'Se você estáautoisolamento, eu posso ajudar': as provassolidariedademeio à pandemia do coronavírus:

Pessoas cantandojanelas na Itália
Legenda da foto, Demonstraçõessolidariedade nas janelas da Itália

"Em pandemias passadas, o apoio mútuo era muito mais comum que protestos ou outras formasagitação civil. Agora, as pessoas estão ficando cada vez mais conscientes sobre a necessidadese ajudarvezapenas se proteger comprando produtos para armazenar", avalia Steven Taylor, professorpsiquiatria da British Columbia University, no Canadá, e autor do livro The Psychology of Pandemics (A psicologiapandemias,tradução livre).

Um dos aspectos mais importantes dessa pandemia epandemias anteriores, segundo Taylor, é que as pessoas se sentem ameaçadas e precisam encontrar maneiraslidar com isso. "As pessoas sentem que precisam fazer algo para sentir que estão exercendo algum controle sobre suas vidas. As compras motivadas por pânico fazem parte disso. Ajudar as pessoas também", diz.

Para ele, as redes sociais e outras formascomunicação digital exercem um papel importantecriar um "sensosolidariedade e apoio social". "É uma maneiraajudar as pessoas a se conectarem e se ajudarem enquanto mantêm a distância necessária para limitar a disseminação da infecção. É animador que tenha havido uma ondasolidariedade e apoio mútuo nos últimos tempos", afirma.

A BBC News Brasil fez uma lista com algumas dessas boas notícias — que, espera-se, deve crescer nos próximos dias.

Recado que Fernanda Salvadé deixou nos elevadoresseu condomínio

Crédito, Fernanda Salvadé/Arquivo pessoal

Legenda da foto, Servidora públicaBrasília escreveu recado e pendurouelevadores do prédio oferecendo ajuda a quem não pode fazer compras no bairro

1. Compras para vizinhos

"Se você estáautoisolamento, eu posso ajudar." A oferta para fazer compras para um vizinho mais idoso ou que estáoutro gruporisco tem se multiplicado por diferentes países do mundo.

Em Brasília, a servidora pública Fernanda Salvadé escreveu um recado e penduroutodos os elevadores do prédio: "Se você tem mais60 anos, posso ir ao mercado para você, sem problemas ou custo. Só me avisar antes para eu me programar". Também mostroudisponibilidade no grupo do condomíniouma rede social.

Ela diz que moraum prédio com apartamentosum quarto, onde muitos idosos moram sozinhos. "Por que vou expô-los a tanta gente nos mercados se eu posso ir até lá por eles? Eu já faço compra pra mim, comprar a mais não custa nada", diz ela. "É uma tentativame colocar um pouquinho no lugar do outro e ver como eu posso ajudar."

Para ela, é preciso conterforma mais rápida possível a disseminação do novo coronavírus, e evitar que mais gente, principalmente as pessoassituaçãorisco, saiam à rua, é fundamental. "Não quero testar nosso sistemasaúdeseu limite, já quesituações normais já é um caos."

Ela diz que recebeu muitos agradecimentosmoradores que disseram já ter feito as compras agora, mas que futuramente vão contar com ela para fazer isso por eles.

Em um bairro no lesteLondres, capital britânica, um morador produziu um cartão genérico oferecendo ajuda, mandou imprimir e distribuiu para os residentes do bairro. A ideia é que mais gente se ofereça para ajudar quem precisa. As ofertas: buscar compras, enviar algo pelo correio, fazer uma ligação amiga, buscar suprimentos urgentes.

O Reino Unido ainda não entrouquarentena, então é possível circular pelas cidades, embora muitos estejam trabalhandocasa ou evitando sair na rua para não espalhar o vírus. No cartão, as observações: "evite contato físico (2 metrosdistância)", "lave as mãos com frequência" e "itens serão deixados na porta dacasa".

Cartão impressobairroLondres oferecendo ajuda para buscar compras, enviar algo por correio, fazer uma ligação ou comprar suprimentos urgentes

Crédito, Reprodução/Facebook

Legenda da foto, Cartão impressobairroLondres oferecendo ajuda para buscar compras, enviar algo por correio, fazer uma ligação ou comprar suprimentos urgentes

Nos Estados Unidos, Becky Hoeffler, funcionária da Duke University, foi temauma matéria do canal CBS 17 porque estava fazendo compras para seus vizinhos mais velhos.

Na reportagemvídeo, ela diz que a ideia surgiu quando ligou para o avô, que mora longe dela, e ele lhe disse que estava indo para o supermercado. "Ele tem 91 anos, precisava mesmo ir? Se eu morasse lá, iria no lugar dele", afirmou.

Já que não conseguiu fazer isso para o avô, pensou nos vizinhos. Ela penduroucasas ao lado daum cartaz dizendo que poderia fazer compras, sem cobrar nada, para quem precisasse evitar aglomerações por causa do coronavírus.

"People power" (poder entre as pessoas), diz ela, "é a melhor maneiracombater o vírus".

Em Berlim, autoridades locais decretaram o fechamentoescolas, creches, bibliotecas, espaços culturais, cinemas, academias, bares e casas noturnas para tentar conter a propagação do coronavírus na cidade.

Até agora, 283 casos da covid-19 foram registrados na capital alemã. Diante do aumento das restrições na vida pública, um jovem15 anos criou um site para conectar aqueles que precisamajuda com quem está disposto a oferecer esse apoio. Noah Adler afirmou à emissoratelevisão berlinense RBB que teve a ideia ao acompanhar as notícias sobre a pandemia.

"Vi que a situação está exigindo bastante dos cidadãosBerlim. É bom quando as pessoas se conectam, ajudam uns aos outros e tenham uma base na vizinhança. Então, pensei como seria possível implementar isso tecnicamente", contou Adler à BBC News Brasil.

O jovem estudante usou seus conhecimentoscomputação para colocar no ar a plataforma Coronaport. Lançada há dois dias, mais600 pessoas já se cadastraram oferecendo os mais diversos tiposajuda.

A grande maioria se dispõe a fazer compras para aqueles que não podem saircasa ou que pertencem ao gruporisco da doença. Alguns se colocam à disposiçãocuidarcrianças ou passear com cachorros. Há também aqueles que oferecem álcoolgel.

2) Cantoria nas janelas

Cantoraópera cantando da varandaTurim
Legenda da foto, Em Turim, no norte da Itália, cantoraópera cantousua varanda

"Andrà tutto bene", ou "vai ficar tudo bem", cantaram os italianossuas janelas depois que o país foi fechado pelo primeiro-ministro, Giuseppe Conte, na semana passada.

Diversos vídeositalianos cantando juntos das janelas e varandas no país viralizaram no fimsemana. Serenatas, trompetes, pessoas tocando com suas panelas — tudo isso criou música nas varandas da Itália.

Em Turim, no norte do país, uma cantoraópera cantou da varanda ao ladoum violinista;Siena, um vídeo mostra uma rua deserta à noite e residentes cantando uma canção popular típica da cidade, Canto della Verbena. Em Nápoles, no sul, pessoasquarentena cantaram Abbracciami, do cantor Andrea Sannino.

A cantoria que vemos agora na Itália já havia acontecido antesWuhan, quando a cidade11 milhõespessoas na China era o epicentro do surto do coronavírus e estava completamente fechada. Na época,janeiro, vídeos mostravam moradores gritandosuas janelas palavrasencorajamento e cantando.

"Wuhan jiāyóu", gritavam. "Jiāyóu" é uma espéciegritoguerra das torcidas na China que literalmente significa "adicione gasolina" e que, figurativamente, serve para desejar força, coragem e ânimo para alguém ou para um time.

Agora,postsredes sociais, chineses estão escrevendo "jiāyóu" para os italianos.

3) Exercício físico, bingo e parabéns na varanda

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Também surgem muitas formassolidariedade com bom humor.

No sul da Espanha, um instrutorginástica (ou suposto instrutorginástica) deu uma aula coletiva para os vizinhosquarentena.

Ele, no centro ecimauma laje; os vizinhos,suas varandas fazendo polichinelo. As gravações do momento insólito são repletasrisadas no fundo, e é possível ver o quanto os vizinhos estão se divertindo com o momento.

Outro vídeo compartilhado nas redes mostra pessoas isoladas na Espanha jogando bingo umas com as outras pela janela — também rindo e se divertindo.

"Teve que chegar uma pandemia para unir as pessoas", comentou um usuário no Twitter. "Quem vai conferir a cartela?", perguntou outro.

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No Líbano, vizinhos cantaram parabénsconjunto para uma mulher que estendeu seu boloaniversário e velinhas na janela.

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4) Aplausos a equipes médicas

Pelas redes sociais e aplicativostrocasmensagem, espanhóis e portugueses se organizaram para ir às janelas e varandas às 22hsexta-feira (13/03), para ovacionar e agradecer as equipes médicashospitais atendendo pessoas com coronavírus.

Às 22h05, segundo um usuário, as pessoas ainda aplaudiam e gritavamsuas janelas.

O gesto simbólico se espalhou por distintas cidades da Espanha. Usuários subiram os registrosredes sociais, e os vídeos viralizaram.

Os portugueses fizeram o mesmo, aplaudindo as equipes médicasconjunto na mesma hora ediversos locais do país. O som das pessoas batendo palmas durante um longo períodotempo é emocionante.

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5) 'Kits anti-corona'

Um casal na Escócia diz ter tirado 2 mil libras (R$ 12 mil) do próprio bolso para distribuir kits com máscaras, álcoolgel e lenços umedecidos para pessoas com mais65 anos. Asiyah e Jawad Javed foram temavárias reportagens no Reino Unido pelo gesto.

Eles entregaram os kits na casa das pessoas que precisaram ou deixaram os kits disponíveis emloja. Os kits custam cerca2 libras cada, e o casal havia distribuído cerca500 deles.

"Eu conheci uma senhora que estava chorando porque tinha ido ao mercado, e não havia mais sabão. Sinto que não é justo com as pessoas mais velhas, algumas nem podem saircasa. Só estamos tentando ajudar as pessoas que não podem saircasa", disse Javed ao jornal The Independent.

"Passamos muito tempo com nossos avós. Se eles estivessem vivos, não gostaríamos que estivessem passando por dificuldades."

*Colaborou Clarissa Neher,Berlim

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Crédito, Getty Images

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