Como a China ficou 'presa' à políticabet 265'covid zero':bet 265

São números muito baixos quando comparados aos 97 milhõesbet 265casos e um milhãobet 265mortes registrados no mesmo período nos Estados Unidos, país que tem um quarto da população da China.

O problema é que a estratégiabet 265Pequim só conseguiu conter a doença graças à adoçãobet 265medidas draconianas, como manter as fronteiras do país basicamente fechadas, enquanto decreta internamente lockdowns drásticos, afetando cidades inteirasbet 265milhõesbet 265habitantes por semanas.

Isso prejudicou o desempenho econômico do país. Organismos internacionais projetam um crescimentobet 2652,8% do PIB neste ano para a economia chinesa, bem abaixo dos 5,5% esperados pelo governobet 265Xi Jinping.

"A China se encurralou com a políticabet 265covid zero ao impor regras muito rígidas às pessoas e às comunidades", diz Jack Chow, professor da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, e ex-vice-diretor geral da OMS, à BBC News Mundo, serviçobet 265espanhol da BBC.

Ele adverte que essa política enfrenta grandes pressões.

"Primeiro porque, apesar destas medidas draconianas, o númerobet 265casosbet 265covid continuou a aumentar", explica.

"Em segundo lugar, porque não está só restringindo o crescimento econômico chinês, mas também interrompendo as cadeiasbet 265suprimento no mundo todo."

"E,bet 265terceiro lugar, porque a agitação social está se espalhando por todo o país à medida que as pessoas comuns começam a se irritar com essas restrições", acrescenta.

Apesar disso, Pequim não deu sinaisbet 265que pretende relaxar a políticabet 265covid zero — algo que neste momento também implicariabet 265riscos significativos para a China, conforme alertam especialistas.

Por quê?

Uma estratégia inflexível

Durante a fase inicial da pandemia, quando não havia vacinas contra covid-19, outros países como Austrália, Nova Zelândia, Cingapura e Coreia do Sul, entre outros, adotaram abordagens semelhantes à políticabet 265covid zero da China.

À medida que surgiam vacinas e outros tratamentos contra o coronavírus, esses países foram suspendendo os lockdowns e abrindo as fronteiras, enquanto Pequim manteve a mesma política.

Assim, enquanto o resto do mundo aprendeu a conviver com o vírus, Pequim insistiubet 265eliminá-lo por meiobet 265lockdowns.

E, embora tenha conseguido evitar o contágio com bastante sucesso, como consequência dissobet 265população ficou mais exposta à doença por não ter desenvolvido a imunidade natural obtida pelos infectados.

Essa política gerou o que Yanzhong Huang, principal pesquisadorbet 265saúde global do Council on Foreign Relations, chamoubet 265"lacuna imunológica".

É que depoisbet 265quase três anosbet 265pandemia, a maioria dos 1,4 bilhãobet 265cidadãos chineses não foi exposta ao vírus.

"No resto do mundo, a população adquire imunidade por duas vias: vacinas e infecção natural, mas na China não houve infecção natural", explicou Jin Dong-Yan, professorbet 265virologia molecular da Escolabet 265Ciências Biomédicas da Universidadebet 265Hong Kong, à BBC News Mundobet 265fevereiro.

A segunda via, a das vacinas, tampouco favorece Pequim, que não autorizou o usobet 265vacinasbet 265mRNA (Pfizer e Moderna) desenvolvidas no Ocidente.

Na China, foram aprovadas para uso oito vacinas contra covid-19, mas nenhuma usa tecnologiabet 265mRNA,bet 265acordo com a plataforma Covid-19 Vaccine Tracker.

Entre as vacinas desenvolvidas no gigante asiático, já existe uma, a Walvax, que é baseadabet 265mRNA, mas seu uso é autorizado na Indonésia — e não na China.

"A imunidade coletiva contra a covid-19 não pode ser alcançada sem uma vacinação eficaz, e as vacinas inativadas da China provaram ser muito menos eficazes do que as vacinasbet 265RNA mensageiro usadas na Europa e nos Estados Unidos", advertiu Yanzhong Huangbet 265um artigo publicado na Foreign Affairsbet 265janeiro.

'Cavalgarbet 265um tigre'

Os perigos derivados da estratégiabet 265Pequimbet 265combate à covid tinham sido alertados pela consultoria Eurasia Group, que classificou a políticabet 265covid zero da China como a principal ameaça global para 2022,bet 265seu relatório anual sobre os principais riscos geopolíticos.

"A China se encontra na situação mais difícil devido a uma políticabet 265covid zero que parecia incrivelmente bem-sucedidabet 2652020, mas agora se tratabet 265uma luta contra uma variante muito mais transmissível, com lockdowns mais amplos e vacinas com eficácia limitada."

"E a população praticamente não tem anticorpos contra a ômicron. Manter o país fechado por dois anos tornou mais arriscado reabri-lo", observava o relatório.

Como a população chinesa não possui imunidade natural, e com pouca imunidade adquirida derivada das vacinas, as autoridades enfrentam o riscobet 265um surtobet 265infecções sair do controle e provocar o colapso do sistemabet 265saúde do país.

"O colapso do sistemabet 265saúde seria, na verdade, um desastre maior do que a própria covid, como foi vistobet 265Wuhan. Muitas das mortes foram causadas por esse colapso, mais do que pela doença", explicou Jin Dong-Yan à BBC News Mundo.

Um problema adicional é que não está claro o nívelbet 265prepara do sistemabet 265saúde chinês está para lidar com um aumento acentuadobet 265casosbet 265covid.

Em declaração ao jornal americano The Washington Post, Yanzhong Huang alertou que Pequim deveria ter iniciado esforços para ter mais leitosbet 265unidadesbet 265terapia intensiva (UTIs) e uma vacinação melhor há dois anos e meio, mas ao focar exclusivamentebet 265conter infecções, acabou destinando menos recursos a esses objetivos.

Diante desse cenário, Jack Chow acredita que, numa análise prospectiva, a China tem opções difíceis pela frente.

"Um caminho seria continuar a estratégiabet 265lockdown na esperançabet 265achatar a curva da covid-19, mas isso continuaria a alimentar tensões na sociedade e na economia."

"O outro caminho seria começar a flexibilizar essas medidas,bet 265resposta aos problemas sociais, mas correndo o riscobet 265uma aceleração das infecções", afirma.

Não se trata, no entanto,bet 265um risco menor.

Estimativas divulgadas nesta semana pela consultoriabet 265saúde Airfinity indicam que se Pequim suspender agora a políticabet 265covid zero, a vidabet 2651,3 a 2,1 milhõesbet 265pessoas estariabet 265risco.

Por isso, Chow acredita que a China poderia optar por redobrar seus esforços preventivos, mas incorporando vacinasbet 265mRNA.

"Eles têm muita experiência com o usobet 265máscaras e distanciamento social, mas não diversificaram suas opçõesbet 265vacinas para incluir as principais vacinas criadas no Ocidente", observa.

Essa decisão poderia reduzir os riscosbet 265que ao relaxar as medidasbet 265lockdown haja um aumentobet 265infecções que acabe sobrecarregando o sistemabet 265saúde chinês.

Chow sugere, no entanto, que pode haver outras questõesbet 265jogo que dificultariam o usobet 265vacinas ocidentais, mesmo que tenham sido atualizadas para fazer frente às variantes mais recentes.

"A questão é se a seleçãobet 265vacinas é baseadabet 265pressões políticas. Será que eles veem o usobet 265vacinas ocidentais como um sinalbet 265fracasso ou perdabet 265prestígio?"

"Eu diria que a estratégia mais eficaz para enfrentar a pandemia é usar os meios mais eficazes, independentemente da procedência. Por isso, é muito provável que haja questões políticasbet 265jogo, e isso faz com que a política da China a seguir seja mais complexa do que os estrategistasbet 265saúde pública recomendariam", afirma.

Além destas questões, é importante lembrar que o presidente Xi Jinping e o Partido Comunista Chinês têm defendido a políticabet 265covid zero, o que segundo analistas já dificulta uma mudançabet 265rumo.

Assim, o país se encontra entre os riscosbet 265um colapso do sistemabet 265saúde devido a uma ondabet 265infecções descontroladas e o preço político que uma mudançabet 265rumo poderia significar — incluindo a possibilidadebet 265permitir o usobet 265vacinas ocidentais no país.

Neste contexto, a situação enfrentada por Pequim combet 265políticabet 265covid zero parece lembrar o que acontece com quem "cavalga um tigre", segundo os antigos provérbios chineses: uma vez que você monta, não se atreve mais a descer.

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