'É uma corrida contra o tempo, e agora meu maior medo é a covid-19', diz caçadorapostas esportivas no presidentenazistas:apostas esportivas no presidente

Agora, ele enfrenta um novo desafio emapostas esportivas no presidentecorrida contra o tempo, uma vez que a grande maioria dos responsáveis por essas atrocidades já morreram ou estão muito velhos.

"Meu maior medo agora é a covid-19", diz.

"Brinco que sou o único judeu do mundo que reza pela boa saúde dos nazistas para que eles possam sobreviver e serem julgados pelos crimes que cometeram", acrescenta.

Historiador do Holocausto, Efraim Zuroff é caçador-chefeapostas esportivas no presidentenazistas no Centro Simon Wiesenthal Center e fundador e diretor do escritórioapostas esportivas no presidenteIsrael.

Confira os principais trechos da entrevista.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — O Sr. teve um papel fundamentalapostas esportivas no presidentelevar criminosos nazistas à Justiça. O Sr. descobriu algum vivendo na América do Sul e, mais especificamente, no Brasil?

apostas esportivas no presidente Efraim Zuroff — Eu nasci depois do fim da 2ª Guerra Mundial, então não pude levar nenhum dos grandes 'tubarões' nazistas a julgamento. Mas já identifiquei maisapostas esportivas no presidente3 mil nazistas e rastreei seus destinosapostas esportivas no presidenteimigração.

Em 40 casos, alguma ação legal foi tomada ou essas pessoas foram publicamente expostas, e tenho muito orgulho disso. O mais importante que eu levei à Justiça foi um homem chamado Dinko Sakic (croata, comandante do campoapostas esportivas no presidenteconcentração Jasenovac, conhecido como 'Auschwitz dos Balcãs'). Eu o encontreiapostas esportivas no presidenteSanta Teresita, ao sulapostas esportivas no presidenteBuenos Aires.

Não achei nenhum caso no Brasil, mas houve importantes criminosos nazistas que foram pegos ou morreram ali antesapostas esportivas no presidenteeu começar minhas atividades, como Joseph Mengele (médico nazista apelidadoapostas esportivas no presidenteo 'Anjo da Morte' por experimentos científicosapostas esportivas no presidentejudeus; morreu afogado após um derrameapostas esportivas no presidenteBertioga,apostas esportivas no presidenteSão Paulo), Franz Stangl e Gustav Wagner (ambos austríacos; o primeiro foi comandante dos camposapostas esportivas no presidenteextermínioapostas esportivas no presidenteSobibor e Treblinka e o segundo, vice-comandante do campoapostas esportivas no presidenteextermínioapostas esportivas no presidenteSobibor; ambos trabalharam na Volskwagenapostas esportivas no presidenteSão Paulo) e Herberts Cukurs (letão, membro do Comando Arajs, unidadeapostas esportivas no presidenteextermínioapostas esportivas no presidentejudeus durante o Holocausto na Letônia; tinha uma pequena empresaapostas esportivas no presidentetáxi aéreoapostas esportivas no presidenteSão Paulo; foi atraído pela Mossad, o serviço secretoapostas esportivas no presidenteIsrael, e assassinadoapostas esportivas no presidenteMontevidéu, no Uruguai).

Na América do Sul, a Argentina se tornou um destino popular entre nazistas devido ao clima político. Hoje, sabemos que o governo argentino da época criou um comitê especial para buscar essas pessoas e oferecer-lhes abrigo. Péron (Juan Perón, presidente da Argentina) tinha essa ideia loucaapostas esportivas no presidenteque trazer esses europeus para a Argentina elevaria os níveis científico e cultural do país.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — Quais são os principais desafios com os quais o Sr. se depara emapostas esportivas no presidenteprofissão?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Em primeiro lugar, eu não posso processar e levar ninguém a julgamento. Tenho que contar com a boa vontade dos países onde esses criminosos decidiram se esconder.

Digo que sou um terço investigador, um terço historiador e um terço lobista. Tenho que rastrear o paradeiro desses criminosos. Ninguém está atrás deles, mas eu estou. Tenho que construir o caso a partirapostas esportivas no presidentemuita pesquisa histórica. E, por fim, convencer o país a julgar essa pessoa.

Mas muitos países não querem fazer isso porque têm medo da publicidade ruim, dos custos e porque sabem que essas pessoas vão morrerapostas esportivas no presidentebreve porque estão muito velhas. Então, preciso fazer lobby, me tornar um lobista, para criar vontade política onde não há vontade política.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — Como o Sr. consegue rastrear o paradeiro dos nazistas?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Oferecemos dinheiro por informações que nos ajudam a levá-los à Justiça. Temos um projeto chamado 'Operation Last Chance' (Operação Última Chance,apostas esportivas no presidenteportuguês). Inicialmente, oferecemos US$ 10 mil mas esse valor pode chegar a até US$ 25 mil ou 25 mil euros.

Como resultado, tivemos muita publicidade e recebemos denúncias ao redor do mundo. Mas confesso que muitas dessas informações são inúteis.

Por exemplo, uma vez recebi uma denúncia por e-mailapostas esportivas no presidenteuma pessoa que dizia que, 40 anos antes, souberaapostas esportivas no presidenteuma históriaapostas esportivas no presidenteum alemão que vivia numa comunidade na Floresta Amazônica. O denunciante não se lembrava da localização exata dessa comunidade, sóapostas esportivas no presidenteque todos conheciam o homem como 'alemão'. Ou seja, na visão dele, esse homem era um nazista.

O que ele esperavaapostas esportivas no presidentemim? Que eu entrasseapostas esportivas no presidenteum avião e fosse até a Amazônia para achar essa pessoa? É um absurdo.

Mas houve casosapostas esportivas no presidenteque recebemos informações que nos possibilitaram descobrir o paradeiroapostas esportivas no presidentenazistas - que foram, então, expostos ou até processados e julgados.

Enfrentamos uma corrida contra o tempo. Agora, contra a covid-19. Meu maior medo é que algumas dessas pessoas vão morrer por coronavírus.

Brinco que sou o único judeu do mundo que reza pela boa saúde dos nazistas para que eles possam sobreviver e serem julgados pelos crimes que cometeram.

Às pessoas que olham para esses criminosos e dizem: "ah, mas eles estão muito velhos, por que você ainda se incomoda com eles?", sempre digo que sofrem da 'síndrome da compaixão equivocada'.

Esses criminosos não devem ter a nossa compaixão, porque eles não tiveram compaixão por suas vítimas, algumas das quais eram até mais velhas do que eles são hoje.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — O Sr. mencionou que muitos desses criminosos já morreram ou estão muito velhos. Como o Sr. vê o seu trabalho no futuro próximo, daqui a cinco ou dez anos?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Tenho estado muito envolvido nos últimos tempos com o que chamoapostas esportivas no presidente'distorção do Holocausto' - pessoas que dizem que a Shoá (como é chamado o Holocausto) não aconteceu ou que foi muito menor do queapostas esportivas no presidentefato foi.

Na minha visão, o problema maior é a mudança da narrativa do que aconteceu durante a 2ª Guerra Mundial.

Muitos países do leste europeu que se tornaram democracias nos últimos 30 anos não questionam, mas negam seu envolvimento com o Holocausto.

Esses governos não querem contar a verdade, pois é difícil para eles enfrentá-la. Novas democracias precisamapostas esportivas no presidenteheróis. E quem são eles? Aqueles que lutaram contra os soviéticos.

Mas e se essas pessoas que lutaram contra os soviéticos mataram judeus durante a 2ª Guerra Mundial? Isso deveria desqualificá-los.

Como você pode transformar um assassinoapostas esportivas no presidentesérieapostas esportivas no presidenteherói nacional?

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — O Sr. já pensa na possibilidadeapostas esportivas no presidentecaçar neonazistas? Como o Sr. vê esse movimentoapostas esportivas no presidenteascensão ao redor do mundo?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Meus colegas dos escritóriosapostas esportivas no presidenteLos Angeles (EUA) eapostas esportivas no presidenteBuenos Aires (Argentina) estão trabalhando nisso. Deixo essa tarefa com eles. Não posso fazer tudo. Minha missão envolve os nazistas da 2ª Guerra Mundial e lutar pela verdade.

Como disse, nem sempre consigo levá-los a julgamento e essa é uma dimensão muito triste do meu trabalho. É muito frustrante.

Mas o que quer que eu esteja passando, quaisquer frustrações que eu sinta, nada se compara ao sofrimento dos sobreviventes. Eles passaram pelo inferno. O que eu passei é difícil, mas nada perto do que eles passaram. Eu sou o mensageiro deles, trabalhoapostas esportivas no presidentenome deles.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — Ao passo que muitos criminosos nazistas já morreram ou estão no fim da vida, o mesmo se aplica aos sobreviventes do Holocausto. Como será possível preservar essa memória quando todos já tiverem morrido?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Nos últimos 75 anos, temos nos preparado para o momento quando não haverá mais sobreviventes. Temos centenasapostas esportivas no presidentemilharesapostas esportivas no presidentedepoimentos, muitosapostas esportivas no presidentevídeo, outros no papel.

Há várias iniciativasapostas esportivas no presidenteandamento para usar Inteligência Artificial (IA) para ter a imagem do sobrevivente respondendo a perguntas mesmo que ele já não esteja mais vivo.

apostas esportivas no presidente BBC News Brasil — Há um sem númeroapostas esportivas no presidentefilmes e sériesapostas esportivas no presidenteTV sobre o seu trabalhoapostas esportivas no presidentecaçar nazistas. Qual é aapostas esportivas no presidenteopinião sobre esse tipoapostas esportivas no presidenteentretenimento? Gostaapostas esportivas no presidenteassistir?

apostas esportivas no presidente Zuroff — Dependeapostas esportivas no presidentecomo é retratado. Vi todos os episódiosapostas esportivas no presidenteHunters com Al Pacino no Amazon Prime. Não é como a gente caça nazistas (risos). Aquilo é pura besteira, com todo o perdão da palavra.

Mas há produções muito mais precisas. Neste momento, estou negociando com quatro produtoras diferentes que estão pensandoapostas esportivas no presidentefazer uma série documental sobre o verdadeiro caçadorapostas esportivas no presidentenazistas.

Cerimônia virtualapostas esportivas no presidentememória das vítimas

Zuroff é um dos participantesapostas esportivas no presidenteuma cerimônia virtualapostas esportivas no presidentehomenagem aos 6 milhõesapostas esportivas no presidentejudeus assassinados que acontece às 19h (horárioapostas esportivas no presidenteBrasília) desta quarta-feira (27/1), organizada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) com o apoio institucional da Embaixadaapostas esportivas no presidenteIsrael no Brasil e do Consulado Geralapostas esportivas no presidenteIsraelapostas esportivas no presidenteSão Paulo.

Nessa data é comemorado o Dia Internacionalapostas esportivas no presidenteMemória das Vítimas do Holocausto, por ocasião da libertação do campoapostas esportivas no presidenteconcentraçãoapostas esportivas no presidenteAuschwitz pelo Exército vermelho.

No evento, seis sobreviventes do Holocaustoapostas esportivas no presidentediferentes comunidades judaicas do Brasil foram convidados para acender uma velaapostas esportivas no presidentememória das vítimas.

A cerimônia será transmitida no Facebook e no YouTube.

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