Tim Vickery: Protestos ofuscam verdadeiro problema777 casa de apostassegurança na Copa:777 casa de apostas

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- Author, Tim Vickery
- Role, Do Rio777 casa de apostasJaneiro para a BBC Brasil
777 casa de apostas Um policial alemão com um longo passado pela Interpol, Ralf Mutschke, foi nomeado para ser Diretor777 casa de apostasSegurança da Fifa quase dois anos atrás – o que agora pode parecer uma eternidade.
Ele foi contratado como um especialista777 casa de apostascrime internacional com o principal objetivo777 casa de apostascombater a manipulação777 casa de apostasresultados. Em vez disso, as circunstâncias o obrigaram a se tornar um “expert”777 casa de apostasprotestos777 casa de apostasrua.
Ele estava no Congresso Técnico da Fifa777 casa de apostasFlorianópolis, na semana passada, uma reunião com representantes777 casa de apostastodas as 32 delegações da Copa do Mundo. Mutschke e outros (representantes dos Ministérios da Justiça e da Defesa, além do Comitê Organizador Local) deram uma entrevista coletiva para falar sobre a questão da segurança – a entrevista foi completamente dominada por perguntas sobre as manifestações777 casa de apostasjunho e julho777 casa de apostas2013, na Copa das Confederações, e sobre a possibilidade777 casa de apostaselas se repetirem um ano depois, agora no Mundial.
André Rodrigues, do Ministério da Justiça, acertou o tom na delicada tarefa que o governo brasileiro terá durante a Copa do Mundo. O direito777 casa de apostasprotestar é uma parte fundamental da democracia, ele disse, e as forças777 casa de apostassegurança têm o dever777 casa de apostasassegurar que as pessoas possam exercer esse direito777 casa de apostasmaneira pacífica. Ele falou da necessidade777 casa de apostasseparar a parcela principal dos manifestantes da minoria violenta – mais fácil falar do que fazer na confusão do momento, mas,777 casa de apostasqualquer forma, um objetivo importante.
Poderia parecer que os eventos da Copa das Confederações no ano passado teriam dado às forças777 casa de apostassegurança uma experiência considerável para lidar com esse tipo777 casa de apostassituação. Estudos foram feitos, lições foram aprendidas, o treinamento melhorou e há melhorias também na coordenação777 casa de apostastodos os esforços777 casa de apostastodo o país – tudo isso conta como parte777 casa de apostasum legado para a sociedade. Os métodos para controlar a multidão no Brasil podem ser muito primitivos, e a Copa do Mundo pode ajudar a melhorá-los.

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Foi impressionante, no entanto, o quanto “segurança” e “protestos” viraram sinônimos no debate sobre a Copa do Mundo777 casa de apostas2014. E a mídia internacional parece propensa a acreditar nessa confusão. Porque as manifestações são tão fotogênicas – a imagem777 casa de apostasum carro sendo incendiado é particularmente dramática – que um conceito errado acaba se disseminando; e então se passa a imagem777 casa de apostasque a maior ameaça para aqueles que vierem para a Copa do Mundo será ter777 casa de apostaspassar por um protesto na rua. E isso simplesmente não é verdade.
Outras ameaças são mais preocupantes. Talvez não para os times e as delegações, que estarão cercados por uma gigantesca operação777 casa de apostassegurança, mas com certeza para os torcedores comuns que estarão circulando pelo país. Porque o principal problema777 casa de apostassegurança na Copa do Mundo777 casa de apostas2014 provavelmente será a violência avulsa777 casa de apostastodos os dias que tanto atormenta a vida urbana no Brasil.
Falo por experiência própria. Durante a Copa das Confederações, eu passei uma semana777 casa de apostasSalvador – minha primeira vez na cidade, e eu realmente estava curtindo bastante, até que à uma hora da tarde, um jovem rapaz sem muita graça passou em777 casa de apostasbicicleta com uma pistola na mão e decidiu limpar a minha carteira. Ele claramente tinha me visto sair do hotel, me seguiu por toda a praia enquanto eu andava777 casa de apostasdireção ao supermercado e me abordou777 casa de apostasum lugar muito bem selecionado e isolado ao longo da orla.

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O ponto aqui é que eu estava hospedado777 casa de apostasum hotel três estrelas. A alguns quilômetros dali, na praia, havia outro cinco estrelas. Lá, uma notável operação777 casa de apostassegurança estava acontecendo. Onde eu estava, não havia nenhuma. E existem duas razões para isso. Primeiro, a necessidade777 casa de apostasproteger o estádio das manifestações sugou as forças777 casa de apostassegurança – e eles não conseguiam mais proteger todos os lugares. E segundo porque é assim que as coisas são e sempre foram. Poder e riqueza trazem um nível777 casa de apostasproteção que nem sempre se aplica ao resto777 casa de apostasnós.
A preocupação para a Copa do Mundo é clara. Os preços exorbitantes dos hotéis vão fazer com que os torcedores fiquem fora das zonas comuns777 casa de apostasturistas, já que eles vão buscar opções mais baratas777 casa de apostashospedagem. Eles vão acabar ficando777 casa de apostasáreas com pouca segurança e proteção e podem viver situações como a que eu vivi777 casa de apostasSalvador – e, sem experiência para lidar com o crime urbano no Brasil, eles podem ter reações777 casa de apostaspânico que podem levar a consequência perigosas.
Esse tipo777 casa de apostassituação vai inevitavelmente ser colocada como uma daquelas777 casa de apostasbrasileiros contra estrangeiros. Mas não é simples assim, apesar777 casa de apostasos turistas serem particularmente vulneráveis a roubos na rua. Na verdade, isso é uma questão que atinge todo mundo que mora nas grandes cidades do Brasil.
Eu sofri dois assaltos a mão armada nos meus 20 anos no Brasil (uma vez no Rio muitos anos atrás, a outra foi essa777 casa de apostasSalvador). Em nenhuma das ocasiões, os assaltantes sabiam – ou sequer estavam interessados777 casa de apostassaber – que eu era um estrangeiro. Os dias passam e as principais vítimas desse tipo777 casa de apostascrime são brasileiros e,777 casa de apostasmuitos casos, brasileiros777 casa de apostasclasse média-baixa. E poucas coisas podem ser tão socialmente destrutivas como a constante ameaça da violência urbana. Ela aumenta o nível777 casa de apostasestresse, semeia desconfiança, acaba com o conceito777 casa de apostasespaço público e age como um ciclo vicioso – o crime leva ao medo, que leva menos pessoas às ruas, que leva a mais crime, que leva a mais medo e assim por diante.
Infelizmente,777 casa de apostastodo esse debate sobre como lidar com as manifestações não estou vendo nenhum foco na violência avulsa do dia-a-dia. Claramente, isso ainda é uma questão muito complexa, bem maior do que a da Copa do Mundo e bem maior do que o próprio conceito777 casa de apostassegurança por si só. Um torneio777 casa de apostasfutebol que dura cinco semanas não vai resolver o problema. Mas se o senhor Mutschke realmente quiser proteger os torcedores777 casa de apostasjunho e julho, a concentração dele apenas777 casa de apostasprotestos e manifestações na rua será um grande erro.








