Brasil deve se preparar para zika endêmica, dizem cientistas:vbet league

O principal fator é a resistência do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, e que voltou a infestar centros urbanos no Brasil depoisvbet leagueduas vezes erradicado nas últimas décadas.

Dados do Ministério da Saúde mostram o avanço dengue no país. Foram 40 mil casos registradosvbet league1990. No ano 2000, o total saltou a maisvbet league135 mil casos, e superou 1 milhãovbet league2010. Em 2015, foram maisvbet league1,5 milhãovbet leaguecasos.

A segunda questão é o fatovbet leagueque a população brasileira não tem o organismo "preparado" para um vírus que, até o atual surto, não tinha sido registrado foravbet leaguepaísesvbet leagueÁfrica, Ásia e Oceania.

'População inocente'

"A velocidade transmissão do zika no Brasil não é surpresa porque o vírus tem o Aedes aegypti como o principal vetorvbet leaguetransmissão, e o país tem o que se pode chamarvbet league'população inocente', que não não foi anteriormente exposta. Parece-me bastante improvável que o Brasil e outros país da América Latina afetados livrem-se do zika, que tende a se tornar endêmico na região", afirmou Haddow,vbet leagueentrevista por telefone à BBC Brasil.

Uma endemia é uma doença típica e frequentevbet leagueuma determinada região, por vezesvbet leaguealgumas épocas do ano.

Haddow, que trabalha como pesquisador da Divisãovbet leagueVirologia do Departamentovbet leagueDefesa dos EUA, classificou o surtro brasileiro como um "grande alerta" para necessidadevbet leaguemais estudos sobre zika,vbet leagueespecial por causa da possível correlação do vírus com a má-formaçãovbet leaguebebês.

Em 2012, o cientista fez uma apresentaçãovbet leagueuma conferência virologistas nos EUAvbet leagueque argumentou que o vírus estaria prestes a se espalhar.

"Estava claro que havia a possibilidadevbet leagueuma distribuição geográfica ainda maior do que apenas a África e a Ásia, mas acredito que muitos casosvbet leaguezika, inclusive no Brasil, tenham sido diagnosticados erroneamente como dengue por causa dos sintomas semelhantes entre as duas doenças. Os casosvbet leaguemicrocefalia no Brasil, ainda que não tenham sido definitivamente provados como consequência do zika, mudarão esse cenário", completou o americano.

'Endêmica e epidêmica'

A epidemologista Jane Messina, da Universidadevbet leagueOxford, coautoravbet leagueum estudovbet league2013 sobre o riscovbet leaguecontraçãovbet leaguedengue no Brasil durante os meses da Copa do Mundo, também projeta um quadrovbet leagueexpansão do zikavbet leagueterritório brasileiro. "Não vejo razão que para que o surto seja diferente do que aconteceu com a dengue no Brasil, ainda que conheçamos pouco sobre o vírus e seja um pouco cedo para se especular."

Messina também adota essa cautela para discutir as possíveis implicações para mulheres brasileiras e latino-americanas grávidas ou que pensemvbet leagueengravidar. "Não há solução simples. Além da diminuição da populaçãovbet leaguemosquitos, tudo o que se pode fazer é seguir as orientações das autoridades nacionais e internacionaisvbet leaguesaúde. E avaliar os riscos", completou a epidemiologista.

O diretor da Divisãovbet leagueEnsaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Precioso, também prevê um cenáriovbet leaguezika endêmico.

"O vírus é muito recente. A maior parte da população não está imune, ou seja, é suscetível ao zika. Vivemos hoje com o mosquito disseminado por todo o país e, mais, pelas Américas. O númerovbet leaguecasos vai aumentar progressivamente. Há uma situação ideal para a doença ser endêmica e epidêmica", alerta.

Desconhecimento

O que piora a situação é o desconhecimento dos cientistas a respeito do vírus. Não se sabe, por exemplo, se uma pessoa que contraia o zika ficará imune, apesarvbet leagueque especialistas do Brasil e dos Estados Unidos entrevistados pela BBC Brasil acreditam que sim. Também não se pode prever se o vírus sofrerá mutações.

"Evolução vale para todos os organismos", alerta Precioso. "Basta ver o influenza (vírus da gripe), que demanda uma vacina diferente todo ano."

O pesquisador do Butantan lembra que nem sequer é possível estabelecer com certeza uma relação direta entre o zika e os casosvbet leaguemicrocefalia.

"A hipótese é forte, mas ainda não há uma comprovação (científica). Assim como ainda não se sabe se há transmissão por contato sexual", diz.

O americano Haddow elogiou os esforços do Brasilvbet leagueintensificar as campanhasvbet leaguecombate ao Aedes aegypti, incluindo a mobilizaçãovbet leaguemilharesvbet leaguehomens das Forças Armadas.

Olimpíada

"Na minha opinião, as autoridades brasileiras até reagiram rápido, pois o zika nas últimas décadas tinha sido ignorado pelas principais autoridades. O que se pode fazer agora é tentar reduzir as chancesvbet leaguecontágio".

O americano, no entanto, não acredita que a Olimpíada deva ser simplesmente classificada como "de risco".

"As pessoas viajam para outros lugares do mundo onde há doenças graves transmitidas por mosquitos, como a malária. Há vírusvbet leagueoutros lugares do mundo que não o Brasil. O surtovbet leaguezika serve para mostrar como a globalização e as mudanças climáticas estão criando condições para a propagaçãovbet leaguedoenças ao redor do mundo", finalizou Haddow.