Cinco revelaçõesgoias bets cadastro'Alice no País das Maravilhas' sobre o cérebro:goias bets cadastro
- David Robson
- BBC Future
goias bets cadastro O escritor inglês Lewis Carroll foi extremamente modesto sobregoias bets cadastroobra-prima. "A heroína passa uma hora embaixo da terra e encontra vários pássaros, feras, etc (nenhuma fada), que falam", escreveu ele na revista Punch. "A coisa toda é um sonho, mas que eu só quero ver revelado no fim."
Já se passou um século e meio desde que Alice fez esta jornada pela primeira vez — e o contogoias bets cadastroCarroll inspirou inúmeros filmes, pinturas e até um balé.
Mas o que poucos sabem é como Alice no País das Maravilhas contribuiu para nossa compreensão do cérebro humano — não só para a psicanálise freudiana, mas para a neurociência moderna.
É que, muito antesgoias bets cadastrotermos a tecnologia para mapear o "país das maravilhas" do cérebro, Carroll já estava traçando seus contornos com seus experimentos mentais.
"(A obra) explora muitas ideias sobre se existe um eu contínuo, como nos lembramosgoias bets cadastrocoisas do passado e pensamos sobre o futuro — há muita riqueza ali sobre o que sabemos sobre cognição e ciência cognitiva", diz Alison Gopnik, da Universidade da Califórniagoias bets cadastroBerkeley, nos EUA.
Todos nós podemos aprender algo sobre nós mesmos com Alice no País das Maravilhas — se olharmos da maneira certa.
A BBC Future acompanha a jornada dela aos limites do cérebro.
'Beba-me'

Crédito, Alamy
"Bem, eu vou comê-lo", pensou Alice, "e se isso me fizer crescer, posso pegar a chave; se me tornar muito pequena, eu passo por baixo da porta. Então,goias bets cadastroqualquer maneira, eu vou para o jardim, e não me importa o que aconteça!"
Em umagoias bets cadastrosuas primeiras aventuras, Alice encontra uma poção com um rótulo que diz "beba-me" — e após tomá-la, ela encolhe a meros 25 centímetrosgoias bets cadastroaltura.
Um bolo mágico, então, tem o efeito oposto — ela cresce tanto quegoias bets cadastrocabeça bate no teto.
Estas cenas estão entre as mais memoráveis do livro e da adaptação cinematográfica da Disney — e foram as primeiras a chamar a atençãogoias bets cadastrocientistas.
Em 1955, um psiquiatra chamado John Todd descobriu que certos pacientes relatavam exatamente a mesma sensaçãogoias bets cadastro"estar se esticando como um telescópio".
Todos eles sofriamgoias bets cadastroum distúrbio neurológico que afeta a percepção visual e que hoje é conhecido como micropsia ou Síndromegoias bets cadastroAlice no País das Maravilhas (AIWS, na siglagoias bets cadastroinglês), um mal que afeta sobretudo crianças.
"Já ouvi pacientes dizendo que as coisas parecemgoias bets cadastrocabeça para baixo ou, inclusive que suas mães estão do seu lado, quando estão do outro lado da sala", contou Grant Liu, neurologista da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, nos EUA, que estudou o fenômeno.
Os diáriosgoias bets cadastroCarroll mostram que ele sofriagoias bets cadastroenxaquecas, episódios que costumam desencadear a síndrome — levando alguns a especular que ele estava usando suas próprias experiências como inspiração.
Liu suspeita, porgoias bets cadastrovez, que a síndrome pode ser provocada por uma atividade anormal nos lobos parietais do cérebro, que são responsáveis pela consciência espacial, distorcendo o sensogoias bets cadastroperspectiva e distância.
Mas apesar do fatogoias bets cadastroque podem ser perturbadoras, essas ilusões passageiras costumam ser geralmente inofensivas.
"A maioria não é afetada — e nós apenas garantimos que o paciente não está louco e que outras pessoas também vivenciam essas coisas", diz Liu.
Hojegoias bets cadastrodia, os neurocientistas estão tentando provocar a ilusãogoias bets cadastroindivíduos saudáveis — eles acreditam que isso pode lançar luz sobre a maneira como criamos nosso sensogoias bets cadastroidentidade no aqui e agora.
A Duquesa e o Gatogoias bets cadastroCheshire

Crédito, Alamy
"Desta vez, não podia haver nenhuma dúvida: ele não era nada mais nada menos que um porco, e ela percebeu o quão absurdo era carregá-lo para qualquer lugar."
O "país das maravilhas" está cheiogoias bets cadastropersonagens que mudamgoias bets cadastroforma, incluindo a grotesca Duquesa e seu bebê chorão.
Enquanto Alice o pega nos braços, o nariz do bebê fica mais arrebitado; seus olhos ficam mais próximos e ele começa a grunhir. E assim, antes que ela perceba, o bebê se transformagoias bets cadastroum porco.
Em outro momento da história, Alice joga croquet usando flamingos como tacos e encontra o sorridente gatogoias bets cadastroCheshire, cujo sorriso permanece mesmo quando seu corpo desaparece.
Nos sonhos, objetos se transformam e adquirem com frequência novas identidades, e essa característica é uma das maneiras mais inteligentes pelas quais Carroll evocou a mente adormecida nas aventurasgoias bets cadastroAlice — e a estranha sensaçãogoias bets cadastroque o tempo está pregando uma peça nela.
Os neurocientistas acreditam que o fenômeno se deve à maneira como o cérebro consolida nossas memórias enquanto dormimos.
Ele cimenta as lembranças vinculando-as com outros eventos para construir a história goias bets cadastronossas vidas.
Ao cruzar as referênciasgoias bets cadastrouma recordação sobre um porco com um acontecimento com um bebê, por exemplo, ambos se fundem na paisagem onírica com um efeito surrealista.
Humpty Dumpty e o Jaguadarte

Crédito, Getty Images
— Meu nome é Alice, mas...
— É um nome bem estúpido!, Humpty Dumpty interrompeu com impaciência.
— O que significa?
— Um nome precisa significar alguma coisa?, Alice perguntou incrédula.
— Claro que precisa!, Humpty Dumpty disse com uma breve risada.
— Meu nome significa a forma que eu tenho, e é uma forma bem bonita também. Com um nome como o seu, você poderia ter qualquer forma, quase.
Na sequência Alice Através do Espelho, Carroll continua com suas explorações — incluindo algumas incursões divertidas sobre a natureza do discurso.
Começa no primeiro capítulo, quando Alice lê um poema chamado Jaguadarte (na tradução para o portuguêsgoias bets cadastroAugustogoias bets cadastroCampos).
Era briluz. As lesmolisas touvas
roldavam e reviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
"Parece muito bonito", disse Alice quando terminou, "mas é um pouco difícilgoias bets cadastroentender"!
Alice acertou na mosca: o poemagoias bets cadastroalguma forma apela para nosso sensogoias bets cadastrocorreção gramatical, embora as palavrasgoias bets cadastrosi não tenham nenhum sentido.
Os neurocientistas que exploram o maquinário da linguagem hoje usam "frasesgoias bets cadastroJaguadarte" durante examesgoias bets cadastrotomografia cerebral, para mostrar que o significado e a gramática são processados de forma totalmente separada no cérebro.
Mas o experimento mais importantegoias bets cadastroCarroll neste sentido é quando Alice conhece Humpty Dumpty, e seu diálogo explora a natureza das palavras.
Um nome como Humpty Dumpty é a melhor maneira, como ele diz,goias bets cadastroevocar a forma do personagem, um ovo antropomórfico, do que qualquer outro som aleatório?
Esta é uma questão filosófica antiga que remonta a Platão.
Anteriormente, os cientistas presumiam que isso seria impossível — que as palavras são arbitrárias e que os sons não podiam ter um significado inato.
Mas agora estão investigando a questão, e talvez Humpty Dumpty tivesse razão.
Considere as palavras "kiki" e "bouba". Se tiverem que rotular formas diferentes com estes nomes, a maioria das pessoas escolhe "kiki" para um objeto pontiagudo e "bouba" para um redondo.
Esse "simbolismo sonoro" é agora uma área populargoias bets cadastropesquisa, embora a razão não seja totalmente clara; uma teoria é que a associação vem da forma que os lábios fazem ao articular os sons.
Seja qual for a explicação para o fenômeno, isso significa que às vezes é possível adivinhar o significadogoias bets cadastropalavrasgoias bets cadastroum idioma desconhecido com mais precisão do que o acaso.
Também pode influenciar os apelidos dados às pessoas,goias bets cadastromodo que, como Humpty Dumpty, realmente reflitamgoias bets cadastroaparência.
Há ainda quem suspeite que se tratamgoias bets cadastro"fósseis linguísticos", que refletem os primeiros enunciados da humanidade.
A Rainha Branca e a viagem mental no tempo

Crédito, Alamy
— É uma mísera memória, essa sua, que só funciona para trás, a Rainha observou.
— De que tipogoias bets cadastrocoisas você se lembra melhor?, Alice se atreveu a perguntar.
— Oh, das que aconteceram daqui a duas semanas, a Rainha respondeu num tom displicente.
Emgoias bets cadastrojornada, Alice trava longas discussões com a Rainha Branca. Ela é uma das criações mais desconcertantesgoias bets cadastroCarroll, uma personagem que assegura ter uma estranha capacidadegoias bets cadastrovidência.
Na verdade, seus comentários sobre a memória são surpreendentemente visionários.
"Desde meados dos anos 2000, os neurocientistas começaram a perceber que a memória não tem só a ver com o passado, mas também ajuda a agirgoias bets cadastroforma apropriada no futuro", diz Eleanor Maguire, da University College London (UCL), no Reino Unido, que costuma citar a Rainha Branca para ilustrar o conceito.
Uma possibilidade é imaginarmos o futuro separando nossas lembranças e juntando-asgoias bets cadastrouma montagem que pode representar um novo cenário.
Deste modo, a memória e a previsão utilizam a mesma "viagem no tempo mental" nas mesmas áreas do cérebro.
Maguire, por exemplo, estudou pessoas com danos no hipocampo, o que significa que não conseguem se lembrar do passado. No entanto, a especialista descobriu que eles também têm dificuldadegoias bets cadastropensar no futuro.
"Pedimos a eles que imaginassem encontrar um amigo no próximo fimgoias bets cadastrosemana — e eles simplesmente não conseguiram", explica.
O mesmo aconteceu quando foram solicitados a imaginar uma futura visita ao litoral.
"Eles sabiam que haveria areia e mar, mas não conseguiam visualizar isso mentalmente."
Em outras palavras, diferentemente da Rainha Branca, seus pacientes estão presos para sempregoias bets cadastroum eterno presente.
Você pode ter pensamentos impossíveis?
— Não adianta tentar, disse Alice.
— Não se pode acreditargoias bets cadastrocoisas impossíveis.
— Ousaria dizer que você não tem muita prática, respondeu a Rainha.
— Quando eu era dagoias bets cadastroidade, sempre praticava meia hora por dia. Algumas vezes, cheguei a acreditargoias bets cadastroaté seis coisas impossíveis antes do café da manhã.
Continuandogoias bets cadastroexploração da imaginação humana, a Rainha exalta as virtudesgoias bets cadastropensar no impossível.
Esta passagem remete a Alison Gopnik, da Universidade da Califórnia, que leu a obragoias bets cadastroCarroll pela primeira vez quando tinha três anos e agora se dedica a estudar como construímos a imaginação.
A especialista descobriu, por exemplo, que crianças que brincamgoias bets cadastrofazgoias bets cadastroconta e praticam "acreditar no impossível" tendem a desenvolver uma cognição mais avançada.
Entre outras coisas, elas entendem melhor o pensamento hipotético e também as motivações e intenções dos outros.
"Muito do que elas fazem no jogo do fazgoias bets cadastroconta é pegar uma hipótese e levá-la à conclusão lógica", diz Gopnik.
"O que é interessante é que Carroll também era um mágico, e você pode ver a mesma habilidadegoias bets cadastroassumir uma premissa e levá-la a uma conclusão maluca."
As aventurasgoias bets cadastroAlice são repletasgoias bets cadastroencontros surrealistas que podem ajudar qualquer pessoa a exercitar essas habilidades.
Travis Proulx, da Universidadegoias bets cadastroTilburg, na Holanda, analisou a maneira como a literatura surrealista e absurda, como agoias bets cadastroCarroll, influencia nossa cognição.
E descobriu que, ao violar nossas expectativasgoias bets cadastroum mundo estranho e alienígena, as histórias fantásticas estimulam nosso cérebro a ser mais flexível, nos tornando mais criativos e fazendo com que aprendamos novas ideias mais rápido.
Portanto, se você se sente escravo da rotina e deseja expandirgoias bets cadastromente, talvez não encontre solução melhor do que passar uma tarde com Alice.
"Não tenho dúvidasgoias bets cadastroque estimula esses estados mentais que aprimoram o aprendizado e nos motivam a fazer novas conexões", diz Proulx.
Neste sentido, Gopnik destaca que algumas drogas alucinógenas também podem ajudar a alcançar um estado mentalgoias bets cadastrolivre associação, parecido com o das crianças, mas ler é certamente a maneira mais seguragoias bets cadastrovoltar no tempo e ver o mundogoias bets cadastrouma nova perspectiva.
Como Carroll escreveu: "tantas coisas fora do comum tinham acontecido ultimamente que Alice começara a pensar que muito poucas coisas eram na verdade realmente impossíveis".
Seus leitores certamente concordariam.
goias bets cadastro Leia a versão original goias bets cadastro desta reportagem (em inglês) no site BBC Future goias bets cadastro .

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