Como a internet influencia secretamente nossas escolhas:c12 roleta

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Legenda da foto, Empresasc12 roletatecnologia utilizam a noção do "empurrãozinho" para influenciar usuários

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Mas, segundo o sitec12 roletatecnologia Gizmodo, o primeiro a noticiar o fato, o Facebook teria dois motivos para se envergonhar.

O primeiro é a presençac12 roletafuncionáriosc12 roletacarne e osso, o que prejudicaria a "ilusãoc12 roletaum processoc12 roletaseleçãoc12 roletanotícias mais isento"; o segundo é o fatoc12 roletaesses "curadoresc12 roletanotícias" aparentemente serem tratados como se fossem um software, operando forac12 roletaqualquer parâmetro editorial mais rigoroso e trabalhando para atingir metas quantitativas.

O 'empurrãozinho'

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Legenda da foto, Facebook usa pessoas para selecionar 'trending topics'

Questão ética à parte, a verdade é que a plataformac12 roletacompartilhamentoc12 roletainformações mais poderosa do mundo ainda não é capazc12 roletaselecionar, sem humanos, o que é visto por seus usuários.

Meios como o Facebook estão selecionando as notícias e as informações que consumimos sob títulos chamativos como "trending topics" ou critérios como "relevância". Mas nós praticamente não sabemos como isso tudo é filtrado.

Isso é importante porque mudanças sutis nas informações às quais somos expostos podem transformar nosso comportamento.

Para entender isso, pense nesse insight vindo da ciência comportamental e que tem sido amplamento adotado por governos e outras autoridadesc12 roletatodo o mundo: o "empurrãozinho".

Isso consistec12 roletausar táticas discretas para nos incentivar a adotar um certo comportamento. Um exemplo conhecido é fazer da doaçãoc12 roletaórgãos algo obrigatório, a não ser que o indivíduo se manifeste contrariamente. O resultado é que mais pessoas acabam doando.

Críticos dessa abordagem argumentam que esse "empurrãozinho" está acabando com a decisão informada.

"Em vezc12 roletaexplicar a questão e ajustar a política para o desejo da população, o 'empurrão' ajusta a vontade da população à política que se quer implantar", explica o escritor britânico Nick Harkawayc12 roletaum artigo para o Institutoc12 roletaArte e Ideias.

"A escolha é uma habilidade, um hábito que precisa ser praticado para funcionar melhor."

O fim da 'decisão informada'?

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Legenda da foto, A tecnologia pode influenciar nossas decisões sem nos darmos conta

E como esses "empurrõezinhos" se aplicam no mundo digital?

Quando navegamos na internet, enfrentamos escolhas continuamente - do que comprar ao que acreditar - e engenheiros e designers também podem sutilmente manejar nossas decisões nesse ponto.

Afinal, não é só o Facebook que está no jogo das seleçõesc12 roletainformações. Sistemasc12 roletarecomendação cada vez mais afiados estão na dianteira do atual boom da inteligência artificial, da tecnologia "vestível"e da chamada internet das coisas.

Do Google à Apple e à Amazon, o truque estác12 roletaentregar ao usuário informações perfeitamente personalizadas. No entanto, o que estác12 roletajogo não é tanto a questão "homem X máquina", mas sim a disputa "decisão informada X obediência influenciada".

Quanto mais informações relevantes tivermos nas pontas dos dedos, melhor equipados estamos para tomar decisões. Isso é um dos princípios fundamentais da tecnologia da informação quando vista como uma força positiva.

O filósofo especializadoc12 roletatecnologia Luciano Floridi, autor do livro The Fourth Revolution ("A Quarta Revolução"), usa a expressão "design pró-ético" para descrever esse processo: uma apresentação equilibradac12 roletainformações claras que nos impele a abordar conscientemente uma decisão importante, e nos responsabilizarmos por ela.

Para Floridi, os sistemasc12 roletainformação deveriam expandir - e não contrair - nosso engajamento ético, tentando resistir à tentaçãoc12 roletanos influenciar.

'Cutucadas' invisíveis

Isso, no entanto, gera algumas tensões fundamentais: entre a conveniência e a deliberação; entre o que o usuário deseja e o que é melhor para ele; entre a transparência e o lado comercial.

Quanto mais os "sistemas" souberem sobre vocêc12 roletacomparação ao que você sabe sobre eles, há mais riscosc12 roletasuas escolhas se tornarem apenas uma sériec12 roletareações a "cutucadas" invisíveis.

E o equilíbrio entre o que está acontecendo no mundo e o que o usuário fica sabendo está cada dia mais pendendo para o lado da ignorância individual.

Não há um simples antídoto para essa situação, assim como nenhuma grande conspiração. De fato, a combinação bem realizada do usoc12 roletasoftwares com a curadoria humana está se tornado o único caminho pelo qual esperamos poder navegar os exabytesc12 roletadados que se acumulam pelo mundo.

Mas vale a pena lembrarmos que aqueles que projetam a tecnologia que utilizamos têm objetivos diferentes dos nossos - e que navegar com sucesso significa deixarc12 roletaacreditar que existe uma saída para a parcialidade humana.