'Portugal é um barrilbet376pólvora, paísbet376idosos e fumantes': médico brasileiro descreve tsunami por covid-19:bet376
- Giuliana Vallone
- De São Paulo para a BBC News Brasil

Crédito, AFP
Filabet376ambulânciasbet376um hospitalbet376Lisboa ilustra as dificuldades vividasbet376Portugal
bet376 Portugal vive hoje um "tsunami"bet376covid-19. É o que afirma o médico brasileiro Marcelo Matos, 45, que atua na urgênciabet376dois hospitais da região metropolitanabet376Lisboa. Os números corroboram abet376avaliação:bet37628bet376janeiro, o país chegou ao recordebet37616.432 novos casos.
Proporcionalmente ao tamanho da população, o dado equivaleria a quase 340 mil infectados diariamente no Brasil — que, na mesma data, teve 61.811 novos registros.
"Eu vivi todas as ondas do novo coronavírusbet376Portugal. A primeira [em marçobet3762020] foi uma marola, vimos o que aconteceu no resto da Europa e nos preparamos bem, não houve sobrecarga. A segunda [em outubro e novembro] foi mais puxada. Mas chegamos ao ápice agora. A terceira onda é um tsunami", diz Matos à BBC News Brasil.
Ele relata um cenáriobet376caos nos hospitais durante o pico das infecções, no mês passado, e afirma que, a cada 4 pessoas que chegam à emergência atualmente, 3 têm sintomasbet376covid-19. "Na primeira onda, era o contrário, quase ninguém ia para o Covidário [nome dado ao espaço reservado aos casos suspeitos da doença nos hospitais]."
"Presenciei situações dantescas. Quando chegava para trabalhar, às duas da manhã, encontrava 60 pessoas à esperabet376serem atendidas (em dias normais, seriam cinco ou seis)", afirma.
Ele explica que o sistemabet376saúde português utiliza pulseiras com cores para identificar a gravidade do quadrobet376quem chega ao serviçobet376emergência — o Protocolobet376Manchester. De acordo com a escala, quem recebe a pulseira amarela (urgente) deve ser atendidobet376até 50 minutos, enquanto aqueles com a cor laranja (muito urgente) podem esperar no máximo 10 minutos — os vermelhos (emergência) são atendidosbet376imediato. As pulseiras verdes e azuis são dadas a casos menos graves.

Crédito, Arquivo pessoal
Marcelo Matos atua na urgênciabet376dois hospitais da região metropolitanabet376Lisboa
"E quando entrávamos, era um desespero, porque só tinha gente com pulseira laranja. Tínhamos pacientes com essa classificação esperando 6, 7 horas. Eram tantos laranjas que o sistema colapsou, a gente não tinha nem como atender os amarelos", conta.
"Eram pacientes graves, com baixa oxigenação no sangue. E a maioria deles idosos, muitos com doenças associadas. Portugal é um barrilbet376pólvora [para a covid-19], um paísbet376idosos e fumantes."
O médico carioca, que atua no país há três anos, diz que, nos piores dias, houve faltabet376insumos no hospital, algo que só havia visto no Brasil. "Não tinha mais rampabet376oxigênio para usar, eram muitos idososbet376macas, mal dava para andar dentro da urgência. Era um cenáriobet376guerra", afirma Matos, que vem trabalhando cercabet37670 horas por semana.

Crédito, CARLOS SODRÉ/ AG. PARÁ
'É barrilbet376pólvora, paísbet376idosos e fumantes', diz Matos
'É um monstro que vai crescendo no hospital'
A médica gaúcha Nair Amaral,bet37652 anos, relata um cenário semelhante. "Há um esgotamento da capacidade física do hospital e da capacidade humana, chegamos a um limitebet376não ter mais macas, precisaríamosbet376mais médicos, mais enfermeiros", conta ela, que também trabalha no país há três anos.
"A direção do hospital foi abrindo cada vez mais espaço para a área covid. É um monstro que vai crescendo dentro do hospital. Quando saí ontem, estavam derrubando mais paredes — você sai e, quando volta, a urgência está maior", diz.
Até o último domingo (7/2), Portugal havia registrado 14.158 mortos pela doença, e um totalbet376765.414 casos desde o início da pandemia. Cercabet37640% das mortes (5.576) aconteceram no mêsbet376janeiro, quando uma conjunçãobet376fatores levou à explosãobet376casos no país.

Crédito, Arquivo pessoal
A médica gaúcha Nair Amaral,bet37652 anos, trabalha no país há três anos
Depoisbet376ser visto como exemplo no combate à doença na primeira onda, no iníciobet3762020, Portugal viu os casosbet376infecção pelo novo coronavírus começarem a subirbet376ritmo mais acelerado a partir do fimbet376setembro. O país registrou maisbet376mil infecções diárias pela primeira vezbet376outubro e, diante do crescimentobet376casos, passou a impor medidas mais duras — como o confinamento obrigatório a partir das 13h aos finaisbet376semana — no iníciobet376novembro.
Com o númerobet376novas infecçõesbet376desaceleraçãobet376dezembro, o governo decidiu flexibilizar as medidas durante o períodobet376Natal. No feriado, os portugueses puderam se reunir com os seus familiares e viajar pelo país sem limitesbet376horários ou ao númerobet376pessoas nas celebrações - durante o Ano-Novo, porém, as restrições voltaram.

Crédito, Getty Images
Lisboa teve que recorrer a hospitaisbet376campanha diante do dramático aumentobet376casos da covid-19
De acordo com especialistas, foi esse relaxamento, aliado à chegada da variante britânica do vírus à Portugal (apontada como mais contagiosa), o responsável pela alta descontroladabet376casos a partir da primeira semanabet376janeiro — o país entrou novamentebet376lockdown no último dia 15.
Para Amaral, há ainda um terceiro fator que explica o agravamento da crise: a fragilidade dos doentes. "As pessoas estão há quase um ano sem acompanhamento habitualbet376saúde, fazendo apenas teleconsultas, com doenças negligenciadas", afirma. "Nós passamos a atender mais doentes sem possibilidade terapêutica, doentes que chegam com um grau tão avançado da doença que não há mais escolha."
Ela ressalta, no entanto, que as mortes não foram causadas por faltabet376recursos ou assistência nos hospitais. "Os leitosbet376terapia intensiva se esgotaram, mas a terapia intensiva entrou na urgência. Começamos a prescrever medicamentos que o paciente só receberia internado, na urgência — ele está recebendo, mas não nas condiçõesbet376que deveria. É o que acontece nas situaçõesbet376catástrofe."
O númerobet376novos casos no país começou a desacelerar no iníciobet376fevereiro, mas a média móvelbet376sete dias ainda era, na sexta-feira (6/2),bet3767.270 casos. A projeção do governo é que o confinamento mais rígido dure ao menos até março.

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