotos e 59 deputados. E o seu rivalh2bet twitterdireita, Mariano Rajoy, alcançou um resultado histórico ao obter 186 cadeiras no Parlamento.

No entanto, aquele seria o último governo com uma clara maioria no Parlamento espanhol, composto por 350 cadeiras e onde 176 são necessárias para governar.

O descontentamento com a precariedade econômica se traduziu nas ruas com o movimento conhecido como 15-M, que protestava contra as medidash2bet twitterausteridade econômica impostas para amenizar os efeitos da crise.

Desse movimento, surgiu o partido Podemos, liderado pelo professor universitário Pablo Iglesias e que se posicinou à esquerda, mas insatisfeito com os socialistas.

Assim, começou uma nova era na Espanha e a principal causa da estagnação institucional: fragmentação política e pluripartidarismo.

"A polarização política é algo que geralmente surge após desastres econômicos. É a consequência da perdah2bet twittercondiçõesh2bet twittervida que a população acreditava que estavam garantidas", analisa a doutorah2bet twitterhistória contemporânea Nere Basabe.

2. Fragmentação política

"Passamos do sistema bipartidário para uma crescente fragmentação política entre esquerda e direita e também dentro desses mesmos blocos", argumenta Simón. "Os partidos se afastaram uns dos outros e a maioria no Parlamento ficou mais difícilh2bet twitterarticular, levando a governos cada vez mais fracos."

O colapso do bipartidarismo que começou com o Podemos continuou com o surgimento,h2bet twitter2015, do Ciudadanos,h2bet twitternível nacional — um partido liberal eh2bet twittercentro-direita fundado na Catalunhah2bet twitter2006.

Mas as rupturas não terminam aí. O partidoh2bet twitterextrema-direita Vox conquistou 24 cadeirash2bet twitterabril passado e agora, para as eleiçõesh2bet twitternovembro, foi adicionada a candidatura do Más País, uma plataforma que se separou do Podemos por divergências políticas.

Pablo Simón acredita que as próximas eleições não resolverão um problema que ele considera maish2bet twittergovernabilidade queh2bet twittergoverno.

Ou seja, o fatoh2bet twitterum candidato sair vencedor não significa que ele terá a estabilidade necessária para governar.

"Enquanto os partidos continuarem vendo a oportunidadeh2bet twittercrescer eleitoralmente ouh2bet twitterseus rivais diminuírem, os políticos pensarão no curto prazo e apostarãoh2bet twittermais soluções estratégicas internas do que no interesse geral", explica Simón.

Isso ficou especialmente evidente nas últimas eleições. O PSOE e o Ciudadanos, dois partidos que teoricamente convergemh2bet twittervárias ideias políticas, rejeitaram formar uma aliança que alcançaria 180 deputados. Segundo Simón, isso ocorreu justamente devido a suas próprias estratégias partidárias.

Para Fernández-Albertos, uma parte importante do impasse também se deve ao fatoh2bet twitterque, internamente, os blocos — tanto da esquerda quanto da direita — se tornaram mais heterogêneos.

"O Podemos capturou uma parte da esquerda que era anteriormente do PSOE, e a direita diversificou seu espaçoh2bet twitterum partido liberal e urbano, o Ciudadanos, e também para uma ala mais reacionária, com o Vox", diz Fernández-Albertos.

No entanto, no meio dessa polarização política, também surgiu o problemah2bet twitterrelação à Catalunha.

3. A crise catalã

"O problema catalão não é algo novo. Desde o século 19 se arrasta um problema endêmico que é a incorporaçãoh2bet twitternacionalidades periféricash2bet twitteruma ideia da Espanha. Depoish2bet twitter(Francisco) Franco, durante a transição democrática, tanto os partidos nacionalistas basco como catalão agiram como articuladores e favoreceram a formaçãoh2bet twittergovernos, algo que continuou nas legislaturas seguintes", diz a historiadora Nere Basabe.

Mas agora essa situação mudou. A crise econômicah2bet twitter2008 também explica a ascensão da defesa pela independência da Catalunha, uma posição que os distanciou do papel dos partidos "que fazem acordos", como diz Fernández-Albertos.

"O bloco dos partidos catalães geralmente oscila entre 17 e 21 assentos,h2bet twitterforma estável, representando assim um importante apoio para os partidos que não alcançam a maioria absoluta", explica Simón.

O governo regional da Catalunha realizou um plebiscitoh2bet twitterindependênciah2bet twitter2017, que o Tribunal Constitucional espanhol considerou ilegal e terminou com a sentençah2bet twitterprisãoh2bet twitterseus principais líderes, causando protestos maciços e uma maior fratura política.

"Agora, como resultado do processoh2bet twittersoberania, esses partidos optaram pela independência e isso os afastou da capacidadeh2bet twitterfazer acordos com os partidosh2bet twitteresquerda e direita", diz Fernández-Albertos.

Mas a crise catalã não apenas distanciou os partidos nacionalistas dos não nacionalistas, mas também promoveu fraturas internas, como as do Partido Popular.

"O Vox está mostrando pela primeira vez na Espanha a carah2bet twitteruma direita populista radical que está intimamente ligada à crise catalã e seus efeitos. O Vox não descobre um novo eleitorado, mas rouba os do PP. O que dizem as pesquisas é que 80% dos eleitores do Vox já pertenciam ao Partido Popular", explica Simón.

Parte do eleitorado do Vox acredita que, durante a democracia, foram feitas concessões demais aos partidos nacionalistas catalães e que agora é necessária uma posição mais firme para contrariar suas demandas. A visão é compartilhada pelo Ciudadanos, outro partido que dividiu os votos da direita.

4. Tendência histórica

É comum a presençah2bet twitter"duas Espanhas" ao longo da história. Há quem creia que existe uma divisão latente e insolúvel, especialmente desde a Guerra Civil, entre a direita e a esquerda.

"Muitos querem negar isso, mas a verdade é que essa dualidade existe, e não apenas desde a Guerra Civil. Poderíamos dizer que as dificuldadesh2bet twittergovernabilidade ocorrem desde a criação da Primeira República,h2bet twitter1812", diz Basabe.

A historiadora acredita que a exceção à faltah2bet twitterconsenso ocorreu durante a Transição Espanhola,h2bet twitter1975, quando o país mudou do regime ditatorialh2bet twitterFranco para o regime democrático. Ela aponta que havia uma "verdadeira vontadeh2bet twittervirar a página e fechar as feridas criadas na Guerra Civil e durante o governoh2bet twitterFranco".

"Depois da ditadura, e junto com a criação da estabilidade econômica com o Estadoh2bet twitterbem-estar social, essa dualidade adormeceu. Mas, paradoxalmente, a divisão foi renovada por quem não viveu esses capítulos da história", diz Basabe.

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