Os sinais escondidos que podem revelar se uma foto é 'fake':betfair black friday

Dois homens aparentemente trocando documentos na rua

Crédito, James O´Brien e Hany Farid

Legenda da foto, As aparências enganam...

Luz nos olhos

Um dos truques que ele aprendeu com o passar dos anos foi checar os pontosbetfair black fridayluz nos olhosbetfair black fridaypessoas. "Se há duas pessoas perto uma da outrabetfair black fridayuma foto, geralmente conseguimos ver o reflexo da fontebetfair black fridayluz (o sol ou o flash) nos olhos delas", explica.

"A posição, o tamanho e a cor desse reflexo nos dão informações sobre a fontebetfair black fridayluz. Se elas não são consistentes, a foto pode ter sido manipulada."

Outro detalhe que pode revelar uma farsa é a cor das orelhas das pessoas. "Se o sol estiver atrásbetfair black fridaymim, minhas orelhas parecerão mais vermelhas vistas da frente, porque você consegue ver o sangue. Mas, se a luz vem da frente, você não verá vermelho nas orelhas."

Farid é diretor do departamentobetfair black fridayCiência da Computação do Dartmouth College, uma das mais prestigiadas universidades americanas. Ele estuda há décadas a arte da manipulaçãobetfair black fridayimagens.

Imagem falsa da capa da revista "Time"

Crédito, Twitter

Legenda da foto, O presidente dos EUA, Donald Trump, usou uma imagem adulterada da capa da revista "Time"betfair black fridayseus clubesbetfair black fridaygolfe, para parecer que tinha sido realmente retratado naquela edição

Um dos pontos mais importantes para averiguar a veracidadebetfair black fridayimagens é a sombrabetfair black fridayobjetos e pessoas. Se desenharmos uma linha entre a ponta da sombra e a parte do objeto que está fazendo a sombra, podemos estender a linha para revelarbetfair black fridayonde a luzbetfair black fridayuma imagem está vindo.

Ao mapearmos diversos pontosbetfair black fridayuma sombra, as linhas que saem deles até o objeto devem cruzar-se. Em uma foto que sofreu alterações, as sombrasbetfair black fridayalguns objetos na imagem podem não combinar com as fontesbetfair black fridayluz no resto da foto, como explica Farid.

Este método torna possível identificar imagens que tiveram pessoas ou objetos adicionados após terem sido tiradas.

Da mesma forma, o reflexobetfair black fridayobjetos ebetfair black fridaypessoas também "entrega" eventuais falsificações. Se traçarmos linhas entre os objetos ebetfair black fridayimagem projetada, elas precisam convergirbetfair black fridayum único ponto atrás da superfície refletora. Caso contrário, algo foi alterado.

Imagem analisada

Crédito, James O´Brien e Hany Farid

Legenda da foto, Traçar linhas com os reflexosbetfair black fridayobjetos e pessoas mostra se uma imagem foi manipulada

Política

No mundobetfair black fridayhoje, imagens falsas têm implicaçõesbetfair black fridaytodos os aspectosbetfair black fridaynossa vida. Da política à medicina.

"Não há uma eleiçãobetfair black fridayque não nos vejamos imagens falsasbetfair black fridayum jeito oubetfair black fridayoutro", explica Farid. "Fotos são adulteradas para que um candidato pareça melhor. Ou recebem multidões artificiais, como um público mais diverso, para que o candidato não pareça racista. Também podem-se usar composições para que adversários apareçambetfair black fridayforma negativa."

Um exemplo foi quando, na campanha presidencial americanabetfair black friday2004, surgiu uma imagem do candidato do Partido Democrata, John Kerry, ao lado da atriz Jane Fonda durante uma manifestação pacifista nos anos 1970 (isso reforçaria as credenciais antiguerrabetfair black fridayKerry, que criticava o rival republicano, George W. Bush, por seu papel na Segunda Guerra do Golfo).

Descobriu-se mais tarde que a imagem tinha sido composta por duas fotos diferentes.

Foto adulteradabetfair black fridayJohn Kerry

Crédito, Fourandsix.com

Legenda da foto, Se John Kerry encontrou-se com Jane Fonda nos anos 1970, não foi neste dia: especialistas descobriram composição na foto

Em 2012, por exemplo, a BBC Future publicou um guia para identificar imagens fake da destruição provocada pelo furacão Sandy nos Estados Unidos. Fotos como as que mostravam nuvensbetfair black fridaytempestade ameaçadoras acima da Estátua da Liberdade, por exemplo.

O usobetfair black fridayimagens falsas precede até a internet. Um famoso retrato do presidente americano Abraham Lincoln, assassinadobetfair black friday1865, é considerado uma composição por diversos especialistas, com a cabeça do presidente sendo adicionada ao corpobetfair black fridayoutra pessoa.

Mas a difusãobetfair black fridaycâmeras digitais e programasbetfair black fridayediçãobetfair black fridayimagens tornou a prática mais problemática do que nunca.

Mesmo governos têm culpa no cartório. O Irã, por exemplo, divulgoubetfair black friday2008 imagens que mostravam um lançamentobetfair black fridaymísseis totalmente bem-sucedido - mas um dos lançadores falhara.

"Quando fotosbetfair black fridaylugares como Coreia do Norte, Iraque e Síria são usadas para ajudar autoridades a tomar decisões importantes,betfair black fridayautenticidade precisa ser verificada sempre que possível", adverte Farid.

Comparaçãobetfair black fridayfotosbetfair black fridayteste militar iraniano

Crédito, Fourandsix.com

Legenda da foto, Retoque digital "corrigia" falhabetfair black fridaylançamentobetfair black fridaymíssil pelo Irãbetfair black friday2008

Tecnologia

A Darpa, agência do Departamentobetfair black fridayDefesa dos EUA que desenvolve tecnologia militar, trabalhabetfair black fridayuma ferramenta capazbetfair black fridayautomaticamente detectar a manipulaçãobetfair black fridayimagens e vídeos. Farid faz partebetfair black fridayuma das equipes do projeto, ao ladobetfair black fridayKevin Coner, seu sócio na empresabetfair black fridayconsultoria Fourandsix.

Juntos, eles criaram o program Izitru, que analisa arquivosbetfair black fridaycomputador para saber a procedênciabetfair black fridayuma imagem - se ela veio direto da câmera, por exemplo.

"O desafio é que a tecnologia ainda não está num pontobetfair black fridayque conseguimos usar uma imagem aleatória e obter uma resposta inequívoca", explica Coner, que passou 16 anosbetfair black fridaysua vida profissional na Adobe, a empresa que criou Photoshop - o mais popular programabetfair black fridayediçãobetfair black fridayimagens do mundo.

Sozinhos, humanos são muito ruins para identificar imagens falsas. Um estudo recente da Universidadebetfair black fridayStanford, nos EUA, demonstrou que estudantes do ensino médio à universidade têm dificuldades para analisar se o material que leem online é confiável.

Em um experimento, estudantes viram uma foto flores deformadas que teriam brotado na região da usina nuclearbetfair black fridayFukushima, no Japão, palcobetfair black fridayum grave acidentebetfair black friday2011.

Dos 170 alunos do ensino médio que viram a imagem, menosbetfair black friday20% questionaram a procedência da foto (ela mostrava, na verdade, uma ocorrência natural e nada ligada à radiação).

Flor com vários miolos

Crédito, Flickr

Legenda da foto, "Floresbetfair black fridayFukushima" na verdade sofreram um processo natural chamadobetfair black fridayfasciação

Mas mesmo quando suspeitamos da origembetfair black fridayuma imagem, ainda é difícil enxergar inconsistências. Acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) fizeram um experimentobetfair black fridayque participantes examinaram uma sériebetfair black fridayfotos e tiveram que responder se elas tinham sido manipuladas.

Algumas não tinham sofrido qualquer alteração, mas um número superior à metade tinha passado por um processobetfair black fridaycomposição com outras imagens, ou continha áreas editadas. Em apenas 47% dos casos as fakes foram corretamente identificadas.

Victor Schetinger, que trabalhou no estudo, conta que colegas e amigos frequentemente fazem perguntas sobre a autenticidadebetfair black fridayfotos. "Toda a minha pesquisa mostra que você não pode dizer apenas com um exame visual se uma foto é verdadeira ou não. Mesmobetfair black fridayfotos reais, processos como a saturação, um flash estranho e até poeira na lente podem criar um efeito que salte à vista", conta.

Suspeita

Farid explica que, na maioria dos casos, leigos confundem imagens reais com adulteradas - e vice-versa. "E estão sempre cheiosbetfair black fridayconfiança. As pessoas são ao mesmo tempo ignorantes e superconfiantes, o que é a pior combinação."

A solução é pedir ajuda ao computador. A fotografia forense usa uma bateriabetfair black fridaytécnicas e algoritmos para identificar fakes, muitas delas checando se as imagens se enquadram nas leis da física. Se 100%betfair black fridaycerteza é impossível, peritos podem ao menos fazer uma sériebetfair black fridaytestes.

Tomemos como exemplo uma imagem que há décadas alimenta teorias da conspiração.

Imagembetfair black fridayLee Harvey Oswald

Crédito, Warren Commission

Legenda da foto, Essa imagembetfair black fridayLee Harvey Oswald alimenta muitas teorias da conspiração sobre assassinatobetfair black fridayKennedy

A foto acima ébetfair black fridayLee Harvey Oswald, o ex-fuzileiro naval quebetfair black friday1963 assassinou o então presidente dos EUA, John Kennedy. De acordo com as autoridades americanas, a foto foi tirada no quintal da casabetfair black fridayque Oswald vivia e enviada para um amigobetfair black fridayabrilbetfair black friday1963, sete meses antes do crime.

Ela foi usada como prova nas investigações depoisbetfair black fridayespecialistas identificaram marcas no fuzil que ele segura na imagem que eram parecidas às marcas na arma encontrada no prédio próximo ao local do assassinato do presidente, na cidadebetfair black fridayDallas.

Mas, desde então, dúvidas sobre a autenticidade da imagem ajudam a alimentar as teoriasbetfair black fridayque Oswald foi incriminado para disfarçar planos mais sinistros contra o presidente, ainda mais porque o suspeito negou que a foto fosse verdadeira e foi morto a tiros dois dias após a mortebetfair black fridayKennedy.

As dúvidas estariam ligadas às sombras na foto e à posiçãobetfair black fridayOswald na imagem - há até quem diga quebetfair black fridaymandíbula parece diferente na foto tirada logo apósbetfair black fridayprisão.

Farid e seus colegas examinaram a fotobetfair black fridayuma sériebetfair black fridayestudos publicadosbetfair black friday2009, 2010 e 2015. Em suas análises, construíram modelos 3D da cena ebetfair black fridayOswald, levandobetfair black fridaycontabetfair black fridayaltura e peso, além do peso do fuzil. Descobriram que a iluminação da imagem era consistente com uma única fontebetfair black fridayluz e que uma sombrabetfair black fridayseu queixo fazia com que parecesse diferente da imagem divulgada pela polícia.

Retrato do presidente Abraham Lincoln

Crédito, Library of Congress

Legenda da foto, Retrato famosobetfair black fridayLincoln pode ter sido uma montagem - o corpo que se vê seriabetfair black fridayoutra pessoa

Também mostraram que a postura levemente inclinada do suspeito era condizente com a maneira como segurava a arma. Em suma: os pesquisadores não encontraram qualquer provabetfair black fridaymanipulação.

"Trata-sebetfair black fridayum bom exemplobetfair black fridaycomo nosso sistema visual falhabetfair black fridayraciocinar corretamente. À primeira vista, alguns aspectos da foto realmente parecem estranhos", diz Farid.

Formatos

Outros métodosbetfair black fridayautenticaçãobetfair black fridayimagens não têm nada a ver com o conteúdo, mas, sim, com a maneira como o arquivo é codificado. Quando uma imagem vembetfair black fridayum celular oubetfair black fridayuma câmera digital, por exemplo, ela normalmente vêm no formato jpeg, que faz uma compressão dos dados da imagem para deixá-la mais leve e causa algumas perdasbetfair black fridaydetalhes.

Normalmente, o arquivo ainda contém dados sobre quando a imagem foi captada, que câmera foi usada e mesmo onde foi tirada.

"Não existe um único formato jpeg. Cada câmera comprimebetfair black fridaymaneira diferente. Um iPhone comprime mais que uma câmera fotográfica mais sofisticada. Mesmo uma máquina mais simples tem diferentes configuraçõesbetfair black fridayqualidade ebetfair black fridayarmazenamentobetfair black fridayinformações. Tudo isso acaba inscrito no arquivo", explica o especialista.

Policiais frequentemente acessam este tipobetfair black fridayinformação para verificar se uma imagem foi alterada desde que foi baixadabetfair black fridayuma câmera. "Podemos ver as informaçõesbetfair black fridayum arquivo para dizer se ele passou pelo Photoshop, porque haverá sinais", completa Farid.

Ele acrescenta que até é possível forjar essas informações, mas a missão é difícil: seria como, por exemplo, empacotar novamente um computador que você retiroubetfair black fridayuma caixa.

Imagem alteradabetfair black fridaynuvens sobre Nova York

Crédito, Flickr

Legenda da foto, Essas nuvens estranhas sobre Nova York não passambetfair black fridayobrabetfair black fridayficção, mas foram relacionadas ao furacão Sandy

"Por causa da maneira como produto vem empacotado, com isopor, etc., será muito difícil você conseguir com que tudo fique igual. Manipular arquivos é o equivalente digital disso. Quase sempre as pessoas cometem erros."

Ainda assim, Farid ressalta que peritos não podem garantir que os fakes sempre serão detectados. É um jogobetfair black fridaygato e rato entre falsificadores e peritos.

"A habilidade que eles têmbetfair black fridayproduzir um fake tem aumentado. Minha esperança é que, depois que aplico umas 20 técnicas forenses a uma imagem e todas trazem resultados consistentes, a foto seja mesmo real."

Mas o que os meros mortais podem fazer para detectar imagens falsas na internet? Ainda que não tenhamos à nossa disposição a expertise e o equipamentobetfair black fridayFarid, há outras maneirasbetfair black fridayanalisar criticamente uma imagem.

Buscasbetfair black fridaysites como o tineye.com ou o Google Images podem indicar se uma imagem já foi denunciada como fake. O snopes.com examina especificamente imagens que viralizam.

Farid sugere ainda verificar a fonte da imagem. Fotos publicadasbetfair black fridaysitesbetfair black fridaynotíciasbetfair black fridayboa reputação têm maior chancebetfair black fridayserem reais do que material publicadobetfair black fridayblogs menos conhecidos ou no Facebook. Mas mesmo veículosbetfair black fridayimprensa tradicionais podem ser enganados por um bom fake.

O melhor caminho é sempre perguntar a si mesmo se uma foto é "boa demais para ser verdade".

"É necessário ter sempre uma boa dosebetfair black fridayceticismo com imagens digitais. Mas não deixe esse sentimento tomar conta, porque também é muito fácil pensar que uma foto real é falsa", diz o especialista.