'Brasil vai virar Argentina': como país vizinho virou 'nova Venezuela' nas redes bolsonaristas:fruit brabet

Crédito, Agustín Marcarian/Reuters

Crédito, Dapp/FGV
"Os posts com mais retuítes foram feitos por contas bolsonaristas. O movimento é todo puxado por declarações do presidente e postsfruit brabetseus apoiadores", diz Victor Piaia, pesquisador responsável pelo levantamento na FGV.
O Twitter, diz Piaia, é representativo por ser "a plataforma que reúne mais condições para a disputafruit brabetnarrativas e visões entre diferentes grupos políticos".
Nos últimos meses, o presidente e pessoas próximas, como o filho Eduardo Bolsonaro, dedicaram espaçofruit brabetvárias redes sociais para falar do país vizinho.
"Essa atual crise passa, a que não passa é a do Socialismo, que o PT ajudou a implementar na Venezuela, estáfruit brabetandamento na Argentina", escreveu o presidentefruit brabetmaio.
Eduardo fez recentemente uma live no Facebook e Twitter sobre "O fracasso político na Argentina" e pediu para seus seguidores combaterem a "desinformação" compartilhando a situação no país vizinho.
Nas eleiçõesfruit brabet2018, a situação era diferente. Nos meses que antecederam o pleito, o então candidato Bolsonaro fazia várias menções à Venezuela no Twitter e nenhuma à Argentina, na época governada pelo direitista Mauricio Macri. Já Eduardo mencionava os vizinhosfruit brabetcomentários pontuais sobre futebol.
Naquele ano, sob o governo Macri, a Argentina entroufruit brabetrecessão, com recuo do PIB. Um ano mais tarde, o próprio presidente admitiu o fracasso econômico do seu governo, após perder nas urnas para o atual mandatário, Alberto Fernández. Atualmente, o país enfrenta problemas como inflação recorde (entenda mais abaixo).
Muda o país, mas o tom segue o mesmo: um "alerta" ou uma "ameaça"fruit brabetque, se o candidato rival vencer, o destino do Brasil será aquelefruit brabetvídeos e imagens compartilhadas.
Uma análise feita por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostrou que,fruit brabet150 gruposfruit brabetWhatsapp ligados ao bolsonarismo nas eleiçõesfruit brabet2018, o númerofruit brabetmenções à crise na Venezuela disparou nos meses que antecederam a votação.

Crédito, Juan Pablo Cohen/EPA
O professor Viktor Chagas, coautor do artigo "O Brasil vai virar Venezuela: medo, memes e enquadramentos emocionais no WhatsaApp pró-Bolsonaro", ressalta que esse tipofruit brabetcomparação com as crises venezuelanas vem desde 2002, na campanhafruit brabetJosé Serra (PSDB) contra Lula.
A campanha tucana utilizou a situação da Venezuela na época (com greve geral e tentativafruit brabetdeposiçãofruit brabetHugo Chávez), para atacar Lula, sinalizando que o posicionamento do petista levaria a uma crise similar à vivenciada pelo país vizinho. Lula acabou sendo eleito.
"Bolsonaro resgata isso, justamente porque o bordão 'Brasil vai virar Venezuela' é capazfruit brabetevocar o imaginário antipetista que, para 2018, foi exatamente o mote da campanha", diz Chagas.
Por que, então, os holofotes se voltam agora à Argentina?
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A crise na Argentina
De fato, a Argentina passa por um momentofruit brabetcrise — algo que não é incomum no país nas últimas décadas, sejafruit brabetgovernosfruit brabetesquerda ou direita.
A Argentina sofre historicamente com uma faltafruit brabetfio condutor emfruit brabeteconomia. Nas últimas quatro décadas, os modelosfruit brabetcrescimento têm oscilado bastante entre um governo e outro, indo muitas vezesfruit brabetdireções opostas — como aconteceu, mais recentemente, com o governo liberalfruit brabetMacri, que sucedeu os dois mandatosfruit brabetCristina Kirchner, marcados por um viés mais protecionista.
O resultado é que os principais problemas (como inflação, dívida externa e a desvalorização do peso) tiveram bons momentos, mas nunca soluçãofruit brabetmédio prazo.
"Na Argentina, a profunda divisão causada no Peronismo [o movimento político criado pelo presidente Juan Domingo Perón na décadafruit brabet1940] faz com que, quem assume quer destruir o que o outro fez", explica Carlos Eduardo Vidigal, professorfruit brabetRelações Internacionais da Universidadefruit brabetBrasília (UnB) e especialista nas relações entre Brasil e Argentina.
No momento atual, a inflação é o grande pesadelo no país. Em julho, o índice dos últimos 12 meses atingiu 71%, recorde nos últimos 30 anos. No Brasil, esse índice estáfruit brabet10,07%.

Crédito, AGUSTIN MARCARIAN/Reuters
Jáfruit brabetrelação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é a somafruit brabettodas as riquezasfruit brabetum país, o da Argentina cresceu 0,9% no primeiro trimestrefruit brabet2022,fruit brabetrelação ao trimestre anterior (já descontadas as sazonalidades da economia durante o períodofruit brabetfimfruit brabetano), e 6%fruit brabetrelação ao mesmo períodofruit brabet2021.
O Brasil cresceu 1% no primeiro trimestrefruit brabet2022,fruit brabetrelação ao trimestre anterior, e 1,7%,fruit brabetrelação ao mesmo períodofruit brabet2021.
"As crisesfruit brabetBrasil e Argentina têm naturezas diferentes, com duas situações graves. A Argentina tem muitos e muitos anosfruit brabetinflação elevada, mas,fruit brabettermosfruit brabetpobreza, fome e desigualdade, não saberia dizer qual está pior. O Brasil está numa situação lamentável, mas a Argentina nem sequer tem dados confiáveis para analisar", avalia Carlos Vidigal.
"Acredito que esse maior foco na Argentina se deve ao fatofruit brabetque a Venezuela perdeu visibilidade na mídia. Em 2018, a crise humanitária venezuelana estava no auge, com muitos imigrantes chegando ao Brasil. E também porque a crise se agravou na Argentina, justamente num governo alinhado ao PT", completa.
A economia da Venezuela dá alguns sinaisfruit brabetrecuperação, e alguns venezuelanos que deixaram o país começaram a retornar.
O professor também analisa que não teria como "Brasil virar Argentina'' devido a grandes diferenças estruturais na economia dos dois países, como a grande dívida externa do país vizinho e a dependência que eles têmfruit brabetrelação ao dólar americano.
Segundo Vidigal, nas últimas décadas o Brasil conseguiu diversificar mais os seus parceiros comerciais e suas relações internacionais. Além disso, "por mais profunda que seja nossa desindustrialização, a indústria tem ainda um papel relevante no Brasil".
Politicamente, a Argentina enfrenta ainda outro desafio,fruit brabetacordo com o professor: lá, os políticos ligados ao peronismo, como os Kirchner, entramfruit brabetquedafruit brabetbraço constante com o agronegócio, o setor mais poderoso da economia e a quem chamamfruit brabet"oligarquias". "Aqui, o agro estáfruit brabettodos os partidos políticos".

Crédito, Ricardo Stuckert
Bombardeamento nas redes
Não é desde sempre que o que acontece na Argentina repercute no Brasil, apesar da importância histórica dos dois países no cenário regional da América do Sul.
De acordo com professor Carlos Eduardo Vidigal, "se fala muito mais do Brasil na Argentina do que se fala da Argentina no Brasil". Isso se dá principalmente devido à importância do Brasil para as exportações argentinas.
Mas foi nos governos Lula e Kirchner (Nestor e, depois, Cristina) que o debate ideológico dentro dos países começou a repercutir nos seus respectivos vizinhos, diz Vidigal.
"Isso aconteceu porque, até então, não havia uma coincidência [ideológica] tão grande entre os governos dos dois países. Lula fez propaganda para os Kirchner, que usaram politicamente a popularidade do petista". No fimfruit brabet2021, Lula foi até o país participarfruit brabetatos com Alberto Fernández.
Essa aproximação é justamente o alvo dos apoiadoresfruit brabetBolsonaro, que creditam os problemas econômicos a um aliado (Fernández) que age da mesma forma que Lula.
Para Victor Piaia, da FGV, os eventos que ocorrem na Argentina estão sendo amplamente utilizados porque a redefruit brabetmilitância digitalfruit brabetBolsonaro é "muito atenta internacionalmentefruit brabetrelação a temas que são caros àfruit brabetagenda".
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Em agosto, por exemplo, o presidente condenou o país vizinho por ter "aprovado a linguagem neutra".
Na verdade, alguns órgãos federais anunciaram a inclusão da linguagem inclusivafruit brabetseus documentos oficiais, mas ela não foi "oficializada" no país. Cidades como Buenos Aires vetaram o usofruit brabetsuas escolas.
Outro vídeo que circulou no WhatsApp mostra cenasfruit brabetsaquefruit brabetsupermercado como se fossem na Argentina, mas era um vídeofruit brabet2017, gravado no México.
Piaia explica que a tática mais utilizada é a "inundação informacional" - a disseminação intensafruit brabetvários conteúdos caros aos bolsonaristasfruit brabettodas as redes sociais, como a crise argentina.
Ou seja, "se você é pegofruit brabetsurpresa sobre um assunto que não conhece e é bombardeado por diversos conteúdos, pode até não concordar, mas provavelmente alguma dessas informações vai ficar nafruit brabetcabeça".
Este texto foi originalmente publicado em: http://www.mi-rob.com/salasocial-62567470

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