O drama dos estrangeiros adotados por americanos que descobrem não ter cidadania:login blaze

Liam com seu pais adotivos, Stephanie Griffin e Ben Dubinsky. Ele nasceu no Brasillogin blaze1983 e foi levado aos EUA com poucas semanaslogin blazevida

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Liam com seu pais adotivos, Stephanie Griffin e Ben Dubinsky. Ele nasceu no Brasillogin blaze1983 e foi levado aos EUA com poucas semanaslogin blazevida

"Eu frequentei escolas públicas e privadas. Tenho númerologin blazeseguridade social. Tenho carteiralogin blazemotorista. Durante minha vida inteira, minha nacionalidade americana nunca foi colocadalogin blazequestão. Nunca ninguém disse que havia alguma discrepância (nos documentos) ou algo errado", afirma.

Isso mudou três anos atrás, quando ele precisou obter habilitaçãologin blazesegurança para poder acessar determinadas áreas restritaslogin blazeseu locallogin blazetrabalho. Nesse processo, há uma detalhada verificaçãologin blazeantecedentes. "Eles disseram que precisavamlogin blazemais informações. Foi então que tudo começou", relembra.

Liam descobriu que, apesarlogin blazeseus pais adotivos serem americanos elogin blazeele ter passado a vida inteira nos Estados Unidos, seu processologin blazenaturalização nunca foi oficializado.

Alémlogin blazenão ter cidadania americana, como pensava, ele também descobriu quelogin blazecondição pode, inclusive, deixá-lo vulnerável ao riscologin blazedeportação no futuro, caso não consiga regularizarlogin blazesituação no país.

Maislogin blaze25 mil adotados sem cidadania

Na jornadalogin blazebuscalogin blazedocumentos antigos que possam esclarecerlogin blazesituação, Liam elogin blazemulher, a americana Dani Dubinsky, com quem é casado desde 2013 e com quem tem uma filhalogin blaze5 anos, descobriram que ele não é o único a enfrentar esse tipologin blazeproblema.

Liam e a mãe adotiva. Ele nunca conheceulogin blazefamília biológica, nunca teve qualquer conexão com o Brasil e nem aprendeu a falar português

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Liam e a mãe adotiva: ele nunca conheceulogin blazefamília biológica, nunca teve qualquer conexão com o Brasil e nem aprendeu a falar português

A Campanha pelos Direitos dos Adotados (ARC, na siglalogin blazeinglês), organização sem fins lucrativos que defende o direito à cidadanialogin blazetodos os que foram adotadoslogin blazeoutros países por famílias americanas, calcula que entre 25 mil e 49 mil pessoas estejamlogin blazesituação semelhante àlogin blazeLiam. Até 2033, a ARC estima que esse número poderá chegar a 64 mil adultos.

São pessoas adotadas por americanos no exterior e levadas aos Estados Unidos quando crianças, mas que completaram a maioridade sem obter cidadania americana e,login blazegrande parte dos casos, sem nem ao mesmo desconfiarlogin blazeque não são cidadãos do país onde sempre viveram.

Assim como Liam, eles cresceram sem ter ideialogin blazeque havia algum problema emlogin blazedocumentação. Frequentaram escolas, se formaram, conseguiram emprego, casaram, criaram famílias, pagaram impostos. Muitos ainda não sabem que não são cidadãos americanos.

A revelação geralmente ocorre quando procuram um emprego público ou passam por algum processologin blazehabilitaçãologin blazesegurança, como no casologin blazeLiam. Alguns são surpreendidos ao fazer seu primeiro passaporte para viajar ao exterior. Há casoslogin blazeque só descobrem quando têm algum problema com a lei.

Seja como for,login blazeuma hora para outra os direitos que pensavam ter como cidadãos americanos desaparecem. Tratados como imigrantes, e não como filhoslogin blazeamericanos, mergulhamlogin blazeum emaranhado burocrático para tentar regularizarlogin blazesituação.

Segundo a ARC e outras organizações que defendem adotados nessa situação, alguns são deportados, separadoslogin blazesuas famílias americanas e enviados a um país que nunca conheceram.

Outros, dependendo da documentaçãologin blazeque dispõem, conseguem permanecer nos Estados Unidos como residentes permanentes,login blazesituação legal, mas sem os mesmos direitos garantidos a cidadãos do país. Há ainda os que vivem escondidos,login blazeum limbo legal.

Lacunas na lei

Diferentementelogin blazeoutros países, os Estados Unidos não concediam até o ano 2000 cidadania automática a crianças adotadas no exterior por famílias americanas. Apesar de, pela lei americana, filhos adotivos terem os mesmos direitoslogin blazefilhos biológicos, isso não se aplicava àqueles nascidoslogin blazeoutros países.

Liam Dubinsky, ao lado da mulher, Dani, e da filha. Ele já era adulto quando descobriu, por acaso, que não era cidadão americano

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Liam Dubinsky, ao lado da mulher, Dani, e da filha. Ele já era adulto quando descobriu, por acaso, que não era cidadão americano

Cabia aos pais, após ingressar com a criançalogin blazeterritório americano, entrar com um processologin blazenaturalização para o filho adotivo nascido no exterior antes que este completasse 18 anos. Mas muitos pais adotivos não completavam esse processo, por negligência ou desconhecimento das regras.

Em 2000, o Congresso americano aprovou uma lei chamada Childhood Citizenship Act (CCA), que passou a garantir cidadania automática para crianças adotadaslogin blazeoutros países. Mas o benefício só se aplicava aos que tinham menoslogin blaze18 anoslogin blaze27login blazefevereirologin blaze2001, quando a lei entroulogin blazevigor.

Assim, os que haviam nascido anteslogin blaze27login blazefevereirologin blaze1983 foram excluídos. Também foram excluídas crianças nascidas após essa data, mas cujo processologin blazeadoção não havia sido completado no paíslogin blazenascimento ou que ingressaram nos Estados Unidos com um tipologin blazevisto errado,login blazenão imigrante. Isso excluiu dezenaslogin blazemilhareslogin blazeadotados dos benefícios concedidos pela lei.

"O Departamentologin blazeEstado sabe que, historicamente, alguns adotados não adquiriram cidadania americana apóslogin blazeadoção no exterior por pais que são cidadãos dos Estados Unidos", diz à BBC News Brasil um porta-voz do departamento.

"Muitos desses indivíduos agora são adultos e não podem se beneficiar da CCAlogin blaze2000", afirma o porta-voz, ressaltando que o Departamentologin blazeEstado não sabe o número exatologin blazepessoas nessa situação.

Liam não sabe muitos detalhes sobre seu processologin blazeadoção. Quando descobriu que não era cidadão americano, seus pais já haviam morrido. "Nunca penseilogin blazeperguntar sobre esses detalhes enquanto eles estavam vivos", afirma.

"Ouvi falar que tinham um amigo que conhecia meus pais biológicos ou entroulogin blazecontato com alguém que conhecia meus pais biológicos e ficou sabendo que eles iriam me ter e me colocar para adoção."

Ele diz saber que nasceulogin blazeSanta Catarina e que seus pais viajaram ao Brasil para esperar que ele nascesse e levá-lologin blazevolta aos Estados Unidos. No iníciologin blaze1984, quase um ano após seu nascimento elogin blazechegada a San Francisco, advogados contratados por seus pais adotivos entraram com pedidologin blazeadoçãologin blazeum tribunal americano.

O juiz que analisou o processo chamou a atenção para o fatologin blazeque os pais biológicos não haviam assinado os documentoslogin blazeadoção. Os advogados informaram o juiz sobre dificuldades para localizar os pais biológicos. Em 1985, a adoção foi aprovada pelo tribunal americano e oficializada.

"O que sei é que tenho uma certidãologin blazeadoção, emitida pelo governologin blazeSan Francisco, que declara que sou filho (legal)login blazemeus pais americanos e que tenho todos os direitos e responsabilidadeslogin blazeum filho biológico", ressalta.

Mas Liam e Dani dizem que não conseguiram encontrar os documentos comprovando que ele foi admitido legalmente ao ingressarlogin blazeterritório americano. Um dos requisitos para que adotados nascidos após 27login blazefevereirologin blaze1983 possam se beneficiar da CCA é terem entrado no país com um vistologin blazeimigrante.

"Infelizmente, essa documentação está faltando", diz Dani à BBC News Brasil. "É isso que têm dificultado tanto a obtençãologin blazecidadania quantologin blazeum green card (o documentologin blazeresidente permanente) para Liam."

Situação vulnerável

Liam diz que conseguiu obter das autoridadeslogin blazeimigração um documento especial, permitindo que estrangeiros que ingressaramlogin blazeterritório americano sem autorização oficial possam permanecer no país por um determinado períodologin blazetempo e buscar regularizarlogin blazesituação.

Liam e o pai adotivo. Ele não sabe detalhes sobre seu processologin blazeadoção. Quando descobriu o problema, seus pais adotivos já haviam morrido

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Liam e o pai adotivo: ele não sabe detalhes sobre seu processologin blazeadoção e, quando descobriu o problema, seus pais já haviam morrido

Isso permitiu que ele entrasse com pedidologin blazegreen card, com base no fatologin blazeser casado com uma americana. Mas seu processo está sendo analisado como ologin blazequalquer imigrante comum, e o fatologin blazeLiam ter sido adotado quando bebê e passado a vida inteira no país não é levadologin blazeconta.

Com a pandemialogin blazecoronavírus, há atrasologin blazevários processoslogin blazeimigração nos Estados Unidos, e ele não tem ideialogin blazequando terá uma resposta. Apesarlogin blazenunca ter sido ameaçado oficialmentelogin blazedeportação, ele ainda estálogin blazeuma situação vulnerável, porque não conta com as garantiaslogin blazeum cidadão americano.

Mas, para muitos outros adotados sem cidadania, o riscologin blazedeportação é imediato. A diretora da ARC, Joy Alessi, diz à BBC News Brasil que é difícil saber o número precisologin blazeadotados que já foram deportados dos Estados Unidos, mas estima que sejam dezenas ao longo dos últimos anos, entre eles alguns nascidos no Brasil.

"Os Estados Unidos não anunciam quando deportam alguém", afirma Alessi, ressaltando quelogin blazeorganização nem sempre fica sabendologin blazetodo os casos. "Quando uma deportação ocorre, é extremamente devastadora."

Alessi salienta que esses adotados não deveriam ser tratados como imigrantes nem ser penalizados por erros cometidos por seus pais adotivos, mas sim ter os mesmos direitos dos filhos biológicoslogin blazecidadãos americanos nascidos no exterior.

Um novo projetologin blazelei, que tenta corrigir as lacunas da leilogin blaze2000, já foi apresentado várias vezes no Congresso americano. A proposta garante cidadania automática aos adotados no exterior que foram deixadoslogin blazefora da CCA. Mas, apesarlogin blazeter apoiologin blazepolíticoslogin blazeambos os partidos, até hoje não avançou.

"Isso não é uma prioridade (para os congressistas). E, neste momento, com covid-19, etc, não há muito espaço (para a aprovação da proposta)", lamenta Alessi.

Enquanto aguarda uma definição sobre seu pedidologin blazegreen card, Liam tenta se acostumar à vida sem os direitoslogin blazecidadania que considerava garantidos. "Nos últimos tempos, tenho me sentido inseguro,login blazedúvida sobre quem sou", afirma.

"Sei que sou um bom pai e marido. Sei que sou um assistente médico. Mas, acho que pela primeira vez, tenho uma sensaçãologin blazedesespero,login blazeperda."

Dani também lamenta o impacto emocional emlogin blazefamília e naslogin blazeoutros adotados na mesma situação. "Muitos só descobrem quando vão se aposentar, ao começarlogin blazeum novo emprego ou ao pedir um dos benefícios que lhes foram prometidos como cidadãos", ressalta.

"E, então, sabem que não apenas não são cidadãos, mas que podem ser enviadoslogin blazevolta a um lugar que nem conhecem. Para as pessoas que estão passando por isso, é terrível."

Línea

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