Um califa sem califado: a história do novo líder do Estado Islâmico:gol e meio aposta

  • Redação
  • BBC World Service
Estado Islâmico

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O Estado Islâmico foi derrotadogol e meio aposta2019, mas ainda está tentando se reerguer

gol e meio aposta Em seu apogeu, o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) chegou a controlar um território do tamanho do Reino Unido (ou do Estadogol e meio apostaSão Paulo) que se estendia entre a Síria e o Iraque.

Grandes cidades como Raqqa e Mosul estavam sob seu domínio — e o mundo acompanhava com horror as imagens que chegavam do "califado".

Masgol e meio apostamarçogol e meio aposta2019 já estavagol e meio apostaruínas. Seu líder, Abu Bakr al Baghdadi, foi mortogol e meio apostauma operação militar dos EUA, e eles ficaram encurraladosgol e meio apostauma pequena faixagol e meio apostaterragol e meio apostaBaghuz, às margens do rio Eufrates.

Um plano secreto para nomear um novo líder, no entanto, estavagol e meio apostaandamento.

"Sim, é este: Abdullah Qurdash. Ou seu outro nome: Amir Mohamed Saied Abdulrahhman", afirmou Salem, um membro do Estado Islâmico detido pelo serviçogol e meio apostainteligência iraquiano, ao apontar para uma fotografia que foi mostrada por Feras Kilani, jornalista do serviço árabe da BBC.

"Mas ele era diferente desta foto, a barba era espessa...", diz ele sobre o novo líder do grupo, que antes mesmo da mortegol e meio apostaseu antecessor já "cuidava da maioria dos negócios do 'califado'".

Esta é, portanto, a históriagol e meio apostaum califa sem califado. Do novo líder do Estado Islâmico.

Para começar a contá-la, você precisa se deslocar a 35 quilômetrosgol e meio apostaMossul, a segunda maior cidade do Iraque. É onde se encontra Al Mehalabiya, a cidade que viu nascer o novo líder do grupo.

Em meio a edifíciosgol e meio apostaruínas e postesgol e meio apostaeletricidade retorcidos, carros da unidade antiterrorista das forçasgol e meio apostasegurança do Iraque levantam poeira ao passar. Eles estão à procuragol e meio apostaAbdullah.

O comandante Ahmed é o responsável por essa missão, um trabalho que envolve grande risco pessoal.

Famosa por infiltrar espiões dentro do grupo jihadista, esta brigada desempenha um papel fundamental na luta contra os extremistas.

Uma família respeitada

"O pai dele costumava entoar o chamado para as oraçõesgol e meio apostauma das mesquitas e tinha duas esposas", conta o comandante.

Ele teve 17 filhos. Abdullah, um deles, nasceugol e meio aposta1976.

A população local ainda se lembra deles: eram educados e muito respeitados.

Mas apesargol e meio apostalevar uma vida tranquila, se comentava que Abdullah estava sendo radicalizado por grupos locais...

Abdullah Qurdash
Legenda da foto, Abdullah Qurdash é o líder do Estado Islâmico desde que seu antecessor, Abu Bakr al Baghdadi, foi mortogol e meio apostaum ataque dos EUAgol e meio aposta2019
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"Esta é uma região remota, vasta... A Al Qaeda se desenvolveu aqui no Iraquegol e meio aposta2003. Eles tinham uma boa basegol e meio apostaseguidores", explica Abdel Rahman al Dawla, prefeitogol e meio apostaAl Mehalabiya.

"Na verdade, a maioria dos líderes militares egol e meio apostasegurança do Estado Islâmico vêm dessas áreas, especialmente da vizinha Tala'far", acrescenta.

Assim,gol e meio aposta2003, quando as forças lideradas pelos EUA invadiram o Iraque, Abdullah já participavagol e meio apostagrupos jihadistas menores.

Mas, assim como tantos outros, ele os abandonaria para se juntar a uma operação muito maior: a Al Qaeda.

À medida que o Iraque era tomado pela violência, a formação religiosagol e meio apostaAbdullah egol e meio apostalonga história com grupos extremistas rapidamente fizeram dele um membrogol e meio apostadestaque.

Em 2008, no entanto, ele foi detido pelos EUA e levado para a prisãogol e meio apostaBucca.

Durante meses, foi interrogado pelas forças americanas.

Dizem que ele deu informações sobre dezenasgol e meio apostamembrosgol e meio apostasua organização, algo que a BBC não conseguiu confirmar.

Egol e meio apostarepente,gol e meio aposta2010, Abdullah foi solto.

Adesão ao Estado Islâmico

Após sair da prisão, Abdullah se juntou imediatamente a Abu Bakr al Baghdadi, o então líder do Estado Islâmico.

"Ele se tornou um membro sênior da organização na provínciagol e meio apostaNínive", explica o coronel Ahmed.

Sem dúvida, "um dos líderes mais proeminentes, muito próximogol e meio apostaAl Baghdadi".

Abu Bakr Al-Baghdadi

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Legenda da foto, Abu Bakr al Baghdadi, o primeiro líder do Estado Islâmico, promoveu Abdullah na hierarquiagol e meio apostacomando enquanto perdia homensgol e meio apostaconfrontos armados

Em maiogol e meio aposta2012, Abdullah recebe uma nova identidade. Sua aparência muda ligeiramente.

Naquela época, a maior parte das forças americanas havia se retirado do Iraque, dando ao Estado Islâmico tempo para se reagrupar. Diantegol e meio apostaum governo impopular, o grupo começou a ganhar adeptos.

Ao ver a fotografia dele, um ex-líder das forçasgol e meio apostasegurança do Estado Islâmico, agora transformadogol e meio apostaum informante valioso, confirma à BBC a identidadegol e meio apostaAbdullah.

Ele afirma que se encontrou várias vezes com o novo líder.

"Sim, é este", diz. "Ele pode ser muito radicalgol e meio apostaalgumas questões;gol e meio apostageral, não confiagol e meio apostaninguém, exceto nas pessoas próximas a ele."

"O que percebi é que ele não é um intelectual,gol e meio apostaum modo geral, ele não tem a capacidadegol e meio apostafazer discursos como Al Baghdadi, que uma vez discursougol e meio apostapúblico sem papéis nas mãos. Não acho que Abdullah seja capazgol e meio apostafazer o mesmo".

À medida que as ambições do Estado Islâmico se expandiam, Abdullah assumiu o papelgol e meio apostaministro da Justiça, supervisionando as execuções e punições horripilantes.

A crueldadegol e meio apostaAbdullah

Quando o Estado Islâmico entrou na cidadegol e meio apostaSinjargol e meio aposta2014, a crueldade e a crescente influênciagol e meio apostaAbdullah realmente deram as caras.

Eles mataram milharesgol e meio apostamembros da minoria yazidi.

Baghouz

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Legenda da foto, Em 2019, o Estado Islâmico viu seu domínio reduzido a uma pequena faixagol e meio apostaterragol e meio apostaBaghouz, na Síria

Mas a questão do que fazer com as mulheres yazidis dividiu o Estado Islâmico.

De acordo comgol e meio apostaprópria interpretação da sharia (lei islâmica), alguns queriam escravizá-las.

Salem al Jubouri testemunhou a disputa na organização. Ele era próximo ao então líder Al Baghdadi.

"Com relação ao cativeiro das mulheres yazidis, a ideia do xeque Abu Ali al Anbari era proibir. Isso porque ainda éramos novos na aplicação da sharia e os problemas superavamgol e meio apostamuito os benefícios", relata.

No entanto, Abdullah insistiu.

Por quê?

"Ele disse: desde que faça parte da religião que aplicamos, estamos revivendo a Sunnah (ensinamentos islâmicos)."

"Ele tinha um comitê no Iraque e outro na Síria. Os iraquianos se recusaram a escravizar as mulheres yazidis porque elas eram iraquianas, temiam por suas próprias esposas e famílias", acrescenta outra testemunha que pertencia ao grupo.

"Os iraquianos não aceitaram a ideiagol e meio apostaescravizar cristãos. Os sírios eram mais próximosgol e meio apostaAl Baghdadi, que nessa altura viviagol e meio apostaRaqqa. Terminou com um acordo para escravizar apenas as mulheres yazidis e evitar as cristãs", explica.

Mulheresgol e meio apostaburca

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sete mil mulheres e meninas foram capturadas e escravizadas pelo Estado Islâmico,gol e meio apostaacordo com gruposgol e meio apostadireitos humanos

Vários gruposgol e meio apostadireitos humanos afirmam que 7 mil mulheres e meninas foram capturadas e escravizadas pelo Estado Islâmico. A ONU lista seus crimes como equivalente a um genocídio.

Quando eles ameaçaram estendergol e meio apostabrutalidade para grandes cidades como Erbil e Bagdá, a comunidade internacional começou a agir.

Seguiram-se bombardeios e vários dos principais líderes do Estado Islâmico foram mortos, o que fez Abdullah subir na hierarquiagol e meio apostacomando.

Ele se tornou o homem mais importantegol e meio apostaAl Baghdadi e houve muitas tentativasgol e meio apostaacabar comgol e meio apostavida, segundo testemunhas entrevistadas.

"Apenas uma delas chegou perto", dizem.

"Ele estavagol e meio apostapé e foi alvogol e meio apostaum drone, acredito que americano, e ficou ferido. Sua perna foi amputada e ele ficou no hospital por quatro meses ou mais até se recuperar."

Com o passar do tempo, o Estado Islâmico começou a regredir. Em 2017, a perda da segunda cidade iraquiana marcou o início do fim para eles.

A ascensão como líder

A ameaça contínuagol e meio apostaataques aéreos os forçou a retroceder.

"Certamente Al Baghdadi sabia que íamos perder nossos territórios, então ele preparou ordens para que voltássemos ao tempo anterior à declaração do Estado Islâmico", conta Salem, um dos prisioneiros das forças iraquianas.

Assim,gol e meio apostaoutubrogol e meio aposta2017, Al Baghdadi e Abdullah atravessaram para a cidade síriagol e meio apostaAl Bukamal.

Lá eles quase morreramgol e meio apostaum ataque aéreo.

Abdullah Qurdash
Legenda da foto, Esta é a imagem mais recente que temosgol e meio apostaAbdullah, corresponde agol e meio apostaaparênciagol e meio aposta2012

"Os aviões chegaram e bombardearam Al Bukamal. O xeque Abdullah sofreu ferimentos leves, masgol e meio apostaescolta foi morta. Apenas alguns estilhaços atingiram Abdullah. Ele foi levado para o hospital", recorda Salem.

Comgol e meio apostaliderança sob constante ameaça, o Estado Islâmico se retirou para a pequena cidade síriagol e meio apostaBaghouz, ondegol e meio aposta2019 milharesgol e meio apostacombatentes e suas famílias se renderam.

Al Baghdadi apareceugol e meio apostaum vídeo alguns meses depois emgol e meio apostaresidência secretagol e meio apostaIdlib, no norte da Síria.

Acredita-se que Abdullah seja uma das três pessoas que aparecem desfocadas ao lado dele.

Naquela época, ele já estava sendo preparado para se tornar o possível líder.

Em 26gol e meio apostaoutubrogol e meio aposta2019, o que parecia inevitável aconteceu.

Abu Bakr al Baghdadi foi mortogol e meio apostaum ataque americano, dando a Abdullah a chancegol e meio apostase tornar líder.

É aqui que perdemos seu rastro. Os serviçosgol e meio apostainteligência iraquianos dizem que ele está escondido no norte da Síria, possivelmentegol e meio apostaáreas controladas por forças curdas.

Aparentemente, ele está trabalhando junto a um grupogol e meio apostalíderes iraquianos para reconstruir a organização, aproveitando o sentimentogol e meio apostainjustiça generalizado entre as populações sunitas do Iraque e da Síria.

Um processo que pode levar muitos anos. Talvez demais para um califa sem califado.

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