Como bancos ingleses lucraram com escravidão no Brasil:lampions bet e confiavel

Havia duas formas principaislampions bet e confiavelenvolvimento dos britânicos, explica o historiador. Uma mais ampla, por meiolampions bet e confiavelempréstimos e a compralampions bet e confiaveltítulos do Tesouro, entre outras relações indiretas com a economia escravocrata. E outra mais direta,lampions bet e confiavelque instituições e indivíduos deram apoio financeiro, na formalampions bet e confiavelempréstimos e garantias, por exemplo, para o tráficolampions bet e confiavelescravos ou para fazendas que usavam esse tipolampions bet e confiavelmãolampions bet e confiavelobra.

Alguns britânicos chegaram a ser diretamente proprietárioslampions bet e confiavelescravos — segundo o trabalholampions bet e confiavelMulhern, um censolampions bet e confiavel1848-1849 mostra que havia, naquele ano, cercalampions bet e confiavel3.400 pessoas escravizadas por mestres britânicos.

Entre os envolvidos nessa relação mais direta, havia indivíduos ligados a bancos que foram predecessoreslampions bet e confiavelgrandes instituições financeiras atuais do Reino Unido.

Lobby no parlamento

Em 1833 o Reino Unido havia extinguido a escravidãolampions bet e confiavelsuas colônias, dando compensações para os senhores mas não para os escravizados. O império começou também a fazer pressão diplomática para que a escravidão fosse abolida no Brasil. Essa pressão é apontada por historiadores brasileiros como um dos múltiplos fatores que levaram ao fim da prática no país.

A lei que proibiu o tráfico como partelampions bet e confiavelum acordo com o Reino Unido, inclusive, deu origem à expressão "para inglês ver", porque durante muito tempo não havia fiscalização e o tráfico continuou.

No entanto, apesar dessa pressão do governo do país europeu, muitos do britânicos envolvidos na prática conseguiam impedir que a legislação britânica fosse mais restritivalampions bet e confiavelrelação às suas atividades no exterior.

"Essa ambivalência no envolvimento do Reino Unido na escravidão (tanto pressionando para o seu fim quanto deixandolampions bet e confiavelcortar laços econômicos existentes) pode ser encontrada na legislação da época", diz o historiador.

Isso porque os envolvidos faziam lobby no Parlamento.

"Eles pressionavam para que seus negócios fossem protegidos, com os mesmos argumentos para defender a escravidão usados no Reino Unido anteslampions bet e confiavel1833", explica Mulhern.

Os três principais, aponta, eram a defesa da propriedade (porque as pessoas tinham sido vendidas como propriedades); a necessidadelampions bet e confiavelo Reino Unido prosperar nesses mercados que ainda eram escravocratas; e o mitolampions bet e confiavelque os britânicos que exploravam escravos eram "benevolentes".

"Já existia o mitolampions bet e confiavelque os senhoreslampions bet e confiavelescravos no Brasil eram benevolentes. Os ingleses diziam que eles eram ainda mais", conta Mulhern. "Mas não há nenhuma evidêncialampions bet e confiavelque a escravização, uma prática baseada na violência ou na ameaça dela, era menos cruel quando praticada pelos britânicos".

Seres humanos como garantia

Muitas vezes os escravizados eram parte das propriedades usadaslampions bet e confiavelgarantiaslampions bet e confiavelempréstimoslampions bet e confiavelum banco. Na dissertaçãolampions bet e confiavelMulhern, ele resgatou casoslampions bet e confiavelque bancos ingleses tinham um devedor insolvente e acabavam leiloando os escravizados para cobrar a dívida.

Um desses bancos, mostra Mulhern emlampions bet e confiavelpesquisa, era o London and Brazilian Bank, criadolampions bet e confiavel1862 (e compradolampions bet e confiavel1923 pelo Lloyd's Banking Group, que existe até hoje).

O banco continuou envolvido com a escravidão até a praticamente a abolição da prática no Brasil,lampions bet e confiavel1888 — ou seja, maislampions bet e confiavel50 anos depois da abolição da escravatura nas colônias britânicas, como Jamaica e África do Sul.

Um dos executivos do London and Brazilian Bank, Edward Johnston, chegou a ser donolampions bet e confiavelescravos no Brasil e a casar com uma família que era donalampions bet e confiaveluma fazendalampions bet e confiavelcafé no Riolampions bet e confiavelJaneiro. "A riqueza gerada com a escravidão no Brasil ajudou a estabelecer um banco que investiria na exploraçãolampions bet e confiavelpessoas", diz Mulhern.

Esses laços, no entanto, eram escondidoslampions bet e confiavelinvestidores no Reino Unido, onde a opinião pública já não era favorável à escravidão.

Para evitar afugentar investidores no paíslampions bet e confiavelorigem, a maior parte dos bancos envolvidos com operações relacionadas à escravidão não o fazia diretamente, mas por meiolampions bet e confiavelcomissários intermediários, explica Mulhern à BBC News Brasil.

Um desses intermediários era a casa bancária Gavião Ribeiro Gavião, que financiava a economia agrícolalampions bet e confiavelSão Paulo e atuava no comércio internolampions bet e confiavelescravos.

A casa bancária atuou como intermediária para o London and Brazilian Bank. O banco britânico declarava que seu propósito no Brasil era comercial, mas tinha uma carteiralampions bet e confiavelhipotecas cujas garantias eram fazendaslampions bet e confiavelcafélampions bet e confiavelSão Paulo e maislampions bet e confiavel800 pessoas que trabalhavam nelas como escravos.

Terceirização

O historiador também cita o caso da Fazenda Angélica,lampions bet e confiavelRio Claro, no interiorlampions bet e confiavelSão Paulo, que acabou se tornando um dos ativoslampions bet e confiavelum banco e sendo administrada por ele. Depoislampions bet e confiaveluma tentativa fracassadalampions bet e confiavelusar mãolampions bet e confiavelobralampions bet e confiavelimigrantes, o banco resolveu "terceirizar" o usolampions bet e confiavelmãolampions bet e confiavelobra escrava.

Isso porque, sendo uma empresa inglesa, o banco não poderia ser dono diretolampions bet e confiavelescravizados. Mas uma brecha na legislação permitia que ele "alugasse" a mãolampions bet e confiavelobra escravalampions bet e confiaveloutros senhoreslampions bet e confiavelescravo — e foi o que fez.

Quando vendeu a fazenda, o banco afirmou que "não empregava um único escravo" — sem citar que pagou senhoreslampions bet e confiavelescravos para usarem as pessoas escravizadas por eles na plantação e que ainda tinha 80 escravos como garantia do financiamento que possibilitou a venda da fazenda.

Empréstimo não pago

"Nem sempre esse envolvimento era bem-sucedido, e agentes britânicos que fizeram as negociações do tipo no Brasil chegaram a ser repreendidos no Reino Unido", conta Mulhern.

Mas a repreensão, diz ele, não foi por questões morais, mas porque muitos dos empréstimos não foram recuperados e algumas instituições acabaram tendo dificuldades financeiras por causa disso.

"Muitos investidores buscavam investirlampions bet e confiavelinfraestrutura,lampions bet e confiavelcriaçãolampions bet e confiavellinhaslampions bet e confiaveltrem por exemplo, mas os fazendeiros queriam um investimento direto na produção agrícola, que era um negócio muito arriscado", diz Mulhern. "Apesar disso, alguns agentes se envolveram, até contraindo orientações da sede, e depois foram repreendidos porque os negócios não deram certo".

Empréstimos que tinham seres humanos como garantia e não eram pagos tinham impactos diretos na vida dessas pessoas.

Em 1869, o Barão do Turvo, fazendeiro carioca que tinha uma dívida com o London and Brazilian Bank, não pagou um empréstimo que devia.

"O banco então entrou com um processo para recuperar o dinheiro, e como havia pessoas escravizadas como garantia, elas sofreram a consequência", diz Mulhern. Advogados do banco então realizam um leilãolampions bet e confiavel103 escravizados, incluindo famílias com crianças e bebês. Documentos da época compilados por Mulhern mostram como o banco vendeu pelo menos 30 dessas pessoas no leilão — entre elas a pequena Ancieta, uma bebê escravizadalampions bet e confiavelapenas um anolampions bet e confiavelidade; e as pequenas Adelina e Marcellina, vendidas com 2 e 6 anos.

Lidando com o passado

O movimento americano Black Lives Matter (Vidas Negras Importam,lampions bet e confiavelportuguês),lampions bet e confiavelprotesto contra o racismo e contra o assassinatolampions bet e confiavelnegros pela polícia, fez com que muitas instituições viessem a público falar sobre seu histórico racista e mostrar que mudaramlampions bet e confiavelpostura, inclusive doando dinheiro para instituiçõeslampions bet e confiavelcombate ao racismo.

"Historiadores já sabiam dessas ligações, mas o movimento Black Lives Matter trouxe um novo escrutínio sobre esse passado", diz Mulhern.

Após a publicaçãolampions bet e confiavelum artigolampions bet e confiavelJoe Mulhern sobrelampions bet e confiavelpesquisa, o banco Lloyds Banking Group atualizou seu site para incluir um reconhecimentolampions bet e confiavelque pelo menos seis dos 200 bancos que foram incorporados pelo grupo se envolveram com a escravidão, incluindo o London and Brazilian Bank.

"Embora tenhamos muito do nosso passado para nos orgulharmos, não podemos nos orgulharlampions bet e confiaveltudo", diz o banco.

"Mas se esse debate vai ir além do reconhecimento e levarlampions bet e confiavelfato a algum tipolampions bet e confiavelreparação ou doação financeira é algo que eu não sei", afirma o pesquisador.