'Quero abraçar o mundo', diz mexicana que escapou da escravidão:app brazino777

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'Me incomoda muito'
Ela costuma olhar para baixo e só começa a fazer contato visual no meio da entrevista. Depoisapp brazino777algum tempo, sorri e conta piadas.
"É difícil para mim entender tudo isso, sair, estar com outras pessoas", afirma Zunduri, que escolheu este nome após a fuga,app brazino777homenagem a uma amiga.
"No início era pior, porque as feridas estavam recentes."
Zunduri, queapp brazino777japonês significa "bela garota", diz que é bom contarapp brazino777história, mas que também é incômodo "lembrarapp brazino777novo, outra vez, outra vez e outra vez".
Cicatrizes no peito, partes da cabeça onde o cabelo ainda não cresceu e o andar manco são algumas marcas visíveis dos abusos que ela sofreu.
A mexicana era frequentemente queimada com o ferroapp brazino777passar roupa e golpeada com utensíliosapp brazino777ferro.

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<link type="page"><caption> Leia mais: Jovem escravizada no México relata rotinaapp brazino777maus-tratos e abusos</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://www.mi-rob.com/noticias/2015/04/150428_escrava_mexico_testemunho_pai" platform="highweb"/></link>
Os médicos que trataramapp brazino777Zunduri afirmam nunca ter visto um caso como o dela – um corpoapp brazino777uma jovemapp brazino77720 anos com órgãos semelhantes aosapp brazino777uma pessoa com 80.
Ela passou um mês entre hospitais, tratamentos, depoimentos, reencontros, novidades e planos.
Também aproveitou para deitar-se na gramaapp brazino777um parque e sentir o sol nos olhos. E experimentou correr com o carrinhoapp brazino777compras emapp brazino777primeira ida ao supermercado.
Seu produto favorito é o chocolate. Em barra,app brazino777biscoitos ou como sorvete.
'Não sou Deus'
Enquanto estavaapp brazino777cativeiro, Zunduri chegou a comer plástico e tomar água do ferroapp brazino777passar, desesperada para aplacar a fome e a sede.
Ela diz que sonhava acordada com a fuga, mas não encontrava a oportunidade, até conseguir o momento certo, no último mêsapp brazino777abril.
Ela também afirma, no entanto, que pensouapp brazino777suicidar-se maisapp brazino777uma vez. "Sempre alguma coisa me dizia que não, que eu não fizesse isso."
Diz não ter perdido a fé, mas ter ficado "irritada" com Deus. "Pedia que pelo menos não me deixasse sozinha."
A dona da tinturaria Planchaduría Express, Leticia Medina, está presa.
Quando não tinha para onde ir, Zunduri aceitou trabalhar no local, com a promessaapp brazino777um salário, comida e um lugar para dormir.

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Medina e suas duas filhas a maltratavam, apertavam as correntes emapp brazino777cintura, a impediamapp brazino777ir ao banheiro, não a deixavam dormir maisapp brazino777quatro horas por dia, diziam para ela queapp brazino777mãe não iria buscá-la e mentiam paraapp brazino777mãe, afirmando-lhe que Zunduri não a queria ver ou que não estava lá.
"Daqui a algum tempo eu gostariaapp brazino777vê-la (Leticia Medina) cara a cara. O que eu diria para ela? Que eu tenho valor, sim, porque ela me dizia que eu não tinha. Eu diria: 'olhe para mim, estou dianteapp brazino777você. E veja onde você está'. De aíapp brazino777diante, Deus que cuide dela. Está onde tem que estar", afirma.
"Eu a desculpei. Mas perdoá-la, eu? Não sou Deus."
Sua voz e suas palavras não demonstram sinaisapp brazino777ódio nemapp brazino777vingança, mas Zunduri admite que, às vezes, repetir a história lhe provoca raiva.
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Tempo, espaço e liberdade
Durante os últimos cinco anos, a vida da jovem mexicana esteve confinada a um espaço reduzido e à monotonia.
Agora, ela tem tempo, espaço, liberdade e possibilidade. "Faço uma coisa diferente a cada dia. Acordo e não sei o que vou fazer", diz.
Ela vai começar um cursoapp brazino777confeitaria, quer viajar, conhecer, comprar, dormir.
Zunduri completou seus 23 anos no dia 9app brazino777maio, assistindo a uma apresentaçãoapp brazino777tango na Argentina.
"Eu não festejava meu aniversário há muito tempo. Compraram um bolo para mim e jantamos com Rosi."
A ativistaapp brazino777direitos humanos Rosi Orozco, presidente da ONG Comisión Unidos vs Trata A.C., acompanha a garota desde seus primeiros diasapp brazino777liberdade, e a levou a Córdoba, na Argentina, para um eventoapp brazino777jovens contra a violência e a escravidão.
"Ela é meu anjo da guarda", diz Zunduri.

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A viagem foiapp brazino777primeiraapp brazino777um avião. Por causa dos problemas que desenvolveu nas pernas, permitiram que ela viajasse na primeira classe.
Ela diz ter passado o tempo assistindo filmes como Procurando Nemo, Toy Story e Cisne Negro.
Zunduri não tinha um bom relacionamento comapp brazino777mãe, mas arrepende-seapp brazino777ter saídoapp brazino777casa e começa a retomar o vínculo com a família, pouco a pouco. Ela diz a outras jovens que "não saiamapp brazino777suas casas, não fiquem sem rumo".
Agora, a jovem vive com uma família, dedica-se a lutar contra a escravidão e faz parteapp brazino777um programaapp brazino777recuperaçãoapp brazino777vítimas.
No futuro, teráapp brazino777própria casa, que já recebeuapp brazino777presente, alémapp brazino777um computador. Mas ela falaapp brazino777escrever um livro.
Na livraria onde aconteceu esta entrevista, Zunduri insiste que quer ler novamente o romance fantástico Momo e o Senhor do Tempo, do escritor alemão Michael Ende (autorapp brazino777História Sem Fim), sobre uma garota órfã.
O título original completo do livro é Momo ou a estranha história dos ladrões do tempo e da menina que devolveu aos homens o tempo roubado.
"Quero recuperar o tempo que perdi", afirma Zunduri.
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