'Fui abusada e obrigada a assistir abusocasino 777 bonuscrianças na escola por diretor e padre':casino 777 bonus

"Essa vida (de Maciel) era desconhecidacasino 777 bonusgrande parte dos legionários, sobretudo (por causa do) sistemacasino 777 bonusrelações construído por Maciel, que habilmente conseguiu ganhar a confiança, a familiaridade e o silênciocasino 777 bonusquem o rodeava", diz o comunicado.

Outro sacerdote acusado é Fernando Martínez, que admitiu abusos após ser alvocasino 777 bonusacusações por várias vítimas no México.

Uma dessas vítimas é a museóloga Biani López Antúnez,casino 777 bonus37 anos, que conta ter sido abusada entre os 8 e 10 anoscasino 777 bonusidade.

Naquela época, Biani escreveu uma carta a uma professora contando que Martínez — então padre e diretor da escola onde ela estudava — dava nela ecasino 777 bonussuas colegas "beijos cada vez mais próximos à boca" e "segurava-as entre as pernas".

Assim como Biani, outras vítimascasino 777 bonusMartínez criticaram o relatório dos Legionárioscasino 777 bonusCristo, afirmando que ele não é abrangente o bastante para incluir as pessoas que, segundo as vítimas, ajudaram a encobrir os abusos.

Abaixo, Biani conta à BBC News Mundo como era a rotinacasino 777 bonusabusos:

"Quando eu tinha 8 anos, minha família se mudou da Cidade do México para Cancún,casino 777 bonus1991. A cidade (costeira) era muito pequena na época, e meus pais decidiram que nos mudássemos para lá para ficarmoscasino 777 bonusum ambiente mais são e próximo à natureza.

Eles me matricularamcasino 777 bonusuma escola dos Legionárioscasino 777 bonusCristo, sem imaginar os terríveis abusos que eu sofreria nas mãos do padre e diretor Fernando Martínez.

A escola estavacasino 777 bonusconstrução quando as aulas começaram. Eu tinha oito anos e entrei na terceira série.

Hoje sabemos que Martínez havia sido nomeado (diretor) apesarcasino 777 bonus(na época) já ter sido acusadocasino 777 bonusabusos sexuaiscasino 777 bonusoutros colégios da Cidade do México ecasino 777 bonusSaltillo.

Ele próprio havia admitido uma acusaçãocasino 777 bonus1991 e até pediu para não ser transferido a Cancún porque não se sentia "firme" para aceitar a responsabilidade (de dirigir uma escola) depois dessa acusação.

Mesmo assim, os legionários colocaram meu colégio nas mãoscasino 777 bonusum predador sexual, que continuou com seu comportamento criminoso.

Martínez foi ganhando a nossa confiança e aumentando seus abusos gradualmente.

Começou com beijos na bochecha que dava cada vez mais perto da nossa boca, como se fosse sem querer.

E foi subindocasino 777 bonustom, com abusos mais graves, até que chegou a nos estuprar. E fez isso várias vezes.

Tinha um conluio com uma professora, que tirava um grupocasino 777 bonustrês meninas das salas e nos levava à direção ou à capela. Ali, fechavam as cortinas, as portas, e (ele) nos fazia todo o tipocasino 777 bonuscoisas horríveis.

Às vezes nos fazia ler a Bíblia, nos dava hóstias ou brincava com os símbolos sagrados, para nos distrair, nos confundir e poder nos abusar.

Nós saíamos chorando, e ninguém dizia nada.

Ele me abusou durante dois anos, dos 8 aos 10. Além disso, ele me fazia ver como abusava das outras meninas.

Foi terrível. Eu era muito pequena e não entendia o que estava acontecendo. Ele era uma figuracasino 777 bonusautoridade total. Era o padre da escola, que supostamente representava Deus.

Além disso, ele era a figura máximacasino 777 bonusautoridade dentro da escola. Como aquele senhor poderia fazer algo ruim?

Eu chorava muito. Todas nós chorávamos. Lembro que me trancava no banheiro da escola e chorava e chorava. Voltava às aulas, encostava na carteira e continuava chorando.

Pouco a pouco, tomei consciênciacasino 777 bonusque estava sendo abusada. Não aguentava minhas emoções e meu corpo.

Tenho lembranças muito vívidascasino 777 bonuscertos abusos. Lembro muito bem a vezcasino 777 bonusque ele me fez testemunhar o estuprocasino 777 bonusuma menina mais nova que eu, na capela da escola. Ali percebi que aquela menininha estava sofrendo e que eu tinha que fazer algo para protegê-la.

Em uma ocasião, uma professora da escola entrou no banheiro e viu o nosso grupocasino 777 bonusmeninas chorando. Ela nos perguntou o que tinha acontecido, e dissemos que não podíamos falar.

Ela nos pediu que escrevêssemos uma carta.

Eu a escrevi, mas a dirigi à minha professora, Lorena.

Além dos beijos, consegui articular que ele nos segurava entre as pernas. Na nossa mente infantil, ela difícil discernir que a professora Aurora era cúmplice dele e que nos levava a ele com conhecimentocasino 777 bonuso que ele nos fazia.

Dessa forma, contamos a ela (Lorena) o que estava acontecendo. Ela nos disse que ia solucionar, mas pediu que não contássemos a nossos pais. Mas foi justamente isso que fizemos.

Disse à minha mãe, e ela contou às outras mães das meninas que eu sabia que estavam sendo abusadas.

Elas falaram com Eloy Bedia Diez, que era o novo diretor territorial dos Legionários,casino 777 bonusjunhocasino 777 bonus1993.

Hoje sabemos que, jácasino 777 bonusdezembrocasino 777 bonus1992, Ana Lucía Salazar (hoje apresentadoracasino 777 bonusrádio e TV no México), que era um ano mais nova que eu, havia contado a seus pais que Martínez a abusava repetidamente. Ele a estuprava sozinha.

Quando eles falaram com Martínez, ele respondeu que ela "havia mal interpretado tudo".

Eles também falaram com Bedia e com o bispo (de Cancún-Chetumal) Jorge Bernal, que não fizeram nada. Certamente pensaram que a denúnciacasino 777 bonusuma única menina não lhes causaria problemas.

Os pais dela a tiraram da escola e se mudaram para a cidadecasino 777 bonusMonterrey.

Quando nós quatro também o acusamos, Bedia informou aos pais dos alunos que Martínez já não estava maiscasino 777 bonusCancún. Sabemos que tiraram ele do país e o levaram a Salamanca, na Espanha, onde o colocaramcasino 777 bonusum seminário, tambémcasino 777 bonuscontato com menores.

Bedia escreveu recentemente que, depoiscasino 777 bonusse reunir com nossas mães, esteve com todos os pais das crianças da escola.

O que ele não diz é que, para essa segunda reunião, não convidou as mães das vítimas. E para os demais contou uma história diferente: disse que Martínez tevecasino 777 bonussair do México por causacasino 777 bonusum problema no coração e que ele seria operadocasino 777 bonusMiami.

Com Martínez fora do país, meus pais sequer puderam denunciá-lo legalmente.

'Vergonha'

Ao redor do tema se criou um grande escândalo. Alguns sabiam que Martínez tinha saído por causacasino 777 bonusabusos sexuais. As pessoas se perguntavam quem seriam as meninas abusadas.

Embora não fossem ataques diretos a mim, eu escutava. Não sabiam, mas estavam falandocasino 777 bonusmim. Eu sentia muita vergonha.

É o que a sociedade faz: aponta para as vítimas, e não para quem as vitimou.

Alguns até defendiam o padre, dizendo que as acusações eram calúnia. 'Como podem dizer issocasino 777 bonusum padre tão simpático e boa gente, que deu a primeira comunhão a nossos filhos?'.

Não sabemos quantas vítimas houve no nosso colégio. Mas tenho certeza que o relatório (dos próprios legionários) não abrange tudo.

Só reconhece as pessoas que fizeram acusações públicas e diz que algumas outras são falsas.

Por exemplo, Martínez foi acusadocasino 777 bonusabuso sexual pela primeira vezcasino 777 bonus1969, há 50 anos. E passou anoscasino 777 bonuscontato com crianças.

Denúncias públicas

No ano passado,casino 777 bonusmaio, foi outra vez Ana Lucía, hoje apresentadora, quem primeiro começou a denunciar Fernando Martínez, desta vez publicamente.

Ela saiucasino 777 bonusmuitos veículoscasino 777 bonuscomunicação (mexicanos) falando do horror dos abusos. Ela me pareceu muito corajosa, mas eu não sentia que conseguiria fazer o mesmo.

Diante das denúncias,casino 777 bonusnovembro do ano passado, Martínez mandou a ela uma carta pedindo perdão.

'De joelhos, peço perdão'

'Estou horrorizado e quero, com esta breve mensagem, apelar a seu generoso coração e,casino 777 bonusjoelhos, pedir perdão. Ninguém alémcasino 777 bonusvocê e Deus podem me dar a paz', diz a cartacasino 777 bonusMartínez (a íntegra está na foto abaixo,casino 777 bonusespanhol).

'Sei que meu comportamento daquela época não esteve à altura da minha condiçãocasino 777 bonuspadre que deve aproximar a Deus as almas confiadas a ele, sobretudo tratando-se, como educador,casino 777 bonusuma pessoa com novas responsabilidades perante as pessoas confiadas a ele. Não tenho justificativas e o deploro', prossegue o texto.

Ele conta que foi punido: não tem nenhum cargo sacerdotal público, não veste a batina e mantém uma vidacasino 777 bonusoração.

Me parece que esses castigos sãocasino 777 bonusfazer rir para alguém que sistematicamente e repetidamente abusoucasino 777 bonuscrianças. Um predador sexual, um pedófilo confesso.

'Monstros do passado'

Quando comecei a ver Ana Lucía na mídia, seu nome me soava familiar, mas não me lembrava dela porque não cursamos a mesma série.

Até que fui contatado por outra conhecida da escola. Me disse que tinha sido abusada e perguntou se o mesmo tinha acontecido comigo.

Entreicasino 777 bonuschoque. Percebi que não eram apenas as vítimas que eu conhecia. Havia mais.

Naquele dia, acabei conversando com quatro vítimascasino 777 bonusMartínez. De repente, recordando os abusos, todos os monstros do passado voltaram. Não é que voltei a sofrer o trauma, mas voltei a vivê-lo.

Os legionários responderam às denúncias dizendo que fariam uma investigação especial dos abusoscasino 777 bonusMartínez.

Queriam dizer que eram uma legião renovada e transparente e preocupada com as vítimas. E contrataram uma empresa americanacasino 777 bonusgerenciamentocasino 777 bonuscrise, chamada Praesiduim.

Para seu relatório, não falaram com Ana Lucía, só falaram com umacasino 777 bonusnossas conhecidas. Ela lhes entregou meus dados e aceitei falar com eles, mas fui com advogados.

Em troca do meu depoimento, pedi garantiascasino 777 bonusque (o que eu disse) não fosse compartilhado com os demais legionários. Mas nunca mais falaram comigo.

Então, das seis vítimas com quem eu tenho contato, apenas uma foi entrevistada.

Quando vi o relatório (dos legionários), fiquei irada, porque a investigação foi feitacasino 777 bonusmodo a atribuir tudo ao fundador Marcial Maciel.

Ele é o único culpado porque já está morto. Porque todos já sabemos que ele era um criminoso e ninguém se importacasino 777 bonusatribuir-lhe alguns crimes a mais.

Mas, por exemplo, sabemos que o diretor-geral atual dos legionários, Eduardo Robles Gil, sabia dos abusos desde 2014 e, na época, não abriu uma investigação.

No relatório, eles pedem perdão às vítimas. O que me deu vontadecasino 777 bonusvomitar. Porque a realidade é que eles nunca se importaram conosco.

Quando o relatório veio a público, a mídia o divulgou amplamente. Falou-secasino 777 bonusuma 'investigação histórica' e deu-se a versão da legião, que supostamente se renovou e tenta atender suas vítimas.

Mas achei tão ruim que todos os aplaudissem, e foi aí que decidi falar publicamente para apoiar o que a Ana Lucía falou.

'O dano nunca prescreve'

Queremos que os crimes sexuais contra crianças não prescrevam. Porque elecasino 777 bonusfato não prescreve: fica aí, permanente. Não se pode dar um prazocasino 777 bonustempo para denunciar algo tão terrível e tão difícil até mesmocasino 777 bonusse falar.

É um abuso que quebra a infância e o desenvolvimento das crianças.

Hoje Martínez tem 80 anos e está reclusocasino 777 bonusuma casacasino 777 bonusRoma, cumprindo um castigo supostamente duro para ele. Mas quem o encobriu está gerenciando a legião.

Essa é a nossa luta. Que (essas pessoas) não estejam mais cuidandocasino 777 bonuscrianças que possam ser suas vítimas.

Eles têm muitas escolas no México ecasino 777 bonusoutras partes do mundo, que são uma das suas principais fontescasino 777 bonusrenda. Então os pais, ao matricular seus filhos, alémcasino 777 bonuscolocarem-noscasino 777 bonusperigo, estão financiando uma instituição criminosa.

Os legionários foram fundados por um criminoso, um pederasta. Se já se sabe disso e que a legião não fez nada contra quem encobriu esses crimes, então como instituição ela não tem razãocasino 777 bonusser.

Só a prisão deterá criminosos e acobertadorescasino 777 bonusabusos.

'De vítima a algoz'

Pelo relatório, também descobrimos que nosso abusador foi, porcasino 777 bonusvez, abusado por Marcial Maciel, o fundador dos legionários.

Em um discurso muito manjado, muitos dizem que se você é vítima se convertecasino 777 bonusalgoz. Mas, para mim, isso chega a ser ofensivo. Eu fui vítima e nunca abuseicasino 777 bonusninguém. Nem minhas colegas o fizeram.

Não tenho nenhuma compaixão por ele. Acho que tornaram (o caso) público para dar a impressãocasino 777 bonusque foi feito justiça. Mas ficou clarocasino 777 bonusque,casino 777 bonustroca do seu silêncio, os legionários o protegeram e encobriram 50 anoscasino 777 bonusabusos.

Em 1997, nove ex-legionários mandaram uma carta (ao então papa) João Paulo 2º denunciando Marcial Marcel por abusos sexuais e tornaram públicas as acusações. E Martínez não está entre eles.

Eles nunca se importaram com as crianças. Para eles, só éramos um negóciocasino 777 bonusonde tirar dinheiro para se financiar e para nos abusar.

Mas esses abusos te marcam por toda a vida, a cada vítimacasino 777 bonusum modo diferente.

Eu saí da escola assim que consegui. Depois, me mudeicasino 777 bonuscidade ecasino 777 bonuspaís. Sempre tentava aumentar a distância, queria fugir. Tentava recomeçar minha vidacasino 777 bonusoutro lugar onde ninguém me conhecesse.

Também cheguei à conclusãocasino 777 bonusque o meu trauma me impediucasino 777 bonuster filhos. Fisiologicamente estou saudável. Mas tenho um bloqueio. Sinto horrorcasino 777 bonuspensarcasino 777 bonuster uma filha pequena que possa ser abusada.

Eu entendo as vítimas que não falaram publicamente. Cada um tem seu tempo, processacasino 777 bonusmodo diferente. Eu respeito. Talvez daqui a alguns anos elas queiram fazercasino 777 bonusdenúncia. Ou talvez nunca. Isso também se respeita. Eu sei que elas estão quebradas, porque eu também estou."

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