Direitocaca niqueisconsertar: o país que tenta mudar a culturacaca niqueisjogar no lixo as coisas velhas:caca niqueis

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Paris é o larcaca niqueisuma dúzia dessas oficinas ou "caféscaca niqueisconserto", iniciativas mensais gratuitas que permitem aos moradores locais consertar utensílios domésticos e eletrônicos com a ajuda e o conselhocaca niqueisvoluntários entusiasmados.
Inspiradas na iniciativa lançada pela jornalista Martine Postmacaca niqueisAmsterdãcaca niqueis2009, centenascaca niqueisoficinas semelhantes operamcaca niqueistoda a Europa.
"Somos uma sociedadecaca niqueisdesperdício e consumo excessivo", explica Emmanuel Vallée, organizador do Repair Café Paris, que desde o seu lançamento,caca niqueismaiocaca niqueis2019, costuma atrair cercacaca niqueis25 pessoas por evento, incluindo algumas que participam online.
"Jogamos fora coisas que não necessariamente precisaríamos jogar", lamenta.

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Para Vallée e técnicos como ele, há muito trabalho a ser feito.
O mundo produziu cercacaca niqueis45 milhõescaca niqueistoneladascaca niqueislixo eletrônicocaca niqueis2016, quando consumidores e empresas jogaram fora smartphones, computadores e eletrodomésticos avaliadoscaca niqueisUS$ 62,5 bilhões.
E apenas 20%caca niqueistodo esse equipamento é recicladocaca niqueismaneira adequada.
Na Europa, onde o problema é particularmente grave, os pesquisadores estimam que somentecaca niqueisalgo entre 12% e 15% dos telefones celulares são recicladoscaca niqueisforma apropriada, apesarcaca niqueiscercacaca niqueis90% da população possuir um.
E a previsão écaca niqueisque o lixo eletrônico, que muitas vezes é enviado ilegalmente do Ocidente para enormes aterros tóxicoscaca niqueispaíses como Filipinas, Gana, Nigéria e China, deve chegar a maiscaca niqueis52 milhõescaca niqueistoneladas até o fimcaca niqueis2021 — e dobrarcaca niqueisvolume até 2050, se tornando o tipocaca niqueislixo doméstico que mais cresce no mundo.
O impacto ambiental variacaca niqueisemissões gigantescascaca niqueiscarbono à contaminaçãocaca niqueisfontescaca niqueiságua ecaca niqueiscadeiascaca niqueisabastecimentocaca niqueisalimentos.
Mas, com os consertos, uma parte significativa desse desperdício poderia ser evitada.

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De acordo com um estudo da Agência Francesacaca niqueisMeio Ambiente e Gestãocaca niqueisEnergia, apenas 40% das avarias eletrônicas são consertadas na França.
As pesquisas, no entanto, indicam que quase dois terços dos europeus preferem consertar seus produtos do que comprar novos.
É por isso que as autoridades francesas acreditam que, assim como a balança da cozinhacaca niqueisImene, o sistema atual não funciona e precisa ser reparado.
Em um esforço para reduzir essa enorme quantidadecaca niqueisresíduos evitáveis, a Assembleia Nacional Francesa votou no ano passado para instituir um índicecaca niqueisclassificaçãocaca niqueis"reparabilidade" para eletrodomésticos como máquinascaca niqueislavar, cortadorescaca niqueisgrama, televisores e smartphones.
Ao fazer isso, o governo francês espera aumentar a taxacaca niqueisconsertocaca niqueisdispositivos eletrônicoscaca niqueis60%caca niqueiscinco anos.

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As regras entraramcaca niqueisvigorcaca niqueisjaneiro e exigem que os fabricantes coloquem classificaçõescaca niqueisseus produtos — algo semelhante ao sistemacaca niqueisclassificaçãocaca niqueiseficiência energética que já está amplamente implementado.
Elas são calculadas com basecaca niqueiscinco critérios: facilidadecaca niqueisconserto, preço das peçascaca niqueisreposição, disponibilidadecaca niqueispeçascaca niqueisreposição, disponibilidadecaca niqueisdocumentação para conserto e uma medida final que varia dependendo do tipocaca niqueisdispositivo.
Depois do primeiro ano, uma multacaca niqueisaté 15 mil euros será imposta aos produtores, distribuidores e vendedores que não cumprirem a medida.
O projetocaca niqueislei também prevê um índicecaca niqueis"durabilidade", a partircaca niqueis2024, que levarácaca niqueisconta novos critérios como confiabilidade e robustez do produto.
"Queremos limitar o consumo dos recursos naturais do mundo", explica Véronique Riotton, deputada francesa que foi relatora da legislação.
"Todo mundo está preocupado. O objetivo é melhorar o mercadocaca niqueisconsertos, e espero que esse índice deixe o consumidor mais conscientecaca niqueisrelação a esta crise ecológica", afirma.
O esquemacaca niqueisclassificação foi apresentado como o primeiro do tipo no mundo, preparando o terreno para que outros países sigam essa tendência.
A expectativa écaca niqueisque o sistema francês dê início a uma corrida entre as empresas para melhorar a "reparabilidade" dos produtos.

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Os ativistas acreditam que as medidas vão permitir que um número maiorcaca niqueispessoas, assim como partes interessadas, como oficinascaca niqueisconserto, realizem os trabalhos, o que pode levar a uma maior aceitação do atocaca niqueisconsertar.
"O conserto não está no topo da listacaca niqueisprioridades da indústria [eletrônica]", diz Maarten Depypere, engenheirocaca niqueispolíticascaca niqueisreparos da iFixit Europe, empresa privada que produz avaliaçõescaca niqueisreparabilidadecaca niqueisprodutos.
"Mas a França realmente levou os consumidorescaca niqueisconsideração com essa lei. É uma solução muito equilibrada, que acho que vai gerar mais concorrência entre as empresas. Acredito que todos os países deveriam adotá-la", afirma.
Os estudos preliminares sugerem que o aumento dos consertos pode ter um grande impacto.
Uma análise do Escritório Europeucaca niqueisMeio Ambiente (EEB, na siglacaca niqueisinglês), uma redecaca niqueisorganizações ambientais na Europa, concluiu que estender a vida útilcaca niqueistodas as máquinascaca niqueislavar, laptops, aspiradorescaca niqueispó e smartphones na União Europeiacaca niqueisum ano economizaria quatro milhõescaca niqueistoneladascaca niqueisdióxidocaca niqueiscarbono anualmente até 2030, o equivalente a tirar dois milhõescaca niqueiscarroscaca niqueiscirculação das estradas todos os anos.

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No entanto, os ativistas veem uma falha grave no índicecaca niqueisreparabilidade da França: o fatocaca niqueisque a avaliação será feita pelos próprios fabricantes, e não por um órgão independente.
"Obviamente, há um riscocaca niqueisparcialidade se os fabricantes fizeremcaca niqueisprópria classificação", afirma Jean-Pierre Schweitzer, responsável pelas políticascaca niqueisprodutos e economia circular da EEB.
"Mas esse é o primeiro selo nacional do gênero. Mostra que a questão do conserto tem se tornado cada vez mais importante. Não precisamos ser luditas [referência ao movimento ocorrido na Inglaterra no século 19 que reuniu trabalhadores da indústria contrários aos avanços tecnológicoscaca niqueiscurso], se tratacaca niqueisreinventar como usamos a tecnologia", explica.
De acordo com Schweitzer, vários avanços políticos recentes refletem o apoio ao que tem sido chamadocaca niqueis"direitocaca niqueisconsertar" dos consumidores.
Em dezembrocaca niqueis2019, a União Europeia adotou seus primeiros requisitoscaca niqueisdesign ecológico para eletrodomésticos, como geladeiras, máquinascaca niqueislavar, iluminação e telas.

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Isso foi seguido pelo Acordo Verde da União Europeia e pelo novo Planocaca niqueisAção da Economia Circular, com o compromisso explícitocaca niqueisexplorar o "direitocaca niqueisconsertar".
Desde então, a Comissão Europeia lançou processoscaca niqueisconsulta que analisaram conjuntos mais amploscaca niqueisprodutos, como tecidos, móveis e pilhas.
Mais recentemente,caca niqueisnovembro, o Parlamento Europeu aprovou um relatório a favor do estabelecimentocaca niqueisregras mais rígidas sobre o "direitocaca niqueisconsertar".
Também há avanços a nível nacional.
Na Áustria, o governo reduziu pela metade o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) sobre certos consertos para 10%, e vários estados introduziram um sistemacaca niqueisvoucherscaca niqueisaté 100 euros para financiar os reparos.
Na Hungria, o governo estendeu o períodocaca niqueisgarantiacaca niqueiscertos eletrodomésticos para até três anos.
Além disso, a Austrália divulgou um relatório sobre o "direitocaca niqueisconsertar", e as conclusões devem ser apresentadascaca niqueisbreve, enquanto alguns estados dos EUA têm o direitocaca niqueisconsertarcaca niqueisvigor há uma década, embora seja focado sobretudocaca niqueisveículos.
Esses avanços também vão exigir mudanças significativas na forma como os fabricantescaca niqueisbenscaca niqueisconsumo operam atualmente e nos produtos que eles produzem, diz Chloe Mikolajczak da campanha Right to Repair, uma coalizãocaca niqueis40 organizaçõescaca niqueis15 países europeus.
Muitos fonescaca niqueisouvido sem fio, observa ela, não podem ser desmontados, tampouco consertados; uma vez que as baterias se esgotam, precisam ser descartadas; enquanto os smartphones estão cada vez mais complexos com várias câmeras, o que os torna mais difíceiscaca niqueisconsertar.

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As atualizaçõescaca niqueissoftware são parte dessa reparabilidade, acrescenta Mikolajczak, e os fabricantes precisarão manter os dispositivos mais antigos.
No entanto, nem sempre é o caso.
A fabricantecaca niqueisalto-falantes Sonos foi criticadacaca niqueis2019 por um recursocaca niqueissoftware que tornava os dispositivos mais antigos inutilizáveis.
E a Apple gerou polêmica ao reduzir intencionalmente a capacidadecaca niqueiscomputação dos iPhones mais antigoscaca niqueisuma prática conhecida como "obsolescência programada".
A DigitalEurope, órgão da indústriacaca niqueistecnologia digital que representa empresas como Amazon, Apple e Google, se recusou a comentar o assunto quando contatada pela BBC Future Planet.
Mas um porta-voz fez referência a um posicionamento oficial da DigitalEurope, que observa que os seus "membros há muito tempo abriram caminho para o avanço ambiental" e que "enfatiza a necessidadecaca niqueisgarantir requisitos equilibrados" para o direitocaca niqueisconsertar.
O documento exige que as regras sobre o direitocaca niqueisconsertar sejam "proporcionais, viáveis, rentáveis e respeitem o sigilo comercial" e defende que "os fabricantes devem continuar a optar por um serviço profissional por meiocaca niqueisuma redecaca niqueisparceiros técnicos certificados, que, segundo eles, são preferíveis a técnicos externos por questõescaca niqueisqualidade,caca niqueissegurança, comerciais e ambientais.
"Não acreditamos que esses argumentos se sustentem", diz Mikolajczak, no entanto.
"Não há razão para pensar que consertoscaca niqueisterceiros resultariamcaca niqueisdanos. E, se as empresas concorrentes realmente quisessem olhar dentro dos dispositivos da concorrência, não precisariamcaca niqueisum técnico terceirizado para fazer isso. Essas restrições apenas tornam mais difícil e mais caro para os consumidores consertar os dispositivos", acrescenta.

Crédito, The Repair Cafe
Para quem vai aos caféscaca niqueisconsertocaca niqueisParis, a realidade dos reparos é completamente diferente.
As conversas animadas, o cheirocaca niqueisbolo recém-saído do forno e o barulho das ferramentas tomam conta da sala, que conta com cercacaca niqueisuma dúziacaca niqueisestaçõescaca niqueisconserto ocupadas pelos participantes.
"Me disseram que não poderia ser consertado", diz Caroline, mostrando o parecer do fabricante atestando quecaca niqueismáquinacaca niqueiscosturacaca niqueis20 anos é irreparável.
"Mas identificamos o problemacaca niqueisquestãocaca niqueisminutos. As coisas funcionam melhor quando resolvemos o problema com nossas próprias mãos."
caca niqueis Leia a versão original caca niqueis desta reportagem (em inglês) no site BBC Future Planet caca niqueis .

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