Por que beijamos (e outros animais não)?:jogos casanik

  • Melissa Hogenboom
  • Da BBC Earth
Thinkstock

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto,

O atojogos casanikbeijar pode ser uma 'invenção' recente dos humanos

jogos casanik Analisando friamente, beijar é algo um tanto estranho: a troca prolongadajogos casaniksaliva com outra pessoa aumenta a possibilidadejogos casaniktransmitir até 80 milhõesjogos casanikbactérias com um único gesto.

Ainda assim, praticamente todo mundo se lembrajogos casanikseu primeiro beijo, com todos os detalhes íntimos e deliciosos. E beijar continua sendo uma parte importantíssima do romance.

Quem vive nos países do Ocidente pode pensar que o beijo na boca é um comportamento humano universal.

Mas um estudo recente, realizado por especialistas das Universidadesjogos casanikNevada e Indiana, nos Estados Unidos, sugere que menos da metade das culturas do mundo adota o gesto. Beijar também é extremamente raro entre os bichos.

De onde vem o beijo, então? Se é algo útil, por que não é adotado por todos os humanos e outros animais?

Invenção recente

Bem, pode ser justamente o fatojogos casanikoutros não beijarem o que explicaria nossa preferência pelo gesto.

Segundo o estudo americano, que analisou 168 sociedadesjogos casaniktodo o mundo, apenas 46% delas cultivam o hábito do beijo como uma demonstração romântica. Anteriormente, pensava-se que seriam 90%. A pesquisa excluiu o beijo entre pessoas da mesma família e se concentrou apenas no beijo na boca entre casais.

Thinkstock

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto,

Os chimpanzés costumam se beijar depoisjogos casanikuma briga

Muitas sociedades que se baseiam na caça não demonstraram interessejogos casanikbeijar, e algumas até consideram o ato repugnante. A tribo dos Meinacos, que vive no Xingu, teria se referido ao ato como "nojento",jogos casanikacordo com os pesquisadores americanos.

Como esses grupos são os que possuem um estilojogos casanikvida mais próximo dojogos casaniknossos ancestrais, é possível imaginar que o beijo tenha sido uma invenção recente.

Segundo o antropólogo William Jankowiak, um dos autores do estudo, o gesto parece ser um produto das sociedades ocidentais, passadojogos casanikuma geração a outra.

'Aspirar a alma'

Algumas evidências históricas ajudam a comprovar essa tese.

O psicólogo Rafael Wlodarski, da Universidadejogos casanikOxford, na Grã-Bretanha, passou um pente finojogos casanikinúmeros estudos para encontrar indíciosjogos casanikcomo o beijo mudou ao longo do tempo.

O sinal mais antigojogos casanikum comportamento parecido com o beijo vemjogos casaniktextosjogos casaniksânscrito védico hindujogos casanikmaisjogos casanik3,5 mil anos atrás. Neles, beijar é descrito como "aspirar a alma um do outro".

Por outro lado, hieróglifos egípcios retratam pessoas perto umas das outras, mas não com seus lábios colados.

Será, então, que o beijo é algo natural que algumas culturas reprimiram?

A melhor maneirajogos casanikdescobrir é observando os animais.

Thinkstock

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto,

Os machos da aranha viúva negra conseguem sentir pelo olfato o melhor momentojogos casanikcopular

O poder dos odores

Pule Podcast e continue lendo
BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

Os chimpanzés e os bonobos, nossos parentes mais próximos, se beijam.

O primatólogo Fransjogos casanikWaal, da Universidade Emory,jogos casanikAtlanta, nos Estados Unidos, já presenciou várias cenasjogos casanikchimpanzés se beijando e se abraçando após um confronto. Para eles, o beijo é uma formajogos casanikreconciliação, e é mais comum entre machos. Ou seja, não é um ato romântico.

Já os bonobos se beijam com mais frequência e costumam usar suas línguas no gesto. Isso talvez não seja surpreendente porque essa espécie é altamente sexual: quando dois seres humanos são apresentados pela primeira vez, provavelmente trocam um apertojogos casanikmão; já os bonobos fazem sexo. Portanto, seus beijos não são necessariamente românticos.

Esses dois primatas são uma exceção. Até onde se sabe, outros animais não beijam. Alguns podem esfregar os rostos mas não trocam saliva ou estalam seus lábios.

Em vez disso, as espécies exalam odores tão fortes para atrair o sexo oposto que elas não precisam se aproximar para senti-lo. O principal componente desse odor são os feromônios, que despertam o desejojogos casanikacasalar.

Mamíferos como o javali, o hamster e o rato têm um olfato apurado e seguem o rastro dos odores para conseguir encontrar parceiros geneticamente diferentes.

Até mesmo as aranhas são dotadas do mesmo recurso: o macho da viúva negra consegue sentir o cheiro dos feromônios liberados pela fêmea que sinalizam se ela estájogos casanikbarriga cheia. Ele só se acasala com ela se entender que ela não está faminta e não o matará após a cópula.

Thinkstock

Crédito, Thinkstock

Legenda da foto,

Os elefantes demonstram afeição usando as trombas

Ou seja, os animais não precisam chegar muito perto uns dos outros para encontrar um bom parceirojogos casanikpotencial.

O ser humano possui um olfato bastante rudimentar. Portanto, chegar bem pertojogos casanikoutra pessoa pode ser uma vantagem. E estudos mostram que, apesar do odor não ser o único sinal que usamos para avaliar se um parceiro é apropriado, ele tem um papel fundamental nessa escolha.

Suor masculino

Um estudo publicadojogos casanik1995 mostrou que as mulheres, assim com os camundongos, preferem os odores dos homens geneticamente diferentes delas. Isso faz sentido, já que a misturajogos casanikgenes distintos tende a produzir filhotes mais saudáveis. Ou seja, beijar pode ser uma ótima maneirajogos casanikse estar próximo o suficiente para farejar os genes do parceiro.

Em 2013, Wlodarski entrevistou centenasjogos casanikvoluntários sobre suas preferências na hora do beijo. A importância do cheiro foi citada pela maioria deles, e aumentava ainda mais quando as mulheres estavamjogos casanikseu período mais fértil.

Cientistas descobriram que os homens também produzem uma versão do feromônio que é tão atraente entre os animais. O hormônio está presente no suor masculino e, quando as mulheres o percebem, tendem a ficar ligeiramente mais excitadas.

Segundo Wlodarski, os feromônios são essenciais na escolhajogos casanikparceiros entre os mamíferos, e nós, humanos, temos alguns deles.

Desse pontojogos casanikvista, o beijo seria apenas uma maneira culturalmente aceitáveljogos casanikse chegar perto o suficientejogos casanikalguém para detectar seus feromônios.

Em algumas culturas, esse comportamento evoluiu para o contato físico entre os lábios. "É difícil saber quando exatamente isso aconteceu, mas o objetivo do beijo é o mesmo do farejar entre os animais", conclui o cientista.

Leia a versão original desta reportagemjogos casanikinglês no site BBC Earth.