Por que ler os clássicos:video de como jogar poker

Ivan Lessavideo de como jogar pokerilustraçãovideo de como jogar pokerBaptistão
  • Author, Ivan Lessa
  • Role, Colunista da BBC Brasil

video de como jogar poker A Companhia das Letras está lançando uma edição especialvideo de como jogar pokerdois ensaios do escritor italiano Italo Calvino. É um livro pequeno,video de como jogar pokercapa dura,video de como jogar pokerimpressão e diagramação impecáveis e que se destina a celebrar a união entre a Penguin e a Companhia, que juntas lançarão os clássicos no Brasil, a partir do ano corrente. O primeiro ensaio é o que dá título a estas linhas, assim mesmo, sem interrogação evideo de como jogar pokeracordo com o abominável “acordo ortográfico” da Língua Portuguesavideo de como jogar pokervigor, supostamente, desde o ano passado, mas que, felizmente, virou e continuará a ser apenas mais uma reforma ortográfica brasileira. E acabaram as objeções.

Sempre tive paixão pelo Calvino, a quem trato com a maior intimidade, e achava que tinha lido tudo dele, ao menosvideo de como jogar pokerficção, mas confesso que não conhecia nem o que dá título ao esplêndido opúsculo nem o segundo, As odisséias na Odisséia, que eu grafo, implicante que sou, com o acentinho para mim clássico há décadas.

O que me desbundou, como dizem os eminentes críticos literários, foi o Por que ler os clássicos. Vinte e duas páginas apenas, mas argumentadas com a clareza e a concisãovideo de como jogar pokerquem – impossível evitar dizê-lo – já virou um clássico. Clássico moderno, ao menos, embora não seja a eles que Calvino esteja se referindo.

Devagar e lúcido, Calvino vai enumerando as razões para se ler um clássico. Como se estivesse dizendo a coisa mais óbvia do mundo. Aqui entro eu, metido a besta, e já vou peruando: mas a definiçãovideo de como jogar pokerum clássico é precisamente avideo de como jogar pokerdar a impressãovideo de como jogar pokerser a coisa mais óbvia do mundo, só que não tínhamos reparado antes por excessivo respeito ou mesmo medo. Não é preciso tratá-los aos pontapés, vou dialogando com o mestre italiano, mas ir aos poucos, página após página, neles reconhecendo um velho, ou melhor novo, amigo.

De cara, Calvino estabelece o seguinte:

“Os clássicos são aqueles livros dos quais,video de como jogar pokergeral, se ouve dizer: 'Estou relendo...' e nunca 'Estou lendo'...”

E mais:

“Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado (...)”

Prossegue costurando com agulhavideo de como jogar pokerouro, feito aquele alfaiate:

“Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.”

Mais umazinhas:

“Toda releituravideo de como jogar pokerum clássico é uma leituravideo de como jogar pokerdescoberta como a primeira.”

“Um clássico é um livro que nunca terminouvideo de como jogar pokerdizer aquilo que tinha para dizer.”

E vou pararvideo de como jogar pokercitar, ou copiar, para não tirar o prazervideo de como jogar pokerquem tiver o bom sensovideo de como jogar pokerse chegar ao ensaio, aliás já publicado pela própria Companhiavideo de como jogar poker1991. Só mais unzinho antesvideo de como jogar pokereu dar minhas peruadas:

“Chama-sevideo de como jogar pokerclássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhançavideo de como jogar pokerantigos talismãs.”

Depoisvideo de como jogar pokeratravessar as tais 22 páginas, se me ocorreu um pensamento, para variar nada original. Tudo que Calvino explicitavideo de como jogar pokersuas linhas pode ser aplicado a todas as artes. No meu caso, principalmente as populares. Como apreciar jazz sem conhecer seus clássicos? Ou seja, Buddy Bolden, Jelly Roll Morton, Kid Ory, King Oliver, Louis Armstrong. Cabe neles a argumentaçãovideo de como jogar pokerCalvino como uma luva, para usarvideo de como jogar pokerum símile também clássico, só que sem graça.

E o cinema? Ponto por ponto válido para cinema toda e qualquer ponderação calviniana. O menino ou a menina gostaramvideo de como jogar pokerAvatar? Tudo bem. Agora cheguem-se a Griffith, Murnau, Eisenstein, von Stroheim e a lista, comovideo de como jogar pokertudo mais, segue por aí afora até ontem mesmo, se quiserem.. E não, eu não esqueci o samba, não, senhor: Pixinguinha, Donga, Sinhô, Orestes Barbosa, Ismael Silva, Noel Rosa, gente que não acaba mais.

Tudo vai melhor com um clássico. Até mesmo Coca-Cola e, principalmente, Guaraná Antarctica, este também, emvideo de como jogar pokercategoria, um clássico.