Liberada pela Justiça, brasileira segue presa na África do Sulneto bet7kmeio à pandemia:neto bet7k

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Até dia 28neto bet7kjunho, o Departamentoneto bet7kServiços Correcionais confirmou 2311 casosneto bet7kinfectados pelo novo coronavírus (1227)neto bet7kdetentos, sendo que 21 morreram.
Os planosneto bet7kRafaela foram interrompidos pela pandemianeto bet7kcovid-19: os governos angolano e sul-africano suspenderam voos comerciais para tentar conter o avanço do novo coronavírus nos dois países. Ela partirianeto bet7kJohannesburgo e, depoisneto bet7kuma escalaneto bet7kAngola, seguiria para São Paulo, onde pegaria um voo direto para Salvador.

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Espera e dificuldades no Brasil
A única filhaneto bet7kRafaela, Luiza*, atualmente viveneto bet7kSalvador e aguardava ansiosamente a chegada da mãe. Está separada, desempregada, tem 27 anos e é mãe das duas crianças mencionadas no início desta reportagem.
"Meu filho chorou quando soube que ela não viria (para o Dia das Mães). É bastante frustrante. Eu sonhei com ela aqui nesta data", contou Luiza.
Na época da prisão da mãe, Luiza tinha 19 anos e moravaneto bet7kSão Paulo, com o pai dos dois filhos. Contou que traficantes também a procuraram, chegaram a depositar R$ 500 na conta dela, e nunca mais entraramneto bet7kcontato. Por mais difícil que esteja a vida atualmente, Luiza diz que aprendeu a lição através da punição aplicada à mãe. "Nenhum dinheiro vale a pena se for para você perderneto bet7kliberdade", disse.
Rafaela, que já deveria ter saído pela decisão da Justiça, chegou a gastar nos últimos anos quase R$ 60 mil contratando dois advogados. Nascida na Bahia, moravaneto bet7kSão Paulo desde 2001, onde começou a trabalhar como babá na região central da cidade. Um presídio era o último lugar onde a baiana planejava estar; o sonho era construir uma vida nova e melhor,neto bet7kforma honesta.
Com o trabalhoneto bet7kbabá, conseguiu levar a filha Luiza para morar com elaneto bet7kSão Paulo,neto bet7k2002. Chegou a abrir uma loja no bairro da Liberdade, vendendo acessórios femininos e cabelos para confecçãoneto bet7kperucas.
Depoisneto bet7kum assalto à loja, a situação financeira dela ficou muito difícil. Faltava dinheiro para repor as mercadorias roubadas, pagar fornecedores, as contas da casa e sustentar a filha.
Foi nessa época que um dos clientes a ofereceu US$ 10 mil para embarcar com 3 quilosneto bet7kcocaína para Maputo,neto bet7kMoçambique, com escala na África do Sul. A droga foi costurada no top e na cinta que ela usava. Os traficantes a deram US$ 500 para viajar. A missão era entregar a mercadoria a um desconhecido que saberia identificá-la. O pagamento só viria depois do serviço feito.
Em 22neto bet7kjaneironeto bet7k2012, Rafaela embarcouneto bet7kSão Paulo; foi presa no dia seguinte ao descerneto bet7kJohannesburgo. Depoisneto bet7kum ano e cinco mesesneto bet7kespera, a brasileira foi condenada a 15 anosneto bet7kprisão. Estudou inglês e fez cursos oferecidos pela Universidadeneto bet7kJohannesburgo na cadeia para passar o tempo, manter a mente ocupada e não se meterneto bet7kconfusão.

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Retorno ao Brasil
Enquanto Rafaela espera queneto bet7kliberação saia do papel, outras três detentas brasileiras deixaram a África do Sulneto bet7kum vooneto bet7krepatriação no dia 1ºneto bet7kjulho, junto com uma bebêneto bet7k4 meses, filhaneto bet7kuma delas que nasceu na cadeia. Elas foram libertadas nas últimas semanas, mas não está claro se foi por conta da decisão do governoneto bet7ksoltar presos por conta da pandemia.
As três brasileiras presas na África do Sul ouvidas pela reportagem disseram ter sido contratadas por nigerianosneto bet7kdiferentes capitais no Brasil para atuarem como "mulas" (assim são chamadas no mundo do tráfico as pessoas que viajam transportando drogas).
Essas três brasileiras também foram flagradas pela polícia tentando desembarcar com cocaínaneto bet7kJohannesburgo, só que no ano passado. As três sãoneto bet7kdiferentes regiões do Brasil e se conheceram na cadeia.
Antesneto bet7kvoltar para o Brasil, uma delas contou ter sido presa no dia 17neto bet7kjunhoneto bet7k2019 ao desembarcar com um quiloneto bet7kcocaína na mala no aeroporto O.R. Tambo, tendo vindoneto bet7kSão Paulo, onde morava. Mãeneto bet7ktrês filhos (o primeiro nasceu quando tinha 17 anos), ela é do Pará e disse que traficantes africanos que atuam no Brasil prometeram pagar R$ 20 mil para que ela levasse a cocaína até a cidade sul-africana. Foi a primeira viagem internacional dela.
As ex-detentas brasileiras dizem que, ao deixarem o presídio, foram para um hotel perto do aeroporto. Normalmente, os detentos estrangeiros libertados são levados para o Centroneto bet7kRepatriação Lindela, onde ficam até embarcarem para seus países.
A BBC News Brasil localizou o hotel para onde foram as três brasileiras libertadas. Apesarneto bet7kterem dito que sãoneto bet7kfamílias humildes, as brasileiras contaram que as despesas estavam sendo bancadas por parentes no Brasil. O hotel para onde foram depois que saíram da prisão é simples. No quarto há duas camasneto bet7kcasal, banheiro e um frigobar.
As três detentas contrataram o mesmo advogado sul-africano para defendê-las, conhecido entre detentos por cobrar caro, mas prometer a libertação dos presos. Pelo que as três contaram, só com o serviço dele gastaram, juntas, aproximadamente R$ 100 mil no total.
No dia do encontro, elas ainda não tinham recebido os próprios passaportes. Segundo o advogado que contrataram, só seriam entregues horas antesneto bet7kembarcaremneto bet7kvolta para o Brasil.
A embaixada do Brasilneto bet7kPretória disse, por e-mail, que não pode,neto bet7krespeito à privacidade dos cidadãos, comentar sobre casos específicos. Mas ressaltou que tem acompanhado, comoneto bet7kcostume, a situaçãoneto bet7ktodos os cidadãos brasileiros detidos emneto bet7kjurisdição durante a pandemia do novo coronavírus. Informou ainda que o acompanhamento dos processosneto bet7kjuízo, no entanto, é feito pelos advogados dos cidadãos detidos, sejam eles privados ou gratuitos e apontados pelo Estado sul-africano.
A embaixada brasileira disse também que continua mantendo contato com as autoridades sul-africanas e que até o momento nenhum brasileiro se beneficiou da decisão do presidente Cyril Ramaphosaneto bet7ksoltar presos por conta da pandemia.
A reportagem procurou o Departamentoneto bet7kServiços Correcionais da África do Sul, que porneto bet7kvez disse que, por envolver estrangeiros, o assunto éneto bet7kresponsabilidade do Ministério das Relações Internacionais, também procurado pela BBC News Brasil. Mas até agora não houve resposta sobre a libertação das três brasileiras presas no ano passado e a permanência na prisão da detenta que já deveria ter sido libertada.
Combate ao tráfico nos aeroportos brasileiros
A reportagem entrevistou,neto bet7kPretória, o responsável pela Polícia Federal brasileira no continente africano, Marcelo Diniz Cordeiro, que afirma que medidas contra o tráfico entre os dois países também tem sido tomadas no Brasil. No ano passado, foram presas 465 pessoasneto bet7k49 nacionalidadesneto bet7k19 aeroportos do Brasil. Entre eles, 268 brasileiros. Desses presos, 77 são africanos (de 12 países), principalmente da Nigéria (40).
"O continente africano tem representado cada vez mais uma possibilidade para as organizações criminosas distribuírem a droga produzida na América do Sul. Parte fica aqui no continente (africano), mas a maioria vai depois para grandes centros, como Europa, Índia e Emirados Árabes", disse o delegado.
A maioria dos presos (130) é jovem, tem entre 16 e 30 anos. Mas, na lista, há três idosos com maisneto bet7k70 anos que também foram presos tentando deixar o Brasil com drogas no ano passado. O aeroporto com mais prisões foi oneto bet7kGuarulhos.

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Uma comissárianeto bet7kbordo, que pediu para não ser identificada, contou à reportagem que a tripulação é orientada a acionar a polícia se algum passageiro apresentar comportamento estranho, como não comer ou beber durante a viagem. Muito provavelmente isso acontece quando ele ingeriu a droga e não bebe nem água no voo.
De acordo com o delegado da PF, há uma constante trocaneto bet7kinformações com autoridades africanas. Ele contou, por exemplo, que partiu do Brasil a informação que levou a polícia da África do Sul a apreender maisneto bet7k700 kgneto bet7kcocaínaneto bet7kum navioneto bet7kPorto Elizabeth no ano passado. A embarcação estava sendo monitorada pelas autoridades brasileiras.
Em 2019, quase 67 toneladasneto bet7kcocaína foram apreendidasneto bet7kportos brasileiros, quantidade maior que a somaneto bet7kapreensões nos três anos anteriores. Toda essa cocaína estava destinada a maisneto bet7k20 países, principalmente para Holanda, Bélgica e Espanha. Mas também havia cocaína sendo enviada para a Nigéria, Gana e Serra Leoa. A ação da Polícia Federal brasileira impediu que esses países recebessem 3,4 toneladasneto bet7kdroga pelo mar.
"O Brasil não produz, apenas exporta a cocaína que vemneto bet7koutros países sul-americanos", lembrou o delegado.
O tráfico no oceano Atlântico há séculos liga os continentes europeu, africano e americano, seja para transportar escravos, pedras preciosas ou drogas.
As apreensõesneto bet7kportos dão início a investigações que, depoisneto bet7kum tempo, podem levar a polícia aos responsáveis pela carga. Nesses casos, nem sempre há presosneto bet7kflagrante, o que já é mais comum quando os traficantes usam mulas que tentam sair do Brasilneto bet7kavião.
"Temos contato com policiaisneto bet7kvários países. O Brasil tem enfrentado o problema com veemência e cada vez mais estamos nos capacitando e também treinando policiaisneto bet7kpaíses africanos. Mas outros países também precisam combater o aumento do consumoneto bet7kdroga", disse o representante da PF na África.
O delegado lembra que há países com prisõesneto bet7kpéssimas condições e leis bem diferentes das brasileiras - no Egito, por exemplo, onde 11 dos 13 brasileiros que estão presos foram condenados a prisão perpétua. Porém, por serem estrangeiros, tiveram a pena convertidaneto bet7k25 anosneto bet7kprisão, segundo a embaixada brasileira no Cairo.
"O dinheiro oferecido pelas organizações pode até ser atraente, mas quem faz isso pode ser presoneto bet7kum país onde há penaneto bet7kmorte para o crime", disse o delegado.
*Nome fictício para preservar a identidade das personagens


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