Nós realmente vivemos mais do que nossos antepassados?:blaze jogo e confiável

A crençablaze jogo e confiávelque nossa espécie pode ter atingido o ápice da longevidade também é reforçada por alguns mitos sobre nossos ancestrais: gregos antigos ou romanos ficariam estupefatos ao ver alguém com maisblaze jogo e confiável50 ou 60 anos, por exemplo.

Na verdade, embora os avanços na medicina tenham melhorado muitos aspectos na área da saúde, a suposiçãoblaze jogo e confiávelque o tempoblaze jogo e confiávelvida humano aumentou significativamente ao longoblaze jogo e confiávelséculos ou milênios é equivocada.

A expectativablaze jogo e confiávelvida não aumentou tanto porque estamos vivendo muito mais tempo do que costumávamos como espécie. Aumentou porque muitos maisblaze jogo e confiávelnós vivem mais.

"Há uma diferença básica entre expectativablaze jogo e confiávelvida e tempoblaze jogo e confiávelvida", diz Walter Scheildel, historiador da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e um dos principais estudiososblaze jogo e confiáveldemografia da Roma Antiga. "O tempoblaze jogo e confiávelvida dos humanos - oposto à expectativablaze jogo e confiávelvida, que é uma construção estatística - não mudou muito, até onde eu sei."

A expectativablaze jogo e confiávelvida é uma média. Em uma casa com dois filhos, onde um morre antes do primeiro aniversário, mas o outro vive até os 70 anos, a expectativablaze jogo e confiávelvida éblaze jogo e confiável35 anos.

Isso é matematicamente correto - e certamente nos diz algo sobre as circunstânciasblaze jogo e confiávelque essas crianças foram criadas. Mas não nos revela o cenário completo.

Além disso, outro problema acontece quando analisamos eras, ou regiões, nas quais há altos níveisblaze jogo e confiávelmortalidade infantil. A maior parte da história da humanidade tem sido marcada por taxasblaze jogo e confiávelsobrevivência baixas entre crianças, e essa realidade permaneceblaze jogo e confiávelvários países até hoje.

Quando fazemos a média, no entanto, costumamos dizer que gregos antigos e romanos viviam, por exemplo, 30 ou 35 anos.

Mas essa era a idade máxima alcançada por quem tivesse sobrevivido às intempéries da infância? E mais: quem tinha 35 anos naquela época poderia ser considerado "velho"?

Se os 30 anos significavam uma velhice decrépita, escritores e políticos antigos não parecem concordar.

No início do século 7º a.C., o poeta grego Hesíodo escreveu que um homem deveria se casar "quando não tiver muito menos do que 30, e não muito mais".

Enquanto isso, o "cursus honorum" da Roma antiga - a sequênciablaze jogo e confiávelcargos na magistratura que um jovem que aspirava ser político deveria ocupar - nem sequer permitia que ele desempenhasseblaze jogo e confiávelprimeira função, ablaze jogo e confiávelquaestor, antes dos 30 anos (sob o imperador Augusto, a idade mínima caiu para 25; o próprio líder romano morreu aos 75 anos).

Para ser cônsul, era preciso ter, pelo menos, 43 - oito anos a mais do que o limite mínimoblaze jogo e confiável35 anos para ocupar a Presidência brasileira.

No século 1º, o naturista romano Plínio dedicou um capítulo inteiro da História Natural às pessoas que viviam mais tempo. Entre eles, lista o cônsul Valerius Corvinos (100 anos), a esposablaze jogo e confiávelCícero Terentia (103), uma mulher chamada Clodia (115 - e que teve 15 filhos ao longo da vida), e a atriz Lucceia, que se apresentou no palco com 100 anos.

Há também inscriçõesblaze jogo e confiávellápides e sepulturas, como ablaze jogo e confiáveluma mulher que morreublaze jogo e confiávelAlexandria no século 3º a.C. "Ela tinha 80 anos, mas era capazblaze jogo e confiáveltecer uma trama delicada", diz o epigrama.

Isso não quer dizer que envelhecer fosse mais fácil naquela época do que hoje.

"A natureza, na verdade, não concedeu maior bênção ao homem do que a faltablaze jogo e confiávelvida", observa Plínio. "Os sentidos tornam-se opacos, os membros, entorpecidos, a visão, a audição, as pernas, os dentes e os órgãos da digestão, todos morrem à nossa frente."

Ele só conseguia se lembrarblaze jogo e confiáveluma pessoa, um músico que viveu até 105 anos, como alguém que considerou ter uma velhice saudável. (Plínio chegou a quase metade disso; acredita-se que ele tenha morrido devido aos gases vulcânicos durante a erupção do Monte Vesúvio, aos 56 anos).

No mundo antigo, pelo menos, parece que as pessoas puderam viver tanto quanto nós hoje. Mas o quão comum era isso?

Era dos impérios

Em 1994, um estudo analisou todos os homens que viveram na Grécia ou Roma antigas cujos nomes estão registrados no Oxford Classical Dictionary. Suas idadesblaze jogo e confiávelmorte foram comparadas às dos homens listados no mais recente Chambers Biographical Dictionary.

Dos 397, 99 morreram violentamente por assassinato, suicídio oublaze jogo e confiávelbatalha. Dos 298 restantes, os nascidos antesblaze jogo e confiável100 a.C. viveram,blaze jogo e confiávelmédia, até 72 anos. Aqueles nascidos após 100 a.C. viveram,blaze jogo e confiávelmédia, até 66 anos. (Os autores especulam que a prevalênciablaze jogo e confiávelencanamentosblaze jogo e confiávelchumbo pode ter levado a esse suposto encurtamento da vida).

E a média dos que morreram entre 1850 e 1949? Setenta e um anosblaze jogo e confiávelidade - apenas um ano a menos do que os que viveram antesblaze jogo e confiável100 a.C.

Claro, houve alguns problemas óbvios com essa amostragem. Um, por se tratar apenasblaze jogo e confiávelhomens. Outro, porque todos eles eram suficientemente ilustres para serem lembrados na posteridade.

A conclusão que realmente podemos tirar disso éblaze jogo e confiávelque esses homens privilegiados e talentosos tiveram expectativasblaze jogo e confiávelvida semelhantes ao longo da história - desde que não tenham sido mortos primeiro.

Segundo Scheidel, "isso sugere que deve ter havido pessoas não famosas, que eram muito mais numerosas, que viviam ainda mais".

Mas nem todos os especialistas concordam. "Havia uma diferença enorme entre o estiloblaze jogo e confiávelvidablaze jogo e confiávelum pobre e oblaze jogo e confiávelum romanoblaze jogo e confiávelelite", diz Valentina Gazzaniga, historiadora da Universidade La Sapienza,blaze jogo e confiávelRoma. "As condiçõesblaze jogo e confiávelvida, o acesso a tratamentos médicos, até mesmo a higiene - tudo isso era certamente melhor entre as elites."

Em 2016, Gazzaniga publicou um levantamentoblaze jogo e confiávelque analisou maisblaze jogo e confiável2 mil esqueletos romanos antigos, todos da classe trabalhadora, que foram enterradosblaze jogo e confiávelvalas comuns. A idade médiablaze jogo e confiávelmorte erablaze jogo e confiável30 anos, e isso não era um mero equívoco estatístico: um grande númeroblaze jogo e confiávelesqueletos tinha por volta dessa idade. Muitos tinham sinais dos efeitos do trauma do trabalho forçado, bem como doenças que associamos com idades posteriores, como a artrite.

Os homens podem ter sofrido numerosas lesões por trabalho manual ou serviço militar.

Mas as mulheres - que também realizaram trabalhos forçados nos campos - não tiveram destino muito diferente. Ao longo da história, o parto, muitas vezesblaze jogo e confiávelmás condições higiênicas, é apenas uma das razões pelas quais as mulheres corriam maior risco durante os anos férteis. Até a própria gravidez era um perigo.

"Sabemos, por exemplo, que estar grávida afeta negativamente o seu sistema imunológico, porque você basicamente tem outra pessoa crescendo dentroblaze jogo e confiávelvocê", diz Jane Humphries, historiadora da Universidadeblaze jogo e confiávelOxford, no Reino Unido. "Então, você tende a ficar suscetível a outras doenças. Neste sentido, por exemplo, a tuberculose interage com a gravidezblaze jogo e confiáveluma forma muito ameaçadora. E essa era uma doença com maior índiceblaze jogo e confiávelmortalidade entre as mulheres do que entre os homens".

O parto era agravado por outros fatores também. "As mulheres muitas vezes comiam menos do que os homens", diz Gazzaniga. Essa subnutrição significa que as meninas jovens frequentemente apresentavam um desenvolvimento incompleto dos ossos pélvicos, o que dificultava o trabalhoblaze jogo e confiávelparto.

"A expectativablaze jogo e confiávelvida das mulheres romanas aumentou, na verdade, com o declínio da fertilidade", afirma a pesquisadora. "Quanto mais fértil a população é, menor a expectativablaze jogo e confiávelvida das mulheres."

Desaparecidos

A maior dificuldadeblaze jogo e confiávelsaber ao certo quanto tempo nosso antepassado viveublaze jogo e confiávelmédia, seja antigo ou pré-histórico, está relacionada à faltablaze jogo e confiáveldados. Ao tentar determinar as idades médiasblaze jogo e confiávelmorte dos antigos romanos, por exemplo, os antropólogos geralmente se baseiam nos formulários do censo do Egito romano. Mas como esses papiros eram usados para coletar impostos, muitas vezes subnotificavam o númeroblaze jogo e confiávelhomens - assim como deixavamblaze jogo e confiávelfora muitos bebês e mulheres.

Inscriçõesblaze jogo e confiávellápides, deixadas aos milhares pelos romanos, são outra fonte óbvia. Mas crianças raramente eram colocadasblaze jogo e confiáveltúmulos, pessoas pobres não podiam pagar para serem enterradas e famílias que morriam simultaneamente, como durante uma epidemia, por exemplo, não tinham jazigos.

E mesmo que esse não fosse o caso, há outro problemablaze jogo e confiávelconfiar nessas inscrições.

"É preciso uma certa quantidadeblaze jogo e confiáveldocumentação para ser possível dizer que se alguém viveu até 105 ou 110 anos, e isso só começou bem recentemente", diz Scheidel,blaze jogo e confiávelStanford. "Se alguém realmente viveu até os 111, esse caso pode não ter sido conhecido."

Como resultado, muito do que achamos que sabemos sobre as estatísticasblaze jogo e confiávelexpectativablaze jogo e confiávelvida na Roma antiga vem a partirblaze jogo e confiávelcomparações com outras sociedades. Esses dados indicam que até um terço das crianças morreu antesblaze jogo e confiávelum anoblaze jogo e confiávelidade e metade delas não passou dos dez anos. Depois dessa idade, as chances melhoravam significativamente. Se você chegasse a 60, provavelmente viveria até os 70.

No geral, a expectativablaze jogo e confiávelvida na Roma antiga provavelmente não era muito diferente dablaze jogo e confiávelhoje. Pode ter sido um pouco menor "porque não havia os medicamentos que temos hoje, que acaba por adiar nossa morte, mas não dramaticamente diferente", argumenta Scheidel. "Você pode ter uma expectativablaze jogo e confiávelvida média extremamente baixa, por exemplo, por causablaze jogo e confiávelmortalidade infantil e materna, e ter pessoas vivendo até 80, 90 anos. Estas são apenas menos numerosas, por causa da combinação desses fatores."

É claro que isso não deve ser desprezado. Principalmente se você fosse um bebê, uma mulherblaze jogo e confiávelidade fértil ou um trabalhador, seria muito melhor escolher viverblaze jogo e confiável2018 do queblaze jogo e confiável18. Mas isso não significa que nosso tempoblaze jogo e confiávelvida está ficando significativamente mais longo como espécie.

Registros

Os dados melhoram mais tarde na história da humanidade, à medidablaze jogo e confiávelque governos começam a manter registros cuidadososblaze jogo e confiávelnascimentos, casamentos e mortes - a princípio, principalmenteblaze jogo e confiávelnobres.

Esses registros mostram que a mortalidade infantil permaneceu alta. Mas se um homem chegasse aos 21 anosblaze jogo e confiávelidade, e não morresse por acidente, violência ou envenenamento, poderia viver quase tanto quanto os homensblaze jogo e confiávelhoje:blaze jogo e confiável1200 a 1745, osblaze jogo e confiável21 anos viveriam,blaze jogo e confiávelmédia, entre 62 e 70 anos - exceto no século 14, quando a peste bubônica reduziu a expectativablaze jogo e confiávelvida a insignificantes 45 anos.

Ter dinheiro ou poder ajudou? Nem sempre. Uma análiseblaze jogo e confiávelcercablaze jogo e confiável115 mil nobres europeus descobriu que os reis viviam cercablaze jogo e confiávelseis anos a menos do que os outros nobres, como os cavaleiros.

Historiadores descobriram, ao observar os registosblaze jogo e confiávelparóquiasblaze jogo e confiávelcondados, que, na Inglaterra do século 17, a esperançablaze jogo e confiávelvida era mais longa para plebeus do que para nobres.

"As famílias aristocráticas na Inglaterra possuíam os meios para garantir todos os tiposblaze jogo e confiávelbenefícios materiais e serviços pessoais, mas a expectativablaze jogo e confiávelvida no nascimento entre a aristocracia parece ter ficado atrás da população como um todo até meados do século 18", diz o estudo. Isso provavelmente ocorreu porque a realeza preferia passar a maior parte do tempo nas cidades, onde era exposta a mais doenças.

Mas, curiosamente, quando a medicina e a saúde pública passaram por uma revolução, as elites acabaram favorecidasblaze jogo e confiávelrelação ao resto da população. No final do século 17, os nobres ingleses que chegaram aos 25 anos passaram a viver mais do que os não-nobres - mesmo que permanecessemblaze jogo e confiávelcidades.

Durante a era vitoriana, por exemplo, uma meninablaze jogo e confiávelcinco anos tinha expectativablaze jogo e confiávelvida médiablaze jogo e confiável73 anos; um menino,blaze jogo e confiável75.

Esses números não são apenas comparáveis aos nossos, mas podem ser ainda melhores. Homens da classe operária (uma comparação mais precisa) vivem hojeblaze jogo e confiáveltornoblaze jogo e confiável72 anos, enquanto mulheres, 76.

"Essa relativa faltablaze jogo e confiávelprogresso é impressionante, especialmente dadas as muitas desvantagens ambientais durante a era vitoriana e o quadro da assistência médicablaze jogo e confiáveluma erablaze jogo e confiávelque as drogas modernas, os sistemasblaze jogo e confiáveltriagem e as técnicas cirúrgicas não estavam disponíveis", dizem Judith Rowbotham, da Universidadeblaze jogo e confiávelPlymouth, e Paul Clayton, da Oxford Brookes.

Os especialistas argumentam que, se pensamos que estamos vivendo mais do que nunca hoje, isso ocorre porque nossos registros remontam a cercablaze jogo e confiável1900 - o que eles chamamblaze jogo e confiável"pontoblaze jogo e confiávelpartida enganoso", já que se tratablaze jogo e confiávelum momentoblaze jogo e confiávelque a nutrição caiu e muitos homens começaram a fumar.

Pré-história

E se decidirmos olhar ainda mais atrás, antesblaze jogo e confiávelqualquer registro ser mantido?

Embora seja obviamente difícil coletar esse tipoblaze jogo e confiáveldado, os antropólogos tentaram substituí-lo observando alguns povos caçadores-coletoresblaze jogo e confiávelhoje, como os Achés, do Paraguai, e os Hadzas, da Tanzânia.

Eles descobriram que, embora a probabilidadeblaze jogo e confiávelsobrevivênciablaze jogo e confiávelum recém-nascido aos 15 anos variasse entre 55% para um menino hadza até 71% para um menino aché, se alguém sobrevivesse à essa idade, viveriam,blaze jogo e confiávelmédia, até os 51 e 58 anos.

Os arqueólogos Christine Cave e Marc Oxenham, da Universidade Nacional Australiana, fizeram descoberta semelhante. Ao analisar o desgaste dentário nos esqueletosblaze jogo e confiávelanglo-saxões enterrados há cercablaze jogo e confiável1,5 mil anos, descobriram que a maioria dos 174 analisados pertencia a pessoas com menosblaze jogo e confiável65 anos - mas também havia 16 pessoas que morreram entre 65 e 74 anos e nove que alcançaram pelo menos 75 anos.

Nossa expectativablaze jogo e confiávelvida pode não ter mudado muito, se é que mudou. Mas isso não diminui os extraordinários avanços que tivemos nas últimas décadas, a partir dos quais centenasblaze jogo e confiávelmilharesblaze jogo e confiávelpessoas passaram a viver mais eblaze jogo e confiávelforma mais saudável.

Talvez por isso, quando questionada sobreblaze jogo e confiávelqual época do passado gostariablaze jogo e confiávelter vivido, Humphries, da Universidadeblaze jogo e confiávelOxford, não hesita.

"Definitivamente hoje", diz ela. "Acho que as vidas das mulheres no passado eram muito desagradáveis e difíceis - para não dizer curtas."

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