'Não aceitamos crianças': avanço da onda 'childfree' é conveniência ou preconceito?:aposta no grupo copa do mundo bet365

"Não sou obrigada a aguentar crianças mal-educadas que não sabem se comportar", "muitos pais não impõem limites" e "os estabelecimentos têm o direitoaposta no grupo copa do mundo bet365escolher quem vão servir" foram alguns dos argumentos citados por leitores da BBC Brasil ao serem questionados, no Facebook, se achavam correto o limite imposto à presençaaposta no grupo copa do mundo bet365criançasaposta no grupo copa do mundo bet365determinados locais.

Mas outros pontos também foram levantados: "Será que todos aqui nasceram adultos e não lembram como é ser criança?"; "E se os restaurantes passarem a proibir também pessoas velhas, gordas e feias, será aceitável?"

Mas afinal, esse tipoaposta no grupo copa do mundo bet365veto a crianças está dentro da lei? E quais as consequências sociais desse tipoaposta no grupo copa do mundo bet365medida?

Livre iniciativa x discriminação

Há diferentes interpretações jurídicas sobre o tema.

A advogada Fabiola Meira, doutoraaposta no grupo copa do mundo bet365direito das relaçõesaposta no grupo copa do mundo bet365consumo e professora-assistente da PUC-SP, defende que o veto é aceitável se for previamente (e claramente) informado ao consumidor para não lhe causar constrangimento.

"Há quem diga que pode haver preconceito, mas acho que locais privados podem adotar um modeloaposta no grupo copa do mundo bet365negócios para um público diferente (que restrinja crianças), com base na livre iniciativa", diz à BBC Brasil. "Não é algo contra uma raça ou nacionalidade, que seria uma discriminação."

Já Isabella Henriques, representante do instituto Alana, organizaçãoaposta no grupo copa do mundo bet365defesa dos direitos infantis, diz que, feita a ressalva a locais que sejam impróprios por trazerem perigos às crianças, "o veto é discriminatório sim, por estar excluindo um segmento da sociedade. Abre precedentes para se excluírem também, por exemplo, pessoas com deficiência".

"O fatoaposta no grupo copa do mundo bet365um estabelecimento ser privado não o eximeaposta no grupo copa do mundo bet365teraposta no grupo copa do mundo bet365cumprir a Constituição, queaposta no grupo copa do mundo bet365seu artigo 5º diz que todos são iguais perante a lei, e que no artigo 227 diz que crianças e adolescentes têm prioridade absoluta", argumenta Henriques.

O tema também chegou a Brasília. Em maio, a Comissãoaposta no grupo copa do mundo bet365Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados rejeitou um projetoaposta no grupo copa do mundo bet365lei do deputado licenciado Mário Heringer (PDT-MG) que proíbe estabelecimentos comerciaisaposta no grupo copa do mundo bet365vetar o acesso a crianças e adolescentes.

No projeto - que ainda será analisado pela Comissãoaposta no grupo copa do mundo bet365Constituição e Justiça da Câmara -, o deputado argumenta que esse tipoaposta no grupo copa do mundo bet365veto é "abusivo" e expõe clientes a "constrangimento".

Para o relator Covatti Filho (PP-RS), porém, "não se trataaposta no grupo copa do mundo bet365um tratamento discriminatório das crianças ou mesmo das famílias, mas da exploração legítimaaposta no grupo copa do mundo bet365um nichoaposta no grupo copa do mundo bet365mercado".

'Olhar fraterno'

Muitos empreendimentos privados argumentam que seus espaços não foram projetados para os pequenos.

"Temos muitos morros aqui e sacadas que são perigosas para crianças", diz à reportagem a gerênciaaposta no grupo copa do mundo bet365um resort exclusivo para adultosaposta no grupo copa do mundo bet365Santa Catarina. "E nossa proposta éaposta no grupo copa do mundo bet365proporcionar algo mais romântico e reservado, para casaisaposta no grupo copa do mundo bet365luaaposta no grupo copa do mundo bet365mel ou para o Dia dos Namorados. Sempre informamos antes, então isso nunca atrapalhou."

A advogada Aline Prado é autoraaposta no grupo copa do mundo bet365um comentário com maisaposta no grupo copa do mundo bet365300 curtidas no post da BBC Brasil sobre o tema. "Pessoas que não têm filhos também precisam ter a liberdadeaposta no grupo copa do mundo bet365escolher frequentar um ambiente sem crianças", opina, agregando que "é comum vermos crianças desconfortáveisaposta no grupo copa do mundo bet365alguns ambientes. Não é obrigação dela se comportar como adulto, mas ela não deveria ser exposta a isso por adultos".

Mas defensores dos direitos infantis veem essas restrições como evidênciasaposta no grupo copa do mundo bet365uma sociedade mais intolerante e egoísta.

"Se não conseguimos conviver com as crianças e entender suas necessidades, que sociedade queremos ter no futuro? Uma que confine as crianças apenas a locais específicos gerará adultos que não sabem se relacionar", opina Isabella Henriques, do Alana.

"A voz infantil incomoda por não ter os filtros sociais. (Mas) é o nosso valor do presente. As crianças têm direito a voz e a se expressar e a brincaraposta no grupo copa do mundo bet365forma distinta do adulto."

Para a autora Elisama Santos, consultoraaposta no grupo copa do mundo bet365comunicação não violenta e educadora parental, faz parte da vidaaposta no grupo copa do mundo bet365sociedade aprender a lidar com o choro infantil - assim como outros inconvenientes das relações pessoais.

"Adultos têm que saber que o mundo não é só deles. O choro da criança incomoda, assim como o adulto bêbado também incomoda e ele não é (previamente proibido) nos lugares", opina.

"A ideiaaposta no grupo copa do mundo bet365que a criança é indesejada é violenta com ela e comaposta no grupo copa do mundo bet365família, numa épocaaposta no grupo copa do mundo bet365que a maternidade das grandes cidades é exercidaaposta no grupo copa do mundo bet365grande solidão e muitas mães têm uma redeaposta no grupo copa do mundo bet365apoio pequena - não têm com quem deixar o filho quando precisam ir ao médico, se alimentar, se divertir. Em que momento esquecemos que as crianças é que vão perpetuar o nosso mundo?"

A farmacêutica paulista Talita (nome fictício) sentiu isso na pele. Quando seu primeiro filho tinha 3 mesesaposta no grupo copa do mundo bet365vida, ela e o marido arriscaram uma ida a uma pizzariaaposta no grupo copa do mundo bet365Santos (SP). O bebê chorava com cólica e com o calor, até que os donos do estabelecimento sugeriram que a família fosse comer a pizzaaposta no grupo copa do mundo bet365casa.

"Mais do que chateada, fiquei traumatizada mesmo", diz Talita. "Foi umaaposta no grupo copa do mundo bet365nossas primeiras e últimas saídas com o bebê nos primeiros meses, com medo das reações das pessoas (ao choro), porque criança é assim, imprevisível."

Por situações como essa, Santos e Henriques defendem um "olhar fraterno" perante paisaposta no grupo copa do mundo bet365crianças que estejam chorando ou falando altoaposta no grupo copa do mundo bet365público.

"Muitosaposta no grupo copa do mundo bet365nós vivemosaposta no grupo copa do mundo bet365cidades não amigáveis para crianças, com poucos parques ou espaços adequados. Aí elas entram no restaurante e saem correndo e 'a culpa é da mãe que não dá limites', quando a questão é muito mais complexa", opina Henriques.

"Temos também pais cansados, com filhos que precisam comer. Que tal encarar situações (de mau comportamento) com um outro olhar, oferecendo-se para brincar com a criança enquanto o pai come? No fim das contas, vale o ditadoaposta no grupo copa do mundo bet365que é preciso uma aldeia para criar uma criança - é uma responsabilidade coletiva. E isso não significa deslegitimar quem não quer ter filhos, uma escolha que também precisa ser respeitada."