A 'Disneylândia'drake online casinoSaddam: como ditadores exploram ruínas históricas:drake online casino

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A surpreendente vista não é coincidência. A intenção era que visitantes olhassem para as ruínas da Babilônia e se dessem contadrake online casinoque estavam diantedrake online casinoum grande líder cujo legado duraria por milênios. Saddam não é o primeiro ditador a usar ruínas antigas dessa forma.
Na verdade, a relação entre a idealizaçãodrake online casinoruínas e governantes totalitários é histórica. Isso porque ruínas nunca são apenas o que parecem: uma coleçãodrake online casinoparedes virando areia. Elas são repositóriosdrake online casinomemória e mito. Elas ajudam a construir a narrativa fascista da busca pela grandeza do passado perdida para a decadência dos novos tempos.
drake online casino Intimidação na Babilônia
O Iraque hoje tem um dos patrimônios arqueológicos mais ricos do mundo. A bacia do Tigre-Eufrates que forma a espinha dorsal do país abriga algumas das primeiras cidades do mundo, entre elas Uruk, Ur, Babilônia e Nineveh. Essas ruínas foram há muito tempo saqueadas por forças coloniais, e seus artefatos levados para mobiliar museus estrangeiros. No século 19, as gravuras assíriasdrake online casinoNineveh foram expostas no British Museum,drake online casinoLondres; e a Portadrake online casinoIshtar, da Babilônia, despojadadrake online casinoseus ladrilhos e reconstruída no Museu Pergamon,drake online casinoBerlim.
Mas depois que assumiu a Presidência do Iraque, Saddam determinou que as preciosas ruínas do país fossem usadasdrake online casinooutra maneira: para construir um culto à supremacia iraquiana, com ele à frente.

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A arqueologia teve um papel fundamental nesse plano. Um dos primeiros grupos a se encontrar com Saddam Hussein depois que este assumiu o poder,drake online casino1968, foi justamente o dos arqueólogos iraquianos. "As antiguidades são as relíquias mais preciosas dos iraquianos", teria dito o ditador durante uma reunião. Essas relíquias, continuou, "mostram ao mundo que nosso país é [descendente]drake online casinocivilizações que, no passado, contribuíram enormemente para a humanidade".
Na década que veio após a tomadadrake online casinopoder no Iraque pelo Partido Baath,drake online casinoSaddam, o orçamento do Departamentodrake online casinoAntiguidades aumentoudrake online casinomaisdrake online casino80%. Os sítios arqueológicosdrake online casinoNineveh, Hatra, Nimrud, Ur, Aqar Quf, Samarra e Ctesiphon foram submetidos a uma pesada reconstrução. Mas para Saddam, a joia da coroa iraquiana sempre foi Babilônia.
Entre os séculos 18 e 6 a.C., Babilônia foi uma das grandes metrópoles do planeta. Foi a maior cidade do mundodrake online casinopelo menos dois momentos históricos, e talvez a primeira a ter maisdrake online casino200 mil habitantes. Foi ocupada por Alexandre, o Grande, no século 4 a.C., e prosperou brevemente antesdrake online casinoser esvaziada devido a guerras posteriores ao seu governo. Após a conquista muçulmana da Arábia no século 7, os viajantes que visitavam a área descreviam apenas ruínas.

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Saddam sempre foi fascinado pelas ruínas da Babilônia. Ele ordenou uma ambiciosa reconstrução dos muros da cidade, o que custou milhõesdrake online casinodólaresdrake online casinopleno auge da Guerra Irã-Iraque. E ergueu os muros a uma altura historicamente improváveldrake online casino11,5 metros, provocando críticas da comunidade arqueológica internacional, que o acusoudrake online casinotransformar a Babilôniadrake online casino"Disneylândia para um déspota". Como gota d'água, Saddam construiu nas ruínas um anacrônico teatrodrake online casinoestilo romano. E, quando os arqueólogos lhe disseram que antigos reis como Nabucodonosor gravavam seus nomes nos tijolos da antiga Babilônia, Saddam insistiu que seu nome também fosse eternizado nos tijolos da reconstrução.
Esses esforços foram depois descritos por Paul Bremer, líder da autoridade provisória da coalizão que assumiu o governo do país interinamente após a quedadrake online casinoSaddam,drake online casino2003, como "uma caricatura(…) monstruosidades artificiais".

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Para o teatro do regime totalitário, as ruínas eram um cenário indispensável. A partirdrake online casino1981, Babilônia foi palcodrake online casinocelebrações do primeiro aniversário da invasão iraquiana ao Irã, com oficiais usando o slogan: Nebuchadnasar al-ams Saddam Hussein al-yawm, que significa Ontem Nabucodonosor, hoje Saddam Hussein.
Saddam chegou a ordenar que uma representação gigante dele mesmodrake online casinocompensado fosse colocada sobre o Portãodrake online casinoIshtar,drake online casinoBagdá. E no festivaldrake online casino1988, um ator representando Nabucodonosor entregou uma faixa ao ministro da Cultura iraquiano, declarando que Saddam Hussein era "netodrake online casinoNabucodonosor" e "embaixador dos rios gêmeos (Eufrates e Tigre)."
drake online casino Peçasdrake online casinomuseudrake online casinoMussolini
Saddam seguiu o modelodrake online casinoMussolini. Na Itália, no começo do século 20, o autoproclamado "Líder" (Il Duce) transformou as ruínasdrake online casinoRoma Antigadrake online casinoum poderoso instrumentodrake online casinopropaganda política. Embora governos anteriores italianos também tivessem feito reivindicações similares, os fascistasdrake online casinoMussolini levaram essa idealização a outro nível. Mussolini era frequentemente descrito nas propagandas como "um novo Augusto", evocando o imperador romano que reconstruiu grande parte da cidade durante seu reinado.

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"Roma é nosso pontodrake online casinopartida e referência", disse Mussolini a uma multidão durante a celebração do aniversário da cidadedrake online casino1922, pouco depoisdrake online casinotomar o poder. "Ela é nosso símbolo ou, se preferirem, nosso mito. Sonhamos com uma Itália romana, que é sábia e forte, disciplinada e imperial. Muito do que foi o espírito imortaldrake online casinoRoma ressurge no Fascismo."
Mas os fascistas se depararam com um problema: desde a Antiguidade, Roma cresceu cobrindo suas ruínas, absorvendo-as no tecidodrake online casinouma cidadedrake online casinoconstante mudança. Pessoas ergueram casas entre capitéis e pilares antigos, construíram suas casas sobre eles com pedras removidasdrake online casinosuas estruturas. Distritos inteiros cresceram cobrindo ruínas e apagando o legado do qual os fascistas dependiam.

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Para resolver esse problema, Mussolini ordenou grandes escavações, removendo casas e distritos inteiros e realocando populações que lá viviam. Ele escavou o mausoléudrake online casinoAugusto, construindo uma praça fascista a seu redor; removeu prédios que se aglomeravam perto do Teatrodrake online casinoMarcellus; e desenterrou o solo da Arena do Coliseu, retirou toda a verdejante vegetação local e trazendo à tona seu hipogeu (monumentos funerários que ficavam no subsolo).
Em maiodrake online casino1938, apenas 16 meses antes do início da Segunda Guerra Mundial, Hitler visitou Roma. Durante a visita, Mussolini mostrou ao ditador alemão uma capital italiana transformada, com ruínas recuperadas edrake online casinoevidência. Hitler passeou pela cidade à noite, e técnicosdrake online casinoMussolini destacaram as ruínas recém-escavadas com luzes vermelhas. O passeio cruzou as principais ruínasdrake online casinoRoma, terminando no bem-iluminado Coliseu.
O Führer alemão ficou tão impressionado quanto Mussolini esperava. Hitler também sempre fora fascinado por ruínas. Em seu escritório no Reichstag, Hitler pendurou um retrato do Fórum Romano feito pelo artista francês Hubert Robert, do século 18; o próprio Hitler retratou várias ruínas quando foi pintor. E com frequência, o líder nazista expressava seu ódio à arquitetura moderna e seu amor pela arquitetura clássica da Roma Antiga.
"Se Berlim vier a ter o mesmo destinodrake online casinoRoma", elaborou Hitlerdrake online casino1925, "as gerações seguintes poderiam admirar apenas as lojasdrake online casinodepartamentos dos judeus e os hotéisdrake online casinoalgumas corporações como as obras mais imponentes do nosso tempo, a expressão característica da culturadrake online casinonossos dias".
Para Hitler, as ruínas do passado apontavam para uma versão idealizada da história, o que ele esperava emulardrake online casinoseu Terceiro Reich. "Hitler gostavadrake online casinodizer que o propósitodrake online casinosuas construções era transmitir seu tempo e seu espírito à posteridade", lembrou o arquiteto-chefe do Terceiro Reich, Albert Speer,drake online casinosuas memórias.
"Em última análise, tudo o que restou para lembrar os homens dos grandes períodos da história foidrake online casinoarquitetura monumental", observou ele. "O que restou dos imperadores do Império Romano? O que lhes daria evidência hoje se não suas construções (...) Assim, as edificações do Império Romano permitiriam que Mussolini se referisse ao espírito heroicodrake online casinoRoma quando quisesse inspirar seu povo com a ideiadrake online casinoum império moderno."
Em resposta a essa ansiedade, Hitler e Speer criaram a teoria do Ruinenwert, ou "valor da ruína". A ideia era criar uma arquitetura que deixasse, mesmodrake online casinoseu estado decadente, um exemplo inspirador para as futuras gerações. Essa filosofia da arquitetura é visíveldrake online casinograndes projetos arquitetônicos como a arquibancada do campodrake online casinoZeppelin (obradrake online casinoSpeer),drake online casinoNuremberg, inspirada no antigo Altardrake online casinoPérgamo, exposto no mesmo museu (Berlim) onde está a Portadrake online casinoIshtar, da Babilônia.
No final das contas, nem as construções da era Hitler, nem os paláciosdrake online casinoSaddam conseguiram deixar legados monumentais - ou foram destruídos ou estão largados para a ação do tempo edrake online casinografiteiros.








